quarta-feira, 29 de junho de 2016

EDUCAÇÃO PARA A MORTE José Herculano Pires




EXCERTOS (fragmentos extraído da obra acima)

"A Educação para a Morte não é nenhuma forma de preparação religiosa para a conquista do Céu. É um processo educacional que tende a ajustar os educandos à realidade da Vida, que não consiste apenas no viver, mas também no existir e no transcender*."

"Quem primeiro cuidou da Psicologia da Morte e da Educação para a morte, em nosso tempo, foi Allan Kardec. Ele realizou uma pesquisa psicológica exemplar, sobre o fenômeno da morte. Por anos seguidos falou a respeito com os espíritos dos mortos. E, considerando o sono como irmão ou primo da morte, pesquisou também os espíritos de pessoas vivas durante o sono. Isso porque, segundo verificara, os que dormem saem do corpo durante o sono. Alguns saem, e não voltam: morrem". 

"A ideia cristã da morte, sustentada e defendida pelas diversas igrejas, é simplesmente aterradora. Os pecadores ao morrer se vêem diante de um Tribunal Divino que os condena a suplícios eternos. Os santos e os beatos não escapam às condenações, não obstante a misericórdia de Deus, que não sabemos como pode ser misericodioso com tanta impiedade. As próprias crianças inocentes, que não tiveram tempo de pecar, vão para o Limbo misterioso e sombrio, pela simples falta do batismo. Os criminosos broncos, igonorantes e todo o fosso da espécie humana são atirados nas garras de Satanás, um anjo decaído que só não encarna o mal porque não deve ter carne."

"Desconhecendo a complexidade do processo da vida, o homem terreno sempre se apegou, principalmente nas civilizações ocidentais, ao conceito negativo da morte como frustração total de todas as possibilidades humanas."

"A Educação para a Morte não é nenhuma forma de preparação religiosa para a conquista do Céu. É um processo educacional que tende a ajustar os educandos à realidade da Vida, que não consiste apenas no viver, mas também no existir e no transcender*. 
A vida e a morte constituem os limites da existência. Entre o primeiro grito da criança ao nascer e o último suspiro do velho ao morrer, temos a consciência do ser e do seu destino.* As plantas e os animais vivem simplesmente, deixam-se levar na correnteza da vivência, entregues às forças naturais do tropismo e dos institntos.
...Mas a criatura humana é um ser definido, que reflete o mundo na sua
consciência e se ajusta a ele, não para nele permanecer, mas para conquistá-lo,
tirar dele o suco das experiências possíveis e transcendê-lo, ou seja, passar
além dele."

"Seria estranho, e até mesmo irônico que, num Universo em que nada se perde, tudo se transforma, o homem fosse a única exceção peerecível, sujeito a desaparecer com os seus despojos."

"O homem é imortal. Ao morrer na Terra, transfere-se para os planos de matéria mais sutil e rarefeita, em que continua a viver com mais liberdade e maiores possibilidades de realizações, certamente inconcebíveis aos que ficam no plano terreno."

"A mente não é física e por meios não físicos age sobre a matéria, O cérebro é simplesmente o instrumento de manifestação da mente no plano físico. Isso equivale a dizer que o homem é espírito e não apenas um organismo biológico."

"É preciso que não nos esqueçamos deste ponto importante: os homens são espíritos e os espíritos nada mais são do que homens libertos das injunções da matéria. "

"...Desta maneira, mortos e vivos somos todos. Revezamo-nos na Terra e no Espaço porque a lei de evolução exige o nosso aprimoramento contínuo. Se no plano espiritual os limites de nossas potencialidades de aprendizado se esgotam, por falta de desenvolvimento dos potenciais anímicos, retornamos às duras experiências terrenas. A reencarnação é uma exigência do nosso atraso evolutivo, como a semeadura da semente na terra é a exigência básica da sua germinação e do seu crescimento. Assim, nascimento e morte são fenômenos naturais da vida, que não devemos confundir com desgraça ou castigo. Só os homens matam para vingar-se ou cobrar dívidas afetivas. Deus não mata, cria."*

"A ideia trágica da morte sobrevive em nosso tempo, apesar do avanço das Ciências e do desenvolvimento geral da Cultura. Há milhões de anos morremos e ainda não aprendemos que vida e morte são ocorrências naturais. E as religiões da morte, que vampirescamente vivem dos gordos rendimentos das celebrações fúnebres e das rezas indefinidamente pagas pelos familiares e amigos dos mortos, empenham-se num combate contra os que pesquisam e revelam o verdadeiro sentido da morte. A ideia fixa de que a morte é o fim, e o terror das condenações de após morte, sustentam esse comércio necrófago em todo o mundo. Contra esse comércio simoníaco é necessário desenvolver-se a Educação para a morte que, restabelecendo a naturalidade do fenômeno dará aos homens a visão consoladora e cheia de esperanças reais da continuidade natural da vida nas dimensões espirituais, e a certeza dos retornos através do processo biológico da reencarnação, claramente ensinado nos próprios Evangelhos*. Conhecendo o mecanismo da vida, em que nascimento e morte se revezam incessantemente, os instintos de morte e seus impulsos criminosos irão se atenuando até desaparecerem por completo. Os desejos malsãos de extinsão da vida, que originam os suicídios, os assassinatos e as guerras, tenderão a se
transformarem nos instintos da vida. esperança e a confiança em Deus, bem como a confiança na vida e nas leis naturais, criarão um novo clima no planeta, hoje devastado pelo desespero humano*.

 O medo e o desespero desaparecerãocom o esclarecimento racional e científico do mistério da morte, esse enigma que a ressurreição de Jesus e os seus ensinos, bem como os do Apóstolo Paulo, já deviam ter esclarecido há dois mil anos."

Elaine Saes

PENSAMENTO FORÇA CRIADORA

... O fato de pensar consiste em uma força criadora capaz de exceder a velocidade da luz, significando força viva e atuante, conforme parecer do Espírito André Luiz. Ao criarmos, nada se perde, e em tudo há um motivo, visto que Deus, força criadora e a suprema inteligência, não gera coisas desnecessárias; a Obra Divina está em toda parte! 
Criar é dar existência a formas, a objetos de nossa concepção mental, e a realidade do fato de se conceber é até gerada por infracorpúsculos. O produto de nossa criação será sempre o reflexo de nossos sentimentos, do nosso caráter — em verdade, seremos os responsáveis pelas imagens e conceitos que criarmos.
Por isso, o Espírito Emmanuel afirmou que o poder da mente reside no mundo íntimo de cada um de nós, “exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção”. Todo o cuidado com nossas concepções é pouco! Sendo residência da Alma a fonte de nossos pensamentos, esta é qual dínamo gerador criativo para o bem ou para o mal. Não foi à toa este conselho: oração e vigilância.
Quem der origem a mórbidas intenções, a procedimentos menos felizes arcará com os prejuízos do que se tornou responsável livre e conscientemente. Portanto, nada de culpar ninguém, a sorte, os astros ou a suposta entidade infernal, criada e tão supervalorizada por vigários ornados ou não de pomposas alfaias. O pensamento, pois, é fundamental atributo da Alma: se o pensamento está em alguma parte, ali ela está.
Alma, ou Espírito encarnado, é o ser pensante, “o princípio inteligente”, o que de há muito tem desafiado filósofos, psicólogos e cientistas. A ciência apenas se baseou nos mecanismos que levam os diversos sinais e mensagens transmitidas pelo cérebro nos conectivos entre ele e o resto da estrutura orgânica. Entretanto, onde se localizaria o pensamento no bojo de tão complexa capacitância e tamanhos efeitos químicos, senão no vínculo do perispírito com o corpo físico? Sim, a medicina respondeu sobre alguns pontos referentes a pensamento e cérebro; mas, acerca das áreas relativas à envoltura da sensibilidade, emoção e pensamento, emudeceu; não sabe explicar como as células as produzem.
Falta a ciência dar por certo os mecanismos que permitem compreender o verdadeiro papel das atividades cerebrais relativas ao pensamento. Quanto ao gesto do nosso querido Amigo Espiritual, o Palminha, ele procedeu como os seres incorpóreos procedem, segundo explicação do mencionado capítulo do L.E. Como vimos, o que não falta é motivo que nos impele a adotar uma conduta verdadeiramente fraterna, honesta: no pensar, sentir, falar e agir. Não nos esqueçamos disto: o espírita, sobretudo, o médium espírita é o que “muito recebeu”; “maiores contas lhe serão tomadas”, afirmou certa feita Jesus.


