O AMOR ESPIRITUAL – A LEI DO AMOR – A CARIDADE
Bibliografia
DICIONÁRIO DE FILOSOFIA – Nicola Abbagnano – Edit Martins Fontes
RENOVANDO ATITUDES – Francisco do Espírito Santo Neto – Edit Boa Nova
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - Allan Kardec – Ed.
FEESP SER PARA CONHECER....CONHECER PARA SER - Astrid Sayegh – Ed FEESP
AMOR IMBATÍVEL AMOR – Joana de Angelis
REFLEXÃO
O AMOR É LIBERTAÇÃO OU PRISÃO? Sartre demonstra nas suas especulações filosóficas que o amor leva ao conflito e a frustração. Já Jesus por outro lado afirma que o amor liberta Seria o amor-possessão o amor prisão? E por outro lado, seria o amor-entrega o amor libertação? Novamente a objetividade e a subjetividade se enfrentando. A objetividade pelo mundo da matéria e a subjetividade pelo mundo espiritual?
1ª Parte: OBJETIVO DESTA AULA
“Amar a Deus e ao próximo” – Jesus
“Amai-vos e instrui-vos” – Kardec
“Instrui-vos para entender o amai-vos” – Curso Filosofia Espírita
Esta aula tem por finalidade dar um dos maiores passos naquilo que se propõe o objetivo do curso de Filosofia Espírita. Qual seja, acompanhar no decorrer da História da Filosofia e mesmo da Religião os momentos onde o assunto teve a sua maior discussão e contemplação. A Filosofia Espírita deve ser entendida como a investigação e a compreensão do mundo espiritual. Em particular, o significado mais profundo do que vem a ser o Amor.
2ª Parte: OS MUITOS SIGNIFICADOS DE AMOR
Os significados que o termo Amor adquire na linguagem comum são inúmeros, díspares e até contrastantes. Vamos nesta introdução, sintetizar os seus empregos mais comuns:
1º ) a mais usada é aquela com sentido de relação intersexual, ou seja, o “fazer amor”.
2º ) a palavra amor pode significar uma vasta gama de relações interpessoais, assim amor filial, amor maternal, amor paterno, amor entre amigos no sentido de amizade, amor matrimonial.
3º ) o amor por coisas e animais - ao dinheiro, às obras de arte, aos animais e objetos de estimação, aos livros.
4º ) amor aos objetos ideais – à justiça, ao bem, ao belo, à glória, a dignidade.
5º ) amor as atividades ou formas de vida – ao trabalho, a profissão, ao jogo, ao luxo, ao divertimento, aos hobbies.
6º ) amor aos entes coletivos – à pátria, ao partido, ao bairro, à cidade, ao estado.
7º ) amor ao próximo e amor a Deus Nesta exposição fica claro o vasto emprego da palavra amor, mas no fundo traduz, junção, coesão, aproximação. Contrariamente, o termo ódio significando afastamento, separação, discórdia.
3ª Parte: O AMOR NA FILOSOFIA ANTIGA
Os gregos viram no amor, sobretudo uma força unificadora e harmonizadora que entenderam ser baseada no amor sexual, na concórdia política e na amizade. Hesíodo e Parmênides foram os primeiros a sugerir que o Amor é uma força que move as coisas, que une e que as mantém juntas.
Platão nos deu o primeiro tratado filosófico do Amor. Podemos ler em Banquete e em Fédon através dos diálogos lá descritos. Em resumo, ele nos diz que o Amor é falta, insuficiência e necessidade. Ao mesmo tempo é desejo de conquista e de obter e conservar o que não se possui. O Amor se dirige para a Beleza que outra coisa não é senão a aparência do Bem. O Amor é o desejo de vencer a Morte demonstrado pelo instinto de gerar. Finalmente, o Amor apresenta tantas variantes desde o amor sensível até o amor pela sabedoria (Filosofia). O amor platônico seria o amor ideal, o amor perfeito do Mundo das Ideias. Aristóteles se detém na consideração positiva e concreta do amor. Como sempre, ao contrário de Platão, que se dirige ao Mundo das Ideias. Aristóteles vê o amor como o amor sexual, o afeto aos consangüíneos ou entre pessoas, pela amizade. Considera que tanto o amor como o ódio não pertencem à alma, mas ao homem enquanto composto de alma e corpo. A Mitologia grega tem lugar especial para o amor através de seus deuses e contos.
