domingo, 6 de março de 2016

O Espiritismo é ciência

O Espiritismo apresenta-se como uma das ferramentas, dentre várias, para se compreender as dinâmicas da natureza espiritual que está diretamente relacionada com as dinâmicas da natureza material. Ele não é a primeira nem será a última teoria, que se transformou em método de análise, compilada com o objetivo de explicar determinados fenômenos, que estão além da compreensão dos cientistas materialistas.

Falamos no Espiritismo enquanto ciência. Mas por que ele foi considerado pelo próprio codificador como uma ciência? 
 
                Apoiemos a nossa reflexão na definição de Allan Kardec para o que seja o Espiritismo, na obra intitulada “O que é o Espiritismo”:
 
“O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações”.  (KARDEC, 2007, p.12 [grifo nosso].)
 
Em nenhum momento Kardec cita o Espiritismo como uma religião, ele considera a ocupação de esclarecer os problemas morais da humanidade para a Filosofia, que cumpre esta tarefa há mais de seis mil anos. (1) Novamente na mesma obra, ele ressalta o caráter científico da doutrina espírita:

“O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal”. (KARDEC, 2007, p.12 [grifo nosso].)
 
O Espiritismo foi compilado segundo um método científico, qual seja o cumprimento de algumas etapas, as quais respeitarão o rigor científico, utilizado por cientistas de todas as áreas do conhecimento. São elas: 
                
Coleta de dados: nesta primeira etapa, Kardec iniciou o processo a partir da observação do fenômeno das mesas girantes, realizando levantamento de onde ocorria este fenômeno e estabelecendo contato com os médiuns envolvidos, que lhe ofereciam as suas experiências.
 
Registro e armazenamento: Kardec, durante a atividade de observação e levantamento de dados, registrava a sua percepção dos fenômenos, ao mesmo tempo em que surgiam dúvidas, as quais posteriormente seriam esclarecidas pelos Espíritos envolvidos no projeto de codificação.
 
Processamento: podemos inferir que esta foi a fase mais longa e exaustiva para o codificador e sua equipe, pois é a fase em que mais exige da capacidade de concentração do cientista. Qualquer deslize pode ser fatal para a compreensão de sua teoria (mesmo com tanta precisão, as gerações posteriores ainda interpretam de maneira distorcida). Nesta etapa, o processamento dos dados, a sua organização em uma sequência lógica, o esclarecimento das dúvidas surgidas com a reflexão e com os testes, a inserção de novos itens e a extinção de informações desnecessárias, a adoção da linguagem a ser utilizada para que a proposta seja transmitida da maneira mais didática possível são as exigências do método científico seguido à risca pelo codificador.
 
Ao se respeitar tais etapas, aquele que não possui amor pelo que faz, cede no aparecimento da primeira dificuldade. O objetivo de Kardec, como um verdadeiro cientista, foi o de construir a teoria sobre um alicerce firme, ao mesmo tempo em que deveria ser flexível para que o futuro consiga dar conta de suas renovações, acompanhando a evolução do conhecimento humano. Uma teoria construída sobre os rigores do método é passível de sofrer lapidações com o passar do tempo, sem que seja anulada por completo, sempre mantendo a sua essência. Uma teoria verdadeira sempre será atual, independente do período histórico onde foi construída, ela contemplará a humanidade e será moldada de acordo com cada diversidade de interpretação, sem que para isso tenha que perder o seu núcleo.
 
Na fase de processamento dos dados, Kardec e os Espíritos organizaram as perguntas e as respostas na forma de setores, respeitando o aprofundamento crescente da teoria. Podemos observar que os livros básicos: dos médiuns, dos Espíritos e o Evangelho, cada um destes segue uma sequência que parte do pensamento simples, com poucas variáveis e de fácil interpretação até o mais complexo, com mais elementos a serem explorados e compreendidos e um conteúdo que exige mais conhecimento de outras fontes por parte do leitor, para que ele não caia no erro das interpretações simplórias. Como um exímio cientista e educador, preocupado em corresponder ao processo cognitivo dos leitores, principalmente os iniciantes, Kardec utilizou toda a sua capacidade natural de transmissão do conhecimento, da maneira mais didática possível, para que esta proposta não ficasse limitada a apenas uma elite intelectual.
 
Resultado final: todo trabalho científico só é válido se ele consegue, depois de tantos percalços, responder ao primeiro questionamento que surgiu na mente do pesquisador, pois, do contrário, ele se transforma em divagações. Conseguimos ver que Kardec foi feliz em seu trabalho, pois apesar da abordagem ter permeado uma extensa área do fenômeno espiritual, ele não perdeu o foco. Com a finalização de seu trabalho, Allan Kardec, que ainda será bibliografia básica de todas as ciências, alcançou a totalidade do conhecimento nesta fase da evolução do homem terrestre.
 
Aqueles que estudam a sua obra, com outros olhos que não os do egoísmo, conseguem perceber que a proposta do Espiritismo é de apoiar tanto as ciências, quanto as religiões, no esclarecimento dos eventos onde causa e consequência se entremeiam em Espírito e Matéria. Como ditado acima, Kardec descobriu, durante os seus estudos, que o método científico, quando livre de pré-conceitos, é capaz de alcançar um universo jamais imaginado pelo cientista materialista.
 
O Espiritismo, através do método científico, compreendeu que as relações entre os Espíritos são permeadas pela conduta moral, aquela já ensinada por Jesus Cristo, e não pelas religiões. 
               
O Espiritismo veio para fazer parte tanto das sociedades orientais quanto ocidentais, para todas as etnias, crenças e pensamentos. Ele veio para unir e não para ser mais uma religião que divide e se apropria de sua patente.
 
(1) Nota da Redação: Para a maioria dos espíritas, excetuados os adeptos do chamado Espiritismo laico, o Espiritismo é também religião, pois a própria obra kardequiana o define como tal de forma inequívoca.  Em seu discurso “O Espiritismo é uma religião?”, publicado na Revue Spirite de dezembro de 1868, Allan Kardec perguntou: “O Espiritismo é uma religião?” E, em seguida, respondeu: “Ora, sim, sem dúvida, senhores”.  Mais adiante indagou: “Por que, então, declaramos que o Espiritismo não é uma religião?” E ele mesmo esclareceu: “Porque não há uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem”. Trata-se, pois, de uma religião não hierarquizada, sem pastores nem sacerdotes, sem cultos nem rituais, mas com um objetivo definido, que é religar a criatura ao Criador.

