sexta-feira, 24 de março de 2017

Tentação e remédio

Reunião pública de 12/1/59
Questão n 712

Qual acontece com a árvore, a equilibrar-se sobre as próprias raízes, guardamos o coração na tela do presente, respirando o influxo do passado.

É assim que o problema da tentação, antes que nascido de objetos ou paisagens exteriores, surge fundamentalmente de nós - na trama de sombra em que se nos enovelam os pensamentos...

Acresce, ainda, que essas mesmas ondas de força experimentam a atuação dos amigos desenfaixados da carne que deixamos a distância da esfera física, motivo por que, muitas vezes, os debuxos mentais que nos incomodam levemente, de início, no campo dessa ou daquela ideia infeliz, gradualmente se fazem quadros enormes e inquietantes em se nos aprisionam os sentimentos, que passam, muita vez, ao domínio da obsessão manifesta.

Todavia, é preciso lembrar que a vida é permanente renovação propelindo-nos a entender que o cultivo da bondade incessante é o recurso eficaz contra assédio de toda influência perniciosa.

E o trabalho, por essa forma, o antídoto adequado, capaz de anular toda enquistação tóxica do mundo íntimo, impulsionando-nos o espírito a novos tipos de sugestão, nos quais venhamos a assimilar o socorro dos Emissários da Luz, cujos braços de amor nos arrebatam ao nevoeiro dos próprios enanos.

Assim, pois, se aspiras à vitória sobre o visco da treva que nos arrasta para os despenhadeiros da loucura ou do crime, ergue no serviço à felicidade dos semelhantes o altar dos teus interesses de cada dia, porquanto, ainda mesmo o delinquente confesso, em se decidindo a ser o apoio do bem na Terra, transforma-se, pouco a pouco, em mensageiro do Céu.

Emmanuel

Livro Religião dos Espíritos

sexta-feira, 17 de março de 2017

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA - LIVRO 3 CAP 19


SOLIDARIEDADE X FRATERNIDADE
 
BIBLIOGRAFIA
DICIONÁRIO DE FILOSOFIA ESPÍRITA – L. Palhano Jr. – Edit CELD
DICIONÁRIO DE FILOSOFIA – Nicola Abbagnano – Edit Martins Fontes

REFLEXÃO
ESPIRITUALIDADE E FRATERNIDADE
A assistência prestada ao próximo pode  ser vista de vários ângulos.
Entre elas a Solidariedade, a Filantropia, a Assistência Social e a Fraternidade têm importâncias diferenciadas. Qual delas estaria mais envolvida com a espiritualização do homem?
Seria a Solidariedade um atendimento mais imediato? Um atendimento momentâneo? Seria estender a mão àquele que caiu, àquele que se acidentou? É somente uma ajuda material? Forma algum vínculo afetivo com o receptor?
E a Filantropia? Seria uma ajuda de médio prazo? Seria uma ajuda mais demorada de restabelecimento de uma queda? Ela fornece somente uma ajuda material? Vincula os seres que ajudam e que são ajudados?
Finalmente a Fraternidade. Ela se caracteriza por formação de ligação entre as pessoas. Ela pode não envolver ajuda material. Cria vínculo e sintonia entre os participantes doador e receptor?
Quais desses tipos de assistência têm um caráter mais espiritualizado?

1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por objetivo estudar e entender os conceitos de solidariedade, fraternidade, filantropia, assistencialismo e ajuda. Estes termos seguidamente são usados de forma equivocada principalmente pelos espíritas que trabalham com freqüência em obras sociais em acordo com a máxima da doutrina que afirma: “Fora da caridade não há salvação”.

2ª PARTE: INTRODUÇÃO
Existe uma importância fundamental para o espírita entender os conceitos que serão tratados. Via de regra, estamos envolvidos com obras e participando de atividades que esses termos devem ser bem entendidos para evitarmos de estarmos praticando algo que é prejudicial ao próximo e imaginamos que ele está sendo beneficiado.
Como uma das colunas mestras da doutrina espírita é a caridade, precisamos ter muito claramente o que estamos praticando como caridade. Por vezes é assistencialismo, outras vezes desencadeamos dependência em vez de orientarmos para sua caminhada independente.

3ª PARTE: O QUE É A SOLIDARIEDADE
Mega-acontecimentos como catástrofes e destruições causadas por fenômenos metereológicos são comuns em nosso planeta.
Da mesma forma acidentes e fatalidades ocorrem freqüentemente com alguém próximo de nós. Ações imediatas se fazem necessárias.
O sentimento de solidariedade é, de certa forma, inato no homem e representa uma ação de ajuda imediata para vencer uma situação indesejada e casual, seja em indivíduos de nossa relação, sejam estranhos.
Na solidariedade é a razão que impera e muito pouco do sentimento. De forma geral não se envolve crença mas sim civilidade e cidadania.
A solidariedade é uma ajuda de caráter instantâneo e de raro relacionamento entre o que ajuda e o que é ajudado.
O dicionário nos diz que solidariedade é um termo de origem jurídica que significa inter-relação ou interdependência e assistência recíproca entre os membros de um mesmo grupo.

4ª PARTE: FILANTROPIA E ASSISTENCIA SOCIAL DO ESTADO
Populações marginalizadas econômica e financeiramente de uma sociedade necessitam de ajuda para sua inclusão na vida social dessa coletividade.
Essa ajuda pode partir de iniciativas públicas ou particulares. Quando essa ajuda parte do governo, denominamo-la assistência estatal, muito comuns nos paises socialistas. Quando ela parte de iniciativas particulares denominamos ações filantrópicas muito comuns nos paises capitalistas.
A assistência social por parte do estado é totalmente impessoal pois consiste em repassar recursos obtidos junto à população por meio de impostos ou em forma de doações para o grupo necessitado. Devido à impessoalidade existe grande facilidade nos desvios desses recursos para outros fins escusos ou não. Essa ajuda é sempre material.
A filantropia tem caráter assistencial também. Os recursos, neste caso, partem de instituições não governamentais. Essa assistência, porém, via de regra, não vincula o doador com o assistido.

5ª PARTE: O QUE É A FRATERNIDADE
Liberdade, Igualdade e Fraternidade foi o lema da Revolução Francesa, o ponto de partida para a verdadeira democracia.
O dicionário diz que a fraternidade é a união, amizade, afeto e carinho de irmão para irmão. Realmente, embutido no termo fraternidade estão os sentimentos de carinho, afeto e amizade.
A fraternidade tem como base à caridade e o trabalho em beneficio do próximo sem exigir nada em troca.
O ideal francês porém, não conseguiu assim como a liberdade e a igualdade fazer com que a fraternidade fosse colocada em termos constitucionais. É fácil entender. O Estado pode exigir a liberdade e a igualdade para seus cidadãos mas ninguém coloca em ninguém o sentimento de fraternidade.
A fraternidade contempla aproximação entre o doador e o assistido. A relação vai alem da ajuda material. Ela prevê um relacionamento humano entre os agentes. Ela tem duração maior, não é uma ação de tempo curto. Pode inclusive não envolver ajuda material, mas se tiver, fatalmente acompanhará a assistência afetiva.

6ª PARTE: A NECESSIDADE E A IMPORTANCIA DA SOLIDARIEDADE, DA FILANTROPIA E DA FRATERNIDADE
A vida em sociedade tem como necessidade à solidariedade e a filantropia para a harmonização dos desequilíbrios que ela esta sujeita.
Catástrofes envolvendo coletividades exigem trabalhos de solidariedade para amenização imediata dos problemas. Trabalhos filantrópicos são necessários no amparo de populações marginalizadas. Socorros materiais em ambos os casos são prementes. Os trabalhos filantrópicos são mais específicos. Já os solidários são de caráter amplo e generalizado.
Por outro lado, a fraternidade se encontra num patamar diferente dos já citados pois este tem um caráter de maior permanência e de envolvimento. Não necessariamente este se envolve com recursos materiais. O auxilio fraterno prevê envolvimento com a situação do necessitado.
A assistência, nesses tipos de ajuda, é de fundamental importância nas sociedades. Percebemos com a Historia da humanidade que com sua evolução mais elas se voltam para esse tipo de atividade.. Como exemplo vivo, podemos citar as enormes somas que paises desenvolvidos como a Suécia, a Alemanha, a Holanda destinam a programas de ajuda humanitária. Nos Estados Unidos são fortes os movimentos filantrópicos dentro da sociedade bem como forte são os movimentos de solidariedade.

7ª PARTE: INSTITUIÇÕES DE ENSINO DA FRATERNIDADE
Em absolutamente nenhuma instituição de ensino público ou particular se vai alem do aprendizado da intelectualidade. No máximo, pinceladas de solidariedade.
A filantropia surge de instituições geralmente não religiosas (Lions, Rotary, Maçonaria,e outros).
A fraternidade, porem, tem origem basicamente em instituições religiosas. Somente elas pregam a realização do sentimento fraterno, pois este é de origem metafísica e transcendente.
Somente a religião prega o altruísmo, a bondade e a caridade, pois, estas virtudes estão fortemente vinculadas ao conceito transcendente de homem.
Portanto, as únicas instituições que pregam e ensinam a vivencia fraterna são as religiosas. Em particular, os centros espíritas têm todos eles sua parcela na difusão da fraternidade através de suas obras.

8ª PARTE: CONCLUSÃO
Entendendo melhor os conceitos de solidariedade, filantropia, assistência social fraternidade pudemos observar que apesar de constar no lema da Revolução Francesa, somente a liberdade e a igualdade conseguiram ser postas sob a forma de constituição e de lei.
Entretanto, ser fraterno como é algo que está vinculado a sentimentos não é passível de se transformar em obrigações legais.
Portanto, esta na hora do Estado entender a verdadeira importância que as instituições religiosas tem na formação da cultura de um determinado povo, pois qualquer revolução cultural inicia no trabalho do interior do homem. Enquanto isso não for feito os mais diferentes atos de corrupção de toda espécie continuarão a proliferar nas sociedades. Armamentos serão mais importantes que miséria e fome, ganhos astronômicos serão priorizados em relação ao ambiente e a Natureza
Alan Krambeck

9ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 3 – Cap.20 - O Egoísmo – A Lei da Conservação
Leitura:
Livro dos Espíritos – Allan Kardec - Edit FEB

A razão na fé Espírita

Bernardino da Silva Moreira
A luz da razão iluminou e fortaleceu a  combalida pelo dogmatismo com sua tacanhice de outrora, a  caduca molestada pela ciência, com seu materialismo reducionista, foi reerguida pela ciência espírita. Ante o espiritualismo velho com suas frioleiras surge a Doutrina Espírita com sua lógica irretorquível; a razão espírita transforma-se em fé raciocinada.

Com o método positivo Kardec mostra a força da razão e nas Obras da Codificação, através de “O Livro dos Espíritos” na pág. 47, prenuncia a exobiologia:

“A razão nos diz que entre o homem e Deus outros elos necessariamente haverá, como disse os astrônomos que, entre os mundos conhecidos, outros haveria, desconhecidos. Que filosofia já preencheu essa lacuna?”

Os Espíritos que viviam sobre a névoa do sobrenaturalismo, devido a fé cega, são também iluminados pela razão no virar da página:

“A razão diz que um efeito inteligente há de ter como causa uma força inteligente e os fatos hão provado que essa força é capaz de entrar em comunicação com os homens por meio de sinais materiais.”

Ao ateísmo que grassava na época, Kardec secundado pelos Espíritos superiores, propõe na questão 4:

“Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?”

A resposta chega de forma simples e objetiva, com a profundidade característica dos Espíritos superiores:

“Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”

No séc. XVII, Blaise Pascal (1623-1662), matemático, físico , filósofo e escritor francês, dizia: “Duvidar de Deus é crer em sua existência.”

