AMOR CARNAL – O EROTISMO – A LEI DA REPRODUÇÃO
BIBLIOGRAFIA
FILOSOFANDO - INTRODUÇÃO A FILOSOFIA - Maria Lucia Arruda Aranha – Ed Moderna Temas da filosofia – Maria Lucia Arruda Aranha – Ed Moderna
O BANQUETE - Platão
REFLEXÃO
O AMOR EROS É A BASE DO AMOR CRISTÃO? É possível uma pessoa se entregar ao mundo se ela não se entregou a uma outra pessoa? Seria a entrega individual um aprendizado da sua entrega ao mundo? E aqueles que nunca se entregaram a um escolhido estariam em condições de se entregar em benefício do próximo? O assunto é muito polemico e muitos se escandalizam com o conhecimento desse caminho. E nós? Como pensamos ao se desprender do senso comum?
1ª Parte: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por finalidade fazer um estudo mais aprofundado sobre o amor físico, o amor Eros, o amor conjugal, o amor sentimento, o amor carnal, o amor platônico. Trata também da dualidade puritanismo e permissividade.
2ª Parte: INTRODUÇÃO
Os gregos souberam representar através de sua Mitologia a questão do Amor. Conseguiram por meio de seus deuses traduzir os sentimentos humanos envolvidos através do amor. O tema em questão nos levará ao longo da historia da Humanidade analisando como esse assunto tomou diferentes formas nas diferentes épocas e locais. As relações entre os homens e mais especificamente entre homem e mulher sofrem uma evolução constante no decorrer do tempo. Como as sociedades lidam com um assunto sempre atual e de cunho quase sempre conflitante.
3ª Parte: EROS NA MITOLOGIA GREGA
Na mitologia grega, o amor representa a força da natureza espiritual que preside à coesão, a ordem e a harmonia do universo. Filho de Afrodite e de Ares, Eros foi uma criança travessa, ocupada em flechar corações para torná-los apaixonados. Ao crescer Eros se apaixona por Psique (alma).
Afrodite, sua mãe, invejosa da beleza de Psique, afasta-a do filho e submete-o às mais difíceis provas e sofrimentos. Dá-lhe como companheiras a Inquietude e a Tristeza. Zeus atendendo aos apelos de Eros liberta-o para que se una a Psique novamente. Entre os filósofos gregos, persiste essa imagem mítica para tanto basta ler o Banquete de Platão.
4ª Parte: DESEJO
Qualquer ação humana se explica por ser motivada: o ser humano sente falta, precisa de alguma coisa e deseja alcançá-la, por isso sai à procura. Nesta busca tenta evitar a dor, o sofrimento, o desconforto, a solidão e a morte. O desejo surge, portanto, à medida que os seres humanos estabelecem relações entre si e com a natureza, ocasião em que vivenciam emoções e sentimentos isto é, reagem afetivamente aos acontecimentos. Eros é predominantemente desejo, mas não somente o desejo carnal como podemos pensar, mas, o que leva o homem a sair de si p/ que na relação com o outro, realize o "encontro". O homem é fundamentalmente um "ser desejante" e não como Descartes o conceituava um "ser pensante". O Desejo no amor Eros, não nos impulsiona apenas para encontrar o outro enquanto objeto. O Desejo exige relação em que se busca, sobretudo o reconhecimento do outro. A relação amorosa se funda na reciprocidade. Amar é desejar o desejo do outro. O amor Eros é um convite para sair de si mesmo. Quando a pessoa esta muito centrada em si mesmo não será capaz de ouvir o apelo do outro.
5ª Parte: PAIXÃO
Paixão conforme a etimologia da palavra vem de “pathos”, que em grego tem a mesma raiz de: sofrer, suportar, deixar-se levar por. Existe uma antiga tradição segundo a qual, a paixão é associada somente ao amor, (principalmente ao amor intenso, fulminante e perturbador da alma), que não percebe os acontecimentos com clareza. Esta concepção negativa, vê a paixão como uma espécie de fraqueza e, portanto perigosa, pois quem é "arrebatado" por ela, perde o controle de si. Não há porque se envergonhar das paixões, elas surgem independente de nossa vontade, isto é, não podemos ter ou deixar de ter paixões, por isso a paixão não é alguma coisa que possa ser negada. Mas não podemos concluir que, se não há como negar as paixões podemos vivenciá-las todas tal como se impõe. Se isso ocorre, a vida em comum seria impossível, além do que seria impossível uma vida propriamente moral.