Bibliografia:
LIBAULT, André. Os quatro níveis da pesquisa geográfica. In: Métodos em questão. Instituto de Geografia da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1971.
KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. São Paulo: IDE, 2007.
O Livro dos Espíritos
. São Paulo: FEESP, 2007.
O Livro dos Médiuns
. São Paulo: IDE, 2005.
O Evangelho segundo o Espiritismo
. Rio de Janeiro: FEB, 2004.

A autora é natural de São Paulo, Bacharel e Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP, é professora de francês, massoterapeuta oriental e pintora. Atualmente realiza mestrado na área de Geografia Física pela Universidade de São Paulo - USP, pesquisando a percepção da paisagem em imigrantes.
 
ANGÉLICA DOS SANTOS SIMONE

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 2 ­ CAP 8


A CIÊNCIA ­ O MÉTODO CIENTÍFICO ­ A CIÊNCIA ESPÍRITA

BIBLIOGRAFIA
FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – M Lucia A Aranha – Editora Moderna
CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí - Editora Atica
FUNDAMENTAÇÃO DA CIÊNCIA ESPÍRITA
DVD

Quem somos nós?
REFLEXÃO    A CIÊNCIA E A FÉ
Eu creio em... Eu pesquiso e estudo o ... Posso acreditar em algo e pesquisar nesse sentido. Posso até não concluir através da pesquisa, mas os indicativos desta levam na direção daquilo que eu creio. Posso crer em algo que todos os indícios científicos mostram não ter lógica e nem razão? Não estaríamos mais confortáveis e seguros em nossa fé quando os indícios científicos apontam para aquilo que acreditamos? Portanto, temos que ter na Ciência uma aliada de nossa fé em vez de uma opositora a esta.


1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA
Esta aula tem como objetivo esclarecer o que se entende por Ciência e Método Científico. Visa igualmente diferenciar como se efetua o conhecimento através do senso comum, aquele do dia a dia, o qual se faz espontaneamente e do conhecimento que se efetua através do método científico utilizado na Academia. Trás igualmente o evoluir do pensamento científico desde a antiguidade através dos pré-socráticos e de Aristóteles até nossos dias passando por Kardec. A aula também tem a finalidade de concluir se a Doutrina Espírita apresenta o rigor científico ao estudar o seu objeto.


2ª PARTE:  SENSO COMUM  X  CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Dentre outras, duas são as formas mais comuns de compreensão do mundo: 
- através do conhecimento espontâneo ou senso comum e por meio do
- conhecimento científico.

Chamamos conhecimento espontâneo ou senso comum o saber resultante das experiências levadas a efeito pelo homem ao enfrentar os problemas da existência. Nesse processo o homem conta com a solidariedade dos demais com os quais troca informações. As gerações transmitem essas experiências e conhecimentos de uma para outra. O senso comum não é metódico, nem organizado, nem sistemático, ele nasce da tentativa do homem de resolver problemas. É um tipo de conhecimento empírico porque se baseia na experiência cotidiana e comum das pessoas. Distingue-se, por isso, da experiência científica que exige planejamento rigoroso. Caso típico do senso comum ou do conhecimento espontâneo é o da pessoa que faz um bolo ou que planta um pé de alface. Ela sabe como fazer, mas desconhece as causas mais profundas.

Muitas vezes, o conhecimento espontâneo é vitima das aparências. Diferentemente o conhecimento científico apresenta um objeto específico de investigação e cria um método através do qual se desenvolve esse conhecimento. O conhecimento científico se efetua através de planejamento, de metodologia, de medições, de relações de causa e efeito, de uma busca das leis envolvidas e assim por diante. No processo científico afasta-se todo aspecto emocional e pessoal, procura-se trabalhar somente com a razão e a lógica. Todo esse desenvolvimento é de caráter impessoal.


3ª PARTE: A CIÊNCIA ARISTOTÉLICA
Aristóteles recusa o idealismo do Mundo das Ideias de seu mestre Platão e busca além do que há de concreto no mundo partindo inclusive para o Metafísico. No universo aristotélico todos os corpos estão dispostos de modo bem determinado, possuindo um lugar natural. Como exemplo clássico disso podemos citar o geocentrismo e a hierarquização do cosmos em mundo sublunar e supralunar. Esta teoria prevaleceu até o século XVII quando Copérnico e Galileu vieram mudar esses paradigmas. O cosmos seria constituído de esferas concêntricas onde a Terra ocuparia o centro de todas elas. No espaço supralunar constituído pelos Céus cuja ordem é:

- Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno e finalmente a esfera das estrelas fixas. Seriam corpos constituídos por uma substância desconhecida de nós, o éter, que é cristalino, inalterável, imperecível, transparente e imponderável. O éter é também conhecido como quinta essência em contraposição aos quatro elementos (terra, ar, água e fogo). Os corpos celestes seriam perfeitos, incorruptíveis e não sujeitos a transformações. O mundo sublunar iria da superfície da Terra até a Lua. A Terra embora imóvel ela mesma é o local dos corpos em constante mudança, portanto, perecíveis, corruptíveis sujeitos a movimentos imperfeitos. Aí não mais acontece o movimento circular das esferas, mas o movimento retilíneo para baixo e para cima. O centro da Terra seria o Hades tal como explicado pela mitologia grega (mais tarde seria o Inferno cristão). As ideias de Aristóteles referentes ao Universo serão retomadas pelo matemático e geômetra Cláudio Ptolomeu no século II da era cristã na obra conhecida como Almagesto cuja influência durou até o século XVII. Houve um casamento perfeito com a doutrina da Igreja.


4ª PARTE: A CIÊNCIA MEDIEVAL
O período medieval que vai do século V ao século XV, portanto mil anos, é tido como o período de obscuridade no tocante aos conhecimentos principalmente às Ciências. A temática religiosa predomina nesse período. Trata-se da difusão do cristianismo através da conversão dos não cristãos.

Nesse período a pouca ciência existente continua voltada para a discussão inteiramente intelectual e racional e desligada da técnica e da pesquisa empírica. Os instrumentos de trabalho são rudimentares.

 Os números romanos dificultam enormemente os cálculos matemáticos por mais simples que fossem. Por exemplo, dividir MDCXXXII por IV. Nesse período, os árabes são os introdutores dos seus algarismos e sua forma de trabalho com eles, a álgebra. Outra ciência desenvolvida nessa época foi a química com o nome de alquimia. Era uma prática em voga no século XIII e teve importância muito grande na descoberta de novas substâncias químicas. A Igreja, porém, denunciava o caráter herético de tais práticas, finalmente proibidas por bula papal em 1317. Alguns precursores da Ciência surgem neste período como Roger Bacon da Escola de Oxford e alguns árabes como Avicena e Averrois.