4ª Parte: O AMOR na óptica cristã
Com o advento do cristianismo a noção de amor sofre uma profunda transformação. De um lado é entendido como um tipo de relação que deve estender-se a todo “próximo”. De outro lado transforma-se em um mandamento que não tem conexões com as situações de fato, mas que deverá irmanar todos os homens. Todos os outros dons como a profecia, a ciência e a fé nada são sem o amor. Em outras palavras, a doutrina do Cristo como sendo essencialmente amor, vem expandir enormemente o conceito levando a subjetividade com implicações objetivas em relação ao próximo e a Deus através de Sua Creação.
5ª Parte: O AMOR NA FILOSOFIA PATRISTICA - AGOSTINHO
A concepção agostiniana da Santíssima Trindade é a de que o Espírito Santo se identifica ao amor enquanto o Deus-Pai é o Criador e o Deus-Filho identifica-se com a Verdade. Eis a Trindade Católica. Ainda em Agostinho, o homem não pode amar a Deus se não amar outro homem. O amor fraterno entre os homens não só deriva de Deus, mas é Deus mesmo. É a revelação de Deus em um de seus aspectos essenciais, a consciência do homem. Influencias neo-platonicas ainda se fazem presentes em Agostinho na noção de Amor. Uma espécie de união ou vínculo que liga um ser a outro.
6ª Parte: O AMOR NA FILOSOFIA MODERNA – O ROMANTISMO
O Romantismo é um movimento filosófico, literário e artístico que surgiu nos últimos anos do século XVIII e que floresceu na primeira metade do século XIX. Em oposição ao iluminismo que valoriza extremamente a Razão, o Romantismo valoriza o sentimento cujo objetivo, através do místico e da fé é superar os limites da razão humana. Espinosa apresenta dois conceitos de Amor. No primeiro, o Amor como qualquer outra emoção é uma afecção da alma e consiste na alegria acompanhada pela idéia de uma causa externa. Esta é própria dos homens e deu base ao Romantismo. Neste sentido, Deus não ama ninguém, pois não está sujeito a nenhuma afecção. Existe um “amor intelectual” de Deus que é a visão de todas as coisas na sua ordem necessária. Esse “amor intelectual” é o único eterno. Aquele em que Deus ama a si mesmo e amando a si ama aos homens. Logo, o amor que serve de base ao Romantismo é o amor humano, das afecções e das almas.
Neste sentido, os românticos elaboram uma teoria do amor que mesmo voltando-se para as coisas ou para as criaturas finitas, vê ou colhe nelas, as expressões ou símbolos do infinito, isto é, do absoluto, ou Deus. No amor à mulher, à poesia, e às artes se concretiza a união do finito com o infinito e o sentimento dessa unidade vem a ser o Amor, para os românticos. Neste movimento destacam-se Hegel, Fichte, Schelling e se desenvolveu, sobretudo, na Alemanha. Hegel diz que a morte de Cristo exprime a identidade do divino com o humano. É a renuncia a si mesmo para identificar-se com o outro, esse abandono no qual o sujeito reencontra, porém, a plenitude do seu ser é que constitui o caráter infinito do Amor. Eduard Von Hartmann, afirma que o Amor é a identificação entre amante e amado, uma espécie de ampliação do egoísmo por meio da absorção de um eu por outro eu donde o sentido mais profundo do amor consiste em tratar o objeto amado como se fosse a sua essência idêntico ao eu que ama.
7ª Parte: O AMOR NA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
A Filosofia Contemporânea busca desvincular a noção de Amor do ideal romântico da absoluta
unidade.