Ao panteísmo com sua dialética anfibológica o Espiritismo propõe mais uma vez a razão como :

“Pretendem os que professam esta doutrina achar nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus:

Sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este raciocínio?

- A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo.”

Ora, não é com filosofismos ou com sofismas que chegaremos a verdade. Chega de filosofices!

Kardec comentando a questão 37, esclarece:

“Diz-nos a razão não ser possível que o Universo se tenha feito a si mesmo e que, não podendo também ser obra do acaso, há de ser obra de Deus.”

A conclusão semelhante chegou o genial físico alemão Albert Einstein (1879-1955), quando responde a seus opositores, partidários do acaso: “Deus não joga dados!” Diante da dialética maquiavélica insistente replica: “Deus pode ser perspicaz, mas não é malicioso.”

Allan Kardec e Albert Einstein unidos pela razão na fé descobrem Deus.

fé espírita por não ser cega, caminha com segurança de mãos dadas com o progresso. Kardec deixa claro isso, quando na pág. 196 de “O Livro dos Médiuns”, conclui:

“Se a nossa  se fortalece de dia para dia, é porque compreendemos.”

Kardec comentando a questão 717, com o bom-senso característico de sempre proclama:

“Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas.”

Essa frase cairia como uma luva na pena de Albert Einstein!

O experimentalismo espírita ou mediunismo, sem dúvida, é um dos elementos importantes para os investigadores na busca por informações do mundo espírita, mas, isso não é tudo. Espiritismo não é mediunismo, é uma doutrina filosófica com base científica e conseqüências religiosas profundas, daí o Codificador espírita advertir, na pág. 484:

“Falsíssima idéia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom-senso.”

Na conclusão de “O Livro dos Espíritos, Kardec sintetiza o assunto em questão em uma curta frase, na pág. 493:

“O argumento supremo deve ser a razão.”

Ao iniciar “O Evangelho segundo o Espiritismo” no primeiro capítulo, no subtítulo “Aliança as Ciência e da religião”, Kardec faz a grande revolução do século XIX, fundindo a razão e a fé, na 58:

“A Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Uma vez comprovadas pela experiência essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontrou de ilógico na : vencido foi o materialismo.”

No passado a fé e a razão foram espadas afiadas nas mãos de teológos (padres) e sábios (filosófos e cientistas). A fé cega motivada pelos teológos e padres alimentou a credulidade, e a razão cética motivada pelos pelos filósofos e cientistas, alimentou a incredulidade.

Na pág. 302 do livro em questão Kardec mostra as distâncias entre ver e compreender:

“A  necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.”

 que tem base no ver é a  de São Tomé, é “ver para crer” e bem sabemos que essa  não é suficiente para converter, os ícones do materialismo extremado. Só a fé do saber dá as bases seguras para compreensão e aceitação.

Por isso Kardec no virar da página adverte:

Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.

No livro “A Gênese” Kardec reforça as bases científicas doutrinárias, página 88:

“A fé ortodoxa se sobressaltou, porque julgou que lhe tiravam a pedra fundamental. Mas, com quem havia de estar a razão: com a Ciência, que caminhava prudente e progressivamente pelos terrenos sólidos dos algarismos e da observação, sem nada afirmar antes de ter em mãos as provas, ou com uma narrativa escrita quando faltavam absolutamente os meios de observação? No fim de contas, quem há de levar a melhor: aquele que diz 2 e 2 fazem 5 e se nega a verificar, ou aquele que diz que 2 e 2 fazem 4 e o prova?”

E para fechar com chave de ouro essa questão, no livro “Obras Póstumas” na página 220, Kardec que foi um ilustre pensador do séc. XIX, declara convicto:

“Proscrevendo a fé cega (o Espiritismo), quer ser compreendido. Para ele, absolutamente não há mistérios, mas uma fé racional, que se baseia em fatos e que deseja a luz. Não repudia nenhuma descoberta da Ciência, dado que a Ciência é a coletânea das leis da Natureza e que, sendo de Deus essas leis, repudiar a Ciência fora repudiar a obra de Deus.”

Bibliografia:

  1. O Livro dos espíritos, Allan Kardec, Tradução de Guillon Ribeiro, 76ª edição, FEB.
  2. O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, tradução Guillon Ribeiro, 62ª edição, FEB.
  3. O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, tradução Guillon Ribeiro, 112ª edição, FEB.
  4. A Gênese, Allan Kardec, Tradução Guillon Ribeiro, 37ª edição, FEB.
  5. Obras Póstumas, Allan Kardec, Tradução Guillon Ribeiro, 26ª edição, FEB.
  6. Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Nova Cultural, 1998, vol. 18, pág. 4474 – vol. 9, pág. 2042.
Contribuição de Estevão Pereira   - Ifevale

  1. Contribuição 

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA - LIVRO 3 CAP 18


A FÉ COMO FONTE GERADORA DE AÇÕES FRATERNAS
 
BIBLIOGRAFIA
DICIONÁRIO DE FILOSOFIA – Nicola Abbagnano – Edit Martins Fontes
FILOSOFIA ESPÍRITA E SEUS TEMAS – Manoel P São Marcos – Edit FEESP
SER PARA CONHECER...CONHECER PARA SER – Astrid Sayegh – Edit FEESP
CARTA ENCÍCLICA FIDES ET RATIO – João Paulo II – Edit Loyola

REFLEXÃO
A FÉ ATUA FISICAMENTE?
Se a fé for a causa de um movimento ou uma deformação de um objeto físico, concluímos que aí esta mais uma força da natureza desconhecida do homem de ciência.
Ou nosso cérebro produz uma energia capaz de efetuar aquela ação ou uma potencia externa conduzida pela nossa mente atua sobre o objeto?
Ou será que essa fé atua somente sobre nos mesmos de tal forma que dirige todas nossas ações no sentido de realizar nosso intento?

1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por objetivo conceituar a fé, investigando suas origens, suas manifestações e seus resultados. As religiões têm a fé como instrumento importante para através dela, atingir seu objetivo principal que é a transformação do homem. Muitas delas afirmam categoricamente que para ele chegar a salvação precisa da fé. Em se tratando de algo que conduz os homens a mudar seus hábitos cotidianos vemos necessidade de uma melhor compreensão do assunto.
Um grande número de pessoas afirma ter fé, portanto, uma melhor investigação se faz necessário.

2ª PARTE: INTRODUÇÃO
Tudo que o homem não consegue entender através de seus conhecimentos, situações que estão além de sua capacidade de raciocínio, faz muitas vezes ele buscar explicações de caráter subjetivo, místico ou metafísico.
Encontram-se homens que conseguem transformar essas situações em explicações por vezes plausíveis porem sem amparo concreto. O domínio que eles conseguem diante desses obstáculos proporciona o aparecimento de admiradores e de seguidores. Eles passam a ser líderes que tanto maior sua influencia quanto maior a realização de fatos inexplicáveis. Sua fala passa a ser uma lei para esses seguidores. Estes assumem como verdades incontestáveis.
Esses líderes adquirem créditos diante de enormes massas humanas fazendo surgir doutrinas. Tanto mais forte esse crédito se ele contribui na explicação e na resolução de situações aparentemente insolúveis. Essas explicações se transformam em doutrinas e os líderes são credores de confiança. Surge a fé em suas proposições.

3ª PARTE: A FÉ DESCRITA PELOS DICIONÁRIOS
A Fé é crença religiosa como confiança na palavra revelada. Ou ainda, a Fé é a firme adesão da inteligência à verdade que ela reconhece. A Fé constitui um dos conceitos básicos na pregação religiosa. O dicionário ainda acrescenta que o dogmatismo intelectualiza a Fé e os movimentos místicos a relacionam com a experiência religiosa.

4ª PARTE: A FÉ E O OTIMISMO
Todos os homens, espiritualistas ou não, cristãos ou não cristãos, podem ser otimistas, mas quem acrescenta ao otimismo a transcendência divina apresenta um otimismo mais consistente.
Explicando, quando ao otimismo se acrescenta uma participação da divindade, uma transcendência, o
otimismo se torna mais consistente. Quando o otimismo é substituído pela fé, os resultados se multiplicam e as decepções se minimizam.
Este fato por si só pode mostrar a importância do aspecto fideista no homem.
Por outro lado, o pessimismo, a desesperança, a falta de fé que geralmente estão relacionadas entre si e em grande parte ao materialismo e ao egoísmo, manifestam quadros com situações sombrias ao homem.

5ª PARTE: A FÉ NA ÓPTICA DAS RELIGIÕES
A Igreja se apoiando nas palavras de Paulo (Hebreus 1, 2) “a fé é a garantia das coisas esperadas e a prova das que não se vêem” conclui com a explicação de Tomas de Aquino “quando se fala em prova distingue-se fé da opinião, da suspeita e da dúvida, coisas em que falta a firme adesão do intelecto ao seu objeto”. Quando se fala em coisas que não se vêem, distingue-se a fé da ciência e do intelecto nos quais alguma coisa se faz aparente. E quando se diz a garantia das coisas esperadas faz-se a distinção entre a virtude da fé e a fé no significado comum que visa a bem-aventurança esperada.
Se a fé proclamada pelas religiões tivesse todo seu empenho objetivo trabalhar as palavras de Paulo com o complemento de Tomas de Aquino teríamos aquilo que se classifica como um reforço positivo para o atendimento de um objetivo benéfico.
O que ocorre, entretanto, é o imiscuir de dogmas e doutrinas criadas por homens ao sentimento puro de esperança desejada.
A fé religiosa passa a ser então a crença nos dogmas particulares que constituem as diferentes religiões. Todas apresentam doutrinas e artigos de fé.
A fé cega nada examina, aceitando sem controle o falso e o verdadeiro e em cada passo se choca com a evidencia da razão. Quando levada ao excesso, produz o fanatismo.
Podemos, usando o Dicionário de Filosofia dizer que dogma é a doutrina criada pela Igreja por decisão coletiva do seu corpo doutrinário dita como definitiva e declara como revelada por Deus ou como inspirada pelo Espírito Santo, considerando assim uma verdade de fé.
Portanto, as religiões ao pregar a fé em Deus, embutem nela toda a ritualística, a dogmática e o
caminho por ela criado apresentando grande parte das vezes os escritos sagrados sob sua óptica de
interpretação.

6ª PARTE: A RAZÃO NO AUXÍLIO DA FÉ
Fé e Razão pertencem à essência da natureza humana afirma Herculano Pires em A Introdução a Filosofia Espírita. São, pois atributos potenciais do espírito que se atualiza e se desenvolve no decurso da vida.
A fé trabalha com os propósitos que estão além do entendimento do homem procurando auxilialo nos pontos onde a razão tem dificuldade de atingir. Entretanto, muitas vezes a fé é posta a atuar no espaço onde a razão já mantém domínio. Neste instante ocorrem conflitos gritantes a ponto delas se posicionarem contraria uma a outra. Não se observa a complementação recíproca. Em vez de serem tratadas como aliadas, complementares, o homem as coloca em confronto.
“A Razão sem a Fé é coxa e a Fé sem a Razão é cega” já dizia Einstein.
Ter fé em algo que se opõe a lógica e a razão provoca insegurança. Contrariamente, quando cremos em algo que esta condizente com elas, faz que a fé se fortaleça e se solidifique.