5ª PARTE: A CIÊNCIA MODERNA
A ciência moderna começou com Copérnico e Galileu esfacelando uma construção estática que ordenava os espaços e hierarquizava o mundo em superior, o dos Céus e o inferior e corruptível, o da Terra. Galileu democratizou os espaços, geometrizou o universo, descobriu a Via Láctea, descobriu que Júpiter tinha luas, transformou o mundo fechado da Antiguidade em um universo infinito. E foi nisto que ele se confrontou com o poder vigente: a Igreja Romana, o maior poder político-religioso da época. Descobertas científicas começam a ruir o edifício dos dogmas.

A Idade Moderna efetua um renascimento científico como a expressão de uma nova ordem. À classe ociosa se opõe o valor do trabalho. À riqueza baseada em terras, se opõe o valor da moeda, dos metais e das pedras preciosas. A produção manufatureira se sobrepondo à produção agrícola finalizando com a procura de outras terras e mercados. A Ciência deixa de ser serva da Teologia e se alia à técnica nascendo assim, a tecnologia. A Ciência deixa de ser um saber contemplativo e formal para que indissoluvelmente ligada à técnica possa servir a nova classe emergente, a burguesia. O pensamento moderno se volta ao racionalismo, ao antropocentrismo, ao heliocentrismo, ao mecanicismo e ao saber ativo ou o saber aplicado. Dentre seus grandes pensadores e cientistas podemos destacar: os iniciadores Galileu, Newton e Kepler, Gilbert (fenômenos elétricos), Mariotte (gases), Von Guericke (máquina pneumática), Pascal e Torricelli (pressão), Huygens (teoria da luz), Fermat e Descartes (geometria analítica), Newton e Leibniz (calculo infinitesimal) e Pascal (probabilidades).


6ª PARTE: O MÉTODO CIENTÍFICO
O método científico se caracteriza pela ordem que conduz as investigações no exercício racional, na descoberta e na aplicação de leis universais e na reprodução em laboratório. Descartes em “O Discurso do Método” elabora uma série de proposições para serem seguidas na ocasião do estudo científico de um determinado assunto. A partição do problema maior em problemas menores, a ordenação na forma crescente das dificuldades, o uso de premissas inquestionáveis entre outros.

Assim o método adquire com Descartes um sentido de invenção, de descoberta e não mais uma possibilidade organizada do que já é sabido. A todo momento estamos observando algo, mas a observação comum é com frequência fortuita, feita ao acaso, dirigida por propósitos aleatórios. Ao contrário, a observação científica, é rigorosa, precisa, metódica e, portanto, orientada para explicação dos fatos. O método científico utiliza a observação, a medição, a experimentação, as hipóteses e os vários tipos de raciocínio: dedução, indução e analogia. O método científico sempre busca um modelo matemático que confere uma maior credibilidade ao estudo proposto.


7ª PARTE:  A CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS
A experimentação e a respectiva matematização da Física serviram de modelo às Ciências que foram se tornando autônomas o que despertou a necessidade da classificação dessas novas ciências. O conhecimento começa a ficar fragmentado, dividido, ganhando em profundidade e perdendo em abrangência. Os homens começam a se especializar. Francis Bacon, no século XVII já classificava as ciências com base em três faculdades mentais:
- a memória (História),
-a razão (a filosofia e a ciência) e a
- imaginação (a poesia).

De maneira geral, atualmente, as ciências são classificadas em:
- ciências formais (matemática e lógica),
- ciências da natureza (física, química, biologia, geologia, geografia física, etc) e
- ciências humanas (psicologia, sociologia, economia, história, geografia humana, linguística, etc).


8ª PARTE:  A CRISE DA CIÊNCIA
Até o século XIX o desenvolvimento da ciência tinha sido tão grande que o homem estava convencido da excelência do método científico para conhecer a realidade. Filosofias como o Positivismo de Comte e o evolucionismo de Spencer traduziam o otimismo generalizado que exaltava a capacidade de transformação humana em direção a um mundo melhor. A educação antes baseada exclusivamente na cultura humanística é reformulada visando à inclusão dos estudos científicos no currículo escolar, a fim de atender a demanda de técnicos e cientistas decorrente do avanço da tecnologia. No entanto, ainda no século XIX e no início do século XX algumas descobertas golpearam rudemente as concepções clássicas originando o que se pode chamar de crise da ciência moderna. São elas, a geometria não euclidiana e a física não newtoniana. Quando nos dirigimos aos extremos, ao microcosmo e ao macrocosmo as leis apresentam outros aspectos que nas nossas dimensões não são sensíveis. Ou seja, as leis presentes no extremamente pequeno e no extremamente grande são influenciados por fatores ainda desconhecidos. Temos a impressão que o nosso mundo é um caso particular de um muito mais amplo dos quais nossas leis são casos particulares de leis mais abrangentes.


9ª PARTE:  OS MITOS DA CIENCIA
Já no século XIX, o Positivismo valorizava exageradamente o conhecimento científico excluindo outras formas de abordagem do real, tais como o mito, a religião e até mesmo a filosofia, consideradas expressões inferiores e superadas da experiência humana. Essa exclusão é arbitrária, mutiladora, unilateral e significa na verdade uma redução da filosofia e das ciências humanas aos resultados das ciências, ao fato positivo e a mecanização imposta pelo novo processo científico. É o movimento pendular se fazendo presente deixando o extremo dogmático religioso e se deslocando ao outro extremo da truculência hegemônica da ciência. Surgem os mitos. O primeiro deles denominado - o mito do cientifismo, segundo o qual perfeito é somente o conhecimento científico. Outro é
- o mito do progresso cuja forma é a única que levará o homem a um mundo cada vez melhor.
- O mito da tecnocracia que coloca todo o poder nas mãos do tecnocrata.
- O mito do especialista segundo o qual somente algumas pessoas têm competência em determinados setores específicos. Neste atual conjunto de valores é que se mostra a importância da filosofia. Ela vem questionar essa fragmentação, esse individualismo, esse consumismo e toda essa destruição desenfreada da natureza que se apresenta no mundo atual resultante desses mitos criados pela apologia a Ciência.


