segunda-feira, 31 de julho de 2017

Os Exilados de Capela ESDE FEEGO Resumo do Livro

Sinal de Amor - Emmanuel


"E saíram os fariseus e começaram a disputar com ele, pedindo-lhe, para o tentarem, um sinal do Céu." - (João, 8:11.)
No Espiritismo cristão, de quando em quando aparecem aprendizes do Evangelho, sumamente interessados em atender a certas solicitações, no capítulo dos fenômenos psíquicos.
Buscam sinais tangíveis, incontestáveis. Na maioria das vezes, movimento não passa de repetição do gesto dos fariseus antigos. Médiuns e companheiros outros, em grande número, não se precatam de que os pedidos de demonstrações do céu são formulados, por tentação. Há ilações lógicas no assunto, que cabe não desprezar.
Se um espírito permanece encarnado na Terra, como poderá fornecer sinais de Júpiter?
Se as solicitações dessa natureza, endereçadas ao próprio Cristo, foram consideradas como gênero de tentação ao Mestre, pelo evangelho, com que direito poderão impô-las os discípulos novos aos seus amigos do invisível?
 Ao contrário disso, os aprendizes fiéis devem estar preparados ao fornecimento de demonstrações da Terra. É justo que o cristão não possa projetar uma tela mágica sobre as nuvens errantes, mas pode revelar
como se exerce o ministério da fraternidade no mundo.
 
Nunca desdobrara a paisagem total onde se movimentam os seres invisíveis, mas está habilitado a prestar colaboração no esclarecimento dos homens do porvir.

Quem solicita sinais do Céu será talvez ignorante ou portador de má-fé; entretanto os que tentem satisfazê-los andam muito distraídos do que aprenderam como Cristo. Se te requisitam demonstrações estranhas, podes replicar com segurança resoluto, que não estás designado para à produção de maravilhas e esclarece a teu irmão que permaneces determinado a aprender com o Mestre, a fim de ofereceres à Terra o teu sinal de amor e
luz, firme na fé, para não sucumbires às tentações.
Emmanuel 
Livro Segue-me

O Varão da Macedônia - Emmanuel

“E Paulo teve de noite uma visão em que se apresentou, em pé, um
varão da Macedônia e lhe rogou: Passa à Macedônia e ajuda-nos!” (Atos, cap 16: 9.)
Além das atividades diárias na vida de relação, participam os homens de
vasto movimento espiritual, cujas fases de intercâmbio nem sempre podem ser
registradas pela memória vulgar. 
Não só os que demandam o sepulcro se comunicam pelo processo das
vibrações psíquicas. 
Os espíritos encarnados fazem o mesmo, em identidade de circunstâncias,
desde que se achem aptos a semelhantes realizações. 
Mais tarde, a generalidade das criaturas terrestres ampliará essas
possibilidades, percebendo-lhes o admirável valor. 
Isso, aliás, não constitui novidade, pois, segundo vemos, Paulo de Tarso,
em Tróade, recebe a visita espiritual de um varão da Macedônia, que lhe pede
auxílio. 
A narração apostólica é muito clara. O amigo dos gentios tem uma visão
em que lhe não surge uma figura angélica ou um mensageiro divino. Trata-se
de um homem da Macedônia que o ex-doutor de Tarso identifica pelo vestuário
e pelas palavras. 
É útil recordar semelhante ocorrência para que se consolide nos discípulos
sinceros a certeza de que o Evangelho é portador de todos os ensinamentos
essenciais e necessários, sem nos impor a necessidade de recorrer a
nomenclaturas difíceis, distantes da simplicidade com que o Mestre nos legou a
carta de redenção, na qual nos pede atenção amorosa e não teorias
complicadas.
Emmanuel 
Livro Caminho Verdade e Vida

Vem - Emmanuel

"E quem o ouve, diga: - Vem. E quem tem sede, venha." - Apocalipse, 22:17.

A Terra é a grande escola das almas em que se educam alunos de todas as idades.


Se atingiste o nível das grandes experiências, não te inquiete a incessante extensão do trabalho.


Não enxergues inimigos nos semelhantes de entendimento imperfeito.


Muitos deles não saíram ainda do jardim de infância espiritual.


Dá sempre o bem pelo mal, a verdade pela mentira e o amor pela indiferença.


A inexperiência e a ignorância dos corações que se iniciam na luta fazem, frequentemente, grande algazarra em torno do espírito que procura a si mesmo.


Por isso, padecerás muitas vezes aflição e desânimo.


Não te perturbes, porém.


Se as ilusões e os brinquedos da maioria não mais te satisfazem,  é que a madureza te inclina a horizontes mais vastos.


Recorda que somente Jesus é bastante sábio e bastante forte para acalmar-te.


Ouve-lhe o apelo divino, formulado nas derradeiras palavras do seu Testamento de Amor: - "Vem!"


Ninguém te pode impedir o acesso à fonte da luz infinita.


O Mestre é o Eterno Amigo que nos rompe as algemas e nos abre portas renovadoras...


Entretanto, é preciso saibas querer.


O Senhor jamais nos fará violência.


Sofres? Estás fatigado? Tropeças sob os fardos do mundo?


Vem!


Jesus reserva-te os braços abertos.


Vem e atende-o ainda hoje. É verdade que sempre alcançaste ensejos de serviço, que o Mestre sempre foi abnegado e misericordioso para contigo, mas não te esqueças de que as circunstâncias se modificam com  as horas e de que nem todos os dias são iguais.

Emmanuel
psicografia de Chico Xavier


Certamente - Emmanuel

“Certamente cedo venho”. - Apocalipse, 22 :20


Quase sempre, enquanto a criatura humana respira na carne jovem, a atitude que lhe caracteriza o coração para com a vida é a de uma criança que desconhece o valor do tempo.

Dias e noites são curtos para a internação em alegrias e aventuras fantasiosas. Engodos mil da ilusão efêmera lhe obscurecem o olhar e as horas se esvaem num turbilhão de anseios inúteis.


Raras pessoas escapam de semelhante perda.


Geralmente, contudo, quando a maturidade aparece e a alma já possui relativo grau de educação, o homem reajusta, apressado, a conceituação do dia.


A semana é reduzida para o que lhe cabe fazer.


Compreende que os mesmos serviços, na posição em que se encontra, se repetem a determinados meses do ano, perfeitamente recapitulados, qual ocorre às estações de frio e calor, floração e
frutescência para a Natureza.


Agita-se, inquieta-se, desdobra-se, no afã de multiplicar as suas forças para enriquecer os minutos ou ampliá-los,  favorecendo as próprias energias.


E, comumente, ao termo da romagem, a morte do corpo surpreende-o nos ângulos da expectativa ou do entretenimento, sem que lhe seja dado recuperar os anos perdidos.


Não te embrenhes, assim, na selva humana, despreocupado de tua habilitação à luz espiritual, ante o caminho eterno.

No penúltimo versículo do Novo Testamento, que é a Carta do Amor Divino para a Humanidade, determinou o Senhor fosse gravada pelo apóstolo a sua promessa solene: 


-“Certamente, cedo venho”.

Vale-te, pois, do tempo e não te faças tardio na preparação.

Emmanuel
psicografia de Chico Xavier

Estudo: A Gênese, cap XVIII São Chegados os Tempos

A GERAÇÃO NOVA

 Para que os homens sejam felizes sobre a Terra é preciso que ela seja apenas povoada por bons Espíritos encarnados e desencarnados que só queiram o bem. Este tempo tendo chegado, uma grande emigração acontecerá neste momento entre aqueles que a habitam; os que fazem o mal pelo mal e que o sentimento do bem não o toca, não sendo mais digno da Terra transformada, sê-lo-ão excluídos, porque trariam de novo a discórdia e a confusão e seriam um obstáculo ao progresso. Estes irão expiar seu endurecimento uns em mundos inferiores, outros, entre raças terrestres atrasadas que serão o equivalente de mundos inferiores, onde levarão seus conhecimentos adquiridos e que terão por missão de fazer avançar. Serão substituídos por Espíritos melhores que farão reinar entre eles a justiça, a paz, a fraternidade.

A Terra, no dizer dos Espíritos, não deve nunca ser transformada por um cataclismo que aniquilaria subitamente uma geração. A geração atual desaparecerá gradativamente e a nova lhe sucederá do mesmo modo sem que nada troque a ordem natural das coisas.

