A vida spiritual é a vida verdadeira. O mundo dos espíritos é a sua
morada e o local onde desempenham suas principais missões e ocupações. Para se
entender a vida espiritual é necessária uma compreensão maior a respeito de
energia que, no Espiritismo, é conhecida pelo nome de fluido. Os fluidos são energias
sutis que fazem parte da energia que preenche o Universo. Allan Kardec
chamou essa energia geral de Fluido Cósmico Universal. A matéria é uma
condensação desse fluido e, as várias modalidades de energia conhecidas pelo homem,
são estados diferentes do mesmo Fluido Cósmico Universal.
Matéria, energia e fluido são expressões da substância material, que
difere do princípio espiritual pela inteligência presente neste último.
Os fluidos são mais maleáveis ao pensamento do que a matéria presta-se à
realização dos fenômenos espirituais pela sua natureza sem imaterial. O períspirito,
veículo de manifestação do espírito, é constituído de fluidos derivados do
Fluido Cósmico Universal. Suas propriedades são a base para a realização dos
fenômenos mediúnicos. O períspirito é corpo complexo, constituído de estruturas
que se prestam às mais diferentes funções. Na realidade, o que se conhece pelo
nome de períspirito é um conjunto de corpos que se interpenetram e vão sendo
eliminados na medida em que o espírito evolui.
É através da manifestação dos fluidos que os espíritos constroem suas
moradas e se organizam de acordo com sua evolução espiritual. Cidades,
colônias, organizações diversas são construídas pela utilização e manipulação
do Fluido Cósmico Universal. Quanto mais evoluído o espírito, mais capacidade
tem ele de utilizar-se dos diferentes tipos de fluidos. É pelos fluidos e suas
modificações que se estruturam as cidades astrais. A alimentação dos espíritos
desencarnados se dá através de fluidos próprios que vitalizam o corpo
espiritual.
Os espíritos, seres humanos desencarnados, organizam-se de acordo com os
níveis de evolução em que se encontram o que vai ditar seus interesses após a
morte do corpo. De acordo com seus estágios evolutivos buscam reunir-se para
ações comuns. Há organizações com interesses diversos no mundo espiritual:
escolas, hospitais, locais de repouso, de lazer, de preparação à reencarnação,
de desenvolvimento espiritual, etc.
As pessoas que desencarnam doentes, e que, continuam nesse estado, são
abrigadas em instituições onde espíritos, que organizam na tarefa do auxílio ao
próximo, desenvolvem seus trabalhos de socorro e cura. Há outras que
desencarnam em bom estado psíquico e logo se entrosam em grupos afins para
continuarem seu crescimento espiritual. Os espíritos se agrupam por afinidades
e mútuos interesses.
Evidentemente que espíritos mais atrasados também se agrupam, muitas
vezes em situações de sofrimento e dor e noutras com a finalidade de perturbar
pessoas e grupos com quem acreditam ter contas a ajustar. Portanto, há regiões
onde impera a felicidade sem ociosidade como também há regiões de sofrimento e
dor. Neste último caso é comum chamar-se de região umbralina ou simplesmente umbral. Os bons espíritos habitam
regiões superiores onde imperam o amor e a verdade; os maus espíritos, estado
transitório, habitam locais mais próximos da convivência com os encarnados,
onde imperam a desordem e a indiferença. Os bons se unem aos bons; os
intelectuais aos intelectuais; os ociosos aos ociosos; semelhante atrai
semelhante.
Os espíritos que fazem parte de uma mesma família espiritual têm
oportunidade de se reunirem para traçar novos planos de reencontro numa nova encarnação.
Os verdadeiros laços de família se fortalecem após a morte.
Alguns podem retornar ainda desencarnados, e ajudar aqueles que ficaram.
Outros não adquirem maturidade suficiente para tal e podem vir a atrapalhar
seus sentes queridos. Em geral, os espíritos se buscam pelas afinidades e
realizam suas tarefas de acordo com suas motivações.
Os espíritos desencarnados continuam seu processo evolutivo independente
da vida na Terra. No mundo espiritual há tantas oportunidades quanto na carne
para o desenvolvimento integral. Muitas vezes, os mesmos espíritos que se
dedicaram à tarefa de educar quando encarnados continuam seus investimentos
após a morte do corpo.
As cidades astrais proliferam em redor da Terra numa multiplicidade
muito grande, de acordo com os interesses de grupos de espíritos afins.
Tanto quanto encarnados, os espíritos trabalham e organizam-se
politicamente, buscando a melhor forma de convivência face aos desafios da vida
eterna, muito mais complexos do que os da etapa em que se acredita mortal. Na
vida espiritual há trabalho, alimentação, lazer, aprendizagem. A vida
espiritual, pela consciência da eternidade e da lei do retorno a novas encarnações,
promove modificações profundas na forma de pensar e de agir do ser desencarnado.
Suas perspectivas modificam-se tendo em vista a necessidade de rever
comportamentos e planejar novas encarnações.
As cidades espirituais se espalham pela vizinhança em torno de Terra,
dispondo-se em regiões próximas às populações dos encarnados, com as quais
mantêm ligações físicas e psíquicas. Elas, geralmente, são fundadas à mesma
época em que surgem as cidades dos encarnados.
O desenvolvimento das cidades espiritual erigidas por espíritos mais
adiantados, mais evoluídos moral e intelectualmente, impulsiona a evolução da
Terra, tendo em vista a reencarnação de seus habitantes com o fito de fazer
evoluir a sociedade dos encarnados. Espíritos cada vez mais adiantados
reencarnam, de tempos em tempos, trazendo seus conhecimentos e suas
experiências adquiridas junto a grupos de espíritos mais evoluídos, preocupados
com o crescimento espiritual na Terra.
O desenvolvimento espiritual e o progresso tecnológico na Terra são
fruto e reflexo do desenvolvimento das cidades espirituais. As cidades terrenas
são cópias materiais das cidades espirituais a que estão ligadas. Há espíritos
mais adiantados, missionários a serviço dos condutores do progresso de
desenvolvimento espiritual da Terra, que reencarnam trazendo novas ideias fomentando
o progresso, a paz e a harmonia nas populações. À vezes, surgem em comunidades
atrasadas, superando as dificuldades de seu meio, fazendo revoluções que
propiciam o crescimento social e espiritual da humanidade.
Os espíritos, quando desencarnados, têm uma vida social/espiritual de
acordo com seus níveis de evolução. Reencarnam sempre em busca de novo
aprendizado.
Extraído do livro Conhecendo o Espiritismo de Adenáuer Novaes - cap. 9.