10ª PARTE: A CIÊNCIA ESPÍRITA
Com este retrospecto sobre a importância, nascimento, desenvolvimento, valorização e resultados que a ciência adquire nos questionamos se o Espiritismo apresenta realmente um aspecto científico.
- A Ciência Espírita tem um objeto bem definido?
- Ela apresenta um estudo sistematizado?
- Ela parte de observações?
- Segue o método científico?
- Tem caráter universal?
- É passível de repetibilidade?
- É experimental?
- Tem leis?
- É lógica?

A resposta a todas essas perguntas nos leva a afirmar que a Ciência Espírita apresenta todos os rigores exigidos pelas ciências naturais. Quanto ao método, porém, precisa sofrer uma alteração, pois o objeto em estudo tem comportamento diferenciado do objeto da natureza. O objeto da ciência espírita tal como o objeto da psicologia é um ser pensante cujo comportamento não segue leis determinísticas, mas está ao sabor de uma vontade que muda a todo instante.


11ª PARTE:  CONCLUSÃO
As leis do mundo da matéria são determinísticas, são imutáveis e desde que se respeitem as mesmas condições, os resultados serão os mesmos. Essa regularidade, esse determinismo faz com que obedecendo aos rigores científicos possam-se prever com exatidão o efeito resultante. No mundo dos seres pensantes não há determinismo mecânico, imediato, reflexo. As ações apresentarão reações distintas, pois estarão ao sabor de vontades distintas. Portanto a metodologia a ser empregada quando o objeto é o ser pensante deverá ser totalmente reformulada em relação àquela do mundo material. Seria a metodologia do Cristo a mais eficaz quando se quer prever o mundo comportamental?
Alan Krambeck

12ª PARTE: MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 2 – Capítulo 8 – A METAFÍSICA – A ONTOLOGIA – A ONTOLOGIA ESPÍRITA
Leitura:  
 CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA  LIVRO 2 – CAP 7 

  LEIS UNIVERSAIS DIVINAS OU NATURAIS  LEI DOS HOMENS

BIBLIOGRAFIA
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec – Edit FEB  – perguntas 614 a 890
O GRANDE ENIGMA – Leon Denis – Edit FEB

REFLEXÃO A EXISTÊNCIA DA LEI DESOBRIGA DEUS DE PUNIR?
A história do homem mostra que no inicio dos tempos o chefe do clã era o responsável pela harmonia do grupo. As regras eram estabelecidas e ele verificava se todos se comportavam dentro do preestabelecido. Procedia a um julgamento e punia aqueles que desobedeciam as normas. As sociedades humanas evoluíram em todos os aspectos chegando aos tempos atuais como nações. A vida em comum se faz também dentro de regras e normas elaboradas. O chefe do clã passou a ser um presidente cujas tarefas não tem mais a responsabilidade pelo julgamento e punição dos cidadãos desobedientes as regras. Deus, como o primeiro mandatário, ou como Creador da nação Universo é o que julga a creação? Há necessidade Dele fazer isso? Ou as próprias leis dentro de um processo já se incumbem de  reordenar e reharmonizar todo o sistema?

1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA
Esta aula tem por objetivo trabalhar o conceito de lei, bem como sua classificação e seu entendimento. Trataremos de um conceito mais amplo que os tratados pelos dicionários. Estudaremos não só as leis determinísticas presentes no campo da matéria como as leis que atuam no campo metafísico. Com isto nossa visão de lei se amplia para além das fronteiras da Ciência Acadêmica e também no âmbito das que regem o bom andamento da sociedade, conhecidas por leis jurídicas.

2ª PARTE:  INTRODUÇÃO – ONDE ESTÃO GRAVADAS AS LEIS – O CAOS
As ciências naturais demonstram a existência e a ação de leis que governam os fenômenos. Graças a elas o homem pode prever com muita exatidão o que poderá acontecer e até calcular a intensidade dos fenômenos futuros. Essas leis ordenam e organizam a Natureza e o Universo. Devido a isso o acaso e o caos se tornam inconciliáveis com a ordem e a harmonia. O acaso é a falta de direção. Essas leis simplesmente existem e se manifestam. Como a ideia de lei é inseparável da ideia de inteligência, podemos inferir que elas são a revelação da Inteligência Suprema, do Creador. A ordem e a harmonia não se revelam somente no movimento dos astros ou dos objetos nas redondezas da Terra, mas também na evolução, no crescimento e desenvolvimento da vida e do conhecimento no ser humano.

 O ciclo da existência dos seres também expressa ordem e harmonia: nascer, crescer, reproduzir, madurar e morrer. Essas leis são naturais, universais, eternas e imutáveis. Já as leis humanas são efêmeras e mutáveis. Como a verdade do homem é uma verdade relativa que se transforma e se direciona para a Verdade Absoluta, o mesmo ocorre com as leis. As leis humanas caminham em direção as leis universais e divinas.

3ª PARTE:  CONCEITO E OBJETIVO DAS LEIS
Entendemos por lei toda ação impositiva, determinística que existe em si, independente da vontade do Homem. Independente da existência dele, ela existe. Portanto, as leis existem e existiram anteriormente ao aparecimento do homem na face da Terra. O dicionário conceitua lei como sendo “uma regra dotada de necessidade sendo esta, impossível ou improvável que a coisa aconteça de outra forma. Uma força que garante a realização da regra”.

Segundo ele existem dois tipos de leis:
- as leis naturais e as
- leis jurídicas.

O dicionário não objetiva a Metafísica que evidencia as leis chamadas divinas. Sob este aspecto as leis têm um caráter mais amplo que a enfocada pela Academia.

A Metafísica engloba as leis da matéria (leis que regem os fenômenos naturais) e as leis morais (leis que regem o comportamento humano).

Entendido fica que as leis morais aqui referidas são as regras do bem proceder, buscando a harmonia e o bem estar do ser Portanto, a lei, tanto a humana, jurídica, como a natural, tem por objetivo disciplinar a convivência humana e harmonizar a natureza e o cosmos.

4ª PARTE:  CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS
Podemos classificar as leis conforme segue:
- Leis Naturais – são as leis que regem a Natureza terrena.
- Leis Universais – são as leis de caráter mais abrangentes que envolvem o cosmos como um
todo.
- Leis Humanas – são as leis criadas pelo homem, orais (transmitidas pelo hábito, costumes e tradição) e as escritas (as legislações dos países) que visam disciplinar a convivência humana.
- Leis Morais – são as leis do bem proceder que garantem o bem estar do homem.
- Leis Divinas – são as leis de caráter espiritual que garantem o estado de felicidade completa do homem.