7ª PARTE: A FÉ SOB A ÓPTICA ESPÍRITA – A FÉ RACIOCINADA
O homem inicia sua caminhada apresentando primeiramente o sentimento da fé em manifestações naturais da intima e espontânea religiosidade enquanto a razão dentro do mesmo processo se desenvolve tocada pela necessidade de solucionar os problemas. Assim, fé e razão caminham lado a lado. Esses atributos caminham buscando a interação: a razão iluminada pelos lampejos da fé e esta por sua vez esclarecida pela validez intuitiva da razão.
Kardec em sua crítica da fé nos diz: “não basta crer. Para crer é necessário, sobretudo,
compreender. A fé raciocinada que se apóia nos fatos e na lógica não deixa nenhuma obscuridade: crêse
porque se tem a certeza e só se está certo quando se compreende.”.
A Doutrina Espírita não se coaduna com dogmas criados e impostos. O que podem e devem
existir são princípios de razão e não postulados de fé. A estrutura que compõem a doutrina deve ser
dinâmica e aberta sendo um sistema livre e transparente que induz a reflexão, nada impondo quando
surge uma análise descompromissada.
Podemos concluir que “a razão é o leme que dirige o navegante cauteloso e a fé é a luz que lhe
ilumina a bússola marcando o rumo.”. A Fé como sendo irmã gêmea da Razão e jamais sua opositora.
A fé se torna inabalável ao erguer-se sobre princípios lógicos e, portanto universais. A fé que
tem por base a razão leva o indivíduo a transformar-se pela própria certeza e pela força da imanência
divina e não pela força de outrem. A fé revela-se não apenas como crença no Ser transcendente, Deus,
mas na própria consciência de sua imanência. Se todos os homens tivessem persuadidos da força que trazem dentro de si seriam capazes de realizar o que hoje chamamos prodígios.
Não basta confiança em Deus, mas a confiança da presença de Deus em nós.

8ª PARTE: A FÉ COMO FONTE DE AÇÕES FRATERNAS
O homem diante do seu semelhante apresenta as mais diferentes posturas: de hostilidade, de maldade, de indiferença, de ajuda solidária, de amizade, de cuidados e de amor. As religiões de um modo geral facultam e proporcionam o estreitamento de relações humanas. Estimulam a aproximação entre os seres humanos.
Os grandes líderes religiosos sempre se colocaram no sentido da harmonização entre os homens. Eles exaltam valores que se desprendam do ego e das coisas materiais, pois, entendem que somente a espiritualização é capaz de levar o homem a felicidade.
Para promover a valorização das coisas espirituais, as religiões devem apresentar uma forte adesão a sua doutrina.
A religião, porem, pode muito facilmente se desviar para o campo do sectarismo, da acepção de pessoas e culminar com o fanatismo. São estas as ocasiões que requer um trabalho consciente dos representantes de cada grupamento religioso.
Assim, as ações fraternas estão fortemente vinculadas à forma de crer dos homens e quanto mais ele estiver engajado a sua fé religiosa e quanto mais esta elevar o sentido de aproximação do homem com seu semelhante mais ele estará agindo de forma fraterna.
A ação fraterna tem forte componente sentimental e emocional cujo campo de atuação estáintimamente, relacionada com a fé religiosa, pois é esta que mexe com o coração humano.

9ª PARTE: CONCLUSÃO
A fé é uma forte aliada das ações fraternas desde que a doutrina religiosa que esta por detrás tenha evidente cunho de aproximação dos homens. Muitos se riem quando se fala da importância de uma religião no seio da sociedade, mas não podemos ignorar a força que pode desempenhar para o equilíbrio, a harmonia, a alegria e a felicidade de um povo.
Alan Krambeck

10ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 3 Cap.19 - Solidariedade X Fraternidade
Leitura:
Livro dos Espíritos – Allan Kardec - Edit FEB

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA - LIVRO 3 CAP 17


IGUALDADE – DIREITOS – OBRIGAÇÕES - JUSTIÇA
 
BIBLIOGRAFIA
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec – Edit FEB
O SERMÃO DA MONTANHA – Huberto Rohden – Edit. Alvorada

REFLEXÃO
UM PAI JUSTO TRATA OS FILHOS DE FORMA IGUAL?
É comum se ouvir a frase: “eu sou justo e trato meus filhos igualmente”
Seria esta frase oriunda do senso comum dita irrefletidamente ou ela foi pensada e falada com a devida reflexão? Para sermos justos devemos tratar nossos filhos igual ou desigualmente? E Deus, nosso Pai, como deve nos tratar?
Os nossos filhos têm as mais diferentes características físicas, biológicas e intelectuais. Não é raro um deles ter dons e outro ter defeitos e por vezes até deficiência mental.
Como um pai, querendo ser justo, deve agir com seus filhos? De forma igual?

1ª PARTE – OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por finalidade investigar os conceitos de igualdade e de justiça, bem como suas leis tanto humanas como divinas.
Os conceitos de igualdade e de justiça estão intimamente relacionados. Quando desejamos fazer um julgamento de um fato acontecido precisamos avaliar sob os mais diferentes ângulos. Necessitamos nos colocar em todos os pontos, inclusive no lugar daquele que é o centro do julgamento. A avaliação ou julgamento do acontecido pressupõe a existência de leis, regras e costumes.
É sobre esses aspectos que iremos efetuar nossas reflexões, ou seja, investigar as leis e sua aplicação para todos os elementos, bem como o contexto em que os elementos se encontram para a devida aplicação da lei.

2ª PARTE – INTRODUÇÃO:
O Universo é harmônico e a diversidade coexiste de forma harmônica.
O homem, no entanto, convive com a crise da fragmentação e sofre por estar dissociado e dicotomizado.
Enquanto a alma acreditar que é individual, separada, ela terá que transmigrar seja por apego, carências, vingança. Só quando formos capazes de conviver conosco mesmos é que estaremos aptos a nos relacionar harmoniosamente com o outro, tornando-nos, finalmente, conscientes do fato de que nunca existimos separados do Todo.

3ª PARTE – CONCEITO DE IGUALDADE E IGUALDADE NATURAL
O Livro dos Espíritos faz a seguinte abordagem sobre a questão igualdade:
Qt 803 - Todos os homens são iguais diante de Deus?
- Sim, todos tendem ao mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis freqüentemente: o sol brilha para todos. Com isso dizeis uma verdade maior e mais geral do que pensais.
Como entender o conceito de igualdade se não existem dois seres iguais, nem física nem espiritualmente em todo universo?
Quando se utiliza o termo igualdade estamos enfocando os elementos de um conjunto sujeito a leis e regras previamente estabelecidas. Entendemos que os seres são diferentes uns dos outros em suas características particulares, é a multiplicidade.
As leis, entretanto, são universais, pois, apesar da multiplicidade de seres, a lei é válida para todos. Tomemos como exemplo, a lei da gravidade. Independente se o ser é um mineral, um vegetal ou um homem, ela se aplica indistintamente.
As leis também se particularizam para grupamentos contidos naquele universo. Os vegetais têm leis próprias do seu reino, assim como os animais.
No mundo humano prevalecem as leis do todo, porem dentro deste grupamento devido à existência da Razão, outras leis se manifestam.
Dentro desses universos aonde a multiplicidade vai se particularizando é que os elementos se apresentam iguais perante a lei especifica desse grupamento menor.
Logo, o conceito de igualdade requer o estabelecimento de qual universo ele se encontra.
O Livro dos Espíritos prossegue explorando esse assunto com a seguinte questão:
Qt 804 – Porque então, Deus não deu as mesmas aptidões para todos os homens?
- Deus criou todos os espíritos iguais, mas, cada um deles, tem maior ou menor vivência e, por conseguinte, maior ou menor experiência. A diferença está no grau da sua experiência e da sua vontade, ou seja, seu livre arbítrio.
Nessa experiência o homem percorre o seguinte caminho: primeiramente ele cria a sua personalidade. Em seguida ele aprende o propósito da vida e finalmente ele começa a colaborar com o processo da vida. De forma mais detalhada, essa evolução seria:
1. A princípio o homem encontra-se no estágio primitivo, dirige a vida mecanicamente, levado pelos instintos, sem noção de espiritualidade; a mente é rústica no que se refere ao raciocínio e reflexão; é egocêntrico (centrado nele próprio);
2. Seguindo a senda evolutiva sobe um degrau e alcança o estágio de homem comum, onde o corpo emocional já começa a se definir; percebe a sua verdadeira natureza (consciência do eu); porém, ainda possui apegos, carências e os afetos são restritos; não tem noção das leis universais;
3. Atingindo o próximo degrau, passa a ser um homem de ideais e com uma visão mais ampla de sua existência sai do egocentrismo e percebe o outro; determinado e com capacidade de renúncia tem claro as Leis Universais;
4. Num estágio acima encontramos o aspirante espiritual, consegue então, compreender que a verdadeira realização está dentro dele e aspira algo além; questiona sua existência, busca a verdade que liberta; ao se deparar com a dualidade enfrenta momentos de grandes conflitos o que propicia o “adormecer do homem velho para o despertar do novo homem”; o aspirante é aquele que percorrendo um caminho de provas, quase sempre se perde por “atalhos”, mas, acaba retornando à direção correta (fase em que permanecemos por inúmeras existências); ele acelera o seu processo evolutivo desenvolvendo e exercitando a disciplina, dedicação, renuncia, ordem e determinação.
5. Finalmente atinge o grau de discípulo, onde a prioridade é tornar-se mestre de si mesmo; sua consciência espiritual comanda as “rédeas” e a tríade instinto, emoções e pensamentos, sintonizados, desenvolve a real personalidade, equilibrada, estruturada.
Assim, todos os seres, se tornam iguais nessa caminhada onde cada um constrói sua própria história como viajor cognoscente. Portanto, a igualdade se faz através das oportunidades que Deus nos coloca na viagem que todos igualmente empreendem.

4ª PARTE: O MAL DA FRAGMENTAÇÃO
Através do Projeto Genoma os cientistas descobriram que nosso DNA tem 99,9% de igualdade e, portanto, os desconfortos e as guerras são geradas no 0,1% que nos “difere”. As fronteiras são criações da mente humana e todos os corpos da natureza são constituídos do mesmo elemento (água, terra, fogo, ar e éter), sendo somente distribuídos de forma diferente. Fragmentamo-nos por termos a ilusão de não sermos iguais. Acreditamos que aquilo que ocorre conosco não interfere nos outros. Acreditamos que não existe nenhuma ligação entre a pessoa, a sociedade, a natureza, no entanto estamos todos interligados.
“Ninguém toca uma flor, sem perturbar uma estrela”.
Enquanto cultivarmos a fantasia da separatividade estaremos reforçando a autodestruição como os apegos, os ciúmes, os medos, a depressão, a irritabilidade e o sofrimento moral.
Todos os sistemas do Universo são sistemas energéticos interligados e essa energia assume formas inseparáveis.
Há, por conseguinte, na sua base uma teoria não fragmentária da energia. O ser humano, por sua vez é parte integrante desse sistema.
Ao criar a fantasia da separatividade, porem, a mente se separa do Universo e consequentemente da Sociedade e da Natureza fazendo com que o mesmo se esqueça de que Planeta, Sociedade e indivíduo são indissociáveis. O mais sério, todavia, é a consciência individual se achar separada da Consciência Universal. Dentro do ser, separado das emoções (vida) e do corpo (matéria) têm inicio o processo de destruição da Ecologia Pessoal.
Na sua mente a Fantasia da Separatividade gera um paradigma de fragmentação e reducionismo que por sua vez alimenta emoções destrutivas no plano da vida, mais particularmente o apego e a possessividade de coisas, pessoas e idéias. Disto resulta o estresse e as doenças psicossomáticas destruindo o equilíbrio bio-psiquico-emocional/ mental e espiritual.
O que leva o ser humano a sentir-se separado da sociedade? Aquilo que ele mesmo criou:
1. uma cultura fragmentada
2. uma vida social agitada e violenta
3. condições econômicas de exploração
Resultando assim no seguinte circulo vicioso:
1. a fragmentação da pessoa se projeta no conhecimento;
2. estas condições sociais reforçam por sua vez o sofrimento do individuo;
3. a sociedade possessiva provoca a exploração do homem pelo homem;
4. a separatividade leva a exploração desenfreada na natureza;
5. o desequilíbrio da natureza ameaça por sua vez o equilíbrio do homem;
E assim, está montado o esquema reforçador da auto destruição do homem e da vida planetária.
Essa visão fragmentaria incentiva o orgulho, sentimento de ser diferente e melhor que os outros gerado pela separatividade. Portanto o ser humano necessita urgentemente a consciência de que ele é parte constituinte de um todo. Somente através da visão holística que ele passará a ter o respeito ao próximo e a natureza.

