A psicoterapia aplicada pelo Cristo era sua própria
personalidade. Impunha-se pelo exemplo e pela autoridade moral. Não trouxe um
método ou uma técnica padronizada de busca ou de cura, como se lidasse com
máquinas. A cada um de acordo com suas necessidades evolutivas. Agia com
firmeza quando o momento exigisse, com brandura quando a situação comportasse e
com silencia quando o assunto não merecesse palavras.
Sua personalidade superior exalava amor e equilíbrio. Sua
presença derramava fluídos curadores no ambiente. Quem com ele manteve contato
nunca mais foi o mesmo. Ele curava e provocava reflexões íntimas naturalmente.
Estar em sua presença significava ter que refletir sobre si mesmo. Ele tocava a
alma.
Ele não deve ser tomado como um psicólogo comum. Sua técnica
não está mencionada nos livros das academias, principalmente pela inexistência
de um padrão no atendimento às pessoas que o procuravam. A um questionamento,
devolvia com outro, o que obrigada o interlocutor a perceber seu próprio
processo.
Não julgava nem criticava, mas levava o outro a perceber-se
e a enxergar-se, não apenas no comportamento social, mas, principalmente, na
sua consciência. Infalível técnica de colocar-se diante do outro como um espelho
neutro, que deve refletir aquilo que lhe é mostrado. E havia alguma, essa era a
técnica.
Sua mensagem, portanto, além de levar-nos a uma conduta
social harmônica, convida-nos inadiavelmente a iniciarmos uma autoanálise e uma
autocrítica. Mais do que viver bem em sociedade, ela nos conduz a viver em paz
com nossa própria consciência, examinando-a constantemente.
A psicologia adotada pelo Cristo é sempre atual, pois
penetra as raízes do Espírito. Não é uma psicologia fisiológica ou mentalista,
mas baseada na subjetividade da psique humana. Uma subjetividade não inferida,
mas auto percebida e auto sentida. Qualquer entendimento que tenhamos da
psicologia isto é, qualquer escola que se adote, a interpretação da mensagem
poderá ser feita sem prejuízo de sua essência. É uma psicologia profunda e
transformadora. Leva-nos à compreensão da necessidade de mudança e renovação.
Quem entra em contato real com sua mensagem exige-se transformação. Obriga-se a
uma revisão de valores internos. Aqueles comportamentos que antes de davam por
imposições sociais, passam a ocorrer por um sentido íntimo de consciência
superior da Vida.
O cristão não muda por ser cristão, mas por compreender um
sentido e um objetivo de Vida. A partir dessa percepção, dizer-se cristão, isto
é, rotular-se é secundário, não essencial e dispensável.
É uma psicologia para o corpo e para o Espírito. Compreender
a vida consciente e a inconsciente. Ela não exige o corpo perfeito nem o corpo
sadia, mas o corpo respeitado e bem cuidado. Respeitado nos seus limites e nas
suas deficiências. Bem cuidado pela busca constante em coloca-lo o mais apto
possível ao bom desempenho nas experiências que a vida exige. Para o Espírito,
por dirigir-se diretamente a ele, a quem cabe o cuidado com o corpo, seu
instrumento de percepção do mundo consciente.
Extraído do livro Psicologia do Evangelho – Adenáuer Novaes
– cap. – “Jesus, psicólogo da alma”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por sua mensagem. Será publicada após aprovação.