6ª Parte: PAIXÃO X RAZÃO
Nada se faz sem paixão, também é verdade que, paixão e razão são inseparáveis. A relação que se estabelece entre esses polos, porém, seriam de acordo com as diferentes correntes filosóficas. Para Platão, somos constituídos por três almas; uma pela qual compreendemos (racional), outra pela qual nos irritamos (irascível) e outra pela qual desejamos os prazeres da comida, da reprodução e de todos os outros da mesma família (concupiscível). O sábio seria aquele que fortalece a razão alma superior e não se deixa arrastar pelas forças das paixões. Já o holandês Espinosa pensa que a razão não é superior aos afetos, nem cabe a ela controlá- los. As afecções do corpo e o sentimento da alma são forças do existir e agir, e jamais serão vencidas por uma ideia e por uma vontade, mas apenas por outros afetos, mais fortes e mais poderosos que ele.
7ª Parte: A CIÊNCIA DO AMOR
A ciência moderna afirma que o Amor Romântico causa reações químicas.
Quando a pessoa fica apaixonada, seu organismo produz grandes doses de três substâncias: dopamina, norepinefrina e feniletilamina. São anfetaminas naturais que provocam euforia e podem causar dependência. Isso explicaria o comportamento das pessoas incapazes de relacionamentos duradouros, sempre a procura de novas aventuras, elas seriam viciadas em paixão. Se o relacionamento vinga, passados dois ou três anos os amantes começam a produzir endorfina, substância que dá sensação de segurança, calma e tranquilidade. Uma das mais recentes novidades na química do amor é a oxitocina. Além de ajudar as mulheres nas contrações do parto, cientistas acreditam que a substância também pode ser responsável por orgasmos mais poderosos, seguidos de relaxante sensação de bem estar.
8ª Parte: EROTISMO – A CULTURA E A LEI
Para que a civilização pudesse existir foi necessário o controle do instinto humano e foi necessário o estabelecimento de regras, ou seja, a instauração de leis. Dentre estas estavam as que controlam o sexo e a agressividade a fim de tornar possível a vida comum. Afinal, que forças são estas que o homem precisa controlar, desviar, inibir ou canalizar para outros seres? Freud chama de Libido essa força primária, a energia de natureza sexual orientada pelo princípio do prazer que se encontra na instancia chamada ID. A instalação das regras de convivência determinou a formação do Superego. O conflito entre as duas forças antagônicas é resolvido pelo Ego. Assim, Freud considera como formas sublimadas da utilização da libido as diversas atividades como o trabalho, o jogo, a investigação intelectual, a produção artística e a religião entre outras. Portanto, a civilização só se tornou possível pelo controle dos impulsos primários. Mas nem sempre o controle da sexualidade é saudável e consciente. A repressão ocorre quando o Ego sob o comando do Superego não toma conhecimento das exigências do ID. A energia não canalizada não permanece contida, e se manifesta sob a forma de sintomas muitas vezes neuróticos. A sexualidade humana não pode ser considerada como simples expressão biológica. Embora a atividade sexual seja comum aos animais e aos homens apenas estes a transformam em atividade erótica. Essa é tida como o encontro e a busca da satisfação mútua. Mesmo quando busca seus fins primários, a sexualidade é uma força agregadora de pessoas. A repressão da sexualidade produz o sentimento ambíguo de desejo e culpa. Tal ambiguidade gera também tendências opostas de comportamento o Puritanismo e a Permissividade.