5ª PARTE: O DIREITO E A OBRIGAÇÃO DE CADA SER
Qt 888:- Qual é o primeiro direito de todos os direitos naturais do homem?
- O de viver. Por isso ninguém tem o direito de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer nada que possa comprometer a sua existência corporal.
DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM
DAS RESPONSABILIDADES HUMANAS
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos; são dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza;
Cada coisa que existe é parte de um universo interdependente;
Todas as criaturas vivas dependem umas das outras para suas existências e desenvolvimento;
Todos os seres humanos são partes inseparáveis da natureza, sob a qual a cultura e a civilização humanas têm sido construídas;
A responsabilidade é um aspecto inerente a qualquer relação na qual seres humanos estejam envolvidos; essa atitude de agir responsavelmente, numa consciente, independente, única e pessoal maneira, é uma qualidade criativa inalienável do ser humano;
De todas as criaturas vivas, os seres humanos são os únicos com a capacidade de decidir, conscientemente, proteger a qualidade e as condições de vida na terra, através do desenvolvimento de um senso de responsabilidade universal com base no amor, na compaixão e na confraternização.
Em contrapartida, as obrigações de todos os seres é a observância dos direitos de seus semelhantes. Veja como os Espíritos Superiores respondem a Kardec:
Qt 877:- A necessidade para o homem de viver em sociedade ocasiona-lhe obrigações particulares?
- Sim, e a primeira de todas é a de respeitar o direito dos seus semelhantes. Aquele que respeitar esse direito será sempre justo. No vosso mundo, onde tantos homens não praticam a lei da Justiça, cada um usa de represálias e é isso que faz a perturbação e a confusão de vossa sociedade. A vida social confere direitos e impõe deveres recíprocos.

6ª PARTE: A LEI DE JUSTIÇA
No Livro dos Espíritos, encontramos as seguintes questões e respectivas respostas sobre a Justiça:
Qt 875: - Como se pode definir a Justiça?
- A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um.
Qt 873: - O sentimento de justiça esta na natureza ou resulta de idéias adquiridas?
- Tanto está na natureza, que vos revoltais ao pensamento de uma injustiça. O progresso moral desenvolve, sem dúvida, esse sentimento, mas não o dá: Deus o colocou no coração do homem. Eis porque encontrareis, freqüentemente, entre os homens simples e primitivos, noções mais exatas da justiça que entre os que têm muito saber.
“BEM-AVENTURADOS OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA”
“BEM-AVENTURADOS OS QUE SOFREM PERSEGUIÇÃO POR CAUSA DA JUSTIÇA”
Conforme HUBERTO ROHDEN no Livro O SERMÃO DA MONTANHA:
“Justiça segundo a lei dos homens se refere à justiça no sentido jurídico, do plano horizontal, usada na vida social de cada dia como a faculdade de julgar segundo o Direito e a melhor consciência”.
“No entanto, quando a encontramos nos livros sacros esta se refere” a atitude justa e reta do homem crístico. Aquele que realizou em alto grau o seu Eu Divino pela experiência mística manifestada na Ética. O homem justo é aquele que se guia, invariavelmente, pelo maior dos mandamentos:” Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo “.

7ª PARTE: CONCLUSÃO:
“O Egoísmo e o Orgulho são as chagas da humanidade” assim está em o Evangelho Segundo o Espiritismo.
O orgulho é o sentimento nocivo ao Todo pelo fato do ser não estar consciente do senso de igualdade, não reconhecer o direito dos outros seres e por conseqüência desprezar a justiça.
O entendimento que nos trás a Cosmovisão e a Cosmoética é que nos proporcionará a capacidade de viver em igualdade e harmonia com os semelhantes sem exigir privilégios egocêntricos. Isto nos elevará a um Reino de Harmonia e Serenidade onde impera a segurança, a Paz, a Justiça e o Amor.
Alan Krambeck

8ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 3 Cap.18 - A Fé Como Geradora de Ações Fraternas
Leitura:
Livro dos Espíritos – Allan Kardec - Edit FEB



CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA - LIVRO 3 CAP 16

MATERIALISMO X ESPIRITUALISMO
 
BIBLIOGRAFIA
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec - FEB – Questão 147 DICIONÁRIO DE FILOSOFIA – Nicola Abbagnano – Edit. Martins Fontes ESPIRITUALIDADE - UM CAMINHO DE TRANSFORMAÇÃO - Leonardo Boff – Ed. Sextante.


REFLEXÃO
SOU MATERIALISTA, GRAÇAS A DEUS
Só acredito no que vejo! Isso é subjetivo! Sou cético! Ou é, ou não é! Prove-me isso, me prove aquilo. São frases normalmente ditas por aqueles que se dizem materialistas, ateus, céticos. A vida nos reserva contrariedades e desilusões cujo enfrentamento está condicionado a nossa forma de crer. Seria a concepção materialista-ateísta a melhor forma de enfrentar os dissabores da vida?


1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA
Esta aula tem por objetivo esclarecer estes dois sistemas filosóficos, o materialismo e o espiritualismo com as respectivas vertentes. Visa também demonstrar quais os benefícios e possíveis malefícios que o homem pode esperar ao aceitar uma ou outra corrente de pensamento.


2ª PARTE: MATERIALISMO
É a corrente filosófica que admite como causa de todos os fenômenos do Universo a matéria e suas propriedades. Nega a existência de um princípio inteligente independente da matéria. A inteligência e sentimentos humanos seriam atributos da matéria. A consciência nasceria com o desenvolvimento do sistema nervoso no feto e morreria junto com o corpo na falência do encéfalo. A mente seria uma secreção do cérebro, como a bile é uma secreção do fígado, o suco gástrico do estômago e a urina dos rins.


3ª PARTE: RENOMADOS MATERIALISTAS

Muitos são os pensadores, renomados ou não que de forma direta ou indireta promovem fortes ataques ao comportamento religioso do homem ou mesmo as religiões. Esses ataques são no sentido de mostrar que existe uma subjetividade muito grande ao se adotar posturas religiosas. “A religião é o ópio do povo” dizia Marx. Alem de Marx podemos citar o cético David Hume, o apologista do super-homem Friederik Nietzsche, o existencialista ateu Jean Paul Sartre e o filósofo pragmatista John Dewey. David Hume leva o empirismo às ultimas conseqüências sendo tratado por Rohden como “o rei dos empíricos que acabou em ceticismo universal, filho legitimo do empirismo radical”. John Dewey já afirmava que “o que é útil e vantajoso, é verdadeiro, o que é inútil e desvantajoso é falso”. Diz ainda que “eu é que faço a verdade”. Comenta Rohden: a verdade para Dewey então, é por sua essência pragmática, isto é, prática, promotora de progresso e de conforto da vida. A praticidade e a utilidade citada por Dewey é sempre no âmbito objetivo, físico, material. Dewey, assim como Hume pode até não ter sido materialista declarado, mas seus pensamentos objetivaram somente o aspecto material.

4ª PARTE: EXEMPLOS E CONSEQUENCIAS DO MATERIALISMO
Sartre presenteia a humanidade com a obra filosófica “O Ser e o Nada” e o romance “A Náusea”. Marx deixa um legado maior, um sistema econômico que nasce no bojo de sua obra e termina um século depois com a dissolução da URSS e a inversão econômica chinesa, passando pelo extermínio de milhões de pessoas. Ao materialismo, quase sempre vinculado ao ateísmo, se associa comportamentos desregrados, desesperançados, pois dizem muito mais ao presente e ao agora do que ao futuro. O sistema que argumenta tudo através da matéria afasta todo e qualquer sentimento em direção ao outro, pois enxerga o próximo como a si, algo material, transitório.
A conseqüência da crença materialista pura pode levar o indivíduo a ausência total da responsabilidade para consigo e para com os outros. Enfim, as regras morais ficam fragilizadas.


5ª PARTE: INTELECTUALISMO – ERUDIÇÃO E MATERIALISMO
O intelectualismo, a erudição e o materialismo servem na maioria das vezes para a exaltação de uma imperfeição chamada orgulho, tendo como objetivo maior o ego em vez do eu. Ao tratar o ego o homem busca se diferenciar se elevando em relação aos outros através do conhecimento. Esse instrumento, o conhecimento, e hoje muito mais a informação, passa a ser a ferramenta que o homem encontra para dominar e subjugar.


6ª PARTE: ESPIRITUALISMO
Entende-se por Espiritualismo toda doutrina que pratica a filosofia como análise da consciência (ou espírito, ou cogito) ou que em geral pretenda extrair dessa consciência os dados da pesquisa ou investigação filosófica ou científica. A palavra espiritualismo começou a ser usada no século XIX por Victor Cousin (1792-1867). Segundo ele, essa filosofia ensina a espiritualidade da alma, a liberdade e a responsabilidade das ações humanas, as obrigações morais, a virtude desinteressada, a dignidade da justiça, a beleza da caridade. E alem dos limites deste mundo, mostra um Deus, autor e modelo da humanidade que depois de te-la criado evidentemente para um propósito excelente, não abandonará no desenrolar misterioso de seu destino. Essa filosofia é aliada natural de todas as causas justas. Sustenta o sentimento religioso, favorece a verdadeira arte e o apoio do direito. Rejeita igualmente a demagogia e a tirania.


7ª PARTE: ESPIRITUALIDADE
Espiritualidade é uma qualidade ou caráter espiritual. É o progresso metódico dos valores espirituais. Vem de tudo que tem viabilidade para a eternização. A vida em si é espiritual visto que todo o ser que detém a centelha divina do Creador poderá transitar em diferentes formas vivenciando cada uma delas e absorvendo todas as experiências ao longo do tempo. A espiritualidade não é imaterialidade, pois se assim fosse, a raiva, ódio seriam atributos de espiritualidade. O ser humano está chegando aos seus limites e conseqüentemente, diante de suas dificuldades acaba se dobrando a espiritualidade toda vez que contempla a vida, o céu, as estrelas, o sol, a natureza. Não temos uma definição exata e estruturada para espiritualidade. Palavras são insuficientes, por essência para manifestar este grande poder da vida. Da mesma forma, é humano desconhecermos a fundo e com transparência o seu verdadeiro significado, pois, a realidade física que é espiritual, se revela com muito mais intensidade. Porém, em momentos de reflexão, conseguimos fazer aflorar sentimentos internos, mais sensíveis aos movimentos espirituais. Mundialmente há uma demanda por valores não materiais, por uma redefinição do ser humano, com valores que inspirem profundamente sua vida. Segundo Dalai Lama, Espiritualidade é tudo aquilo que produz no ser humano mudanças interiores. Isso significa que o ser humano está sempre se fazendo física, psíquica, social e culturalmente. É o caminho evolutivo do homem. É importante observar que a espiritualidade não precisa estar vinculada às religiões. Quando as religiões se institucionalizam, se hierarquizam e crescem em poder cultural, social, religioso e econômico, elas se afastam da fonte que as mantém vivas. Os grandes mestres não tinham religião, Jesus não era cristão assim como Buda não era budista e nem Maomé era muçulmano. Mas todos eram espiritualizados profundamente através de grandes mudanças interiores. A particularidade do nosso tempo é de que a espiritualidade vem sendo descoberta como dimensão profunda do ser humano e não atrelada necessariamente às religiões. Jesus não pregou a igreja, nem as tradições dos antepassados. Ele anunciou o Reino de Deus que está eminente em nosso meio. O reino de Deus é a presença transformadora, evolutiva, é a própria espiritualidade. A religião é como uma vela acesa. O que ilumina é a chama (espiritualidade), e não à vela (religião). A espiritualidade tem a ver com experiência, não com doutrinas, não com dogmas. Ela se abre quando mergulhamos na profundidade de nós mesmos, com o todo como gostam de fazer os orientais. Desenvolver a espiritualidade passa pelo desenvolvimento de contemplação, da escuta de mensagem e valores que estão a nossa volta. Quando ocorre algo em nossa vida, temos que nos perguntar: “Que sentido mais profundo essa realidade traz para mim? De que me purifica? Em que me faz crescer?”. A espiritualidade é uma dimensão de cada ser. Ela é revelada pelo diálogo comigo mesmo e com o próprio coração. Traduz-se pelo amor, pela sensibilidade, pela compaixão, pela escuta do outro, pela responsabilidade e pelo cuidado como atitude fundamental...