5ª PARTE:  LEIS NATURAIS (FÍSICAS – QUÍMICAS – BIOLÓGICAS) E UNIVERSAIS
As Ciências Acadêmicas pesquisam as leis que relacionam os fenômenos perceptíveis ou não com suas causas. Procuram as condições que devem estar presentes para que o fenômeno ocorra. Buscam como a lei se manifesta. Procuram um modelo matemático que represente o fenômeno em questão. A repetibilidade dos fenômenos dentro das condições previamente determinadas seguindo o modelo matemático coloca o homem na condição de previsão da ocorrência futura. De certa forma uma manipulação do futuro tendo em vista a confiança na aplicação da lei natural envolvida.

As leis universais são aquelas que prevalecem em todo o universo, ou seja, apresentam um caráter mais amplo não envolvendo as especificidades terrenas. São exemplos de leis com modelos matemáticos:
1-) a lei da queda livre     h=gt2/2
2-) a Segunda lei de Newton      F = m.a
3-) a lei da gravitação universal      F = G ( m1 . m2 )/d2


6ª PARTE:  A LEI DA AÇÃO E REAÇÃO
Esta lei se faz presente no mundo da matéria e é conhecida como a 3ª lei de Newton:

 “A toda ação corresponde uma reação de igual intensidade, mesma direção e sentido oposto.“

 Na esfera psíquica ou no mundo espiritual esta lei também se encontra presente e seu enunciado pode ser descrito na seguinte forma:
1-) Somos hoje o que plantamos ontem e seremos amanhã o que plantarmos hoje.
2-) Tudo aquilo que se planta, se colhe.
3-) Todo ódio lançado será recebido de volta. No plano psíquico a lei é qualitativa e não quantitativa, como também é atemporal, ou seja, não sujeita ao tempo No mundo da matéria, entretanto tudo é objetivo, quantitativo e temporal. Apesar destas características típicas de cada mundo, vemos uma lei aplicável simultaneamente nos dois mundos, o material e o espiritual.


7ª PARTE:  LEIS HUMANAS – AS LEIS JURÍDICAS – AS CONSTITUIÇÕES
A vida em sociedade força os agrupamentos estabelecerem regras para o seu bom funcionamento. De início elas são pequenas regras de convivência mas a medida que o agrupamento cresce em numero faz com que as regras se expandam também tornando-as cada vez mais complexas. No inicio as leis eram orais, e formavam hábitos, costumes e tradições. A medida que o grupo crescia era preciso escrevê-las e para que se cumprissem necessitavam os fiscalizadores e os interpretadores dessas leis.

E assim a vida em sociedade foi se complicando, tornando cada vez mais complexas, e necessitando de dispositivos adequados a nova situação.

Como exemplo de leis humanas, podemos citar as de nossa Constituição:
1-) Todos os homens são livres e iguais perante a lei
2-) Todos os homens tem direito a instrução fundamental


8ª PARTE:  AS LEIS MORAIS
Assim como existem leis que regem o mundo da matéria existem também as leis que regem o mundo psíquico, o mundo comportamental.

São as leis morais. Elas garantem o bom proceder. Não são escritas, mas com forte cunho de harmonia. Estas leis, na atual sociedade são de ordem cultural e normalmente de difusão e ensino pelas instituições religiosas. Eis a fundamental importância das religiões no contexto social.


9ª PARTE:  AS LEIS DIVINAS
Denominamos leis divinas ou leis de Deus todas aquelas que os seres humanos procuram seguir para uma plena realização dos gozos futuros. Tem carácter metafísico, pois tratam de uma vida espiritual e pós-morte. Para muitos, principalmente os materialistas, elas são parte do imaginário humano.

Portanto, não existem.
L.E.“621 – Onde está escrita a lei de Deus? - Na consciência.”
L.E.“626 – As leis divinas e naturais não foram reveladas aos homens senão por Jesus? - Não dissemos que elas estão escritas por toda a parte? Todos os homens que meditaram sobre a sabedoria puderam compreendê-las e as ensinaram................As leis estando escritas no Livro da Natureza, o homem pôde conhecê-las quando quis procurá-las”.
L.E.“647 – Toda lei de Deus está contida na máxima de amor ao próximo ensinada por Jesus? - Certamente essa máxima encerra todos os deveres dos homens entre si, mas é preciso mostrar-lhes a sua aplicação, de outra forma eles podem negligenciá-la, como fazem hoje. Alias, a lei natural compreende todas as circunstancias da vida e essa máxima não é dela senão uma parte. Os homens necessitam de regras precisas, pois os preceitos gerais são muito vagos e deixam muitas portas abertas a interpretação.”

A divisão da lei divina em partes como consta no Livro dos Espíritos (lei da adoração, lei do trabalho, lei da reprodução, lei da conservação, lei da destruição, lei de sociedade, lei do progresso, lei da igualdade, lei de liberdade, lei de justiça amor e caridade) é a de Moisés e pode abranger todas as circunstancias da vida. Essa divisão, porém, não tem nada de absoluto, tendo mais caráter didático e outras podem ser as suas divisões.


10ª PARTE: CONTRARIANDO AS LEIS – PUNIÇÕES – PECADO
As Leis Jurídicas são coercitivas e nos obrigam seu seguimento sob pena de após um julgamento, ter imediata punição de caráter punitivo educativo. Elas visam disciplinar a vida em comunidade. Estas leis são objetivas, de origem humana, criadas por representantes da sociedade. Esses cidadãos podem, porém, defender interesses de grupos ou parcelas da sociedade. Sendo de origem humana, elas estão sujeitas a todas as mazelas ainda existentes dentro do homem como, egoísmo, vaidade, orgulho.

Enfim todas as imperfeições que caracterizam a sociedade no atual estágio de desenvolvimento. As leis naturais quando contrariadas podem resultar em acidentes de menor ou maior consequência ao agente. As leis divinas quando contrariadas podem não apresentar consequências imediatas. Estas consequências não estão vinculadas ao tempo, mas são implacáveis quanto a sua aplicação. São de caráter subjetivo e para muitos elas nem se quer serão punidas ou apresentam consequências a sua transgressão. Nós, espíritas, entretanto, entendemos que elas apresentam mais cedo ou mais tarde a regeneração da transgressão. No cotidiano, observamos claramente a atuação dessas leis. A regeneração se encontra dentro da lei da causa e efeito e tem caráter educativo ao agente e caráter regenerador a vítima da transgressão.
Pecado é o vocábulo que as religiões utilizam para os procedimentos que desobedecem à lei. A lei é geralmente entendida como sendo a lei mosaica, as leis bíblicas e os dogmas de fé das religiões. A punição do pecado, ou seja, da desobediência da lei tem formas extremas: a morte, o eterno fogo do Inferno e o afastamento da convivência divina.