http://www.oconsolador.com.br/ano7/332/davilson_silva.html

AS LEIS DE DEUS

Sobre as leis de Deus n’O Livro dos Espíritos - Parte Terceira, nos capítulos de I a XII, Allan Kardec diz: 
 
A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem; ela lhe indica o que deve ou não fazer, e ele é infeliz somente quando se afasta dela: A lei natural Eterna e imutável como o próprio Deus.
Deus não pode se enganar; são os homens que são obrigados a mudar suas leis, porque são imperfeitos; mas as leis de Deus são perfeitas. A harmonia que rege o universo material e o universo moral é fundada sobre as leis que Deus estabeleceu para toda a eternidade.
Todas as leis da natureza são leis divinas, uma vez que Deus é a causa de todas as coisas. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda as leis morais e as pratica.
Uma vez que o homem traz escrito na consciência a lei de Deus, há necessidade que ela lhe seja revelada para que aflore.
Assim, Deus deu a alguns homens a missão de revelar Sua lei.  
A lei natural pode ser dividida em onze partes, compreendendo as leis de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e, por fim, a de justiça, amor e caridade e perfeição moral.
O tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo foi Jesus.

A seguir passamos a resumir estas leis.

1. Lei da adoração:
É a elevação do pensamento a Deus.
Pela adoração, a alma (Espírito encarnado) se aproxima d’Ele.
A verdadeira adoração é a do coração.
Em todas as vossas ações, imaginai sempre que o Senhor está convosco.
Esta lei é equivalente a Amar a Deus sobre todas as coisas.
O estudo desta lei está subdividido em:
- 1. Objetivo da adoração; - 2. Adoração exterior; - 3. Vida contemplativa;
- 4. A prece; - 5. Panteísmo; - 6. Sacrifícios.

2.  Lei do Trabalho:
O trabalho é uma lei natural, por isso mesmo, é uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta suas necessidades e prazeres.
Ao trabalhar o homem promove o progresso.
O estudo desta lei está subdividido em:
1. Necessidade do trabalho; - 2. Limite do trabalho. Repouso.

3. Lei da Reprodução:
Isso é evidente; sem a reprodução, o mundo corporal acabaria.
Esta lei se aplica ao reino vegetal e animal, incluindo aí o homem.
É necessário e permitido ao homem que entenda melhor esta lei, atuando nela.
Portanto, criar novas espécies de vegetais, fazer clones de animais, criar fetos humanos em provetas, etc., e é aprendizado segundo a Lei do progresso.
O estudo desta lei está subdividido em:
- 1. População do globo; - 2. Sucessão e aperfeiçoamento das raças;
- 3. Obstáculos à reprodução; - 4. Casamento e celibato; - 5. Poligamia.

4. Lei da Conservação:
O instinto de conservação foi dado a todos os seres vivos, seja qual for o grau de inteligência.
Para uns, nos animais, por exemplo, é puramente mecânico, já que o instinto é um tipo de inteligência.
Para outros, os homens, parte dele permanece mecânico, como instinto (nossas reações automáticas na presença do perigo), e parte dele podemos submeter nossa inteligência racional, submetendo-o à nossa vontade, já que em alguns casos podemos controlar o instinto.
O instinto de conservação, que nos foi útil no reino animal na forma mecânica, tende a desenvolver o egoísmo no homem.
Sendo o egoísmo um dos maiores dos males, ele nos atrapalha e deve ser transformado em fraternidade, humildade, amor etc., para que a raça humana tenha a felicidade neste mundo, como prometeu Jesus.

O estudo desta lei está subdividido em:
- 1. Instinto de Conservação; - 2. Meios de conservação;
- 3. Gozo dos bens terrenos; - 4. Necessário e supérfluo;
- 5. Privações voluntárias Mortificações.

5. Lei da destruição:
É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar.
O que chamamos destruição é apenas transformação, que tem por objetivo a renovação e o melhoramento dos seres vivos.
Diz a lei de Lavoisier: “Nada se perde nada se cria, tudo se transforma”.
O estudo desta lei está subdividido em:
- 1. Destruição necessária e destruição abusiva; - 2. Flagelos destruidores;
- 3. Guerras; - 4. Assassínio; - 5. Crueldade; - 6. Duelo; - 7. Pena de morte.

6. Lei de Sociedade:
A vida social é uma obrigação natural.
Deus fez o homem para viver em sociedade.
Deus deu-lhe a palavra e todas as demais faculdades necessárias ao relacionamento.
O estudo desta lei está subdividido em:
- 1. Necessidade da vida social; - 2. Vida de insulamento. Voto de silêncio; - 3. Laços de família.

7. Lei do Progresso:
O estado natural é o estado primitivo.
A civilização é incompatível com o estado natural, enquanto a lei natural contribui para o progresso da humanidade.
O estado natural é a infância da humanidade, é o ponto de partida de seu desenvolvimento intelectual e moral.
O homem, tendendo à perfeição e tendo em si o germe de seu aperfeiçoamento, não está destinado a viver perpetuamente no estado natural, como não foi destinado a viver perpetuamente na infância.
O estado natural é transitório, o homem liberta-se dele pelo progresso e pela civilização. A lei natural, ao contrário, rege a humanidade inteira e o homem se aperfeiçoa à medida que melhor compreende e pratica essa lei.
O estudo desta lei está subdividido em:
- 1. Estado de natureza; - 2. Marcha do progresso; - 3. Povos degenerados; - 4. Civilização; - 5. Progresso da legislação humana;
- 6. Influência do Espiritismo no progresso
.
8. Lei de Igualdade:
Todos os homens são iguais perante Deus.
Todos tendem ao mesmo objetivo e Deus fez suas leis para todos.
Muitas vezes, dizeis: “O Sol nasce para todos” e aí está uma verdade maior e mais geral do que pensais.
Todos os homens são submissos às mesmas leis da natureza; todos nascem com a mesma fraqueza, sujeitos às mesmas dores, e o corpo do rico se destrói como o do pobre.
Portanto, Deus não deu a nenhum homem superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte: todos são iguais diante de Deus.

O estudo desta lei está subdividido em:
- 1. Igualdade natural; - 2. Desigualdade das aptidões; - 3. Desigualdades sociais; - 4. Desigualdade das riquezas; - 5. As provas de riqueza e de miséria; - 6. Igualdade dos direitos do homem e da mulher;
7. Igualdade perante o túmulo.

9. Lei de Liberdade:
Não há liberdade absoluta, porque todos necessitam uns dos outros, tanto os pequenos quanto os grandes.
O estudo desta lei está subdividido em:
 - 1. Liberdade natural; - 2. Escravidão; - 3. Liberdade de pensar; - 4. Liberdade de consciência; - 5. Livre-arbítrio; - 6. Fatalidade; - 7. Conhecimento do futuro; - 8. Resumo teórico do móvel das ações do homem.