8ª PARTE: RENOMADOS ESPIRITUALISTAS
Na história da humanidade encontramos os verdadeiros líderes que deixaram suas doutrinas e seus ensinamentos duradouros entre os espiritualistas e raramente entre os materialistas. Como grandes líderes espiritualistas podemos citar Lao Tse, Confúcio, Buda, Sócrates, Jesus Paulo, Francisco de Assis, Gandhi, Dalai Lama, Chico Xavier.


9ª PARTE: CONSEQUÊNCIAS DO ESPIRITUALISMO
Ao deslocar o foco da matéria, daquilo que flui, do efêmero, do objetivo, do finito, do limitado, da morte em direção ao espírito, aquilo que é, o duradouro, o subjetivo, o infinito e a não-morte, o homem encontra serenidade, equilíbrio, justiça e bem-estar, enfim, o consolo para uma vida efêmera e passageira.


10ª PARTE: ESPIRITUALISMO X MISTICISMO
É com freqüência que observamos a não distinção destes dois campos do conhecimento. O Espiritualismo tendo sua fonte na essência, na alma, no espírito enquanto o Misticismo atua fortemente no campo do sobrenatural. Enquanto aquele tem vinculo com o racional e o lógico, este se vincula ao sentimento, as emoções e ao maravilhoso.


11ª PARTE: ESPIRITISMO X MATERIALISMO
O espiritismo é o mais terrível antagonista do materialismo. Este, ao defender seus pontos fundamentais ataca o maravilhoso e o sobrenatural. Via de regra, o espiritismo é colocado junto com as religiões. Sabem que ao ridicularizar o milagre e o dogma estarão minando as bases da religião. No entanto ao conhecer e entender a doutrina espírita, o materialista age com bom senso e certamente vai ver seus fundamentos estremecerem. Os fenômenos espíritas quando observados sob a óptica científica e utilizando os rigores da ciência, faz com que o materialista aceite a origem no mundo extracorpóreo. Ou abandonam seus estudos com duvidas ainda maiores. Talvez, apontem para explicações ainda mais ridículas do que aquelas que pretendem ridicularizar.


12ª PARTE: CONCLUSÃO
Os dois sistemas filosóficos, o materialismo e o espiritualismo alem de atuar fortemente nos comportamentos, nas relações humanas, também agem no estado psíquico. O homem espiritualizado torna-se forte diante das vicissitudes, das contrariedades, dos obstáculos, das doenças, das perdas e até mesmo diante do seu debilitamento vital. Os sistemas oferecem enormes diferenças quando o homem necessita um consolo, uma esperança, uma bóia de salvação diante das angustias da perda de um ente querido, de uma doença fatal, de um acidente, de uma perda amorosa, de uma falta de necessidade. É nessa hora que o materialismo sofre deserções.
Alan Krambeck


13ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 3 – Cap. 17 - A Lei da Igualdade e a Lei da Justiça
Leitura: Livro dos Espíritos – Allan Kardec - Edit FEB

O espiritualista e o materialista

Falar de espiritualidade traz a crença de que este tema se reduz aos termos como reencarnação, karma, dharma, espíritos, entre outros. A espiritualidade é encontrada nas coisas simples da vida, por isso é também mais abrangente. Para melhorar esse entendimento vamos esclarecer alguns conceitos:

O que é uma pessoa espiritualizada ou espiritualista?
 Alguém que tem uma conduta de vida baseada não somente nas leis da matéria ou do plano físico. É quem que busca respostas no silêncio de uma oração, que compreende que sucesso é muito mais do que meras conquistas materiais. Ser espiritualista é viver a vida considerando a força de uma energia Divina, não vista a olhos nus. É saber da importância do pensamento positivo e suas consequências, é compreender a força de uma oração e entender que temos uma missão pessoal e coletiva nessa vida e buscar uma conduta nessa direção.

Ser espiritualista é saber-se ser eterno, que todos nesse mundo somos um, que o amor é a nossa meta maior. Ser espiritualista é estar aberto ao contato direto com a Fonte Divina, aprendendo a cada dia mais através da intuição, da meditação e dos momentos de silêncio que cada ser precisa buscar. Ser espiritualista é viver aqui na Terra com propósito sintonizado com a Vontade Maior, e isso quer dizer, ter um estilo de vida pautado em basicamente aprender, ensinar e ajudar.

Ser espiritualista é buscar a felicidade, a abundância e a liberdade de pensamentos.



E uma pessoa materialista, o que é?
Alguém que tem como diretriz de vida a busca por bens e acontecimentos de ordem material e que não possui, em sua gama de valores, a consciência de que somos muito mais do que um corpo físico. Dessa forma, todas as suas crenças e todas as suas atitudes são alinhadas a essas convicções.

Neste momento da história da humanidade, estamos vivendo um período mágico, no que se refere à liberdade em todos os sentidos, proporcionando à grande maioria das pessoas que busquem sua espiritualidade onde quiserem, da maneira como quiserem, sem medos ou culpas.

Sempre que falamos em espiritualidade, é comum haver essas comparações entre ser espiritualista e ser materialista. Acho importante falar mais sobre essa comparação.

É possível sermos materialistas e espiritualistas ao mesmo tempo. Ou seja, valorizarmos o mundo físico, conquistas materiais e sermos plenamente desenvolvidos em nossa espiritualidade. Se vivemos em um mundo material, com tantos recursos que ajudam nossa vida a ser cada vez menos sofrida e mais confortável, por que não aproveitarmos essas dádivas?

Um carro, para se locomover, uma boa casa para morar, a internet, o telefone são facilitadores de nossa vida cotidiana. Então, por que abrir mão das coisas boas aqui da Terra?

O grande problema por trás disso tudo é que as pessoas se fascinam tanto com bens de consumo e posses, que acabam se hipnotizando. Essa hipnose provoca total afastamento de sua essência espiritual, reforçando aspectos inferiores da personalidade, como, por exemplo, o apego, a ambição e a vaidade. O mais adequado nessa situação é a pessoa batalhar pelas conquistas materiais, porém jamais tê-las como prioridade número um em sua vida.

As pessoas em leito de morte nos hospitais do mundo todo, em seus últimos diálogos, jamais reclamam por não terem conseguido comprar um bem, tampouco por terem investido errado. Não se lamentam pela pobreza em que viveram ou porque foram muito . Nessa situação, normalmente se queixam porque não conseguiram em vida dizer que amavam uma pessoa, ou porque não perdoaram uma outra, ou por não valorizarem as coisas simples de uma vida.

Acredito que só iremos saber mesmo se somos completamente espiritualizados, ou seja, só iremos ser profundamente testados nessa questão, quando chegarmos ao fim de nossa existência em uma vida, com leveza, consciência, paz e gratidão por tudo. Penso que esses são os maiores indicadores de uma vida vivida com bases espiritualistas, já que pessoas em desequilíbrio com suas espiritualidades costumam chegar muito perturbadas emocionalmente ao final de suas vidas terrenas.

0_espiritualista_e_o_materialista_3

Tudo isso mostra que, quando nos vemos em risco, debilitados, aumentamos a consciência de que existe muito mais por trás desse véu do mundo material. As situações complicadas e extremas da vida nos mostram a necessidade de autoquestionamento, correção de conduta e de pensamento. Esse é o movimento mais pró-espiritualização que eu conheço. Isso porque, quando o sofrimento vem, obrigamo-nos internamente a entender mais sobre a vida, e o interessante é que isso aconteça de forma natural, como se fosse um instinto presente na essência de cada um.

Como já dito anteriormente, podemos ser materialistas, sendo também espiritualistas. No entanto, jamais será conveniente sermos apenas materialistas, já que com essa única base consciencial, nosso poder pessoal será limitado ao universo do plano físico, ou da terceira dimensão. Até podemos conseguir ser espiritualistas sem sermos materialistas (o que também é difícil), mas sermos materialistas, sem sermos espiritualistas, e ainda assim termos harmonia, felicidade real e duradoura, aí a tarefa é improvável.

O materialista procura resolver os problemas da vida à sua moda. Acha que o dinheiro resolve tudo, que presentes conquistam as pessoas, que bens de consumo alimentam a alma. A pessoa materialista, que não desenvolve a sua consciência espiritual, mesmo tendo muito dinheiro, torna-se alguém muito pobre, quase miserável, porque a pior pobreza é a de espírito.

Os infelizes são infelizes mesmo porque não conseguem achar alegria nas coisas e momentos simples da vida. Essa alegria está vertendo abundantemente de meios subjetivos, imensuráveis e etéreos. E o materialista, mesmo que por longos anos esteja preso à ilusão de que é completamente feliz, não pode ser completamente livre, pois seu estado depende de bens materiais, que, todos sabemos, não acompanham a pessoa além de sua sepultura. E mesmo que fosse, de que adiantaria? O poder pessoal do materialista está limitado à sua vida, às leis da matéria e à terceira dimensão. O poder pessoal do espiritualista permeia essas barreiras.

Refletindo sobre tudo isso, faço a pergunta: Por que nos espiritualizarmos?
Porque é a única maneira de encontrarmos realização e felicidade de forma real. Porque é a única forma de encontrarmos e realizarmos o nosso propósito aqui na Terra. Sobremaneira, por meio da espiritualização, encontramos formas de enriquecermos de verdade, porque assim não dependemos de dinheiro ou de recursos externos para sermos felizes. A felicidade não é real se depende exclusivamente de coisas materiais para ser sustentada. Espiritualizar-se é o caminho ideal para quem quer ser livre, leve e realizado.

Por: Bruno J. Gimenes

Professor e palestrante, atua desde 2003 ministrando cursos e palestras pelo Brasil. Sua especialidade é o desenvolvimento da consciência com bases no desenvolvimento da espiritualidade e na missão de cada um. Autor de 6 livros. Criador da Fitoenergética e co-fundador do Luz da Serra.