11ª PARTE:  CONCLUSÃO
O entendimento do conceito de lei nos remete a uma melhor compreensão das verdades divinas e como elas atuam em nosso cotidiano natural e comportamental. Por um lado nos proporcionando um entendimento maior sobre os fatos trazendo maior tranquilidade nas soluções dos problemas cotidianos. O conhecimento dessas leis nos proporciona um esclarecimento maior na conexão entre os efeitos visíveis de um fenômeno ou acontecimento e a respectiva causa.
Alan Krambeck


15ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula: Livro 2 – Cap.8 – A CIÊNCIA – O MÉTODO CIENTÍFICO – A CIÊNCIA ESPÍRITA
Leitura:
CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí – Edit Atica. FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – M Lucia A Aranha – Edit Moderna

Sintonia Espiritual - REFLEXÃO.... por Wagner Borges

Apesar de estar no mundo físico, nenhum homem deixou de ser espírito imortal. E cada um é o que é! E manifesta no mundo o que pensa e o que sente...

E é justo que isso determine o nível de suas energias. Pois, tudo no universo é questão de sintonia - e a energia segue o que cada um pensa e sente..

Portanto, mesmo revestido de corpo físico, o homem continua sendo espírito - e suas energias revelam suas intensões e caráter real.

A Terra é o seu campo de provas, e o corpo denso é o seu uniforme de trabalho. No entanto, ele ainda é o espírito imperecível - que entra e sai dos corpos transitórios ao longo de sua ascese evolutiva.

E é por seu caráter e atitude que revela o que carrega dentro de si mesmo. Claridade ou trevas; violência ou mansidão; esforço ou inércia, tudo é questão de sintonia espiritual.

E as ações de cada um revelam o caráter que anima suas escolhas de vida. E suas companhias também...

E que é da Luz, sabe da responsabilidade de sua sintonia. Por isso, opera de acordo.

Que é da Luz, escuta o próprio coração e toma posse da herança espiritual da qual é portador. E age por essa base. Quem é da Luz, jamais renega as coisas da Luz. E sua sintonia é a da consecução dos bons propósitos. Quem é da Luz resiste às ilusões e percalços do caminho, e se escora na prece, na meditação pacificadora e no Coração do Todo... Pois sabe que a Força que o move, em Espírito e Verdade, nunca foi do mundo e nem é por causa de alguém fora de si mesmo.

Reconhece que sua Força vem da Luz, sua Fiadora real.

Quem é da Luz, não acalenta ódio contra nada e jamais se permite se veículo de climas trevosos, em hipótese alguma. Por isso, labora nessa base e sente-se centelha viva de um Grande Amor. Sente-se iniciado espiritual também... Esse é o papel dos iniciados espirituais; exortar os homens para que tomem posse da herança espiritual que carregam em seus corações.

E, obrando assim, fazem cumprir os desideratos superiores do Alto. Pois, sendo da Luz, o que poderiam fazer além de honrá-la com atitudes pertinentes e compatíveis com os valores que abraçaram? Essa é a alegria dos iniciados espirituais; a Luz! E o seu Primeiro Amor é o Todo. E quem obra assim, é rico de consciência.

E, sempre diz Paz e Luz!

Wagner Borger

AUTORIDADE

Na Terra, damos valor aos cargos, as posições, sem considerar as responsabilidades.

A autoridade é de muita responsabilidade.

"A autoridade, da mesma maneira que a fortuna, é uma delegação, de que pedirão contas a quem dela foi investido...

O depósito da autoridade, de qualquer extensão que esta seja, desde a do senhor sobre o escravo, até a do soberano sobre seu povo, não deve esquivar-se à responsabilidade de um encarregado de almas, pois responderá pela boa ou má orientações que der aos seus subordinados, e as faltas que esses puderem cometer, os vícios a que forem arrastados em consequência dessa orientação ou dos maus exemplos recebidos, recairão sobre eles..."

Assim é importante que o homem na Terra, em qualquer posição que ocupe, mesmo que seja um dirigente de trabalho espiritual num centro espírita, lembre-se de que lhe cabe conduzir almas, encaminhá-la para Deus.

Isto vale até para os pais.

E nós, Espíritos ainda em aprendizado do amor, como conduziremos outras almas se não for com a  ajuda daquele que se fez o supremo amor aos nossos olhos - Jesus?

Como conduzir almas para Deus, para o encontro de si mesmas, se nós ainda caminhamos para esse encontro?

Sem Jesus, estudo, prece e vontade, humildade de saber onde e quando devemos recorrer ao Cristo, responsabilidade com  as palavras e os exemplos, não é possível lograr realizar a tarefa.

Vale também para a autoridade do tutor para com o animal, em qualquer situação em que se encontre, porque o animal também é uma alma a nós confiada no aprendizado do amor.

"Em todos os setores da criação, Deus, nosso Pai, colocou os superiores e os inferiores para o trabalho da evolução, através da colaboração e do amor, da administração e da obediência."
 André Luiz - Missionário da Luz cap 4

"Não olvideis jamais que o Espírito, qualquer que seja o grau de adiantamento, sua situação como reencarnado ou na erraticidade, está sempre colocado entre um superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior perante o qual tem deveres iguais a cumprir... Sede afáveis e benevolentes para todos os que vos são inferiores; sede-o mesmo para com os mais ínfimos seres de Criação, e tereis obedecido à lei de Deus." - São Vicente de Paulo
L.E. questão 888a
Extraído do Livro O Evangelhos dos Animais pag 199 - Sandra Denise/ Equipe Espiritual da Asseama

HUMILDADE

"Que eu diminua para que o Cristo surja em esplendor"
                                                          Francisco de Assis.

Que eu tudo faça para que a obra do Cristo se realize.

Que eu cumpra minhas tarefas como cristão, para que a luz do Evangelho possa surtir efeito no mundo.

Que eu aprenda a cumprir a vontade de Deus, sem questionar, por reconhece-lo muito mais sábio do que eu.

Que eu aprenda a viver tudo que me cabe, utilizando os talentos que já desenvolvi em favor de todos, não de mim e de minha vontade de aparecer.

Que eu aprenda a amar.