10. Lei de Justiça, Amor e Caridade:
O sentimento de justiça é tão natural que vos revoltais com o pensamento de uma injustiça.
O progresso moral desenvolve, sem dúvida, esse sentimento, mas não o dá.
Deus o colocou no coração do homem; por isso encontrareis, muitas vezes, nos homens simples e primitivos, noções mais exatas de justiça do que naqueles que têm muito conhecimento.
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois, amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos.
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores.
O estudo desta lei está subdividido em:
- 1. Justiça e direitos naturais; - 2. Direito de propriedade. Roubo;
- 3. Caridade e amor do próximo; - 4. Amor materno e filial.

11. Lei da Perfeição Moral:
Todas as virtudes têm seu mérito, porque indicam progresso no caminho do bem.
Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências; mas a sublimidade da virtude é o sacrifício do interesse pessoal pelo bem de seu próximo, sem segundas intenções.
“A mais merecedora das virtudes nasce da mais desinteressada caridade.”
O Espírito prova sua elevação quando todos os atos de sua vida são a prática da lei de Deus e quando compreende por antecipação a vida espiritual.
Esta lei é a mais importante; é por ela que o homem pode avançar mais na vida espiritual, porque resume todas as outras. Foi por este motivo que Jesus a focou com maior força.

O estudo desta lei está subdividido em:
- 1. As virtudes e os vícios; - 2. Paixões; - 3. O egoísmo;
- 4. Caracteres do homem de bem; - 5. Conhecimento de si mesmo.
Nota importante:
Kardec deixou bem claro, ao explicar esta lei, que ela era a mais importante e ainda disse que foi por este motivo que Jesus a focou com maior força.
Kardec também preferiu tratar deste enfoque de Jesus em um livro em separado que é O Evangelho segundo o Espiritismo.
Por este motivo também não a estou focando aqui, por preferir, a exemplo de Kardec, fazer para elas um resumo informativo em separado, tratando, entre outros, dos seguintes tópicos:

Bem-aventurados os aflitos.
Bem-aventurados os pobres de espírito.
Bem-aventurados os que têm puro o coração.
Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos.
Bem-aventurados os que são misericordiosos.
Amar o próximo como a si mesmo.
Amai vossos inimigos.
Fazer o bem sem ostentação.
Fora da Caridade não há salvação.
Sede perfeitos.

 

Reencarnação:
Muito embora Kardec não tenha elencado a reencarnação como sendo uma lei natural, acho importante relacionar este assunto aqui por ser uma forma da humanidade progredir, no estágio em que estamos, alternando experiências no plano espiritual e físico.
Pela sua importância, este assunto será tratado em um resumo informativo em separado, da mesma forma que Kardec preferiu fazê-lo.
Os que quiserem um detalhamento maior devem ler O Livro dos Espíritos - Parte Terceira - Capítulos de I a XII - Allan Kardec.

http://www.oconsolador.com.br/ano7/331/paulo_artur.html
Elaine Saes

A LEI DO RETORNO

Dada a premissa colocada por nós, o fenômeno tende a concluir-se segundo a direção que lhe foi dada no início. Agora como prever em unidades de tempo a velocidade com que o fenômeno chega a sua conclusão na fase dos efeitos. Nem todos os casos são simples, derivados de uma conduta exclusivamente positiva ou negativa. O decurso do fenômeno é tanto mais linear e a solução tanto mais rápida e fácil, quanto mais decisivamente prevalecer uma das duas características, seja de positividade ou de negatividade.(...)

As complicações e os atrasos da conclusão verificam-se quando o caso é composto de qualidades positivas e negativas ao mesmo tempo, porque então elas resultam contrastantes e divergentes. Nessas condições, o desenvolvimento do fenômeno prolonga-se até quando se estabelece uma prevalência de forças e suas direções em um dado sentido. Assim é necessário esperar que se esgote o impulso das forças do tipo que está em percentagem menor, porque só então o tipo oposto pode se afirmar e vencer, prevalecendo em uma só direção. Nesse ínterim pode-se conseguir resultados temporários, com expectativa ainda não definida, porque foram determinados por impulsos positivos e negativos não delineados. 

Estes são casos mais complicados, nos quais é mais difícil ver o funcionamento da Lei. Mas comecemos com a descrição de um tipo de caso simples, de modelo monocromático no negativo, com resultado rápido e evidente, pela presença exclusiva de forças de uma dada qualidade. (...) Em nossas experiências no laboratório da vida pudemos assistir à operação cirúrgica da punição por falta de retidão, isto é, à solução de um caso de negatividade.
A operação impressionou-nos pelas seguintes qualidades:

1) a exatidão com a qual o efeito correspondeu à causa, conservando-se do mesmo tipo de forças postas em ação, mas retornando ao emitente em vez de atingir o indivíduo ao qual elas se destinavam; 

2) a exatidão com a qual foi centralizado o escopo, sem atingir quem quer que estivesse próximo do alvo;

3) a rapidez do desenvolvimento e conclusão do fenômeno; 

4) a convergência dos impulsos em direção àquele resultado final; 

5) a massa dos resultados obtidos, em proporção aos mínimos meios usados, isto é, o rendimento com eles obtido durante o trabalho realizado.
 
Perante tal espetáculo tem-se a sensação de ver a face da Lei e não se pode conter, ao fim da experiência, um grito de maravilha, quando se observa o seu perfeito funcionamento. Não se trata de sonhos. Qualquer pessoa pode verificar a existência de um caso semelhante a esse, controlando as suas conclusões. Mas, tudo isso corresponde a uma lógica, que nos autoriza a admiti-la, mesmo porque, confirmando a nossa tese, existe a visão da unidade fundamental da Lei.

Observemos agora um outro caso, que podemos chamar policromático, pelo qual fica diminuída a velocidade do fenômeno, quando chega à sua conclusão. Tratemo-lo com a precisa razão.
Tudo depende das forças existentes no campo em que o caso se desenvolve. Eis o indivíduo que age em sentido negativo para obter vantagem em prejuízo de um terceiro. Isso é contra a Lei. Esta negatividade e o dano correspondente deveriam agora recair sobre o promotor, com isso resolvendo o que é um simples caso de falta de retidão, como o precedente. Mas, ao contrario, esse homem continua sem ser perturbado em sua violação. A sanção de sua culpa permanece suspensa. Por quê? Aqui o caso se complica, porque as forças postas em movimento por ele, estão no mesmo campo e combinam-se com as forças movidas pelo ofendido, o qual se encontra em fase de pagamento de seu débito para com a Lei e, portanto, necessitado de experiência corretiva do seu erro passado.

Eis então que a ação punitiva da Lei contra o opressor por causa do mal praticado, é freada pelo bem que ele faz, tornando-se útil ao executar, segundo a Lei, a função de seu instrumento na imposição de uma lição corretiva ao oprimido. Eis aí o impulso positivo em favor do opressor, positivo momentaneamente, porque se interrompe o impulso negativo contra ele, pelo mal que fez. Combinam-se assim dois valores opostos: a injustiça por parte do opressor (negatividade — anti-Lei) e a justiça por parte do oprimido que paga seu débito (positividade segundo a Lei). É assim que o primeiro, que faz sofrer o segundo, pode continuar a fazer o mal, não obstante seja justo que ele passe dessa posição àquela do próprio pagamento, o  que de fato acontecerá mais tarde.

É assim que, apenas cumprida a função de instrumento punitivo segundo a Lei, o fenômeno chegará também para o opressor à fase de pagamento, pela qual também ele o efetuará, sofrendo a lição corretiva que o espera. É natural que, quando a opressão feita por esse homem tenha purificado e redimido o seu oprimido de toda a negatividade que o agravava, então o opressor seja abandonado a seu destino porque a sua missão foi cumprida. Naquele momento não há mais razão para que a Lei espere, passando a exigir o seu pagamento. Finda a fácil vitória do mal, cai a ilusão de ter sabido evadir-se, sem prestar contas, às sanções da Lei.
Pode-se assim encontrar muitos casos, mas sempre em função do mesmo princípio básico que se aplica em posições diversas. Assim é que, uma vez compreendida a técnica de seu funcionamento, cada um poderá traçar-lhe o esquema até a sua conclusão final.