Tudo se passará, pois, exteriormente, como de hábito, com esta única diferença, mas esta diferença é capital porque uma parte dos Espíritos que se encarnavam, não mais se encarnará. Em uma criança que nascerá em lugar de um Espírito atrasado e portador do mal o que estará se encarnado será um Espírito mais avançado e portador do bem.

Trata-se, pois, bem menos de uma nova geração corpórea do que de uma nova geração de Espíritos. Assim, aqueles que se atentarem para ver a transformação operar-se por efeitos sobrenaturais e maravilhosos irão se decepcionar.

 A época atual é a da transição; os elementos das duas gerações se confundem. Colocados no ponto intermediário, assistiremos a partida de uma e a chegada da outra, e cada qual se assinala já, no mundo, pelos caracteres que lhe sejam próprios.

As duas gerações que se sucedem têm ideias e visões todas opostas. Pela natureza das disposições morais mas sobretudo das disposições intuitivas e inatas, é fácil distinguir à qual das duas pertença cada indivíduo.

A nova geração, devendo fundar a era do progresso moral, distingue-se por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, ajuntadas ao sentimento inato do bem e das crenças espirituais, o que é o sinal indubitável de um certo grau de adiantamento anterior. Não será nunca composta exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, tendo já progredido, estão dispostos a assimilar todas as ideias progressivas e aptas a secundar o movimento regenerador.

O que distingue, ao contrário, os Espíritos atrasados é a princípio, a revolta contra Deus pela recusa de reconhecer algum poder superior à humanidade; depois, a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternos do egoísmo, do orgulho, do agarramento por tudo o que seja material.

São estes vícios dos quais a Terra deva ser purgada pelo afastamento daqueles que refugam emendar-se, porque são incompatíveis com o reino da fraternidade, e que os homens de bem sofrerão sempre do seu contato; quando a Terra estiver livre, os homens marcharão sem entraves, para o futuro melhor que lhes está reservado desde aqui em baixo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, atentando que uma purificação ainda mais completa abre-lhes a entrada dos mundos superiores.

 Por esta emigração de Espíritos, não se torna preciso entender que todos os Espíritos retardatários serão expulsos da Terra e relegados a mundos inferiores. Muito ao contrário, aí voltarão, porque muitos cederam à influência das circunstâncias e do exemplo; a superfície era entre eles pior que o fundo. Uma vez subtraídos à influência da matéria e dos preconceitos do mundo corpóreo, a maior parte verá as coisas de uma maneira toda diferente da que quando de sua vivência, como também temo-lo numerosos exemplos. Neste caso, são ajudados pelos Espíritos benévolos que se interessam por eles e que se apressam em esclarecê-los e mostrar-lhes a falsa rota que tinham seguido. Pelas nossas preces e nossas exortações, podemos nós mesmos contribuir para sua melhora porque há uma solidariedade perpétua entre os mortos e os vivos.

A maneira pela qual se opera a transformação é cada vez mais simples e, como se vê, ela é toda moral e não se descarta em nada das leis da natureza.

 Que os Espíritos da nova geração sejam novos Espíritos melhores, ou os velhos Espíritos melhorados, o resultado é o mesmo; desde o instante que apresentem melhores disposições, é sempre uma renovação. Os Espíritos encarnados formam, assim, duas categorias, conforme suas disposições naturais: de uma parte os Espíritos retardatários que partem, de outra, os Espíritos progressistas que chegam. O estado dos costumes e da sociedade será, pois, entre um povo, uma raça ou no mundo inteiro, a razão dessas duas categorias que terá a preponderância.

Para simplificar a questão, suponhamos um povo a um patamar qualquer de adiantamento e composto de vinte milhões de almas, por exemplo; a renovação dos Espíritos se fazendo gradativamente, das extensões, isoladas ou em massa, há tido necessariamente um momento em que a geração de Espíritos retardatários suplantaria em números sobre a dos Espíritos progressistas que computaria apenas de raros representantes sem influência e então, os esforços para fazer predominar o bem e as ideias progressivas ficariam paralisados. Ora, uns partindo, outros chegando após um tempo dado, as duas forças se equilibram e sua influência se contrabalança. Mas tarde, os recém-chegados estarão em maioria e sua influência torna-se preponderante, embora ainda entravada pelos primeiros; aqueles aqui, continuando a diminuir, ao passo que os outros se multiplicam, acabarão por desaparecer; cegará um momento, pois, onde a influência da nova geração será exclusiva; mas aí, não pode se compreender isso se não se admitir a vida espiritual independente da vida material.

 Assistimos a esta transformação, ao conflito que resulta da luta das ideias contrárias que procuram se implantar; umas marcham com a bandeira do passado, outras com a do porvir. Caso se examine o estado atual do mundo, reconhecer-se-á que, tomada em seu conjunto, a humanidade terrestre está longe ainda do ponto intermediário onde as forças se contrabalançam; que os povos considerados isoladamente, estão a uma grande distância uns dos outros sobre esta escala; que alguns tocam neste ponto mas que outros nem o têm ainda atingido. Do resto, a distância que os separa dos pontos extremos está longe de ser igual em duração e uma vez transposto o limite, a nova rota será percorrida com igualmente mais rapidez que uma multidão de circunstâncias virá aplainá-la.

Assim se cumpre a transformação da humanidade. Sem a emigração, isto é, sem a partida dos Espíritos retardatários que não devam voltar ou que só devam voltar quando estiverem melhorados, a humanidade terrestre não ficará, desta forma, indefinidamente estacionária, porque os Espíritos, os mais atrasados avançam a seu turno; mas será preciso séculos e talvez milhares de anos para chegar ao resultado que um meio-século bastaria para realizar.

 Uma comparação vulgar fará melhor compreender ainda o que se passa nestas circunstâncias. Suponhamos um regimento composto em grande maioria de homens turbulentos e indisciplinados; estes aqui levam sem cessar uma desordem que a severidade da lei penal terá frequentemente a sentença para reprimir. Estes homens são os mais fortes porque são os mais numerosos; sustentam-se, encorajam-se e se estimulam pelo exemplo. Alguns bons são sem influência; seus conselhos são desprezados; são achincalhados, maltratados pelos outros e sofrem deste tratamento. Não é esta a imagem da sociedade atual?

Suponhamos que se retire estes homens do regimento, um por um, dez por dez, cem por cem, e que se os recoloque gradativamente por um número igual de bons soldados, mesmo por aqueles que tenham sido expulsos mas que tenham seriamente emendado, ao fim de algum tempo, ter-se-á sempre o mesmo regimento, mas transformado; a boa ordem aí sucederá à desordem. Assim o será com a humanidade regenerada.

 Os grandes embarques coletivos não têm somente por finalidade ativar as saídas, mas transformar mais rapidamente o espírito da massa, em desembaraçando-a das más influências e de dar mais ascendência às ideias novas.

É por isso que muitos, apesar de suas imperfeições, estão maduros para esta transformação, que muitos partem a fim de que possam ir retemperar-se em uma fonte mais pura. Tanto que, ficando no mesmo meio e sob as mesmas influências, eles persistiriam nas mesmas opiniões e com a mesma maneira de ver as coisas. Uma estada no mundo dos Espíritos basta para abrir-lhe os olhos, porque lá eles veem aquilo que não poderiam ver sobre a Terra. O incrédulo, o fanático, o absolutista, poderão, pois, retornar com ideias inatas de fé, de tolerância e de liberdade. À sua volta, encontrarão as coisas mudadas, experimentarão a ascendência do novo meio onde nascerão. Em lugar de fazer oposição às ideias novas, sê-lo-ão os auxiliares.

 A regeneração da humanidade não tem, pois, absolutamente, necessidade da renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais; esta modificação se opera entre todos aqueles que estejam predispostos a isso, tão logo sejam tirados da influência perniciosa do mundo. Os que tornam, então, não serão sempre outros Espíritos, mas, frequentemente, os mesmos Espíritos, só que pensando e sentindo de outro modo.

Quando esta melhoria é isolada e individual, ela passa despercebida e fica sem influência ostensiva sobre o mundo. Todo outro é o efeito que se opera simultaneamente sobre grandes massas, porque então, conforme as proporções, em uma geração, as ideias de um povo ou de uma raça podem ser profundamente modificadas.

É o que se nota quase sempre após os grandes abalos que dizimam as populações. Os flagelos destruidores só destroem os corpos, mas, não atingem o Espírito; eles ativam o movimento de vai e vem entre o mundo corpóreo e o mundo espiritual e por sequência o movimento progressivo dos Espíritos encarnados e desencarnados. É de se notar que, a todas as épocas da História, as grandes crises sociais foram seguidas de uma era de progresso.