Que eu aprenda a ser caridoso, mas segundo a vontade do Pai, onde Ele tiver me colocado.
Assim, quanto mais responsável, estudioso e dedicado eu for, mais o eu crístico que há entro de mim virá também à tona.

E que reconheça, em meu atual estágio, tudo que já conquistei, mas também tudo que me falta conquistar.

O verdadeiro humilde se coloca a serviço do Cristo em favor de todos e, aprendendo a servir a Jesus, seve a si mesmo.

Seja humilde.

E estude, reconhecendo o quanto lhe resta aprender.

Seja humilde e reconheça imediatamente o quanto ainda precisa corrigir para com os animais.

Seja humilde e faça a vontade de Deus, não a do seu orgulho que teima em não admitir o erro.

Estude, aprenda, trabalhe e, esquecendo-se de si mesmo, lembre-se daqueles que lhe são inferiores evolutivamente, os animais, trabalhando com coragem para esclarecer outros, porque são chegados os tempos da correção da injustiças.



Extraído do livro O Evangelho dos Animais - Sandra Denise Calado/ Equipe Espiritual do Asseama pag 198/199/201

sábado, 5 de março de 2016

O autismo sob o discurso kardeciano



Há uma teoria para explicar a suposta genética da inteligência. Será que o Autismo (1) é o preço da inteligência, consoante afirma o descobridor da estrutura do DNA James Watson? "Os genes que predisporiam algumas pessoas a habilidades intelectuais elevadas seriam os mesmos que disparam doenças como Autismo, Esquizofrenia e, até, [pasmem!] ‘burrice’". (2) É essa, também, a hipótese de um grupo de pesquisadores da Universidade do Colorado.

Watson começou a desenvolver sua hipótese, depois de ter sido o primeiro ser humano a ter o genoma sequenciado. Descobriu que tinha mutações em três genes ligados ao reparo do DNA. "Pessoas com essas mutações tendem a ter filhos especiais" (3) - teoriza Watson - que tem um filho que sofre de uma deficiência cognitiva similar ao autismo, fato esse que não costuma abordar em público, mas que, certamente, teria influenciado suas opiniões sobre o tema.

Ele afirmou, certa vez, que a "burrice" é genética e que seria, moralmente, necessário modificar genes humanos para eliminá-la. James já defendeu, no passado, além das terapias genéticas convencionais (injeção de genes "corrigidos" em pacientes com doenças metabólicas), a modificação de genes na linhagem germinativa de células humanas (gametas, como óvulos e espermatozoides). Isso faria com que a alteração fosse herdada pelos descendentes da pessoa. Provavelmente, um pouco menos especulativa é a ligação, entre cognição e doenças mentais, feita pelo grupo liderada por James Sikela, da Universidade do Colorado.

O grupo descobriu uma correlação entre o alto número de cópias de um gene, numa certa região do DNA humano, e o desenvolvimento do cérebro. Essa região, dizem outros estudos mais heterodoxos, estaria, também, implicada com Autismo e Esquizofrenia. O perigo das afirmações científicas, muitas vezes, significa o materialismo, qual véu posto entre a realidade e os olhos dos cientistas. "O Autismo continua sendo um desafio, um enigma, uma esfinge." (4) Todos os geneticistas e biotecnólogos, que se apoiam no determinismo genético, (5) não cedem espaço para a existência do Espírito, e, muito menos, para a reencarnação. Sabe-se que são mais de 3 bilhões as combinações genéticas possíveis no ser humano.

Normalmente, nenhum cientista materialista pensa em existência de vida na dimensão do além-túmulo, e, muito menos, nas leis de Causa e Efeito. Contudo, sabem que há dificuldades nos dois aspectos, tanto no genótipo (genes que acarretariam uma característica), quanto no fenótipo (características, de fato, manifestadas no indivíduo). O pesquisador Stephen Jay Gould, já desencarnado, também tinha um filho autista [Josh, um exímio calculista de calendários, capaz de dizer, em segundos, em que dia da semana cai uma data qualquer]. Paradoxalmente, Gould se tornou um estoico adversário do determinismo genético - "o que não deixa de ser uma indicação de que parece haver muito mais determinações entre genes e cultura do que pode supor a biotecnologia". (6)

"Em verdade, o esquema 'um gene/uma doença' não é aplicável, nem mesmo a males com mecanismos mais imediatamente bioquímicos, como o câncer." (7) Menos ainda podem ser usados para entender e/ou controlar manifestações complexas como "inteligência" ou "burrice". A rigor, não há um tratamento para o portador de psicose desintegrativa ou hipotonia profunda. O autista é como um corpo sem ninguém dentro, porém, recordemos que o espírito imortal está em sua plena consciência e percebe o que ocorre à sua volta, ainda que "encapsulado" em si mesmo. Para os espíritas, a causa pode ser "um sentimento de culpa não resolvido, suscitado por um desvio de comportamento, ocorrido em vidas anteriores”. Mas o Autismo não é um castigo, mas um instrumento de aprendizado, de "ajuste da consciência ética fustigada pelo arrependimento ou remorso e desejosa de se pacificar". (8)

A doença é um transtorno invasivo do desenvolvimento, que se manifesta, normalmente, antes dos 3 anos de idade. Caracteriza-se por um desenvolvimento anormal e por mostrar alterações em três áreas: interação social, comunicação e comportamento. Na maioria das ocorrências, a causa é desconhecida. Noutros casos, fica a se dever a problemas médicos como as infecções intrauterinas, das quais, as mais habituais são a rubéola, doenças congênitas como a síndrome do X Frágil, também conhecida como síndrome de Martin & Bell que, "por sua incidência, considera-se-lhe a primeira causa de deficiência mental hereditária" (9), e a síndrome Fetal Alcoólica, provocada pela gestante, que ingere bebidas alcoólicas durante a gravidez.

Na maioria das vezes, as causas são desconhecidas, sendo, desse modo, um verdadeiro mistério para Ciência. Em termos médicos, pode dizer-se que não há um psicofármaco específico para se tratar o autismo. Os medicamentos que se usam são administrados, apenas, para controlar as agitações psicomotoras e as hétero e autoagressões produzidas pelos autistas.

É uma patologia de etiologia muito complexa, que requer, não somente, uma abordagem multidisciplinar que envolve educadores, psicólogos e terapeutas ocupacionais, mas, sobretudo, exige uma análise sob a Luz da Doutrina Espírita. Nesse estado mental patológico, que leva a pessoa a se fechar em seu próprio mundo, alheando-se, em grande medida, do mundo exterior, há débitos passados muito graves, acompanhados, normalmente, pela consequente obsessão espiritual, pelo que o tratamento indicado pode ser o da desobsessão, da aplicação de passes e da utilização de água fluidificada.