É necessário, porém, ter em conta que na realidade não encontramos casos isolados, mas uma concatenação de casos, pelo que os efeitos de um se encravam nas causas de outro, com fios entrelaçados que afundam suas raízes no passado. Isso porque, em vez de pagar e liquidar o débito, procura-se evadir dele, criando-se assim novos débitos. Assim a semeadura de causas negativas não termina nunca e o fardo imenso que pesa sobre a humanidade não se esgota, fardo de dores, tornado seu patrimônio natural e constante.

Como esta técnica podemos conhecer qual será o nosso futuro, observando que forças pusemos em movimento, construindo o nosso destino. É necessário ter compreendido que a natureza dos efeitos é do mesmo tipo das causas que pusemos em movimento, como determinante delas.  Estas conservam suas qualidades positivas ou negativas de que foram saturadas ao nascerem. Eis então que, quando as causas que lançamos, visando ao que nos é útil, eram contra a Lei, elas se voltam contra nós em posição invertida, em prejuízo nosso. E quando elas eram segundo a Lei, se voltam a nosso favor. Existe essa lei de retorno, em forma negativa, daquilo que lançamos negativamente, e em forma positiva, daquilo que lançamos positivamente. Eis então a que resultados leva o querer ser astuto para fraudar a Lei em nossa vantagem.

A Lei é como um espelho. Ela em si mesma é invisível como este, que por si permanece vazio e nele nada se vê senão uma imagem refletida. Mas tão logo nos colocamos frente a ele, eis que nos reflete como somos, restituindo-nos a nossa figura igual ao modelo, com as suas qualidades, mas em posição invertida de retorno.

Estejamos atentos, portanto, para cada nossa ação, porque as nossas obras nos seguem e recaem sobre nós. É necessário compreender que o mundo em substância é regido por um princípio de ordem e que o segredo do verdadeiro sucesso não está em tentar modificá-lo em vantagem nossa, mas em segui-lo, enquadrando-se nele. O caos está somente no exterior, na superfície e, não obstante a nossa resistência, ele é sempre corrigido e recolocado na ordem da Lei, que é a força íntima que tudo dirige. Assim, o querer ser forte para impor-se não serve senão para lançar sobre nós a reação da Lei que não admite ser violada.

O fenômeno de retorno tem maturação mais ou menos rápida segundo o seu volume e a simplicidade de sua estrutura. Quando as causas são poucas e lineares e se trata de um só indivíduo, chega-se logo à conclusão; mas quando se trata de muitas causas conexas e complexas como de nações e de povos, a conclusão é mais laboriosa e lenta.

É necessário compreender que cada defeito é uma dissonância que se afasta da Lei, é um ponto débil perante ela, é um erro, portanto, a ser corrigido, e que por isso volta-se sobre nós em forma de débito a ser pago. A causa de tudo isso somos nós, porquanto nos colocamos em posição de desordem dentro da ordem, assim lançando-nos, em nosso prejuízo, contra ela.  Ora, se não sabemos nos enquadrar, a Lei, em vez de uma casa, será para nós uma prisão. Todavia a Lei é uma casa cômoda para se morar, mas nós não sabemos nos mover dentro dela, porque somos feitos de desordem. O sofrimento que se segue quando nos lançamos contra as paredes serve para ensinar-nos a viver na ordem e assim transformar o cárcere em uma ótima casa.

O homem invoca a liberdade. Mas qual? A liberdade da desordem, isto é, aquela que o leva a bater contra as paredes da Lei. Buscando tal liberdade, o homem lança as causas de uma autopunição corretiva que terminarão por força-lo a enquadrar-se dentro da ordem. Nas revoluções aflora sempre a escumalha, que mais deseja liberdade, com lutas e destruições  Diz-se então que as revoluções devoram seus filhos. Por quê? Porque este é o efeito que lhes recai em cima, imposto pela causa por eles mesmos posta em movimento, que é do mesmo tipo, pela qual, tendo ele matado, são agora mortos.

Trata-se de uma restituição a eles do mesmo impulso, posto em movimento por eles mesmos. Dadas estas leis, não deveriam tremer aqueles jovens que hoje vemos entregar-se aos vícios, ao ócio, aos estupefacientes etc., se compreendessem de que efeitos estão semeando as causas. É certo que nas revoluções quer-se também os destruidores. Mas que fim têm eles? Executada sua função a Lei os destrói e deixa vencer os construtores que lhe servem para avançar. O que é negativo não tem direito à vida e portanto são logo mortos.

Eis que cada um pode estabelecer uma contabilidade própria de débito e crédito em conta corrente pessoal, posta perante a justiça da Lei. Esses débitos e créditos não são constituídos de valores econômicos, mas de valores morais. Estes são superiores e de mais vasta capacidade do que os materiais, que, frente aos outros, encontram-se em posição subordinada. Pode assim ser paupérrimo o mais rico e poderoso homem da Terra que tem débitos a pagar para com a Lei. E ao contrário  Essa contabilidade é a que realmente vale, aquela que está na base da vida, a que decide por esta, porque não permanece limitada no campo dos bens e dinheiro, mas abarca todas as expressões da vida, como saúde, afetos, felicidade ou dores em cada um de seus aspectos. O bem ou mal que recai sobre nós dependem da dose de positividade ou negatividade que colocamos nas contas, com nossos atos.

Livro - Pensamentos cap 1 Pietro Ubaldi




COMO ORIENTAR A PRÓPRIA VIDA

A vida é uma série de problemas a serem resolvidos. Como resolvê-los? Antigamente vigorava o método do comando, adaptado à fase infantil da humanidade. Devia-se obedecer cegamente. Por que? Parque assim tinha Deus falado. Aqui a mente humana estacava, porque era incapaz de avançar sozinha. Hoje ela sabe andar um pouca mais à frente e pergunta: mas por que falou Deus assim? O adulto discute a autoridade, mas reconhece-lhe a valor se ela serve à vida: obedece, se está convencido de que seja útil e justa. Não basta comandar, é necessário justificar o próprio direito ao comando.

O leitor dirá: mas eu não creio em Deus! Não tem importância. Pedimos apenas observar as fatos que nos mostram como funciona a vida. É pueril pensar que o crer ou não crer em nossas filosofias ou religiões possa modificar tal realidade. (...)  Diga-se que, na prática, afirmar ou negar sua presença não altera nada, porque todos obedecem àquelas leis, sejam de qualquer religião, ou não.
Não entramos na teoria geral de tal funcionamento da vida, o que nos levaria muita longe, (...). Aqui queremos ser fáceis e práticos; permanecemos, portanto, ligadas à realidade exterior, aquela que mais tocamos com as mãos. (...)

Entremos na matéria.

De nossa forma mental e estrutura da personalidade, de nossa escolha e conduta depende o modo pelo qual cada um constrói a própria vida e o seu própria destino. Primeira semeamos e depois colhemos. A relação causa-efeito é evidente. A vida é um laboratório onde encontramos os mais variados instrumentos e ingredientes. Nós os escolhemos e depois os manipulamos, como melhor nos parece, cada um a seu modo.
Grande parte deste trabalho é preestabelecido e automático: o nascimento, o desenvolvimento físico, a velhice, a morte, a reprodução, o funcionamento orgânico, os impulsos dos instintos e a formação de outros novos, pela assimilação no subconsciente das experiências vividas. Todos podemos verificar que nossa vida se desenvolve ao longo de uma rota estabelecida da qual ninguém pode sair.