Contribuição de Estevão Pereira - Ifevale

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA - LIVRO 3 CAP 15


A MASCULINIDADE E A FEMINILIDADE
O SEXO DOS ESPÍRITOS


BIBLIOGRAFIA
FILOSOFIA ESPÍRITA – TOMO II – Manoel P São Marcos – Ed FEESP
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec – Edit FEB
SEXO E DESTINO - André Luiz / F C Xavier – Edit FEB

REFLEXÃO
A PERFEIÇÃO É MASCULINA OU FEMININA?
A perfeição aglutina todas as virtudes em seu grau máximo. A masculinidade sendo parte das virtudes e a feminilidade seu complemento virtuoso, como eles se aproximarão da perfeição?
Assim, nem o ser com características masculinas ao extremo serão perfeitas, nem o ser com as características femininas extremas.
O ser sendo sempre perfectível mas a caminho da perfeição como se dará esse processo assintótico na busca do todo perfeito?

1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por objetivo a investigação filosófica sobre a sexualidade, ou melhor, a polaridade de características intrínsecas dos espíritos. O mundo espiritual apesar da não existência da reprodução espiritual poderá apresentar uma polaridade masculino-feminina. É sobre esse assunto que nos debruçaremos nesta aula.

2ª PARTE: INTRODUÇÃO
O capítulo que trata O Ser: Masculinidade e Feminilidade do livro do Prof São Marcos será o balizador desta nossa aula. Até então entendíamos o espírito como sendo um ente assexuado e sem características masculinas ou femininas. Vamos entender que independente do aparelho genital reprodutor existe um psiquismo polarizado com características que identificamos como masculino e feminino.

3ª PARTE: O COADOR E A DEFINIÇÃO DA SEXUALIDADE NO ENTE
Amarramos no fundo de um coador um barbante para um lado e para outro.

Associemos estas figuras ao instante da concepção do sexo do feto no útero materno.
Dependendo do lado do coador temos definido se será homem ou mulher. E todo seu programa de vida da encarnação estará previamente delineado.
Pretende-se com este quadro demonstrar que qualquer pretensa superioridade em termos sexuais se encontra fora de um bom senso.
No momento da concepção o perispírito é atraído por uma força incomparável, às células que se vão formando, nelas imprimindo automaticamente, por força da Lei de causa e efeito, o que é necessário à sua evolução, incluindo, sem dúvida, o sexo e suas funções relevantes.
O corpo produz o corpo, que é herdeiro de muitos caracteres ancestrais da família, que sofre as ocorrências ambientais, mas só o Espírito produz o caráter, as tendências, as qualidades morais, as realizações intelectuais e o programa reencarnatório.
Existe a colaboração do mundo espiritual através das entidades na escolha do elemento de fecundação no que toca o sexo do novo corpo a ser utilizado no reencarne.

4ª PARTE: O PRAZER E A DOR
A satisfação ou insatisfação do ser humano está intimamente ligada com as sensações de prazer e de dor. Estas sensações passam por nosso cérebro, são registradas e levadas ao nosso espírito. Elas porem são temporárias e sua duração se relaciona com essa causa.
A natureza dessas sensações faz com que o espírito busque as que lhe dão satisfação e se afaste ou suprima aquelas desagradáveis.
Os sentidos são os canais das sensações: belas paisagens em tonalidades e intensidade luminosa adequada causam prazer. Sons melodiosos em volumes sonoros bem equilibrados também são prazerosos. Com os outros sentidos igualmente. Uma boa comida, um bom perfume. O tato tem satisfação com superfícies macias e ondulações suaves. Já o contrário nos causa insatisfação chegando ao extremo através da dor.
Os sentidos também são canais que despertam a sensualidade. Ela se faz através da visão, audição, olfato e principalmente o tato. Neste ultimo se destacam regiões do corpo onde elas são mais acentuadas.
A libido (energia sexual de caráter psíquico) impulsiona o indivíduo para a realização criativa e produtiva, quando se expressa com moderação, sendo natural decorrência ancestral do instinto por cuja faixa o ser transitou durante largo período e cujas marcas permanecem dominadoras.
Freud definiu o objetivo do impulso sexual como procura de prazer, em se tratando das experiências primárias do Espírito, no mundo físico. Entretanto é indispensável dilatar a definição para arredá-la do campo erótico em que foi circunscrita. O sexo é a energia criadora do amor que assegura a estabilidade em todo o Universo. A alma em se aperfeiçoando busca sempre prazeres mais nobres.

5ª PARTE: A FINALIDADE REPRODUTIVA
O sexo é lei de atração proveniente da Lei de Reprodução que atua para a formação de todos os seres da Natureza. Dessa lei de atração resultam as energias sexuais, a libido e a energia sexual reprodutora. A libido atua no sistema mental e determina a vontade ou a necessidade psíquica de reprodução sexual.
A energia sexual reprodutora atua diretamente no corpo físico e determina a ação fisiológica da sexualidade, quase sempre sob o impulso da libido. As energias sexuais causam e sofrem asreações dos componentes mentais e fisiológicos do ser humano.
O ser humano possui zonas psíquicas da sexualidade a expressar-se no corpo espiritual, e conseqüentemente no corpo físico. A energia natural do sexo, inerente à própria vida em si, gera cargas magnéticas em todos os seres, pela função criadora de que se reveste,cargas que se caracterizam com potenciais nítidos de atração no sistema psíquico de cada um e que, em se acumulando, invadem todos os campos sensíveis da alma, como que a lhe obliterar os mecanismos outros de ação, qual se estivéssemos diante de usina reclamando controle adequado.
A natureza encontra como incentivo à reprodução o prazer despertado na união intimados seres. Se essa união não fosse prazerosa, traria como conseqüência imediata o desestimulo a reprodução. A perpetuação da espécie estaria comprometida com a indiferença sexual.
Pretende-se com essa lembrança, mostrar o saber da Providencia ao vincular o prazer com o ato reprodutivo.

6ª PARTE: O DESPERTAR ALTRUÍSTICO
No mundo hominal o prazer da união intima reserva outras funções alem da reprodutiva.
Primeiramente o prazer em si. Este, entretanto, é efêmero e tem curta duração. Depois da maternidade, a sexualidade é outro fator de altruísmo.
O que se pretende dizer com isso é que ações de caráter interativo entre os seres são despertadas por esses processos psíquicos. Para que essa vida de relação seja sadia é importante a inibição dos processos egoísticos e de orgulho.
Existe muita ignorância acerca da missão divina do sexo, a paternidade e a maternidade terrestres são sagradas. A faculdade criadora é também divindade do homem. O útero materno é a porta bendita para a redenção dos seres, o que não será possível sem o concurso das forças criadoras associadas, do homem e da mulher.
As leis naturais são sábias no sentido de proporcionarem ao homem a vida de relação.
As formas físicas descendem das uniões físicas. As construções espirituais procedem das uniões espirituais. A obra do Universo é filha de Deus.
O sexo, portanto, como qualidade positiva ou passiva dos princípios e dos seres, é manifestação cósmica em todos os círculos evolutivos, até que venhamos a atingir o campo da Harmonia Perfeita, onde essas qualidades se equilibram no seio da Divindade.

7ª PARTE: AMOR E SEXO
O sexo é o que denominamos até agora o prazer da união íntima.
Esta função traz outros sentimentos e o amor é um deles. O amor aqui tratado tem um sentido mais sublime. É o que se chama doação. O sexo na existência humana pode ser um dos instrumentos do amor, sem que o amor seja sexo.
Novamente o sexo ou a busca do prazer pelo contato íntimo despertando um sentimento de forte cunho altruístico.
É claro que num estágio inicial existe a prevalência do desejo sexual somente. Em estágios posteriores o amor vai prevalecendo em relação ao sexo.
O momento atual pelo qual passa nosso planeta é preocupante, pois os valores morais sofrem constantes ataques da cultura materialista que defende o amor livre trazendo assim idéias falsas que fazem nossos jovens confundirem desejo sexual, com amor.
É necessário orientarmos nossos filhos de que sexo exige responsabilidade. Esclarecê-los sobre as leis divinas de causa e efeito, estimular-lhes a pureza de intenções, dizer-lhes que atração sexual sem amor sincero é paixão passageira; iluminar-lhes o cérebro e o coração com as luzes do Evangelho de Jesus que preceitua que, quando prejudicamos alguém estamos realmente ferindo nossa própria consciência.
A educação, portanto, é a chave da renovação sexual, pois o caminho seguro da conduta sexual correta está na renovação dos valores morais através da nossa educação, visando como nos ensina Emmanuel: não proibição, mas educação; não abstinência imposta, mas emprego digno; não indisciplina, mas controle; não impulso livre, mas responsabilidade.

8ª PARTE: O SEXO DOS ESPIRITOS (LE QT 200)
Os Espíritos têm sexos? Pergunta Kardec aos espíritos Superiores Não como entendeis, pois os sexos dependem dos organismos.
Ao admitirmos que os espíritos sejam creados um a um pela própria divindade e tendo sua duração infinita, descartamos o processo reprodutivo.
Logo mais a frente em outra questão Kardec pergunta: O Espírito que animou o corpo de um homem pode, em uma nova existência, animar o de uma mulher e vice-versa? Sim, são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.
Em conseqüência disto é que os espíritos apresentam características mais ou menos masculinas ou femininas.
Kardec finaliza as questões dizendo: “Como devem progredir em tudo, cada sexo, assim como cada posição social, lhes oferece provas, deveres especiais e a ocasião de adquirir experiência. Aquele que encarnasse sempre como homem apenas saberia o que sabem os homens”.

9ª PARTE: A MASCULINIDADE E A FEMINILIDADE DO SER
Em Evolução Em Dois Mundos (pág. 141), temos: “... a alma guarda a sua individualidade sexual intrínseca, a definir-se na feminilidade ou na masculinidade, conforme os característicos acentuadamente passivos ou claramente ativos que lhe sejam próprios”.
Refletindo nos termos passivo e ativo citado, melhor seria colocá-los na forma dual das atitudes. Citando alguns exemplos como características de masculinidade, temos: coragem, ímpeto, liderança, atividade. E como exemplo de feminilidade: doçura, paciência, tenacidade, passividade.
Estas características são complementares como as duas metades de um encaixe perfeito.
Os desenvolvimentos desta característica não se fazem por igual e então se destacam aquelas de maior representatividade masculina ou feminina. Esse processo, porém, é evolutivo.
As questões 819 e 822 do Livro dos Espíritos são bastante esclarecedoras neste aspecto:
Com que objetivo a mulher é mais fraca fisicamente do que o homem?
Para assinalar suas funções diferenciadas e particulares. Ao homem cabem os trabalhos rudes, por ser mais forte; à mulher, os trabalhos mais leves, e ambos devem se ajudar mutuamente nas provas da vida.
Assim, uma legislação, para ser perfeitamente justa, deve consagrar a igualdade dos direitos entre o homem e a mulher?
De direitos, sim; de funções, não. É preciso que cada um esteja no seu devido lugar; que o homem se ocupe do exterior e a mulher do interior, cada um de acordo com sua aptidão. A lei humana, para ser justa, deve consagrar a igualdade dos direitos entre o homem e a mulher;
todo privilégio concedido a um ou a outro é contrário à justiça. A emancipação da mulher segue o progresso da civilização, sua subjugação marcha com a barbárie.