Há casos de autistas que conseguiram a cura completa, embora muito raros. No entanto, na literatura médica, há casos de pacientes que conseguiram certa autonomia e uma melhoria surpreendente, insólitos, incomuns. Existem pessoas que estão dentro do chamado Autismo clássico, outras apresentam algumas das características autistas, aliadas a uma inteligência fora do comum, geralmente voltada a um assunto específico, sendo que essas pessoas têm extrema dificuldade de relacionamento interpessoal, grande rigidez nas rotinas do dia a dia, e aparente desprezo pelos sentimentos dos outros. Mas, ao menos, conseguem viver em sociedade... mesmo sendo chamados de difíceis, geniosos, ou termos menos elegantes. Sabemos que há vida antes da vida, vida após a vida e vida entre as vidas.

Quando houver maior integração da ciência, entendendo o ser humano de forma mais completa, com corpo, cérebro e espírito, creio que compreenderemos mais acerca das muitas psicopatologias desafiadoras. Nas obras da lítero-médico-espírita, vamos encontrar inúmeros esclarecimentos sobre as suas causas e sobre o processo de formação dos sintomas, e que vêm lançar uma nova luz sobre estes mesmos sintomas, dado que, nas instruções kardecianas, cada pessoa é vista sob a óptica da reencarnação. "Mesmo quando os imperativos genéticos produzem situações orgânicas ou psíquicas constrangedoras no indivíduo, tais como: gêmeos siameses, Síndrome de Down, autismo, cegos e aleijados, esses se derivam da conduta pessoal anterior em vidas passadas, e devem ser considerados como estímulo ou métodos corretivos, educacionais, a que as Leis da Vida recorrem para o aprimoramento dos seres humanos." (10) Como se observa, do ponto de vista doutrinário, há esses aspectos determinantes da patologia, o autista é um ser que, por algum motivo, não "acordou" no mundo material. Permanece escondido, no patamar da existência carnal e espiritual. Muitas vezes, até, observa-se, nalguns casos, que não há propriamente autismo, mas espectros autísticos, graus e níveis de distúrbios mentais e emocionais. Destarte, o máximo que se poderia afirmar, em termos de consenso, seria dizer que, dentre os sintomas básicos atribuídos à síndrome, cada autista apresenta diferentes ênfases sobre esta ou aquela característica intrínseca. Até porque, "murado dentro de si mesmo, o autista vive em um mundo de isolamento”.

Os cientistas que buscam implodir essa barreira trabalham baseados em hipóteses diversas e conflitantes, utilizando uma gama imensa de abordagens e terapias. (11)

Podemos reafirmar, então, que o Autismo é uma corrigenda natural da vida imposta ao Espírito, objetivando a restrição do seu relacionamento com os que o rodeiam. Isso, porém, não impede que o Espírito receba as manifestações de afeto e carinho a ele endereçadas que, certamente, graças a essas impressões vigorosas do amor, contribuirão para minimizar a alienação temporária em que vive, e, quem sabe, acelerar a sua cura.


Referências bibliográficas:
(1) O termo Autismo foi utilizado pela 1ª vez pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, para designar não um quadro clínico, mas um dos sintomas da Esquizofrenia. Em 1911, Bleuler mudou o nome da então chamada "Demência precoce" para "Grupo das Esquizofrenias".

(2) Watson apresentou sua tese durante o 74º Simpósio de Cold Spring Harbor sobre Biologia Quantitativa.

(3) Reportagem publicada na Folha Online em 03/06/2009 - "Autismo é o preço da inteligência, diz descobridor da estrutura do DNA", disponível no site < http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia-old.php?c=178198&e=7> acesso em 18-02-2016.

(4) idem.

(5) Tese de que tudo num organismo é prefixado pelos genes.

(6) Disponível no site< http://enfrentandooautismo.blogspot.com.br/2011_06_19_archive.html >acesso em 19-02-2016.

(7) Disponível no site http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u8580.shtml acesso em 17-02-2016.

(8) Miranda, Hermínio. "Autismo - uma leitura espiritual", São Paulo: Editora Lachâtre, 2003.

(9) Cf. afirma a Federación Española del Síndrome X Frágil, disponível no site http://www.xfragil.org/ acesso em 19-02-2016.

(10) disponível no site www.guia.heu.nom.br/autismo.htm; acesso em 15-02-2016.

(11) Miranda, Hermínio. "Autismo - uma leitura espiritual", São Paulo: Editora Lachâtre, 2003.

http://www.oconsolador.com.br/ano9/455/ca6.html

 

SOBRE O ABORTO

Chico Xavier foi entrevistado pelo programa Pinga Fogo na extinta TV Tupi, em 28 de julho de 1971. O programa foi retransmitido em rede nacional, pouco comum à época. Com previsão para uma hora de duração, se estendeu por mais de três horas. Dentre as várias perguntas sobre diversos temas de acordo com a visão espírita, e orientado pelo seu mentor espiritual Emmanuel, escolhemos uma muito especial para essa edição, visto a desastrosa declaração da ONU sobre a permissão do aborto de fetos microcéfalos em decorrência da febre Zica em países afetados pela epidemia.

Gostaria de saber para onde vão os Espíritos que não chegaram a nascer, como no aborto. E eles serão sofredores ou se libertam de sua missão no mundo transferindo para os que não os desejaram?

“A situação do espírito que passa por um aborto dependerá em muito de suas condições mentais e das conquistas que já conseguiu dos séculos.

Há espíritos que desencarnam em estado de grande revolta. Nesses casos, imbuídos da ideia de vingança, esses espíritos recusam-se a toda espécie de auxílio dos Benfeitores Espirituais para obsidiarem as mães, pais ou profissionais que concorreram para seu desencarne.

Outros, porém, apesar da situação dolorosa por que passaram, retornam às colônias espirituais onde se submetem a tratamentos intensivos e trabalhosos a fim de lograrem novamente o equilíbrio e aguardarem nova oportunidade de reencarne.

Entretanto, não devemos nos esquecer que em cada dia refazemos nossos destinos e por mais que tenhamos cometido faltas, o Evangelho do Cristo se desdobra diante de nós com suas imensas possibilidades de redenção.”


Fonte: Plantão De Respostas. Programa Pinga Fogo da TV Tupi.
http://www.oconsolador.com.br/ano9/455/umminutocomchico.html