Podemos, porém, permitir-nos oscilações, mas mesmo estas permanecem limitadas e corrigidas por uma lei sua, que tende a recanalizá-las na ordem, tão logo esta seja violada. Mesmo se, aparentemente, parece que dominam a nossa liberdade e o caos individualista, em substância, além destas aparências, todos os nossos movimentos permanecem regulados por leis cuja função é reconstruir o equilíbrio e sanar o mal que fazemos. Sem a presença dessa força íntima reguladora, o nosso mundo, abandonado a si mesma, desmoronaria dentro em pouco, enquanto, pelo contrário, vemos que ele se está construindo, porque evolui sempre para o alto.

A vida é um impulso de crescimento, é um anseio em direção à perfeição e à felicidade. A grande aspiração é subir, mesmo se cada um o faz a seu nível. Nisso manifesta-se a lei de evolução. Devemos evoluir e para isso a vida é  uma escola de experimentação para aprender. A primeira coisa que é necessário compreender, sobretudo os jovens construtores da vida, é que este é um trabalho de construção de si mesmo através de provas variadas, cada um sujeito àquelas mais adaptadas ao seu desenvolvimento.

A vida é uma coisa séria, a ser percorrida com consciência e responsabilidade, sabendo a que dores podem levar-nos os nossas erros. É necessário então saber como é construída a Lei, para evitar tais erros e as dores que se seguem. Esta lei pode ser chamada a Lei de Deus, parque exprime o Seu pensamento, pensamento que dirige cada fenômeno, em todos os níveis de evolução e planos de existência.

É necessário ter compreendido que o homem se move dentro dessa Lei como um peixe no mar. A finalidade de nossos movimentos é a experimentação, e a finalidade da vida é aprender. Estamos cheios de desejos, sobretudo os jovens, e de impulsos que nos lançam a provar o que serve para construir-nos. Os efeitos desse trabalho ficam registrados e são acrescentados à nossa personalidade, que se enriquece de conhecimento, constituindo a nossa própria evolução. Par aí compreende-se a importância do saber viver. Assim, ao fim da vida, seremos ricos se soubermos adquirir novas e melhores qualidades; e seremos pobres se nada fizemos e, portanto, nada aprendemos de bom. Isso, independentemente de todos os triunfos, conquistas e bens terrenos, que só valem como miragens que nos induzem a fazer o trabalho de experimentação e de aquisição de qualidades.

Trata-se de um novo modo de conceber a vida, em função de outras pontos de referência, para   conquistar outros valores. Antigamente relegava-se isso ao plano espiritual em bases emotivas de fé e sentimento. Hoje, fazemo-la baseando-nos na lógica, observações dos fatos e controle experimental. Já é um progresso, parque daí nasce um tipo de moral positivamente cientifica e universal, aquela que os novos tempos de espírito crítico exigem. Progresso necessário, para que, quanto mais se avança, tanto mais os problemas a resolver, de que é feita a vida, se fazem mais numerosos e difíceis. Os instrumentos de experimentação que encontramos no seu laboratório e que devemos adotar para aprender, fazem-se sempre mais complexos e de difícil uso. Para nossos ancestrais bastava uma ética elementar para resolver os seus problemas. Faz-se necessário, agora, uma ética sempre mais complexa e exata para resolver os novos problemas que surgem, quando se sabe a um nível evolutivo mais elevado. Para dirigir uma carroça ou um automóvel  é necessário grau diverso de perícia e precisão.

A nossa sociedade atual não possui escolas que eduquem a fundo, ensinando a viver. (...) Antigamente bastava não dar escândalo e que o pecado não fosse visto. A verdadeira ciência da vida consistia em esconder os próprios defeitos, não em corrigi-los. (...). A liberdade individual cresceu e o pecado social adquiriu importância, porque prejudica o próximo. Hoje a vida faz-se sempre mais coletiva e exige um maior senso  de responsabilidade.

Ora, quem entendeu tem o dever de mostrar como tudo funciona àqueles que podem e querem compreender.  Com estes apontamentos buscamos preencher a vácuo de conhecimento que se verifica nas diretivas fundamentais de nossa vida, em nosso pensamento e nossos atos. Antigamente (...)  Os jovens enfrentavam a vida, tomando as mais graves decisões, em estado de completa ignorância dos problemas que deviam enfrentar e das suas soluções. Procedia-se por tentativas, ao acaso, seguindo miragens. Nada de planificações racionais da vida, nenhum conhecimento das conseqüências. Disso pode-se deduzir quão despreparado estava o indivíduo para resolver as seus problemas com inteligência.

Aquilo que buscamos adquirir (...) é a consciência de nós mesmos, o conhecimento do significado, valor e conseqüências de cada ato nosso, de modo que tudo se desenvolva beneficamente, de maneira satisfatória para o indivíduo. Desejamos ensiná-lo a ser forte, resistente, positivo, construtivo. Chegou a hora de dar um salto à frente, em direção a um novo tipo de seleção biológica,(...) trata-se de um tipo de seleção mais aperfeiçoado, que deseja produzir o homem inteligente, trabalhador, espiritualmente forte, coletivamente organizado. Trata-se de construir o homem consciente, que sabe pensar por si, independente do juízo alheio, um responsável porque conhece a Lei de Deus e, segundo ela, sabe viver.

Tal conhecimento e o fato de saber viver de tal modo, com a consciência de encontrar-se dentro da Lei, em harmonia com ela, devem dar a esse homem resistência na adversidade, que só pode possuir quem sabe encontrar-se de acordo com a Lei, portanto em posição de justo equilíbrio na seio da ordem universal.(...) A verdadeira força não está nos poderes humanos, mas no estado de retidão.

Quem compreendeu como tudo isso funciona, sabe que estas não são apenas palavras.
(...)
Através da observação e da experimentação chegamos à conclusão que existem no campo moral e espiritual leis inderrogáveis como as existentes no campo da matéria e da energia. Todas os fenômenos, de cada tipo, são regidas por leis exatas que não são senão ramificações de uma lei central que contém os princípios que regulam o funcionamento de todo o universo.
(...)
Como Orienta a Própria Vida - Pietro Ubaldi - Introdução


CONSCIÊNCIA E MEDIUNIDADE


Livro A Grande Síntese cap 4  de Pietro Ubaldi


Tendes meios para comunicar-vos com seres mais importantes que aqueles a quem chamais habitantes de Marte, mas são meios de ordem psíquica, não instrumentos mecânicos; meios psíquicos que a ciência (que pesquisa de fora para dentro) e a vossa evolução (que se expande de dentro para fora) trarão à luz. Pode chamar-se consciência latente uma consciência mais profunda que a normal, onde se encontram as causas de muitos fenômenos inexplicáveis para vós. O sistema de pesquisa positiva, ao fazer-vos olhar mais profundamente as leis da natureza, fez-vos descobrir o modo de transformar as ondas acústicas em elétricas, dando-vos um primeiro termo de comparação sensível daquela materialização de meios que empregamos. Já avizinhastes um pouco e hoje podeis, mesmo cientificamente, compreender melhor.

Acompanhai-me, caminhando do exterior, onde estais com vossas sensações e vossa psique, para o interior onde estou eu como Entidade e como pensamento. No mundo da matéria, temos primeiro, os fenômenos; depois, vossa percepção sensória e, finalmente, por meio de vosso sistema nervoso convergente para o sistema cerebral, vossa síntese psíquica: a consciência. Até aqui chegastes, pela pesquisa científica e experiência cotidiana. Vosso materialismo não errou, quando viu nessa consciência uma alma, filha da vida física e destinada a morrer com ela. Mas é apenas uma psique de superfície, resultado do ambiente e da experiência, servindo à satisfação de vossas necessidades imediatas; sua tarefa termina quando vos tenha guiado na luta pela vida. Esse instrumento, como já vos disse, não pode ultrapassar essa tarefa; lançado no grande mar do conhecimento perde-se; trata-se da razão, do bom senso, da inteligência do homem normal, que não vai além das necessidades da vida terrena.