 É um desses movimentos gerais que se opera neste momento e que deve conduzir o remanejamento da humanidade. A multiplicidade das causas de destruição é um sinal característico dos tempos, porque deve acelerar a eclosão dos novos germens. São as folhas de outono que caem e às quais sucederão novas folhas plenas de vida, porque a humanidade tem suas estações, como os indivíduos têm suas idades. As folhas mortas da humanidade caem levadas pelas rajadas e os golpes de vento, mas, para renascerem mais vivazes, sob o mesmo sopro de vida, que não se extingue mas purifica.

 Para o materialismo, os flagelos destruidores são calamidades em compensação, sem resultados úteis, já que conforme o mesmo, aniquilam os seres sem volta. Mas para aquele que sabe que a morte só destrói o corpo, eles não terão a mesma consequência e não lhe causam o menor pavor; compreende-lhe a finalidade e sabem também que os homens não perdem mais por morrerem em conjunto, do que morrer isoladamente, já que, de uma maneira ou de outra, é preciso sempre chegar lá.

Os incrédulos rirão destas coisas e s considerarão quimeras, mas o que quer que digam, não escaparão à lei comum. Cairão a seu turno como os outros e, então, que advirá deles? Eles dizem: nada; mas viverão apesar deles próprios e serão forçados um dia, a abrir seus olhos.

A Gênene - Allan Kardec

Estudo: A Gênese, cap XVIII São Chegados os Tempos



SINAIS DOS TEMPOS

Os tempos assinados por Deus são chegados, dizem-nos de toda a parte, onde grandes eventos vão acontecer para a regeneração da humanidade. Em que sentido deve-se entender estas palavras proféticas? Para os incrédulos elas não têm nenhuma importância; a seus olhos, é apenas a expressão de uma crença pueril sem fundamento; para o maior número dos crentes, ela tem alguma coisa de místico e de sobrenatural que lhes parece ser o precursor da desordem das leis da natureza. Estas duas interpretações são igualmente errôneas: a primeira no que implica na negação da Providência; a segunda no que estas palavras não anunciam a perturbação das leis da natureza, mas seu cumprimento.

Tudo é harmonia na Criação; tudo revela uma previdência que não se desmente nem nas menores coisas, nem nas maiores; devemos, pois, a princípio, descartar toda a ideia de capricho inconciliável com a sabedoria divina; em segundo lugar, se nossa época está marcada para o acontecimento de certas coisas, é que elas têm sua razão de ser na marcha do acordo.

Isto posto, diremos que nosso globo, com tudo o que existe, está sujeito à lei do progresso. Progride fisicamente pela transformação dos elementos que o componham e moralmente pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Estes dois progressos seguem e caminham paralelamente, porque a perfeição da habitação está em relação com a do habitante. Fisicamente, o globo sofreu transformações constatadas pela Ciência e que têm sucessivamente tornado habitável por seres de mais e mais aperfeiçoados; moralmente, a humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do adoçamento dos costumes. Ao mesmo tempo em que a melhoria do globo se opera sob o império das forças materiais, os homens concorrem-no pelos esforços de sua inteligência; eles saneiam as regiões insalubres, tornam as comunicações mais fáceis e a terra mais produtiva.

Este duplo progresso acontece de duas maneiras: uma lenta gradual e insensível, a outra por mudanças mais bruscas, a cada uma das quais se opera um movimento ascensional mais rápido que marca, pelos caracteres talhados, os períodos progressivos da humanidade. Estes movimentos, subordinados nos pormenores ao livre arbítrio dos homens, são, de alguma sorte fatias em seu conjunto, porque são submetidos a leis como as que se operam na germinação, no crescimento e amadurecimento das plantas, atentando que o objetivo da humanidade é o progresso, não obstante a marcha retardatária de algumas individualidades; é porque o movimento progressivo se torna por vezes parcial, isto é, limitado a uma raça ou uma nação e por outras vezes, geral.

O progresso da humanidade se efetua, pois, em virtude de uma lei; ora, como todas as leis da natureza são a obra eterna da sabedoria e da presciência divinas, tudo o que seja o efeito destas leis é o resultado da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade imutável. Portanto, quando a humanidade está madura para liberar um degrau, pode-se dizer que os tempos marcados por Deus são chegados, como se pode dizer também que em tal estação elas são chegadas para a maturidade dos frutos e a colheita.

 Do que o movimento progressivo da humanidade é inevitável porque está na natureza, não se segue que Deus lhe seja indiferente e que, após ter estabelecido as leis seja voltado à inação, deixando as coisas irem todas sozinhas. Suas leis são eternas e imutáveis, sem dúvida, mas porque sua própria vontade é eterna e constante, e que seu pensamento anime a todas as coisas sem interrupção; seu pensamento que penetra tudo é a força inteligente e permanente que mantém tudo na harmonia; que este pensamento cesse um só instante de agir e o Universo será como um relógio sem pendular regulador. Deus vela, pois, incessantemente pela execução de suas leis, e os Espíritos que povoam o Espaço são seus ministros encarregados dos pormenores, conforme as atribuições, aferentes a seu grau de adiantamento.

O Universo é, por sua vez, um mecanismo incomensurável conduzido por um número não menos incomensurável de inteligências, um imenso governo onde cada ser inteligente tem sua parte de ação sob o olho do soberano Mestre cuja vontade única mantém a unidade por toda a parte. Sob o império deste vasto poder regulador tudo se movimenta, tudo funciona numa ordem perfeita; o que nos parece perturbações são os movimentos parciais e isolados que só nos parece irregulares porque nossa visão é circunscrita. Se pudermos abraçar o conjunto, veremos que estas irregularidades são apenas aparentes e que se harmonizam no todo.

 A previsão dos movimentos progressistas da humanidade nada tem de surpreendente entre os seres desmaterializados que veem o alvo para onde tendem todas as coisas, onde qualquer um possui o pensamento direto de Deus e que julgam, nos movimentos parciais, o tempo no qual poderá executar um movimento geral como se julga de adiantamento, o tempo que seja necessário a uma árvore para carregar de frutos, como os astrônomos calculam a época de um fenômeno astronômico pelo tempo que seja preciso a um astro para completar sua revolução.

Mas todos aqueles que anunciam estes fenômenos, os autores de almanaques que predizem os eclipses e as marés, não estão certamente em condição de fazerem eles próprios os cálculos necessários: são apenas ressonâncias; assim o é com Espíritos secundários cuja visão é fechada e que não fazem senão repetir o eu apraz aos Espíritos superiores de lhes revelar.

A humanidade cumpriu, até nossos dias, incontestáveis progressos, os homens, por sua inteligência, chegaram a resultados que não tinham jamais atingidos, com respeito às ciências, artes e bem estar material; resta-lhe ainda um imenso progresso a realizar: é de fazer reinar entre eles a caridade, a fraternidade e a solidariedade, para assegurar o bem-estar moral. Não lhes era possível, nem com suas crenças, nem com suas instituições ultrapassadas, restos de um outro tempo, boas para uma certa época, suficientes para um estado transitório, mas que, tendo dado o que comportavam, seria um ponto estacionário atualmente. Tal é um jovem estimulado por movimentos impotentes quando vem a idade madura. Não é mais somente o desenvolvimento da inteligência que é preciso aos homens, é a elevação dos sentimentos e, por conseguinte, é preciso destruir tudo o que possa superexcitar em si o egoísmo e o orgulho.

Tal é o período onde vão entrar atualmente e que marcará uma das fases principais da humanidade. Esta fase que se elabora neste momento, é o complemento necessário do estado precedente, como a idade viril é o complemento da juventude; ela poderia, pois ser prevista e predita antecipadamente e é por isso que se diz que os tempos marcados por Deus são chegados.

Neste tempo aqui, não se discute de uma troca parcial de uma renovação limitada a um sítio, a um povo, a uma raça; é um movimento universal que se opera no sentido do progresso moral. Uma nova ordem de coisas tende a se estabelecer, e os homens que o sejam os maiores opositores aí trabalham por seu desconhecimento; a geração futura, desembaraçada das escórias do velho mundo e formada de elementos mais depurados, encontrar-se-á animada de ideias e sentimentos distintos dos que a geração presente que se vai a passos de gigante. O velho mundo estará morto e viverá na História como atualmente os tempos da idade média, com seus costumes bárbaros e suas crenças supersticiosas.