Duas doutrinas contemporâneas mostram isso, a do amor místico de Bérgson e a do amor sexual de Sartre. No amor místico de Bérgson Deus oferece ao homem que O ama, a salvação, a bem- aventurança e a participação na sua glória. Bérgson pretende dizer que o arrebatamento místico se realiza como unidade entre o homem e Deus. “Não mais separação completa entre quem ama e quem é amado: Deus está presente e a alegria é sem limites”. Já em Sartre em sendo ateu e materialista, a visão de amor é a do projeto de realizar a unidade ou a assimilação entre o eu e o outro. O amor é, fundamentalmente, um querer ser amado. Isto quer dizer, o amante tem o desejo de ser supremo na escala de valores do seu amado. A posse física do outro é insuficiente e frustrante. Eis o conflito e o fracasso inevitáveis do amor, pois de um lado o outro exige de mim a mesma coisa que eu exijo dele: ser amado e valer como a totalidade infinita do mundo. Cada um, no amor, quer ser para o outro o objeto absoluto, o mundo, a totalidade infinita. Ao desejar ser o topo da escala de valores do outro já é uma fonte de submissão do outro. É o cerceamento da liberdade do outro. Como ambos querem exatamente a mesma coisa, o único resultado do amor é um conflito necessário e um fracasso inevitável.
8ª Parte: o amor na visão filosófico espirita - A LEI DO AMOR
O amor é traduzido como o dinamismo de coesão entre os seres e a integração ao Creador. É a força que impulsiona todos no sentido da re-ligação. Sendo Ele a infinita felicidade, o homem dentro de sua perfectibilidade caminha na Sua direção buscando esse re-ligare. A nossa gênese partiu Dele, onde nós somos os Seus germens. É a unidade que espargiu a multiplicidade e esta caminha no sentido da unidade novamente. O re-ligare é o retorno a aquela presença pela conquista de si mesmo. Portanto, esse dinamismo de coesão é mais uma das leis divinas que trabalha na direção e no sentido de obter a harmonia perfeita no final do processo. À medida que ampliamos o nosso entendimento sobre o Creador e sua obra maior se torna o nosso amor e admiração por Ele. Por conseqüência todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que por ele foi gerado.
9ª Parte: A CARIDADE
Para muitos a imagem da caridade é o ato de dar uma esmola. E aí se iniciam as polemicas. E o assunto é tão polemico que doutrinas religiosas se posicionam contra e a favor, influenciando os seus adeptos. Mas quantos destes já pararam para refletir e se aprofundar no que defende? É a noção da esmola que se encontra no senso comum trazido até nós pela Igreja um ato que nasceu na civilização hebraica. A Reforma Protestante trás em sua tradição que a caridade não salva ninguém. Que a caridade esta mais para uma barganha com Deus.
Pois bem, não é essa “caridade” que se encontra no dicionário espírita. A caridade entendida pela doutrina espírita é o ato de vivenciar as atribulações, os percalços, as dificuldades, as alegrias e os sucessos do nosso próximo (este próximo entendido como sendo qualquer ser do mundo material e espiritual). O que é, então, essa tão polemica caridade? Primeiramente, se traduz na concretização da fé que temos na existência do Creador e que o próximo, assim como nós, faz parte da Creação. Em segundo lugar que o amor se concretiza nos atos de fazer ao próximo tudo aquilo que desejaríamos que fosse feito a nós próprios. Finalmente, entendemos que a caridade se traduz como o laboratório onde praticamos tudo aquilo que acreditamos de forma consciente aprimorando e lapidando a pedra bruta do nosso ser como viajor da existência.
10ª Parte: CONCLUSÃO
Um estudo mais aprofundado e refletido sobre o Amor nos remete a duas correntes de pensamento. A primeira nos moldes sartreanos com bases empíricas, no sensível e na matéria a qual fatalmente nos leva ao campo das sensações, do amor sexual e dos prazeres transitórios. Seus fundamentos são o desejo de posse e a satisfação egoística. A segunda corrente, nos moldes bergsonianos, com fundamentos místicos, abstratos e subjetivos. Este nos encaminha ao conceito de divino, cujas raízes vão além do mundo platônico das ideias se estendendo a integração com os demais seres, condensando-os em torno da unidade cósmica. Revela assim o nosso destino último que seria o estado supremo da bem-aventurança, da serenidade e da felicidade, válido para TODOS os seres da Creação. Alan Krambeck
11ª Parte – máxima / leituras e preparação para próxima aula
Próxima aula:
Livro 2 – Capítulo 17 - O Universo das Artes – A Estética – A Harmonia – O Belo
Leitura: TEMAS DE FILOSOFIA – M Lucia A Aranha – Ed. Moderna HISTÓRIA DA FILOSOFIA - Os Pensadores – Ed Nova Cultural HISTORIA GERAL DA ARTE – Ed. Del Prado