Se descermos mais na profundidade encontraremos a consciência latente; que está, para a consciência exterior e clara, como as ondas elétricas estão para as ondas acústicas. A essa consciência mais profunda pertence àquela intuição, é o meio perceptivo e a ele é necessário poder chegar, como vos disse, para que vosso conhecimento possa progredir.

Vossa consciência latente é vossa verdadeira alma eterna, existe antes do nascimento e sobrevive à morte corporal. Quando, ao avançar, a ciência chegar até ela, ficará demonstrada a imortalidade do espírito. Mas hoje não estais conscientes dessa profundidade, não sois sensíveis a esse nível e, não tendo em vós mesmos nenhuma sensação, a negais. Vossa ciência corre atrás de vossas sensações, sem suspeitar que elas podem ser superadas, e aí fica circunscrita como num cárcere. Essa parte de vós mesmos está imersa em trevas, pelo menos, assim é para a grande maioria dos homens que, por conseguinte, nega; sendo maioria, faz e impõe a lei, relegando a um campo comum de fora da normalidade e juntando em dolorosa condenação, tanto o subnormal, isto é, o patológico ou involuído, como o supranormal, elemento super-evoluído do amanhã. Neste campo, muito errou o materialismo. Apenas alguns indivíduos excepcionais, precursores da evolução, estão conscientes na consciência interior. Esses ouvem e dizem coisas maravilhosas, mas vós não os compreendeis senão muito tarde, depois que os martirizastes. No entanto, esse é o estado normal do super-homem do futuro.

Acenei a essa consciência interior, porque é a base da mais alta forma de vossa mediunidade, a mediunidade inspirativa, ativa e consciente; ela é justamente a manifestação da personalidade humana quando, por evolução, atinge esses estados profundos de consciência, que podem chamar-se intuição.
Vossa consciência humana é o órgão exterior através do qual vossa verdadeira alma eterna e profunda se põe em contato com a realidade exterior do mundo da matéria. Por seu intermédio, experimenta todas as vicissitudes da vida, destas experiências faz um tesouro, delas assimila o suco destilado, do qual ela se apodera, tornando suas as qualidades e capacidades, que mais tarde constituirão os instintos e as ideais inatas do futuro. Assim, a essência destilada da vida desce em profundidade no íntimo do ser; fixa-se na eternidade como qualidades imperecíveis e nada de tudo o que viveis, lutais e sofreis, perder-se-á em sua substância. Vedes que, com a repetição, todos os vossos atos tendem a fixar-se em vós, como automatismos que são os hábitos, isto é, um hábito, uma roupagem sobreposta à personalidade. Essa descida das experiências da vida se estratifica em torno do núcleo central do Eu que, com isso, agiganta-se num processo de expansão contínua; assim, a realidade exterior (tanto mais relativa e inconsistente quanto mais exterior) sobrevive àquela caducidade, condena-a àquele constante transformismo que a acompanha e transmite ao eterno aquilo que vale e sua existência produz. Por isso, nada morre no imenso turbilhão de todas as coisas; todo ato de vossa vida tem valor eterno.

Quem consegue ser consciente também na consciência latente, encontra seu Eu eterno e, na vasta complexidade das vicissitudes humanas, pode reencontrar o fio condutor ao longo do qual, logicamente, segundo uma lei de justiça e de equilíbrio, desenvolve-se o próprio destino. Então, vive sua vida maior na eternidade e com isso vence a morte. Ele se comunica livremente, mesmo na Terra, por um processo de sintonia que implica afinidade com as correntes de pensamento, que existem além das dimensões do espaço e do tempo. Em outro lugar acenei à técnica dessa comunicação conceptual ou mediunidade inspirativa.
Tracei-vos, assim, o quadro da técnica de vossa ascensão espiritual, efeito e meta de vossa vida. Em minhas palavras vereis sempre pairar esta grande ideia da evolução, não no limitado conceito materialista de evolução de formas orgânicas, mas no bem mais vasto conceito de evolução de formas espirituais, de ascensão de almas. Este é o princípio central do universo, a grande força motriz de seu funcionamento orgânico. O universo infinito palpita de vida que, ao reconquistar sua consciência, retorna a Deus. É esse o grande quadro que vos mostrarei. Essa é a visão que, partindo de vossos conhecimentos científicos, indicar-vos-ei. Minha demonstração, lembrai-vos, embora se inicie com uma investigação para uso dos céticos, é um lampejo de luz que lanço ao mundo, é imensa sinfonia que canto em louvor de Deus

Livro A Grande Sintese cap 4
http://www.pietroubaldi.org.br/a-grande-sintese-4/capitulos-grande-sintese/57-04-consciencia-e-mediunidade

terça-feira, 28 de junho de 2016

VISÃO ESPIRITUAL DO TRABALHO


Segundo Joanna de Angelis o trabalho tem como objetivo a melhoria das condições de vida bem como do meio onde o individuo se encontra. Impulsiona a capacidade criativa do homem de modo a obter altas expressões de beleza e de harmonia. Liberta-o paulatinamente, das formas grosseiras e primárias em que transita para atingir a plenitude da perfeição. Não fora o trabalho e o homem permaneceria na infância primitiva. Deus muitas vezes faculta ao fraco de forças físicas os inapreciáveis recursos da inteligência, mediante a qual granjeia progresso e respeito, adquirido independência econômica, valor social e consideração, contribuindo poderosamente para o progresso de todos.

Emmanuel esclarece-nos que a partir do momento que o trabalho se transforma em prazer de servir, surge o ponto mais importante da remuneração espiritual. A Justiça Divina nos procura no endereço exato para execução das sentenças que lavramos contra nós próprios, segundo as leis de causa e efeito, se nos encontra no serviço ao próximo. Assim manda a Divina Misericórdia que a execução seja suspensa, por tempo indeterminado.
 
Os Espíritos da Codificação nos ensinam que a capacidade adquirida pelo estudo e pelo trabalho torna-se uma verdadeira propriedade, da qual é naturalmente lícito tirar proveitos. Os Espíritos não poupam o homem dos trabalho de pesquisas. Não lhes trazem formulas prontas. Pelo contrario, auxiliam o homem nas novas descobertas e invenções. Se assim não fosse lhe colocaria tudo pronto as mãos sem o incômodo, sequer, de abaixar-se para apanhar, nem mesmo o de pensar. A necessidade fez criar a riqueza, como fez descobrir a Ciência. A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligência. E esta que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais.
Por que não são igualmente ricos todos os homens? Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. Quando a falta do trabalho se generaliza, toma proporções de um flagelo como a miséria.

 A ciência econômica procura o remédio no equilíbrio entre a produção e o consumo; mas esse equilíbrio, supondo-se que seja possível, não será contínuo, e nesses intervalos o trabalhador precisa viver. Há um elemento que não se costuma considerar, sem o qual a ciência econômica torna-se apenas uma teoria: é a educação. Não a educação intelectual, mas a educação moral; não ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar o caráter, que dá os hábitos: porque educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.

Diante destas considerações finalizamos com a frase Jesus ao responder aos judeus que o perseguiam porque fazia boas obras no Sábado (Dia do Sabbath):

“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (João 5:17).” O Pai dá o exemplo do qual espera que os filhos o sigam. Em outras palavras, Jesus nos mostra a importância do trabalho visto que o Pai dentro de Sua perfeição utiliza o trabalho, obviamente não no entendimento de ganho, mas de prazer e de satisfação. E fundamental voltarmos a colocar o trabalho na sua verdadeira função, qual seja, educativa, prazerosa e criativa.