De resto, cada um sabe que a ordem das coisas atuais deixa a desejar; após ter de alguma sorte, esgotado o bem-estar material que é o produto da inteligência, chega-se a compreender que o complemento deste bem-estar só pode estar no desenvolvimento moral. Quanto mais se avança, mais se sente o que falta, sem, entretanto poder ainda defini-lo claramente; é o efeito do trabalho íntimo que se opera pela regeneração; tem-se desejos, aspirações que são como o pressentimento de um estado melhor.

 Mas uma troca também radical como a que se elabora não pode acontecer sem comoção; há luta inevitável entre as ideias. Deste conflito, nascerão forçosamente perturbações temporárias até que o terreno seja desobstruído e o equilíbrio restabelecido. É, pois, da luta de ideias que surgirão os graves acontecimentos anunciados, e não de cataclismos, ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais eram a consequências do estado de formação da Terra, atualmente não são mais as entranhas do globo que se agitam, são as da humanidade.

A humanidade é um ser coletivo em que se operam as mesmas revoluções morais que em cada ser individual, com esta diferença que umas se completam de ano em ano e outras de século em século. Que se as segue nas suas evoluções através dos tempos e se verá a vida das diversas raças marcada por períodos que dão a cada época uma fisionomia particular.

Ao lado dos movimentos parciais existe um movimento geral que dá a impulsão à humanidade toda inteira; mas o progresso de cada parte do conjunto é relativo ao seu grau de avanço. Tal seria uma família composta de vários filhos do qual o caçula está no berço e o primogênito de dez anos e os demais entre eles será ainda um menino; mas, a seu turno ele se tornará um homem. Assim o é nas diferentes frações da humanidade; os mais atrasados avançam, porém não saberão de um pulo para atingir o nível dos mais adiantados.

 A humanidade transformada adulta tem novas necessidades, aspirações mais amplas, mais elevadas, compreende o vazio das ideias de onde surgiu a insuficiência de suas instituições para sua felicidade, não encontra mais no estado das coisas as satisfações legítimas para as quais se sente chamada; é porque sacode, seus idiomas e se solta. Compelido por uma força irresistível, sobre as margens desconhecidas, à descoberta de novos horizontes menos fechados.

E é no momento em que se encontra muito limitado na esfera material, onde a vida intelectual transborda, onde o sentimento da espiritualidade desabrocha, que homens se dizendo filósofos, esperam cumular o vazio pelas doutrinas do nada e do materialismo! Estranha aberração! Estes mesmos homens que pretendem empurrá-la avante, esforçam-se em circunscrevê-la no círculo estreito da matéria da qual aspira sair; fecham-lhe o aspecto da vida infinita e lhe dizem, em lhe mostrando a queda: Nec plus ultra!  (a)

A marcha progressiva da humanidade se opera de duas maneiras, como temos dito: uma gradual, lenta, insensível, caso se considere as épocas próximas, que se traduz por melhoramentos sucessivos nos costumes, as leis, os usos, que só se apercebe à distância como as trocas que as correntes d’água causam na superfície do globo; outro por movimentos relativamente bruscos, rápidos, parecidos com os de uma torrente rompendo seus diques, que lhe fazem transpor em alguns anos o espaço que levou séculos a percorrer. É então um cataclismo moral que devora em alguns instantes as instituições do passado e aos quais sucede uma nova ordem de coisas que se assentam pouco a pouco, à medida que a calma se restabelece e se torna definitiva.

Àquele que viver bastante para abraçar as duas versões da nova fase, parecerá que um mundo novo saiu das ruínas do velho; o caráter, os costumes, os usos, tudo é mudado; é que, de fato, os homens novos ou melhor regenerados, surgiram; as ideias levadas pela geração que se esvai, fizeram lugar a ideias novas na geração que se cria.

É a um destes períodos de transformação ou caso se queira, de crescimento moral que é vindo à humanidade. Da adolescência passa à idade viril; o passado não pode mais bastar a suas novas aspirações e a suas novas necessidades; não pode mais ser conduzida pelos mesmos meios; não se prende mais, a ilusões e prestígio; é preciso à sua razão nutrir-se de alimentos mais substanciais. O presente é bastante efêmero; sente que seu destino é mais vasto que a vida corpórea, é muito restrita para encerrá-la por inteiro; é porque lança seus olhares no passado e no futuro, a fim de neles descobrir o mistério de sua existência e disso haurir uma consoladora seguridade.

 Quem quer que tenha meditado sobre o Espiritismo e suas consequências e não o circunscreva na produção de alguns fenômenos, compreende que ele abre à humanidade um caminho novo, e lhe descortina os horizontes do infinito; iniciando-o nos mistérios do mundo invisível ele lhes mostra seu verdadeiro papel na criação, papel perpetuamente ativo, tanto quanto no estado espiritual como no estado corpóreo. O homem não caminha mais na cegueira, sabe de onde vem, para onde vai e porque está na Terra. O futuro se mostra a ele em sua realidade, separada dos preconceitos da ignorância e da superstição; não é mais uma vaga esperança: é uma verdade palpável, também certa para ele como a sucessão do dia e da noite. Ele sabe que seu ser não é limitado a qualquer instante por uma existência efêmera; que a vida espiritual nunca se interrompe pela morte, que já viveu, que reviverá ainda e que, de tudo o que adquirir em perfeição pelo trabalho, nada está perdido; encontra em suas existências anteriores a razão do que é atualmente; e: do que o homem fizer atualmente, pode concluir o que será um dia.

Com o pensamento de que a atividade e a cooperação individuais na obra geral da civilização são limitadas à vida presente e que nada tenha sido antes e que nada será, que faz ao homem o progresso ulterior da humanidade? Que lhe importa que ao futuro os povos sejam mais bem governados, mais felizes, mais esclarecidos, melhores uns para os outros? Já que ele não deva retirar nenhum proveito, este progresso não estará perdido para ele? Que lhe serve trabalhar para os que virão depois dele, se não deve jamais os conhecer, se estes são seres novos que pouco após reencontrarão eles próprios no nada? Sob o império da negação do futuro individual, tudo se encurta forçosamente às mesquinhas proporções do momento e da personalidade.

Mas, ao contrário, que amplitude dá ao pensamento do homem a certeza de perpetuidade de seu ser espiritual! O que de mais racional, de mais grandioso, de mais digno do Criador que esta lei a partir da qual a vida espiritual e a vida corpórea são apenas dois modelos de existência que se alternam para o cumprimento do progresso! O que de mais justo, de mais consolativo senão a ideia dos mesmos seres progredindo sem cessar, a princípio através de gerações do mesmo mundo, e, em seguida, de mundo em mundo até a perfeição, sem solução de continuidade! Todas as ações têm então um objetivo, porque, trabalhando por todos trabalha-se por si próprio e reciprocamente; de sorte que nem o progresso individual nem o progresso geral são jamais estéreis; aproveita para as gerações e individualidades futuras que não são outras senão as gerações e as individualidades passadas, chegadas a um mais alto patamar de adiantamento.

 A vida espiritual é a vida normal e eterna do Espírito e a encarnação é apenas uma forma temporária de existência. Salvo a vestimenta externa, há pois, identidade entre as encarnações e as desencarnações; são as mesmas individualidades sob dois aspectos diferentes, tanto ao mundo visível como ao mundo invisível se reencontrar, seja num, seja noutro, concorrendo num e noutro para o mesmo fim pelos meios apropriados às suas situações.

Desta lei decola a da perpetuidade das relações entre os seres; a morte não os separa nunca e nem põe termo a suas relações simpáticas nem a seus deveres recíprocos. Daí a solidariedade de todos para cada um e de cada qual por todos; daí também a fraternidade. Os homens não viverão infelizes sobre a Terra senão quando estes dois sentimentos estiverem entrado em seus corações e em seus costumes porque então eles conformarão suas leis e suas instituições. Isto será aí um dos principais resultados da transformação que se opera.

Mas como conciliar os deveres da solidariedade e da fraternidade com a crença de que a morte rende a todo sempre os homens estranhos uns aos outros? Pela lei da perpetuidade de relações que ligam todos os seres, o Espiritismo fundamenta este duplo princípio sobre as próprias leis da natureza; fez disso não somente um dever, mas uma necessidade. Por esta, da pluralidade das existências, o homem se relaciona ao que fez e ao que fará aos homens do passado e aos do porvir; não pode mais dizer que ele nada tem de comum com aqueles que morreram, já que uns e outros se encontram sem cessar, neste mundo e no outro, para galgar junto a escala do progresso e se prestar um mútuo apoio. A fraternidade não está mais circunscrita a qualquer indivíduo que o acaso junta durante a duração efêmera da vida; ela é perpétua como a vida espiritual, universal como a humanidade, que constitui uma grande família onde todos os membros são solidários uns com os outros, qualquer que seja a época em que tenham vivido.