9ª Parte: O PURITANISMO
O discurso moralista e puritano é herdado das tendências platônico-cristãs, que desvalorizam o corpo (diferentemente da Grécia Antiga) e consideram que o caminho da humanização está na purificação dos sentidos "mais baixos". Nessa perspectiva a sexualidade é desvalorizada. A visão platônico-cristã dissocia o amor espiritual do amor carnal e associa sexo ao pecado, a não ser quando tem por finalidade a reprodução. São Paulo defende o celibato, mas em caso de "abrasamento" sugere o casamento. Santo Agostinho teve vida devassa antes da conversão e deixa transparecer após sua conversão nos seus escritos toda sua sensualidade interior. A Reforma Protestante retorna essa temática e o trabalho surge como ocasião de purificação. "A ociosidade é a mãe dos vícios" e o principal pecado é a preguiça. Eis a moral burguesa. A deserotização do corpo inicia com a Revolução Industrial onde a jornada de trabalho é de 14 a 16 horas por dia. O sexo fica reduzido a genitalidade. Mais ainda, é controlado para que não se desvie da função de procriação. Na família burguesa vai se tecendo os papéis de cada membro. A consequência disto é a dupla moral, ou seja, uma moral para a mulher e uma moral para o homem. Este comportamento dicotomiza a figura feminina em santa ou prostituta.
10ª Parte: A PERMISSIVIDADE
Nas últimas décadas do séc. XX a repressão sexual vem sendo substituída pela valorização da sexualidade, por muitos já denominada de liberação. A dupla moral foi duramente criticada na década de 60 e seguinte. Assim como todas as formas hipócritas de relacionamento. O anticoncepcional, o feminismo, o preservativo, o divórcio, o aborto, o bebe de proveta, a barriga de aluguel, os movimentos homossexuais. O casamento entre pessoas do mesmo sexo, a aids são temas amplamente debatidos pela sociedade e que está invertendo a situação anterior. Os conservadores denominam de Permissividade e a população de modo geral a classifica como sendo uma revolução sexual e até cultural. Como não podia deixar de ser, o capitalismo agora travestido de globalização não podia deixar a margem um assunto que vem sendo tratado como o novo filão da economia individualista-consumista qual seja: a industria do erotismo. Nesse mercado cresce a industria cinematográfica através dos filmes pornográficos, o turismo sexual, o gráfico através das revistas e livros, do comércio com os objetos eróticos, a prostituição com a forma aceita legalmente através dos motéis, casas noturnas e acompanhantes para citar alguns e por fim o mais recente meio de comunicação, a internet. O combate à repressão sexual deu origem a um mercado até então acatado, mas não tão bem trabalhado como o vem sendo feito, visando logicamente ganhos financeiros. Novamente o Eros sendo usado de maneira inadequada. De qualquer forma podemos concluir que a repressão sexual sempre vai existir em sociedade onde persistem relações de poder baseada na exploração. Eros é o domínio da democracia e do saber. Quando o homem domar e entender os seus instintos, o Eros se fará em sua plenitude sem necessidade da repressão e abolindo seu uso em benefício de uma sociedade permissiva com fins consumistas.
11ª Parte: A LEI DA REPRODUÇÃO
Questão Livro dos Espíritos:
686- A reprodução dos seres vivos é uma lei natural? R: Isso é evidente; sem a reprodução o mundo corpóreo pereceria.
694- Que pensar dos usos que tem por fim deter a reprodução com vistas à satisfação da sensualidade? R: Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem está imerso na matéria.
698- O celibato voluntário é um estado de perfeição, meritório aos olhos de Deus? R: Não, os que vivem assim, por egoísmo desagradam a Deus e enganam a todos.
699- O celibato não é um sacrifício para algumas pessoas que desejam devotar-se mais inteiramente ao serviço da humanidade? R: Isso é bem diferente. Eu disse: por egoísmo. Todo sacrifício pessoal é meritório quando feito para o bem, quanto maior o sacrifício, maior o mérito.
12ª Parte – CONCLUSÃO
Eros é desejo, paixão e encontro. Para Hegel ele é a fusão para o estabelecimento da unidade. Para Sócrates em seu diálogo imaginário com Diotima é a busca da Imortalidade. Seria muito compará- lo ao Amor Cristão, mas podemos concluir que Eros é um dos caminhos que devemos percorrer para alcançar esta forma mais sublime de expressão do Amor que é o Amor Cristão. Alan Krambeck
13ª Parte – máxima / leituras e preparação para próxima aula
Próxima aula:
Livro 2 – Capítulo 16 – O Amor Espiritual – A Lei do Amor – A Caridade Leitura: O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec – Edit FEB FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – Maria Lucia A Aranha CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chaui SER PARA CONHECER...CONHECER PARA SER – Astrid Sayegh – Ed
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