Extraído
CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA (CFE) LIVRO 2 - CAPÍTULO 20 - TURMA A DISTANCIA TRABALHO – ALIENAÇÃO - LEI DO TRABALHO

VISÃO FILOSÓFICA DO TRABALHO


Pelo trabalho o homem transforma a natureza.

E alem de transformar a natureza, humanizando-a, procede a união dos homens e, sobretudo transforma o próprio homem.

Isto significa que pelo trabalho o homem se autoproduz, desenvolve habilidades e imaginação.
Aprende a conhecer as forças da natureza, desbravando-a e desafiando-la.

Impõe-se uma disciplina.
   
O homem não permanece o mesmo, pois o trabalho altera a visão que ele tem do mundo e de si mesmo.
   
Se num primeiro momento a natureza se apresenta aos homens como destino, o trabalho será a condição da superação dos determinismos:

a transcendência é propriamente a liberdade.

Por isso, a liberdade não é alguma coisa que é dada ao homem, mas o resultado da sua ação transformadora sobre o mundo, conforme seus projetos
 
Segundo Pietro Ubaldi, em A Grande Síntese, para preparar o reino do espírito é necessário primeiro transformar a terra, pois as vias da evolução, no nível humano, são a Ciência e o Trabalho.
    
Devemos atentar para não tornar o trabalho unicamente utilitário numa visão limitada, egoísta e socialmente danosa denominado trabalho-ganho.

É necessário transforma-lo em trabalho-aprendizado, trabalho-prazer, trabalho-missão.

Limitar o trabalho à exclusiva finalidade egoística do ganho é diminuir-se a si mesmo.

É um mutilar-se, uma renúncia à função de célula social, de construtor, que por menor que seja, tem seu lugar no funcionamento orgânico do universo.
   
Compreender o trabalho como disciplina do espírito, como escola de ascensão, como absoluta necessidade da vida, que relaciona o nosso progresso mediante nosso esforço, dando um sentido de seriedade, de dever, de responsabilidade perante a vida.

Extraido da apostila
CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA (CFE) LIVRO 2 - CAPÍTULO 20 - TURMA A DISTANCIA TRABALHO – ALIENAÇÃO - LEI DO TRABALHO

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA - LIVRO 2 - CAP 20





TRABALHO – ALIENAÇÃO - LEI DO TRABALHO


BIBLIOGRAFIA E SITES
FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – M Helena A Aranha - Edit Moderna
A GRANDE SÍNTESE – Pietro Ubaldi – Edit. LAKE – Cap 79
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec – Edit IDE – Perguntas 674 a 676

REFLEXÃO
A SOCIEDADE ALTERNATIVA É UMA ALTERNATIVA?

É senso comum que o Trabalho dignifica o homem, que somos agentes transformadores da Natureza, o senso comum está correto?
Esta transformação é geradora de uma relação saudável entre o Homem e a Natureza?
Será que não fomos degradados a mera condição de objetos neste processo?
A Crise da Modernidade passa também por uma trágica alienação do Trabalho.


Quais outras atividades humanas se tornaram alienadas?
A crença? A vida? A medicina? A arte?
Podemos mudar o rumo dessa alienação? Como?
Um modelo de sociedade alternativa regenerada pela educação seria uma solução?


1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA
Esta aula tem por objetivo rever os conceitos e investigar de forma mais profunda o que vem a ser o trabalho e a alienação. Vamos procurar modificar o conceito vigente de trabalho relacionado a sofrimento e pagamento de dívida conforme a cultura religiosa nos induz


2ª PARTE: INTRODUÇÃO
O trabalho toma diferentes conotações com a evolução da humanidade. Ele se inicia com o atendimento das necessidades básicas, alimentação, vestuário e habitação para adquirir no período contemporâneo formas mais sofisticadas como serviços e trabalhos altamente intelectualizados.

Em paralelo a estas novas formas, distorções vão se manifestando, fazendo com que essa atividade venha até proporcionar conseqüências patológicas ao homem moderno.


3ª PARTE: VISÃO FILOSÓFICA DO TRABALHO
Pelo trabalho o homem transforma a natureza. E alem de transformar a natureza, humanizando-a, procede a união dos homens e, sobretudo transforma o próprio homem. Isto significa que pelo trabalho o homem se autoproduz, desenvolve habilidades e imaginação. Aprende a conhecer as forças da natureza, desbravando-a e desafiando-la. Impõe-se uma disciplina.

O homem não permanece o mesmo, pois o trabalho altera a visão que ele tem do mundo e de si mesmo.

Se num primeiro momento a natureza se apresenta aos homens como destino, o trabalho será a condição da superação dos determinismos: a transcendência é propriamente a liberdade. Por isso, a liberdade não é alguma coisa que é dada ao homem, mas o resultado da sua ação transformadora sobre o mundo, conforme seus projetos
Segundo Pietro Ubaldi, em A Grande Síntese, para preparar o reino do espírito é necessário primeiro transformar a terra, pois as vias da evolução, no nível humano, são a Ciência e o Trabalho.
Devemos atentar para não tornar o trabalho unicamente utilitário numa visão limitada, egoísta e socialmente danosa denominado trabalho-ganho. É necessário transforma-lo em trabalho-aprendizado, trabalho-prazer, trabalho-missão. Limitar o trabalho à exclusiva finalidade egoística do ganho é diminuir-se a si mesmo. É um mutilar-se, uma renúncia à função de célula social, de construtor, que por menor que seja, tem seu lugar no funcionamento orgânico do universo.

Compreender o trabalho como disciplina do espírito, como escola de ascensão, como absoluta necessidade da vida, que relaciona o nosso progresso mediante nosso esforço, dando um sentido de seriedade, de dever, de responsabilidade perante a vida.

4ª PARTE: VISÃO HISTÓRICA DO TRABALHO
A concepção de trabalho sempre teve predominantemente uma visão negativa. Na Bíblia, Adão e Eva viviam felizes até que o pecado provocar sua expulsão do Paraíso e sua condenação ao trabalho com o "suor do próprio rosto".


A etimologia da palavra trabalho vem do vocábulo latino, tripaliare, do substantivo tripalium, aparelho de tortura formado por três paus ao qual eram atados os condenados. Daí a associação do trabalho com tortura, sofrimento, pena e labuta desde a saída do Paraíso ate os tempos romanos.

Na antiguidade grega todo trabalho manual é desvalorizado por ser feito por escravos. Na Roma
escravagista também era assim. Essa é nossa herança cultural sobre o trabalho. Na Idade Média, Tomás D’Aquino procura reabilitar o trabalho manual dizendo que todos os trabalhos se equivalem, mas na verdade a própria construção teórica de seu pensamento, calcada na visão grega, tende a valorizar a atividade contemplativa.

Na Idade Moderna, a situação começa a se alterar e com a Revolução Industrial o trabalho passa a tomar uma nova conotação.

A Reforma Protestante tem um papel significativo ao valorizar o trabalho, o individual, a prosperidade e acima de tudo desvincula o pecado da usura do acumulo de riqueza financeira. Eis o motivo principal do progresso material dos paises hoje considerados desenvolvidos.

No século XVII, aparecem as máquinas como ciência aplicada ao bem estar humano, havendo grande valorização da técnica. A máquina passa a exercer grande fascínio sobre a mentalidade do homem moderno.

No século XIX, a Doutrina dos Espíritos propõe um enfoque totalmente novo, diferente e avançado ao conceito de trabalho. Agrega-lhe o aspecto evolucionista espiritual. Em O Livro dos Espíritos, no capítulo referente a Lei do Trabalho destacamos a pergunta 674, 675 e 676:


674. A necessidade do trabalho é lei da Natureza?
O trabalho é uma lei natural, por isso mesmo é uma necessidade e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta suas as necessidades e seus prazeres.