Tais são as ideias que advêm do Espiritismo e que suscitará entre todos os homens e que suscitará entre todos os homens quando for universalmente derramada, contida, ensinada e praticada. Com o Espiritismo, a fraternidade, sinônimo da caridade pregada pelo Cristo, não é mais uma vá palavra; tem sua razão de ser. Do sentimento de fraternidade nasce o da reciprocidade e dos deveres sociais, de homem a homem, de povo a povo, de raça a raça; desses dois sentimentos bem compreendidos sairão forçosamente as instituições as mais vantajosas ao bem-estar de todos.

A fraternidade deve ser a pedra angular da nova ordem social; mas não há fraternidade real, sólida e efetiva se ela não estiver apoiada sobre uma base inquebrantável; esta base é a fé; não a fé em tais ou quais dogmas particulares que mudam com os tempos e os povos e se lançam a pedra, porque em se anatematizando, eles mantêm o antagonismo; mas a fé nos princípios fundamentais que todo mundo possa aceitar: Deus, a alma, o futuro, O PROGRESSO INDIVIDUAL INDEFINIDO, A PERPETUIDADE DAS RELAÇÕES ENTRE OS SERES. Quando todos os homens estiverem convencidos de que Deus é o mesmo para todos, que este Deus soberanamente justo e bom, nunca pode querer injustiça, que o mal vem dos homens e nunca d’Ele, eles se olharão como irmãos de um mesmo pai e se estenderão a mão.

É esta fé que dá o Espiritismo e que será de agora em diante o agente sobre o qual se moverá o gênero humano quaisquer que sejam seu modo de adoração e suas crenças particulares, que o Espiritismo respeita, mas que, dos quais não se ocupará.

Desta fé só pode sair o verdadeiro progresso moral, porque, apenas ela dá uma sanção lógica aos direitos legítimos e aos deveres; sem ela o direito é aquele que dá a força, o dever um código humano imposto pela violência. Sem ela o que é o homem? Um pouco de matéria que se dissolve, em ser efêmero que só faz passar; o próprio gênio é apenas uma centelha que brilha um instante para se apagar para sempre; não há certamente aí muito que revelar aos seus próprios olhos.

Com um tal pensamento, onde estariam realmente os direitos e os deveres? Qual é o objetivo do progresso? Apenas esta fé faz sentir ao homem sua dignidade pela perpetuidade e progressão de seu ser, não em um futuro mesquinho e circunscrito à personalidade, mas grandiosa e esplêndida; este pensamento se eleva acima da Terra; ele se sente crescer  em sonhando que tem seu papel no Universo; que este Universo é seu domínio, que poderá percorre-lo um dia e que a morte não fará dele uma nulidade ou um ser inútil a si mesmo e aos outros.

 O progresso intelectual ocorrido até nossos dias nas mais vastas proporções, é um grande passo e marca a primeira fase da humanidade, mas só ele é impotente para regenerá-la; tanto que o homem será dominado pelo orgulho e o egoísmo, utilizará sua inteligência e seus conhecimentos em proveito de suas paixões e de seus interesses pessoais; é porque ele os aplica ao aperfeiçoamento dos meios de prejudicar os outros e de os destruir.

O progresso moral somente pode assegurar a felicidade dos homens sobre a Terra em colocando um freio às más paixões; só ele pode fazer reinar entre todos, a concórdia, a paz, a fraternidade.

É ele que baixará as barreiras dos povos, que fará tombar os preconceitos de casta, e calar os antagonismos de seitas, ensinando aos homens a se olharem como irmãos chamados a se auxiliarem mutuamente e não a viver na dependência uns dos outros.

É ainda o progresso moral, secundado aí pelo progresso da inteligência, que confundirá os homens de uma mesma crença estabelecida sobre as verdades eternas, não sujeitas à discussão e por isso mesmo, aceitas por todos.

A unidade de crença será o liame, o mais poderoso, o mais sólido fundamento da fraternidade universal, rompida em todos os tempos pelos antagonismos religiosos que dividem os povos e as famílias, que fazem ver no próximo inimigo que se torna necessário afastar-se, combater, exterminar, em lugar de irmãos que sejam preciso amar.

 Um tal estado de coisas supõe uma troca radical no sentimento das massas, um progresso geral que só poderia ocorrer saindo-se do círculo de ideias bitoladas e terra a terra que fomentam um egoísmo. Em diversas épocas, homens de elite têm procurado impulsionar a humanidade para este caminho; mas a humanidade ainda muito jovem, permanece surda, e seus ensinamentos, têm sido como a boa semente caída sobre a pedra.

Atualmente, a humanidade amadureceu para levar seus olhares mais alto como ainda não tinha feito, para assimilar ideias mais amplas e compreender aquilo que não havia entendido.

A geração que desaparece levará com ela seus preconceitos e seus erros; a geração que surge, temperada numa fonte mais depurada, imbuída de ideias mais sadias, imprimirá ao mundo o movimento ascensional, no sentido do progresso moral que deva marcar a nova fase da humanidade.

 Esta fase se revela já por sinais inequívocos, por tentativas de reformas úteis, por ideias grandes e generosas que se faz dia e que começam a encontrar ecos. É assim que se vê fundar uma quantidade de instituições protetoras, civilizadoras e emancipantes, sob impulso e pela iniciativa de homens evidentemente predestinados à obra da regeneração; que as leis penais se impregnam cada dia de um sentimento mais humano. Os preconceitos de raça se enfraquecem, os povos começam a se olhar como os membros de uma grande família; pela uniformidade e a facilidade dos meios de transação, suprimem as barreiras que se separavam; de todas as partes do mundo, reúnem-se em comícios universais para os torneios práticos da inteligência.

Mas falta a estas reformas uma base para se desenvolver, completar-se e consolidar-se, uma predisposição moral mais geral para frutificar e se fazer aceitar pelas massas. Não o é isto menos um sinal característico do tempo, o prelúdio do que ocorrerá em uma mais larga escala, à medida que o terreno se torne mais propício.

 Um sinal não menos característico do período em que entramos é a relação evidente que se opera no sentido das ideias espiritualistas; uma repulsão instintiva se manifesta contra as ideias materialistas. O espírito de incredulidade que se apoderará das massas ignorantes ou esclarecidas, e lhe tinha feito rejeitar, com a forma, o próprio fundamento de toda crença mostra ter sido um sono ao sair do qual se experimenta o desejo de respirar um ar mais vivificante. Involuntariamente, onde o vácuo se faz, procura-se alguma coisa, um ponto de apoio, uma esperança.

 Neste grande movimento regenerador, o Espiritismo tem um papel considerável, não o Espiritismo ridículo, inventado por uma crítica escarnecedora, mas o Espiritismo filosófico, tal que o compreenda qualquer um que se dê ao trabalho de procurar amêndoa sob casca.

Pelas provas que traz das verdades fundamentais, ele preenche o vazio que a incredulidade faz nas ideias e nas crenças; pela certeza de que dá de um futuro conforme a justiça de Deus e que a razão a mais severa possa admitir, tempera as acrimônias da vida e previne os funestos efeitos do desespero.

Fazendo conhecer novas leis da natureza, ele dá a chave de fenômenos incompreendidos e de problemas insolúveis até estes dias e destrói a fé incrédula e a superstição. Para ele, não há nem sobrenatural nem maravilhas, tudo acontece no mundo em virtude de leis imutáveis.

Longe de substituir um exclusivismo por outro, coloca-se em combate absoluto da liberdade de consciência; combate o fanatismo sob todas as formas, e o perfil em sua raiz proclamando a salvação para todos os homens de bem e a possibilidade, para os mais imperfeitos, de chegar, por seus esforços à expiação e reparação, à perfeição única que leva à suprema felicidade. Em lugar de desencorajar o fraco, encoraja-o mostrando-lhe a porta que ele pode abrir.

Nunca diz: Fora do Espiritismo não há salvação, mas, com o Cristo: Fora da caridade não há salvação, princípio de tolerância que relaciona os homens em um comum sentimento de fraternidade, em lugar de os separar em seitas inimigas.