10ª PARTE: A FINALIDADE EVOLUTIVA
Entendemos que os seres possuem as características citadas anteriormente em
doses diferenciadas e a perfeição as exige em seu grau máximo.
Numa determinada etapa da nossa escalada temos essas características em doses tais que
acentuam mais o caráter feminino ou masculino do ser.
As experiências vão se realizando de maneira a desenvolver o potencial de cada uma daquelas
características.
Portanto, à medida que esse desenvolvimento se processa as diferenças vão se atenuando.
Esta é a dialética do espírito no campo da sexualidade que propicia experiências
complementares até alcançar a síntese final na condição de angelitude mencionada por Jesus
no Evangelho de Lucas capítulo 20 versículo 35 e 36:
“Mas os que são julgados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem se casam nem se dão em casamento; porque já não podem mais morrer; pois são
iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”.
11ª PARTE: CONCLUSÃO
Não devemos esquecer que o amor sexual deve ser entendido como o impulso da vida que conduz o homem às grandes realizações do amor divino, através da progressividade de sua espiritualização no devotamento e no sacrifício.
Ao invés da educação sexual pela satisfação dos instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a compreensão sagrada do sexo.
Os desregramentos sexuais têm sido a principal causa das ruínas morais, sociais e econômicas através dos tempos e da história. A condição sexual de cada um reflete a condição afetiva e moral na qual se encontra momentaneamente.
Quando o homem compreender e bem dirigir suas potencialidades sexuais, não haverá mais fome, enfermidades incuráveis, miséria, ganância, autoritarismo, incredulidade e indiferença diante das leis da Natureza estabelecidas por Deus.
Alan Krambeck

12ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 3 – Cap. 16 - Materialismo X Espiritualismo
Leitura:
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec - FEB – Questão 147
DICIONÁRIO DE FILOSOFIA – Nicola Abbagnano – Edit. Martins Fontes
Espiritualidade - Um Caminho de Transformação - Leonardo Boff – Ed Sextante

Extraído http://ifevale.org.br

segunda-feira, 13 de março de 2017

Privações voluntárias - Mortificação - LEI DE CONSERVAÇÃO


      718. A lei de conservação obriga-nos a prover as necessidades do corpo?
      — Sim, pois sem a energia e a saúde o trabalho é impossível.

      719. O homem é censurável por procurar o bem-estar?
      — O bem-estar é um desejo natural. Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação, e não considera um crime a procura do bem-estar, se este não for conquistado às expensas de alguém e se não enfraquecer as vossas forças morais nem as vossas forças físicas.

      720. As privações voluntárias, com vistas a uma expiação igualmente voluntária, têm algum mérito aos olhos de Deus?
      — Fazei o bem aos outros e tereis maior mérito.

      720 – a) Há privações voluntárias que sejam meritórias?
      — Sim: a privação dos prazeres inúteis, porque liberta o homem da matéria e eleva sua alma. O meritório é resistir à tentação que vos convida aos excessos e ao gozo das coisas inúteis; é retirar do necessário para dar aos que o não têm. Se a privação nada mais for que um fingimento, será apenas uma irrisão.

      721. A vida de mortificações no ascetismo tem sido praticada desde toda a Antiguidade e nos diferentes povos; é ela meritória sob algum ponto de vista?
     — Perguntai a quem ela aproveita e tereis a resposta. Se não serve senão ao que a pratica e o impede de fazer o bem, é egoísta, qualquer que seja o pretexto sob o qual se disfarce. Submeter-se a privações no trabalho pelos outros é a verdadeira mortificação, de acordo com a caridade cristã.

     722. A abstenção de certos alimentos, prescrita entre diversos povos, funda-se na razão?
       — Tudo aquilo de que o homem se possa alimentar, sem prejuízo para a sua saúde, é permitido. Mas os legisladores puderam interditar alguns alimentos com uma finalidade útil. E para dar maior crédito às suas leis apresentaram-nas como provindas de Deus.
       723. A alimentação animal, para o homem, é contrária à lei natural?
       — Na vossa constituição física, a carne nutre a carne, pois do contrário o homem perece. A lei de conservação impõe ao homem o dever de conservar as suas energias e a sua saúde para poder cumprir a lei do trabalho. Ele deve alimentar-se, portanto, segundo o exige a sua organização.
  724. A abstenção de alimentos animais ou outros, como expiação é  meritória?                                                              
       — Sim, se o homem se priva em favor dos outros, pois Deus não pode ver mortificação quando não há privação séria e útil. Eis porque dizemos que os que só se privam em aparência são hipócritas. (Ver item 720.)
       725. Que pensar das mutilações praticadas no corpo do homem ou dos animais?
      — A que vem semelhante pergunta? Perguntai sempre se uma coisa é útil. O que é inútil não pode ser agradável a Deus e o que é prejudicial lhe é sempre desagradável. Porque, ficai sabendo, Deus só é sensível aos sentimentos que elevam a alma para ele, e é praticando as suas leis, em vez de violá-las, que podereis sacudir o jugo de vossa matéria terrena.
      726. Se os sofrimentos deste mundo nos elevam, conforme os suportamos, poderemos elevar-nos pelos que criarmos voluntariamente?
      — Os únicos sofrimentos que elevam são os naturais, porque vêm de  Deus. Os sofrimentos voluntários não servem para nada, quando nada valem para o bem de outros. Crês que os que abreviam a vida através de rigores sobre-humanos, como o fazem os bonzos, os faquires e alguns fanáticos de tantas seitas, avançam na sua senda ? Por que não trabalham, antes em favor dos seus semelhantes? Que vistam o indigente, consolem o que chora trabalhem pelo que está enfermo, sofram privações para o alívio dos infelizes e então sua vida será útil e agradável a Deus. Quando, nos sofrimentos voluntários a que se sujeita, o homem não tem em vista senão a si mesmo trata-se de egoísmo; quando alguém sofre pelos outros, pratica a caridade; são esses os preceitos do Cristo.
      727. Se não devemos criar para nós sofrimentos voluntários que não são  de nenhuma utilidade para os outros, devemos, no entanto, preservar-nos dos que prevemos ou dos que nos ameaçam?
     — O instinto de conservação foi dado a todos os seres contra os perigos e os sofrimentos. Fustigai o vosso Espírito e não o vosso corpo, mortificai vosso orgulho, sufocai o vosso egoísmo que se assemelha a uma serpente a vos devorar o coração e fareis mais pelo vosso adiantamento do que por meio de rigores que não mais pertencem a este século.

 Livro dos Espíritos - livro 3 - Leis Morais - Cap V Lei de Conservação

Necessário e supérfluo - LEI DE CONSERVAÇÃO

715. Como pode o homem conhecer o limite do necessário?
      – O sensato o conhece por intuição e muitos o conhecem à custa de suas próprias experiências.

      716. A Natureza não traçou o limite do necessário em nossa própria organização?
       — Sim, mas o homem é insaciável. A Natureza traçou limites de suas necessidades na sua organização, mas os vícios alteraram a sua constituição e criaram para ele necessidades artificiais.

     717. Que pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, em prejuízo dos que não têm sequer o necessário?
       — Desconhecem a lei de Deus e terão de responder pelas privações que ocasionarem.
 Comentário de Kardec: O limite entre o necessário e o supérfluo nada tem de absoluto. A civilização  criou necessidades que não existem no estado de selvageria, e os Espíritos que ditaram esses preceitos não querem que o homem civilizado viva como selvagem. Tudo é relativo e cabe à razão colocar cada coisa em seu lugar. A civilização desenvolve o senso moral e ao mesmo tempo o sentimento de caridade que leva os homens a se apoiarem mutuamente. Os que vivem à custa das privações alheias exploram os benefícios da civilização em proveito próprio; não têm de civilizados mais do que o verniz, como há pessoas que não possuem da religião mais do que a aparência.

 Livro dos Espíritos - livro 3 - Leis Morais - Cap V Lei de Conservação

Gozo dos bens da Terra - LEI DE CONSERVAÇÃO

711. O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens?                    
        – Esse direito é a conseqüência da necessidade de viver. Deus não pode impor um dever sem conceder os meios de ser cumprido

        712_Com que fim Deus fez atrativos os gozos dos bens materiais?
        – Para instigar o homem ao cumprimento da sua missão e também para o provar na tentação.

        712 – a) Qual o objetivo dessa tentação?
       – Desenvolver a razão que deve preservá-lo dos excessos.
Comentário de Kardec: Se o homem não fosse instigado ao uso dos bens da Terra senão em vista de sua utilidade, sua indiferença poderia ter comprometido a harmonia do Universo. Deus lhe dá o atrativo do prazer que o solicita a realização dos desígnios da Providência. Mas, por meio desse mesmo atrativo, Deus quis prova-lo também pela tentação, que o arrasta ao abuso, do qual a sua razão deve livrá-lo

       713. Os gozos têm limites traçados pela Natureza?
         Sim, para vos mostrar o termo do necessário; mas pelos vossos excessos chegais até o aborrecimento e com isso vos punis a vós mesmos.

        714.Que pensar do homem que procura nos excessos de toda espécie um refinamento dos seus gozos?
      — Pobre criatura que devemos lastimar e não invejar, porque está bem próxima da morte!

       714 – a) É da morte física ou da morte moral que ele se aproxima?
      — De uma e de outra.
Comentário de Kardec:  O homem que procura, nos excessos de toda espécie um refinamento dos gozos coloca-se abaixo dos animais, porque estes sabem limitar-se à satisfação de suas necessidades. Ele abdica da razão que Deus lhe deu para guia e quanto maiores forem os seus excessos maior é o império que concedeu a sua natureza animal sobre a espiritual. As doenças, a decadência, a própria morte, que são a conseqüência do abuso, são também a punição da transgressão da lei de Deus.

 Livro dos Espíritos - livro 3 - Leis Morais - Cap V Lei de Conservação

Liberdade de sexo




FUNÇÃO DIVINA DO SEXO
A reencarnação só se torna possível mediante o uso dos orgãos sexuais, os quais nos fornecem um corpo denso, de carne, com o qual resgataremos o passado delituoso e elevamo-nos as esferas mais altas da espiritualidade.
Se tivermos o cuidado de a encararmos somente através desse prisma, veremos que a união sexual tem como objetivo sagrado o trabalho do Criador. (Eliseu Rigonatti - O Espiritismo Aplicado)


Sexo

Por que a busca do prazer sexual é condenada por muitas religiões? Se buscarmos o prazer sexual, estaremos procedendo de maneira pecaminosa? A prática sexual deve objetivar apenas a reprodução? Será que a atual liberdade sexual tem proporcionado a satisfação que o ser humano tanto deseja? Como os postulados espíritas entendem tão controversa questão?

         Falar sobre sexo ainda é se aventurar tanto para o moralismo repressor como para a liberalidade irresponsável.
         A mais antiga função da sexualidade humana é a reprodução e, a mais moderna, o prazer. Entretanto, relacionado a esse assunto, ainda existe um sistema de preconceitos, tabus, mitos e culpabilidade, decorrente de ideologias religiosas e culturais, segundo o qual somente no casamento o sexo é parcialmente liberado.
         As religiões, que no passado se faziam responsáveis pela orientação filosófica e comportamental dos indivíduos, em razão da austeridade de seus conceitos e crenças, controlaram a expressão sexual através de proibições e punições, e, ao condenarem a busca de satisfação física e emocional, permitiram apenas que ela fosse considerada em seu aspecto reprodutivo. Apesar de muitas dessas normas estarem bastante modificadas, ainda existem religiões que, ao encararem com excessivas restrições o prazer, impedem, por exemplo, o uso de anticoncepcional ou de preservativos, mesmo nas relações conjugais.
         No entanto, na prática, a atividade sexual tem dois aspectos distintos: o reprodutivo e a busca de satisfação física. Segundo pesquisas, atualmente, 99% das relações que um casal tem durante sua vida em comum visam ao prazer.
         Allan Kardec, em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, na questão 719, pergunta à Espiritualidade Maior: “É repreensível ao homem procurar o bem-estar?”   [1]
         Resposta:

            O bem-estar é um desejo natural. Deus não proíbe senão o abuso. Ele não incrimina a procura do bem-estar, se esse bem-estar não é adquirido às custas de ninguém, e se não deve enfraquecer, nem vossas forças morais, nem vossas forças físicas.

