Dada a premissa colocada por nós, o fenômeno tende a concluir-se segundo
a direção que lhe foi dada no início. Agora como prever em
unidades de tempo a velocidade com que o fenômeno chega a sua conclusão
na fase dos efeitos. Nem todos os casos são simples, derivados de uma
conduta exclusivamente positiva ou negativa. O decurso do fenômeno é
tanto mais linear e a solução tanto mais rápida e fácil, quanto mais decisivamente
prevalecer uma das duas características, seja de positividade ou de
negatividade.(...)
As complicações e os atrasos da conclusão verificam-se quando o caso é
composto de qualidades positivas e negativas ao mesmo tempo, porque
então elas resultam contrastantes e divergentes. Nessas condições, o
desenvolvimento do fenômeno prolonga-se até quando se estabelece uma
prevalência de forças e suas direções em um dado sentido. Assim é
necessário esperar que se esgote o impulso das forças do tipo que está
em percentagem menor, porque só então o tipo oposto pode se afirmar e
vencer, prevalecendo em uma só direção. Nesse ínterim pode-se conseguir
resultados temporários, com expectativa ainda não definida, porque foram
determinados por impulsos positivos e negativos não delineados.
Estes são casos mais complicados, nos
quais é mais difícil ver o funcionamento da Lei. Mas comecemos com a
descrição de um tipo de caso simples, de modelo monocromático no
negativo, com resultado rápido e evidente, pela presença exclusiva de
forças de uma dada qualidade. (...)
Em nossas experiências no laboratório da vida pudemos assistir à
operação cirúrgica da punição por falta de retidão, isto é, à solução de
um caso de negatividade.
A operação impressionou-nos pelas seguintes qualidades:
1) a exatidão com a qual o efeito
correspondeu à causa, conservando-se do mesmo tipo de forças postas em
ação, mas retornando ao emitente em vez de atingir o indivíduo ao qual
elas se destinavam;
2) a exatidão com a qual foi centralizado o escopo,
sem atingir quem quer que estivesse próximo do alvo;
3) a rapidez do
desenvolvimento e conclusão do fenômeno;
4) a convergência dos impulsos
em direção àquele resultado final;
5) a massa dos resultados obtidos, em
proporção aos mínimos meios usados, isto é, o rendimento com eles
obtido durante o trabalho realizado.
Perante tal espetáculo tem-se a sensação
de ver a face da Lei e não se pode conter, ao fim da experiência, um
grito de maravilha, quando se observa o seu perfeito funcionamento. Não
se trata de sonhos. Qualquer pessoa pode verificar a existência de um
caso semelhante a esse, controlando as suas conclusões. Mas, tudo isso
corresponde a uma lógica, que nos autoriza a admiti-la, mesmo porque,
confirmando a nossa tese, existe a visão da unidade fundamental da Lei.
Observemos agora um outro caso, que
podemos chamar policromático, pelo qual fica diminuída a velocidade do
fenômeno, quando chega à sua conclusão. Tratemo-lo com a precisa razão.
Tudo depende das forças existentes no
campo em que o caso se desenvolve. Eis o indivíduo que age em sentido
negativo para obter vantagem em prejuízo de um terceiro. Isso é contra a
Lei. Esta negatividade e o dano correspondente deveriam agora recair
sobre o promotor, com isso resolvendo o que é um simples caso de falta
de retidão, como o precedente. Mas, ao contrario, esse homem continua
sem ser perturbado em sua violação. A sanção de sua culpa permanece
suspensa. Por quê? Aqui o caso se complica, porque as forças postas em
movimento por ele, estão no mesmo campo e combinam-se com as forças
movidas pelo ofendido, o qual se encontra em fase de pagamento de seu
débito para com a Lei e, portanto, necessitado de experiência corretiva
do seu erro passado.
Eis então que a ação punitiva da Lei contra o opressor por causa do mal
praticado, é freada pelo bem que ele faz, tornando-se útil ao executar,
segundo a Lei, a função de seu instrumento na imposição de uma lição
corretiva ao oprimido. Eis aí o impulso positivo em favor do opressor,
positivo momentaneamente, porque se interrompe o impulso negativo contra
ele, pelo mal que fez. Combinam-se assim dois valores opostos: a
injustiça por parte do opressor (negatividade — anti-Lei) e a justiça
por parte do oprimido que paga seu débito (positividade segundo a Lei). É
assim que o primeiro, que faz sofrer o segundo, pode continuar a fazer o
mal, não obstante seja justo que ele passe dessa posição àquela do
próprio pagamento, o que de fato acontecerá mais tarde.
É assim que, apenas cumprida a função de instrumento punitivo segundo a
Lei, o fenômeno chegará também para o opressor à fase de pagamento, pela
qual também ele o efetuará, sofrendo a lição corretiva que o espera. É
natural que, quando a opressão feita por esse homem tenha purificado e
redimido o seu oprimido de toda a negatividade que o agravava, então o
opressor seja abandonado a seu destino porque a sua missão foi cumprida.
Naquele momento não há mais razão para que a Lei espere, passando a
exigir o seu pagamento. Finda a fácil vitória do mal, cai a ilusão de
ter sabido evadir-se, sem prestar contas, às sanções da Lei.
Pode-se assim encontrar muitos casos,
mas sempre em função do mesmo princípio básico que se aplica em posições
diversas. Assim é que, uma vez compreendida a técnica de seu
funcionamento, cada um poderá traçar-lhe o esquema até a sua conclusão
final.