Por este outro princípio: Não há fé inquebrantável do que a que possa enfrentar a razão face a face a todos os tempos da humanidade, ele destrói o império da fé cega que aniquila a razão,, a obediência passiva que embrutece; emancipa a inteligência do homem e ergue sua moral.

Consequente com ele próprio, não se impõe; diz o que é, o que quer, o que dá, e atende àquele que lhe vier livremente, voluntariamente; quer ser aceito pela razão e não pela força. Respeita todas as crenças sinceras e só combate a incredulidade, o egoísmo, o orgulho e a hipocrisia, que são as chagas da sociedade e os obstáculos os mais sérios ao progresso moral; mas, ele não lança o anátema a ninguém, até mesmo a seus inimigos, porque está convencido de que o caminho do bem está aberto aos mais imperfeitos, e que cedo ou tarde aí eles entrarão.

 Caso se suponha a maioria dos homens imbuídos destes sentimentos, pode-se facilmente se representar as modificações que aí aportam nas relações sociais: caridade, fraternidade, benevolência para todos, tolerância para todas as crenças tal será sua divisa. É a meta à qual tende evidentemente a humanidade, o objeto de suas aspirações, de seus desejos sem que se encontre bem em conta do meio de realizá-los; ensaia, tateia, mas é retida pelas resistências ativas ou a força de inércia dos preconceitos, das crenças estacionárias e refratárias ao progresso. São estas resistências que se tornam precisas vencer, e esta será a obra da nova geração; caso se siga o curso atual das coisas, reconhecer-se-á que tudo parece predestinado a lhe franquear a rota, terá por ela o duplo poder do número e das ideias e do mais, a experiência do passado.

 A nova geração marchará, pois, à realização de todas as ideias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento com o qual será provindo. O Espiritismo, marchando com o mesmo objetivo e realizando suas visões, eles se reencontrarão sobre o mesmo terreno. Os homens de progresso encontrarão nas ideias espiríticas um poderoso móvel de ação e o Espiritismo encontrará nos homens novos espíritos, todos dispostos a acolhê-lo. Neste estado de coisas, que poderão fazer os que quiserem se colocar ao contrário?

Não é o Espiritismo que criou a renovação social, é a maturidade da humanidade que faz desta renovação uma necessidade. Por seu poder moralizador, por suas tendências progressivas, pela ampliação de suas vistas, pela generalidade das questões que ela abraça, o Espiritismo está, mais que todas as outras doutrinas, apto a secundar o movimento regenerador, é por isso que o é contemporâneo. Ele veio no momento em que podia ser útil, porque, para ele também os tempos são chegados; mais cedo, encontraria obstáculos intransponíveis; teria inevitavelmente sucumbido, já que os homens, satisfeitos daquilo que tinham, não aprovariam ainda a necessidade daquilo ele traz. Atualmente, nascido com o movimento das ideias que fermentaram, encontra o terreno preparado para recebê-lo, os Espíritos, cansados da dúvida e da incerteza, assustados do abismo que se cava ante eles, acolhem-no como uma âncora de salvação e uma suprema consolação.

 Em dizendo que a humanidade está madura para a regeneração, isto não quer dizer que todos os indivíduos estejam no mesmo degrau, mas muitos têm, por intuição, o germe das ideias novas que as circunstâncias farão desabrochar, então, mostrar-se-ão mais avançados do que se o suponha e seguirão com zelo a impulsão da maioria.

Há, entretanto, os que são essencialmente refratários, mesmo entre os mais inteligentes, e que certamente, não se juntarão jamais, pelo menos, nesta existência: uns, de boa fé, por convicção; outros por interesse. Aqueles cujos interesses materiais estão ligados ao estado presente das coisas e que não estão assaz avançados para se fazer abnegação, que o bem geral toca menos que o de sua pessoa, não podem ver sem apreensão o menor movimento reformador. A verdade é para eles uma questão secundária, ou, para melhor dizer, a verdade para certas pessoas está toda inteira naquilo que não lhe causa nenhum embaraço; todas as ideias progressivas são, a seus olhos, ideias subversivas, isto porque devotam-lhe um ódio implacável e lhe fazem uma guerra obstinada. Pouco inteligentes para não ver no Espiritismo um auxiliar de suas ideias e os elementos da transformação que eles redundam porque eles não se sentem à sua altura, eles se esforçam de abstê-lo; se eles se julgassem sem valor e sem importância, não se preocupariam com isso. Nós já o dissemos alhures: “Quanto mais uma ideia é grandiosa, mais encontra adversários, e pode-se medir sua importância à violência dos ataques dos quais seja objeto”.

O número de retardatários é ainda grande sem dúvida, mas o que podem eles contra a onda que sobe, senão lançar-lhe algumas pedras? Esta onda é a geração que se ergue, ao passo que eles desaparecem com a geração que se vai cada dia a largos passos. Até aí, defenderão o terreno passo a passo; há, pois, uma luta inevitável, mas uma luta desigual, porque é aquela do passado decrépito que cai em trapos, contra o futuro jovem; da estagnação contra o progresso, da criatura contra a vontade de Deus, porque os tempos assinalados por Ele são chegados.

NOTA DO TRADUTOR

(a) Do latim: Nem mais além.

A Gênese - Allan Kardec

Nem Todos - Emmanuel

" E aconteceu que, quase oito dias depois desta palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar." (Lc 9:28)

Digna de notar-se a atitude do Mestre, convidando apenas Simão e os filhos de Zebedeu para presenciarem a sublime manifestação do monte, quando Moíses e outro emissário divino estariam em contato direto com Jesus, aos olhos dos discípulos.

Por que não convocou os demais companheiros?

Acaso Filipe ou André não teriam prazer na sublime revelação? Não era Tomé um companheiro indagador, ansioso por equações espirituais? No entanto, o Mestre sabia a causa de suas decisões e somente Ele poderia dosar, convenientemente, as dádivas do conhecimento superior.

O fato deve ser lembrado por quantos desejem forçar a porta do plano espiritual.

Certo, o intercâmbio com esse ou aquele núcleo de entidades do Além é possível, mas nem todos estão preparados, a um só tempo, para a recepção de responsabilidades ou benefícios.

Não se confia, imprudentemente, um aparelho de produção preciosa, cujo manejo dependa de competência prévia, ao primeiro homem que surja, tomado de bons desejos. Não se atraiçoa impunemente a ordem natural. Nem todos os aprendizes e estudiosos receberão do Além num pronto, as grandes revelações. Cada núcleo de atividade espiritualizante deve ser presidido pelo melhor senso de harmonia, esforço e afinidade. Nesse mister, além das boas intenções é indispensável a apresentação da ficha de bons trabalhos pessoais. E, no mundo, toda gente permanece disposta a querer isso ou aquilo, mas raríssimas criaturas se prontificam a servir e a educar-se.