         O prazer, em si mesmo, não é condenável, visto que o ser humano sempre se encontra empenhado na obtenção de alguma forma de bem-estar, seja na realização de uma atividade, na aquisição de novos conhecimentos, ao sentir-se com boa saúde, durante a alimentação, em seu repouso. Com isso, podemos deduzir que a inconveniência na busca do prazer sexual não diz respeito a algo inerente ao sexo propriamente dito, mas a quem o pratica, quando essa criatura é movida por vulgares sentimentos e desequilibradas motivações.
         Complementando as considerações acima, apresentamos o parecer de três entidades espirituais sobre tão “desconcertante” assunto. Para muitas pessoas ele ainda o é.
         1 – Joanna de Ângelis:

         Freud, com muito acerto, descobriu na libido (desejo sexual) a resposta de inúmeros transtornos psicológicos e físicos, psiquiátricos e comportamentais que afligem o ser humano.
            (...) Examinando a sociedade como vítima da castração religiosa ancestral, decorrente das inibições, frustrações e perturbações de seus líderes, que através de mecanismos proibitivos para o intercâmbio sexual, condenavam-no como instrumento de sordidez, abominação e pecado, teve a coragem intelectual e científica de levantar a bandeira da libertação, demonstrando que o gravame se encontra mais na mente do indivíduo do que no ato propriamente dito.
            (...) A contribuição de Freud para a libertação da criatura humana, arrancando-a da hipocrisia vitoriana e clerical anteriores, dando-lhe dignidade, é de valor inestimável.
            (...) O que tem faltado é conveniente orientação educacional para a vida sexual, assim como equilíbrio por parte de religiosos e educadores, líderes de massas e agentes multiplicadores sociais, que sempre refletem as próprias dificuldades de relacionamento e vivência sexual.  [2]

         2 - Cairbar Schutel:

         Sexo tem um sentido de troca positiva de sensações e vibrações carnais e fluídicas.
            (...) Não se retira do ato sexual, com isso, o seu característico de prazer. É prazer e continuará sendo no mundo material. Deve ser, inclusive, para justificar e incentivar a sua prática. Não é fonte exclusiva para a procriação, mas, sobretudo, para troca de energias e sentimentos entre os seres que se unem para um consórcio de vida, permutando experiências e desenvolvendo projetos. [3]

         3 - André Luiz:

         O instinto sexual não é apenas o agente de reprodução entre as formas superiores, mas, acima de tudo, é o reconstituinte das forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas se alimentam mutuamente, na permuta de raios psíquico-magnéticos que lhe são necessários ao progresso.  [4]

****
        
         Se sempre existiram restrições ao sexo, que, por sua vez, prejudicaram o pleno potencial das relações íntimas, será que a atual liberdade sexual tem proporcionado o equilíbrio e a satisfação que o ser humano tanto deseja?
         Quando se sai da repressão e não se sabe usar a liberdade, há uma tendência psicológica no ser humano para cair no exagero e no descontrole comportamental.
         Parecia que a denominada liberação sexual contribuiria para que as criaturas se tornassem mais realizadas emocionalmente. Entretanto, isso não vem ocorrendo. Da mesma forma que a demorada castração religiosa e cultural não produziu pessoas saudáveis, sendo que isso foi objeto de pesquisa de Freud e tantos outros estudiosos, a atual permissividade também não está conseguido trazer às pessoas a tão esperada realização. Na realidade, da maneira descompromissada como muitos estão lidando com sua expressão sexual, tal prática tem produzido mais angustiados e insatisfeitos do que se poderia imaginar.
         Ao longo do tempo, a criatura humana criou o costume do namoro e do noivado, antecedendo o casamento, para que pudesse conhecer e até se adaptar ao caráter e à personalidade do futuro cônjuge. Entretanto, com o amplo acesso a informações pelos mais jovens, que ainda não possuem maturidade suficiente para digeri-las a contento, com o uso indiscriminado de anticoncepcionais e a liberação dos costumes, têm surgido algumas práticas que são, no mínimo, discutíveis.
         Uma delas, por exemplo, é o “ficar”, palavra que designa o encontro e a permanência de jovens de sexos opostos – e até do mesmo sexo –, que, muitas vezes, sequer se conhecem, e, durante tal encontro, trocam todo tipo de carícias, podendo variar de um simples beijo até relações sexuais. Outra novidade é a intensificação do sexo casual, sem nenhum compromisso anterior ou posterior ao ato.
         Ana Maira Fonseca Zampieri, doutora em Psicologia Clínica e estudiosa da sexualidade humana, diz:

            Em alguns grupos sociais brasileiros observo que se antes os tabus, o medo do pecado, da culpa e da vergonha reprimiam o sexo, hoje, com as facilidades e estimulações oferecidas pela mídia e pelas relações virtuais, ser virgem, por exemplo, é ser retrógrada e o rapaz precisa experimentar várias mulheres. Esta é outra forma de repressão: a da tirania do sexo que deve existir na vida dos jovens. Pensamos que a obrigatoriedade do chamado ‘ficar’ da atualidade pode também fazer parte desta tirania (a necessidade de se seguir o que o grupo ‘estipula’, para ser reconhecido e aceito pelo mesmo. Ou seja, a pessoa age de acordo com o que dita o meio no qual está inserida, sem questionar a validade das razões e motivações). [5]

         Sexo não deve ser tratado como tabu, mas também não pode ser a representação da libertinagem. Do mesmo modo que relacionamento sexual traz alegria e prazer à alma, pode conduzir à tristeza e à angústia, se praticado irresponsavelmente.
         O Espírito Hammed elucida:

            Sem amor e afeição, o ato sexual é apenas a expressão de uma necessidade orgânica que se esvai quando termina a carga erótica, não contribuindo em quase nada para o relacionamento afetivo nem para o desenvolvimento do amor.
            Nossa necessidade de amor irá existir durante toda a nossa existência de Espíritos imortais. Não importa a idade, sexo, a instrução cultural e o requinte social, ele sempre precisará de ternura.  [6]

         Quando os postulados espíritas advogam sobre a necessidade de afetividade ou de amor na prática sexual, não o fazem obedientes a preceitos de essência religiosa, mas atendendo aos princípios de elevação e harmonia que vigoram no Universo. Ainda do Espírito Cairbar Schutel, temos:

         Por que não no cenário das relações instáveis e como mero prazer carnal? Porque, nesse prisma, não difere dos demais desvios de conduta que o encarnado adota para a satisfação artificial, portanto material, de suas necessidades.
            (...) Tratar o relacionamento sexual meramente no campo instintivo – ou mesmo no da sensação, algo intermediário entre instinto e sentimento, mas ainda rudimentar – é empobrecê-lo.
            Praticar o ato sexual por instinto ou por sensação de prazer, sem sentimento, é animalizá-lo.
            Compreensível que muitos, ainda por parca evolução espiritual, o façam. Desejável, entretanto, não é.  [3]

         Conforme considerações anteriores, podemos afirmar que o Espiritismo não condena ou afasta o sexo; apenas educa o ser humano, esclarecendo que tal função é de extrema importância para sua plenificação pessoal, mas sem representar uma dependência exclusiva. A questão, portanto, não está em atitudes de abstinência física, como se pensou durante muitos séculos, mas em seu saudável direcionamento.
        
         Em torno do sexo, será justo sintetizarmos todas as digressões nas normas seguintes:
            Não proibição, mas educação.
            Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo.
            Não indisciplina, mas controle.
            Não impulso livre, mas responsabilidade.
            Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência.
            Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, pelos mecanismos da reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um. [7]

****
        
         Atualmente, temos o conceito de sexo responsável como sendo aquele praticado com todas as cautelas quanto à indesejável gravidez ou quanto à prevenção da AIDS e das doenças sexualmente transmissíveis. Todavia, na literatura espírita, sexo responsável é o realizado depois de confirmada a presença da genuína afetividade, com real amadurecimento físico-emocional do casal, após razoável período de convivência, em que as idéias e, sobretudo, os ideais sejam convergentes.
         Claro que tal período também será propício a carinhos, mas tal qual as estações climáticas, uma adequada à preparação do plantio, outra à semeadura, outra ao cultivo e a quarta, à colheita, assim também deverá ser administrada a atração recíproca de um casal.
         Para concluir nossas considerações, o escritor espírita Rodolfo Calligaris, ao abordar sobre a considerável influência que a sexualidade exerce na vida do casal, argumenta:

         Está mais do que provado que um perfeito ajustamento sexual garante o equilíbrio sentimental dos cônjuges (quando o autor escreveu esse livro, as relações estáveis ainda não estavam tão popularizadas. Mas devemos aplicar estas palavras para todos aqueles que tenham vida em comum), predispondo-os a uma recíproca tolerância, ao passo que as insatisfações, nesse domínio, fá-los sentirem-se desarmonizados com eles próprios, inclinando-os a considerarem imperdoáveis as mínimas delicadezas.
            As relações sexuais dos recém-casados, dos esposos de meia idade e dos que estejam próximos a comemorar bodas de ouro, conquanto decrescentes no tocante à frequência, pois cada idade tem o seu ritmo próprio, devem conservar, sempre, o mesmo valor, ou seja, devem continuar sendo a expressão máxima do amor que os uniu um dia, acenando-lhes com a felicidade.
            É lamentável que não poucos cônjuges encarem o casamento como uma espécie de negócio que, uma vez fechado, os dispensa de qualquer cuidado no sentido de agradar, prender e seduzir o parceiro, com o que matam todo o encanto da vida em comum.
            Outros, então, fazem pior. Esquecendo-se de que o contrato matrimonial lhes impõe deveres recíprocos, rompem unilateralmente os compromissos assumidos, sem a menor atenção para com o parceiro, lesando-o, assim, em seus legítimos direitos.
            (...) E não será porque alguns consideram o ato sexual, erroneamente, como algo imoral e repulsivo, nem porque outros dele abusem, transformando-o em vício (a luxúria), que se deve malsiná-lo, deixando de reconhecer a alta contribuição que oferece à felicidade conjugal.
            (...) Releva frisar, por último, que o ajustamento sexual dos cônjuges mui raramente se verifica desde os primeiros tempos da união; quase sempre é o resultado de um lento processo de aperfeiçoamento, ou seja, de um perseverante esforço de adaptação física e espiritual, ao longo de anos e anos. [8]

Silvia Helena Visnadi Pessenda

REFERÊNCIAS
[1] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 100. ed. Araras, SP: IDE, 1996.
[2] ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). O despertar do espírito. 4. ed. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada, 2000. Cap. “Problemas psicológicos contemporâneos”.
[3] SCHUTEL, Cairbar (espírito); GLASER, Abel (psicografado por). Fundamentos da reforma íntima. 3. ed. Matão: Casa Editora O Clarim, 2000. Cap. “Sexualidade”.
[4] ANDRÉ LUIZ (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Evolução em dois mundos. 14. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. “Sexo e corpo espiritual”.
[5] ZAMPIERI, Ana Maria Fonseca. Erotismo, sexualidade, casamento e infidelidade: sexualidade conjugal e prevenção do HIV e da AIDS. São Paulo: Ágora, 2004. Capítulo “Gênero e sexualidade conjugal”.  (literatura não-espírita)
[6] HAMMED (espírito); SANTO NETO, Francisco do Espírito (psicografado por). Os prazeres da alma. 1. ed. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2003. Cap. “Amor”.
[7] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Vida e sexo. 22. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. 2001. Introdução.
[8] CALLIGARIS, Rodolfo. A vida em família. 9. ed. Araras, SP: IDE Editora, 1983. Cap. “As relações sexuais no casamento” e “O ajustamento sexual entre os cônjuges”. 

 Fonte http://www.aluzdoespiritismo.com.br/teste/artigos/ler.php?texto=52