675. Não se deve entender pelo trabalho senão as ocupações materiais?
Não. O Espírito trabalha como o corpo. Toda ocupação útil é um trabalho.


676. Por que o trabalho é imposto ao homem?
É uma conseqüência de sua natureza corporal. É uma expiação e ao mesmo tempo um meio de aperfeiçoar a sua inteligência. Sem o trabalho o homem permaneceria na infância da inteligência. Por isso ele não deve seu sustento, sua segurança e seu bem-estar senão ao seu trabalho e a sua atividade. Àquele que é muito fraco de corpo Deus deu a Inteligência para isso suprir; mas é sempre um trabalho.

O trabalho sofreu uma mudança no início do século XX quando Henry Ford introduziu o sistema de linha de montagem na indústria automobilística fragmentando o sistema de produção e Taylor aperfeiçoou este novo método produtivo.

Nos sistemas domésticos de manufatura, era comum o trabalhador conhecer todas as etapas da produção, desde o projeto até a execução. A partir da implantação do sistema fabril, no entanto, isso não é mais possível, devido à crescente complexidade resultante da divisão do trabalho.

O sistema foi implantado com sucesso no início do século XX nos EUA e logo extrapolou os domínios da fábrica, atingindo outros tipos de empresas e até os esportes, a medicina e a escola.

O mundo moderno prioriza o conhecimento técnico em detrimento da humanização do trabalho.



5ª PARTE: ALIENAÇÃO
A alienação no sentido jurídico é perder a posse de um bem. No estado psicológico da loucura é a perda da dimensão de si na relação com o outro. Na idolatria, é a perda da autonomia.

Etimologicamente, a palavra alienação vem do latim alienare, alienus, que significa "que pertence a um outro". E o outro é o alius. Sob certo aspecto, alienar é tornar alheio, transferir para o outro o que é seu.

Na concepção de Rousseau, a soberania do povo é inalienável, somente a ele pertence, que não deve outorga-la a nenhum representante (é o ideal da democracia direta).

Em todos esses casos vemos a constancia do termo "perda".

O homem comum, alienado, perde a compreensão do mundo em que vive e torna alheio a sua consciência um segmento importante da realidade em que está inserido.

Um exemplo real é o que ocorre com a sensação de liberdade. O homem se diz livre, entretanto, ele quer trabalho e não consegue, ele quer viajar e não pode, no contrato de trabalho o horário, o salário lhe são impostos por forças alheias. A impotência diante os desmandos do governo, da corrupção, do aumento de impostos, da incompetência administrativa e outros.

A alienação no caso dos objetos fazem a mercadoria ter valores de troca superiores aos valores de uso. As marcas e as grifes fazem subir o valor de troca dos objetos. Tudo alimentado pelo ego, pelas vaidades e pelos personalismo.


É a "humanização" do objeto e a desumanização do próprio homem. Este mesmo fica transformado em mercadoria ao vender seu esforço de trabalho. Pois ela tem um preço no mercado de trabalho.


6ª PARTE: A ALIENAÇÃO NA PRODUÇÃO
A Alienação surge em termos produtivos quando o executor de algo produz o que já não lhe pertence. A produção seriada proporciona a partição do trabalho sobre um produto. A alienação se acentua, pois o executor se responsabiliza por uma parcela mínima do trabalho. Por fim o executor não se identifica mais com o bem produzido. O trabalho passa a ser um produto, tem seu preço.

A Alienação aparece com todo o vigor, pois o executor trabalha totalmente desvinculado do produto que este mesmo produz. Sua contra-partida é exclusivamente a remuneração das horas trabalhadas, não importando em que trabalha. É o auge. O desvinculamento do criador e da criação. Na linha de produção o homem fica reduzido a gestos mecânicos tornado "esquizofrênico" pelo parcelamento das tarefas. Ver os filmes:

Os Tempos Modernos de Charles Chaplin e

A Classe Operária Vai ao Paraíso.

Não é fácil submeter o operário a um trabalho rotineiro. Se não compreendemos o sentido de nossa ação e se o produto do trabalho não é nosso é bem difícil dedicarmo-nos com empenho em qualquer tarefa. É assim que aliena o homem no seu trabalho, naquilo que ele produz.

Extrapolando a simples dimensão técnica e material na produção, a alienação atinge mais profundamente o gênero humano ao instituir uma relação alienada entre o homem-trabalhador e os demais homens, dos homens consigo mesmos e dos homens com a natureza.



7ª PARTE: VISÃO ESPIRITUAL DO TRABALHO
Segundo Joanna de Angelis o trabalho tem como objetivo a melhoria das condições de vida bem como do meio onde o individuo se encontra. Impulsiona a capacidade criativa do homem de modo a obter altas expressões de beleza e de harmonia. Liberta-o paulatinamente, das formas grosseiras e primárias em que transita para atingir a plenitude da perfeição.

Não fora o trabalho e o homem permaneceria na infância primitiva. Deus muitas vezes faculta ao fraco de forças físicas os inapreciáveis recursos da inteligência, mediante a qual granjeia progresso e respeito, adquirido independência econômica, valor social e consideração, contribuindo poderosamente para o progresso de todos.
Emmanuel esclarece-nos que a partir do momento que o trabalho se transforma em prazer de servir, surge o ponto mais importante da remuneração espiritual. A Justiça Divina nos procura no
endereço exato para execução das sentenças que lavramos contra nós próprios, segundo as leis de causa e efeito, se nos encontra no serviço ao próximo. Assim manda a Divina Misericórdia que a execução seja suspensa, por tempo indeterminado.
Os Espíritos da Codificação nos ensinam que a capacidade adquirida pelo estudo e pelo trabalho torna-se uma verdadeira propriedade, da qual é naturalmente lícito tirar proveitos.


Os Espíritos não poupam o homem dos trabalho de pesquisas. Não lhes trazem formulas prontas. Pelo contrario, auxiliam o homem nas novas descobertas e invenções. Se assim não fosse lhe colocaria tudo pronto as mãos sem o incômodo, sequer, de abaixar-se para apanhar, nem mesmo o de pensar.

A necessidade fez criar a riqueza, como fez descobrir a Ciência. A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligência. E esta que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais.

Por que não são igualmente ricos todos os homens?

Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar.
Quando a falta do trabalho se generaliza, toma proporções de um flagelo como a miséria. A ciência econômica procura o remédio no equilíbrio entre a produção e o consumo; mas esse equilíbrio, supondo-se que seja possível, não será contínuo, e nesses intervalos o trabalhador precisa viver. Há um elemento que não se costuma considerar, sem o qual a ciência econômica torna-se apenas uma teoria: é a educação. Não a educação intelectual, mas a educação moral; não ainda a educação moral


pelos livros, mas a que consiste na arte de formar o caráter, que dá os hábitos: porque educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.


8ª PARTE: CONCLUSÃO
Diante destas considerações finalizamos com a frase de Jesus ao responder aos judeus que o perseguiam porque fazia boas obras no Sábado (Dia do Sabbath):

Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (João 5:17).

O Pai dá o exemplo do qual espera que os filhos o sigam.

Em outras palavras, Jesus nos mostra a importância do trabalho visto que o Pai dentro de Sua perfeição utiliza o trabalho, obviamente não no entendimento de ganho, mas de prazer e de satisfação.

E fundamental voltarmos a colocar o trabalho na sua verdadeira função, qual seja, educativa, prazerosa e criativa.


Alan Krambeck
9ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:

Livro 2 – Capítulo 21 - Tecnologia – Consumo – Necessário e Supérfluo
Leitura:
FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – M Lucia A Aranha – Ed Moderna
CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí – Ática Editor
O CAMINHO DA FELICIDADE – Huberto Rohden – Edit Alvorada