É necessário, porém, ter em conta que na
realidade não encontramos casos isolados, mas uma concatenação de
casos, pelo que os efeitos de um se encravam nas causas de outro, com
fios entrelaçados que afundam suas raízes no passado. Isso porque, em
vez de pagar e liquidar o débito, procura-se evadir dele, criando-se
assim novos débitos. Assim a semeadura de causas negativas não termina
nunca e o fardo imenso que pesa sobre a humanidade não se esgota, fardo
de dores, tornado seu patrimônio natural e constante.
Como esta técnica podemos conhecer qual será o nosso futuro, observando
que forças pusemos em movimento, construindo o nosso destino. É
necessário ter compreendido que a natureza dos efeitos é do mesmo tipo
das causas que pusemos em movimento, como determinante delas. Estas
conservam suas qualidades positivas ou negativas de que foram saturadas
ao nascerem. Eis então que, quando as causas que lançamos, visando ao
que nos é útil, eram contra a Lei, elas se voltam contra nós em posição
invertida, em prejuízo nosso. E quando elas eram segundo a Lei, se
voltam a nosso favor. Existe essa lei de retorno, em forma negativa,
daquilo que lançamos negativamente, e em forma positiva, daquilo que
lançamos positivamente. Eis então a que resultados leva o querer ser
astuto para fraudar a Lei em nossa vantagem.
A Lei é como um espelho. Ela em si mesma
é invisível como este, que por si permanece vazio e nele nada se vê
senão uma imagem refletida. Mas tão logo nos colocamos frente a ele, eis
que nos reflete como somos, restituindo-nos a nossa figura igual ao
modelo, com as suas qualidades, mas em posição invertida de retorno.
Estejamos atentos, portanto, para cada
nossa ação, porque as nossas obras nos seguem e recaem sobre nós. É
necessário compreender que o mundo em substância é regido por um
princípio de ordem e que o segredo do verdadeiro sucesso não está em
tentar modificá-lo em vantagem nossa, mas em segui-lo, enquadrando-se
nele. O caos está somente no exterior, na superfície e, não obstante a
nossa resistência, ele é sempre corrigido e recolocado na ordem da Lei,
que é a força íntima que tudo dirige. Assim, o querer ser forte para
impor-se não serve senão para lançar sobre nós a reação da Lei que não
admite ser violada.
O fenômeno de retorno tem maturação mais
ou menos rápida segundo o seu volume e a simplicidade de sua estrutura.
Quando as causas são poucas e lineares e se trata de um só indivíduo,
chega-se logo à conclusão; mas quando se trata de muitas causas conexas e
complexas como de nações e de povos, a conclusão é mais laboriosa e
lenta.
É necessário compreender que cada
defeito é uma dissonância que se afasta da Lei, é um ponto débil perante
ela, é um erro, portanto, a ser corrigido, e que por isso volta-se
sobre nós em forma de débito a ser pago. A causa de tudo isso somos nós,
porquanto nos colocamos em posição de desordem dentro da ordem, assim
lançando-nos, em nosso prejuízo, contra ela. Ora, se não sabemos nos
enquadrar, a Lei, em vez de uma casa, será para nós uma prisão. Todavia a
Lei é uma casa cômoda para se morar, mas nós não sabemos nos mover
dentro dela, porque somos feitos de desordem. O sofrimento que se segue
quando nos lançamos contra as paredes serve para ensinar-nos a viver na
ordem e assim transformar o cárcere em uma ótima casa.
O homem invoca a liberdade. Mas qual? A
liberdade da desordem, isto é, aquela que o leva a bater contra as
paredes da Lei. Buscando tal liberdade, o homem lança as causas de uma
autopunição corretiva que terminarão por força-lo a enquadrar-se dentro
da ordem. Nas revoluções aflora sempre a escumalha, que mais deseja
liberdade, com lutas e destruições Diz-se então que as revoluções
devoram seus filhos. Por quê? Porque este é o efeito que lhes recai em
cima, imposto pela causa por eles mesmos posta em movimento, que é do
mesmo tipo, pela qual, tendo ele matado, são agora mortos.
Trata-se de uma restituição a eles do
mesmo impulso, posto em movimento por eles mesmos. Dadas estas leis, não
deveriam tremer aqueles jovens que hoje vemos entregar-se aos vícios,
ao ócio, aos estupefacientes etc., se compreendessem de que efeitos
estão semeando as causas. É certo que nas revoluções quer-se também os
destruidores. Mas que fim têm eles? Executada sua função a Lei os
destrói e deixa vencer os construtores que lhe servem para avançar. O
que é negativo não tem direito à vida e portanto são logo mortos.
Eis que cada um pode estabelecer uma contabilidade própria de débito e
crédito em conta corrente pessoal, posta perante a justiça da Lei. Esses
débitos e créditos não são constituídos de valores econômicos, mas de
valores morais. Estes são superiores e de mais vasta capacidade do que
os materiais, que, frente aos outros, encontram-se em posição
subordinada. Pode assim ser paupérrimo o mais rico e poderoso homem da
Terra que tem débitos a pagar para com a Lei. E ao contrário Essa
contabilidade é a que realmente vale, aquela que está na base da vida, a
que decide por esta, porque não permanece limitada no campo dos bens e
dinheiro, mas abarca todas as expressões da vida, como saúde, afetos,
felicidade ou dores em cada um de seus aspectos. O bem ou mal que recai
sobre nós dependem da dose de positividade ou negatividade que colocamos
nas contas, com nossos atos.
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