sábado, 30 de março de 2019

A PSICOTERAPIA DO CRISTO


A psicoterapia aplicada pelo Cristo era sua própria personalidade. Impunha-se pelo exemplo e pela autoridade moral. Não trouxe um método ou uma técnica padronizada de busca ou de cura, como se lidasse com máquinas. A cada um de acordo com suas necessidades evolutivas. Agia com firmeza quando o momento exigisse, com brandura quando a situação comportasse e com silencia quando o assunto não merecesse palavras.

Sua personalidade superior exalava amor e equilíbrio. Sua presença derramava fluídos curadores no ambiente. Quem com ele manteve contato nunca mais foi o mesmo. Ele curava e provocava reflexões íntimas naturalmente. Estar em sua presença significava ter que refletir sobre si mesmo. Ele tocava a alma.

Ele não deve ser tomado como um psicólogo comum. Sua técnica não está mencionada nos livros das academias, principalmente pela inexistência de um padrão no atendimento às pessoas que o procuravam. A um questionamento, devolvia com outro, o que obrigada o interlocutor a perceber seu próprio processo.

Não julgava nem criticava, mas levava o outro a perceber-se e a enxergar-se, não apenas no comportamento social, mas, principalmente, na sua consciência. Infalível técnica de colocar-se diante do outro como um espelho neutro, que deve refletir aquilo que lhe é mostrado. E havia alguma, essa era a técnica.

Sua mensagem, portanto, além de levar-nos a uma conduta social harmônica, convida-nos inadiavelmente a iniciarmos uma autoanálise e uma autocrítica. Mais do que viver bem em sociedade, ela nos conduz a viver em paz com nossa própria consciência, examinando-a constantemente.

A psicologia adotada pelo Cristo é sempre atual, pois penetra as raízes do Espírito. Não é uma psicologia fisiológica ou mentalista, mas baseada na subjetividade da psique humana. Uma subjetividade não inferida, mas auto percebida e auto sentida. Qualquer entendimento que tenhamos da psicologia isto é, qualquer escola que se adote, a interpretação da mensagem poderá ser feita sem prejuízo de sua essência. É uma psicologia profunda e transformadora. Leva-nos à compreensão da necessidade de mudança e renovação. Quem entra em contato real com sua mensagem exige-se transformação. Obriga-se a uma revisão de valores internos. Aqueles comportamentos que antes de davam por imposições sociais, passam a ocorrer por um sentido íntimo de consciência superior da Vida.

O cristão não muda por ser cristão, mas por compreender um sentido e um objetivo de Vida. A partir dessa percepção, dizer-se cristão, isto é, rotular-se é secundário, não essencial e dispensável.

É uma psicologia para o corpo e para o Espírito. Compreender a vida consciente e a inconsciente. Ela não exige o corpo perfeito nem o corpo sadia, mas o corpo respeitado e bem cuidado. Respeitado nos seus limites e nas suas deficiências. Bem cuidado pela busca constante em coloca-lo o mais apto possível ao bom desempenho nas experiências que a vida exige. Para o Espírito, por dirigir-se diretamente a ele, a quem cabe o cuidado com o corpo, seu instrumento de percepção do mundo consciente.

Extraído do livro Psicologia do Evangelho – Adenáuer Novaes – cap. – “Jesus, psicólogo da alma”.

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