Emmanuel
Caminho Verdade e Vida psicografia de Francisco Cândido Xavier

terça-feira, 11 de julho de 2017

A psicosfera terrestre e as esferas espirituais (Parte 1) - Eurípedes Kühl


Envolvendo o planeta Terra e projetando-se para distâncias imensas existem camadas de correntes mentais, produto do que pensam, como vivem e agem os homens, encarnados e desencarnados: essa é a psicosfera terrestre!
Num planeta onde o mal supera o bem, como o nosso, tais camadas, formadas pelos turbilhões de pensamentos bons ou maus que se entrecruzam — ora com sintonia, ora com repulsão —, obviamente, estão eivadas de vibrações majoritariamente deletérias, as quais tendem a influenciar, senão toda, grande parte da humanidade.
Ocorre que extrapolando a silhueta física todos os seres vivos possuem uma aura radiante. Nos humanos, em particular, a intensidade vibratória e características cromáticas são consentâneas com sua evolução moral e seu comportamento.
Na aura humana, de ação protetora qual “túnica eletromagnética”, (...) “halo energético” (...) “couraça vibratória, espécie de carapaça fluídica” (...) “à maneira de campo ovoide”, nas expressões seguras do Espírito André Luiz[1], que se localizam as aberturas dos centros vitais de força (chacras), que ora captam, ora exaurem energias, incessantemente.
Nada objeta considerar que citada aura é a psicosfera de cada ser humano, “através da qual” (ainda segundo André Luiz) “somos vistos e examinados pelas Inteligências Superiores, sentidos e reconhecidos pelos nossos afins”.
Dessa forma, resta verdadeiro que a influência externa, se negativa, só acontecerá se houver desguarnecimento psíquico, isto é, invigilância moral, de que nossa aura dará identificação infalsificável.
A Lei Divina contempla solidamente que “a cada um segundo suas obras”...
A soma de todas as auras, com suas projeções radiantes entrecruzando-se, fruto dos incessantes pensamentos das criaturas humanas (encarnadas e desencarnadas) formará a psicosfera do mundo em que vivem, mergulhadas e sustentando-se mentalmente nesse mar de vibrações e  ondas — correntes eletromagnéticas, enfim. No nosso caso, a Terra.
Cada pensamento ou ação tem reflexos na psicosfera terrestre, muito embora imperceptíveis, individualmente, mas expressivos, no conjunto.
Algo assim como o chamado “efeito borboleta”, referente às condições iniciais dentro da teoria do caos[2], que segundo a cultura popular, faz com que o bater de asas de uma simples borboleta influencie o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo.
Um exagero, certamente, mas provável quanto à psicosfera.
A psicosfera terrestre é o endereço sideral para onde vão todos os homens quando desencarnam, o que significa dizer que, passamos muito tempo lá...
Exaustivamente os Espíritos em superior adiantamento moral informam que, embora sem fronteiras demarcadas, nas regiões espirituais que compõem a psicosfera terrestre, em cada uma delas só habitam Espíritos cujo grau evolutivo para tanto ali os credencia. E isso é válido em todos os níveis de plataforma moral.
Daí que no espaço sideral há mesmo muitas camadas espirituais, ou como lecionou o Mestre Jesus: “há muitas moradas na casa do meu Pai”.
Não me objeta refletir que o Cristo assim se expressava, referindo-se já a partir desta nossa abençoada casa planetária.
*
Não há aqui opinião pessoal, aliás, de todo, sempre dispensadas...
Para que os próprios leitores analisem, reflitam e concluam observações elenquei, isto sim, pronunciamentos de vários Espíritos, estudiosos do Espiritismo, todos tratando desse instigante assunto: as esferas espirituais.
Na leitura atenta desses registros percebe-se que assim como o planeta acha-se envolvido por camadas atmosféricas, que a ciência bem já definiu, igualmente circundam-no, na sua parte astral, regiões espirituais.
Essas regiões têm vida intensa e em cada uma habitam Espíritos — talvez milhões deles —, alocados pelas Leis Divinas, invariavelmente na razão direta do merecimento individual, isto é, os habitantes de cada região guardam em si mesmos sintonia e nível evolutivo similar.
Assim, como a Grande Lei contempla o livre-arbítrio, existem moradas felizes e infelizes, todas construídas e mantidas por seus moradores.
Outro detalhe que captei: muitas são as denominações para essas paragens astrais, mas todas convergindo para as mesmas características: camadas espirituais, regiões astrais, esferas espirituais, degraus espirituais, moradas de luz, etc., são algumas das denominações observadas. Sobre esse detalhe permito-me grifar essas expressões, destacando assim o enunciado.   
A seguir, resumidamente, alguns detalhes que apurei das informações existentes na literatura espírita sobre esferas espirituais:
Começo, obviamente, por:
1. Allan Kardec
“O Céu e o Inferno”, 32ªEd., 1984, FEB, RJ/RJ
- Na 1ª Parte, cap. IV, itens 1,5,7, comentando sobre o “Inferno”, registra que na Antiguidade o homem acreditou, por intuição, que a vida futura (depois da morte) seria feliz ou infeliz, conforme o bem ou o mal praticado neste mundo.
Tanto os antigos quanto os cristãos localizaram o reino da felicidade nas regiões superiores; nas regiões inferiores (cavidades sombrias, terríveis, no centro da Terra) estariam os condenados aos suplícios eternos.
Por analogia, verifica-se que o inferno dos pagãos tinha, de um lado, os Campos Elíseos, e do outro, o Tártaro; no Olimpo, situado nas regiões superiores, localizava-se a morada dos deuses e dos homens divinizados.
No Evangelho está escrito que Jesus desceu aos infernos, isto é, aos lugares baixos para deles tirar as almas dos justos que lhe aguardavam a vinda.
A morada dos Anjos, assim como o Olimpo, era nos lugares elevados, que eles colocaram-na para além do céu estelar, então considerado limitado.
- Na 1ªParte, cap. IX, nº 13: está registrado que os Anjos banidos, em legiões, moram nas camadas inferiores da nossa atmosfera e percorrem todas as partes do globo.
“A Gênese”, cap. XIV, 35ª Ed., 1992, FEB, RJ/RJ
- No item 9 Kardec reflete sobre a natureza do envoltório fluídico (perispírito) do Espírito, que está sempre em relação com o seu grau de adiantamento moral. Os Espíritos inferiores não podem mudá-lo à sua vontade. Por isso, muitos Espíritos grosseiros acreditam-se ainda encarnados e por essa razão permanecem na superfície da Terra.
- No item 10 vê-se: (...) “A camada de fluidos espirituais que cerca a Terra se pode comparar às camadas inferiores da atmosfera, mais pesadas, mais compactas, menos puras, do que as camadas superiores”.
A constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço circundante.
2. Léon Denis
“No Invisível”, 1ª Parte, 16ªEd., 1995, FEB, RJ/RJ
- No Item III, p. 51, relata sobre o grau de pureza das almas: as etéreas, radiosas e de sublimes harmonias elevam-se às “esferas divinas”; já as almas opacas, tenebrosas, precipitam-se nas regiões inferiores, palco de luta e sofrimento.
“Depois da morte”, 12ª Ed., 1ª Parte, 1983, FEB, RJ/RJ
- Item 3, “O Egito”: As almas inferiores e más ficam presas à Terra por múltiplos renascimentos, porém as almas virtuosas sobem voando para as esferas superiores, onde recobram a vista das coisas divinas. Impregnam-se com a lucidez da consciência esclarecida pela dor, com a energia da vontade adquirida pela luta. Tornam-se luminosas, porque possuem o divino em si próprias e irradiam-no em seus atos. Reanima pois teu coração, ó Hermes, e tranquiliza teu espírito obscurecido pela contemplação desses voos de almas subindo a escala das esferas que conduz ao Pai, onde tudo se acaba, onde tudo começa eternamente. E as sete esferas disseram juntas: Sabedoria! Amor! Justiça! Beleza! Esplendor! Ciência! Imortalidade!
(Grifos meus.)
- Item 33: “A Vida no Espaço”: As almas colocam-se e agrupam-se no espaço segundo o grau de pureza do seu respectivo invólucro; a condição do Espírito está em relação direta com a sua constituição fluídica, que é a própria obra, a resultante do seu passado e de todos os seus trabalhos. Determinando a sua própria situação, acham, depois, a recompensa que merecem. Enquanto a alma purificada percorre a vasta e fulgente amplidão, repousa à vontade sobre os mundos e quase não vê limites ao seu voo, o Espírito impuro não pode afastar-se da vizinhança dos globos materiais.
3. André Luiz
“Evolução em dois mundos”, A.Luiz/F.C.Xavier-W.Vieira, 1ª Parte, “Esferas Espirituais”, 11ªEd., 1989, FEB, RJ/RJ
- cap. 13: Muitos comunicantes da Vida Espiritual têm afirmado, em diversos países, que o plano imediato à residência dos homens jaz subdividido em várias esferas. Assim é com efeito, não do ponto de vista do espaço, mas sim sob o prisma de condições.
“Libertação”, A.Luiz/F.C.Xavier, 6ª Ed., 1974, FEB, RJ/RJ
- cap. IV, p.52-53 e 62 e cap. V, p. 93: Equipe socorrista faz travessia nas regiões espirituaisem descida”. Ali: vasto domínio das sombras; volitação impossível; vegetação sinistra e angustiosa; apelos cortantes vindos dos charcos; equipes de Espíritos armados, em trajes bisonhos, não registram presença amiga. Após planalto que se quebrava em abrupto despenhadeiro, em distância de dezenas de quilômetros, sucediam-se furnas e abismos, onde se amontoavam milhares de criaturas que abusaram de sagrados dons da vida.
“Nosso Lar”, 48ª Ed., 1998, FEB, RJ/RJ
- cap. 12, p. 69-71, cap. 16, p. 90-91: o umbral é zona obscura, começa na crosta terrestre. Ali há concentração de legiões compactas de almas ignorantes, nem perversas (para serem encaminhadas a colônias de reparação mais dolorosa), nem nobres: para merecer planos de elevação.
O Espírito André Luiz diz-nos que sua mãe reside em “esfera elevada” e que seu pai habita “zona de trevas compactas”; suas irmãs acham-se no umbral, agarradas à crosta terrestre.
Obs.: No livro “Cidade no além”, de F.C.Xavier, Heigorina Cunha e os Espíritos André Luiz e Lúcius, 24ªEd., 1983, IDE, Araras/SP, há figuras explicativas, com esboços puramente pedagógicos: vê-se o planeta Terra e as esferas espirituais (camadas) adjacentes. Informações dos autores do livro dão conta de que a cidade Nosso Lar, assinalada com uma estrela, está localizada na 3ª esfera acima da Crosta, sobre uma extensa região do Estado do Rio de Janeiro (entre as cidades do Rio de Janeiro, Campos / Itaperuna), em faixa que pode ser definida como a periferia do Umbral).
4. O Espírito Camilo
“Memórias de um suicida”, Autor espiritual “C.C.Botelho”, psicografia de Yvonne. A. Pereira, 5ª Ed., 1975, FEB, RJ/RJ
- cap. I, p. 15-16: tratando das regiões do mundo invisível descreve o panorama desolador da região onde se viu (“vale dos suicidas”), aprisionado após cometer o suicídio: vales profundos, cavernas sinistras, só sombras, gargantas sinuosas; uivos de maltas de demônios enfurecidos; ar pesadíssimo, asfixiante, gelado, enoitado; jamais haverá ali paz, consolo, esperança...
 
(Este artigo será concluído.)

 

In “Evolução em Dois Mundos”, A.Luiz/F.C.Xavier-W.Vieira, 1ª Parte, cap. XVII, “Aura Humana”, 11ª Ed., 1989, FEB, RJ/RJ.

 
Teoria do Caos: para a física e a matemática é a hipótese que explica o funcionamento de sistemas complexos e dinâmicos. Um exemplo: na natureza, onde esses sistemas são comuns, a formação de uma nuvem no céu pode ser desencadeada e se desenvolver com base em centenas de fatores que podem ser o calor, o frio, a evaporação da água, os ventos, o clima etc. 
Fonte http://www.oconsolador.com.br/ano11/524/especial.html


Adão e Eva e o Paraiso Perdido - Exilados da Capela


O reino de Deus e o paraíso perdido
 
Moisés relata no Gênesis a história de Adão e Eva, que teriam sido – segundo a interpretação literal das Escrituras – os primeiros seres humanos a habitar a Terra. Criados por Deus, eles viviam num jardim de delícias: o Éden bíblico, mas, tentados pela serpente, comeram o fruto proibido da árvore da ciência e foram expulsos do paraíso para a Terra, onde sua sobrevivência dependeria, a partir de então, do seu próprio trabalho. 
 
Essa explicação, adequada ao nível de compreensão do povo judeu da época de Moisés, não pode ser aceita como verdade absoluta nos tempos atuais, em que o progresso intelectual e científico é muito mais apurado. Com efeito, as teorias que identificam nos seres humanos o resultado do aprimoramento biológico, ao longo dos milênios, de organismos primitivos que povoaram inicialmente a Terra, são hoje amplamente difundidas, aceitas pela comunidade científica e confirmadas pelo Plano Espiritual. 

As recentes descobertas da Antropologia e da Arqueologia não só têm confirmado essas teorias como fornecido argumentos em favor da tese do povoamento simultâneo de várias regiões do planeta, por meio de povos que, embora oriundos de uma única raça – a raça humana –, apresentavam característicos físicos distintos, o que explica sua origem diversificada e seu desenvolvimento independente. 

 A simbologia da narrativa bíblica reflete fenômeno usual no processo de desenvolvimento e evolução dos orbes e dos Espíritos que os habitam. Os mundos progridem através do crescimento em moralidade e sabedoria dos seres que neles vivem. Quando um planeta atinge uma fase de culminância em sua transição evolutiva, os Espíritos que não acompanharam o progresso geral do orbe e se tornaram ali elementos de perturbação do bem-estar da coletividade são conduzidos a mundos menos adiantados, onde aplicarão sua inteligência e a intuição dos conhecimentos adquiridos em benefício do progresso da humanidade que os habita. 

Tais Espíritos expiarão, no contato com as difíceis condições de vida do seu novo ambiente e entre povos mais atrasados, as faltas passadas e o endurecimento voluntário, sofrendo o guante da dor que os impulsionará à renovação. Essas migrações entre os diversos mundos do Universo são periódicas e podem efetuar-se com os elementos de um povo ou de um planeta. 

Os exilados de Capela exerceram na Terra um papel importante

 No Gênesis, Moisés registra as reminiscências de um grupo de Espíritos, personificados por Adão e Eva, que migrou para a Terra, proveniente de um planeta do sistema orbital da estrela chamada Cabra ou Capela, pertencente à constelação do Cocheiro. Há milênios – informa Emmanuel em seu livro “A Caminho da Luz” – esse planeta capelino, que guarda muitas afinidades com a Terra, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá se encontravam dificultando a consolidação das penosas conquistas de um povo que, no geral, era imbuído de virtudes e fizera jus à concórdia, para a edificação dos seus elevados programas de trabalho. 

As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmo, deliberaram, então, localizar aquelas entidades rebeldes, que se haviam tornado pertinazes no crime, aqui neste mundo longínquo, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração, ao mesmo tempo que impulsionariam o progresso intelectual dos seus irmãos inferiores. 
 
 Na dor do seu exílio e da separação de seus entes queridos, foram eles recebidos por Jesus, que, com suas amorosas advertências, despertou-lhes as esperanças de redenção no porvir e os convidou à cooperação fraterna para o aprimoramento dos povos primitivos que habitavam nosso planeta. A eles, Jesus prometeu a assistência cotidiana e sua vinda futura, para indicar-lhes o caminho que lhes possibilitaria o retorno ao paraíso perdido. 

Com o auxílio daqueles Espíritos aflitos e endividados, que reencarnaram nas regiões da Terra já habitadas pelos povos primitivos, as falanges de Jesus procederam ao aperfeiçoamento dos caracteres biológicos dos seres humanos que aqui encarnariam e lançaram as bases do progresso e da civilização no planeta. Vivendo entre povos primitivos, ainda em situação de barbárie, os exilados de Capela sentiram-se degredados, conduzidos a ambiente rude, para expiar suas faltas; mas, intuitivamente, almejavam o retorno ao paraíso perdido, cuja lembrança na esfera da intuição propagou-se através das gerações e foi relatada nas páginas bíblicas de forma alegórica. 

 A figura de Adão deve ser compreendida, portanto, como símbolo da humanidade terrena. Sua desobediência às determinações divinas representa a infração das leis do bem, em que incorreram os homens, particularmente os exilados do sistema capelino, ao se deixarem dominar pelos instintos materiais. A árvore da ciência é uma alegoria relativa à possibilidade de o homem discernir entre o bem e o mal, através do progresso intelectual e do consequente desenvolvimento do seu livre-arbítrio, que acarreta a responsabilidade por seus atos. 

Muitos exilados de Capela ainda continuam na Terra

 O fruto da árvore da ciência, que floresce no meio do “jardim das delícias”, corresponde ao produto da evolução material e se constitui no objeto dos desejos materiais do homem. Comer o fruto é deixar-se vencer pelas sensações da matéria, em detrimento das conquistas espirituais que cumpre realizar. 

 A árvore da vida simboliza a vida espiritual, é referência às conquistas em moralidade e demais bens do Espírito, que o orbe capelino efetivara e de que os exilados já não poderiam aproveitar por se haverem desarmonizado com o ambiente espiritual daquele planeta. 

A serpente simboliza, pelas suas formas e modo de locomoção, a sinuosidade dos maus conselhos que, contornando os obstáculos da consciência, conseguem atingir o ser, ao encontrar os resquícios da inferioridade no âmago do seu coração. 

Desse modo, os ensinamentos espíritas relativos à chamada raça adâmica esclarecem o mito registrado no Gênesis e fornecem explicação racional para as reminiscências das promessas da vinda do Messias, encontradas em diversas comunidades terrenas.

Grande número dos Espíritos exilados só pôde retornar ao seu orbe de origem depois de muitas existências na Terra. Alguns, todavia, ainda se encontram por aqui, devido ao seu endurecimento no mal.


Bibliografia: 
A Gênese, de Allan Kardec, cap. 11, itens 38 a 49, e cap. 12, itens 2 a 26.
A Caminho da Luz, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, pág. 34.
Extraído http://www.oconsolador.com.br/ano2/78/esde.html