sábado, 18 de janeiro de 2020

OS HABITANTES DO MUNDO ESPIRITUAL



O primeiro cuidado de quem aporta a um país estrangeiro é procurar conhecer os usos e os costumes de seus habitantes. A prudência manda que o viajante assim proceda, para evitar imprevistos desagradáveis e para saber como se comportar. A mediunidade nos leva ao infinito mundo espiritual, que também tem suas leis, usos e costumes próprios.

Um erro supor-se que a morte concede ao espírito a sabedoria plena ou a inteira posse do sentimento; não lhe dá nem uma nem outra coisa; o espírito desencarnado continuará a ser o mesmo que era quando encarnado. Era o encarnado uma pessoa bondosa? A morte o fará um espírito bom. Era uma pessoa de mau coração? A morte o fará um espírito malévolo. E continuam a viver: o bom, espalhando o bem, engrandecendo-se e tornando-se um espírito superior; o mau, a pensar no mal, até que o sofrimento e as decepções o obriguem a procurar na prática do bem um alívio para sua consciência perturbada.

No mundo espiritual encontram-se espíritos dotados das maiores virtudes e de deslumbrante inteligência; lá também vivem espíritos portadores de vícios e de muita propensão para o mal. Há os mistificadores, que não se importam em assinar suas comunicações, sem valor algum, com os nomes de espíritos que veneramos; desconfiemos sempre dos nomes; a assinatura não é uma garantia de autenticidade. Há os espíritos brincalhões e zombeteiros; cujo maior prazer consiste em enganar com suas peças os indivíduos crédulos, que os escutam, e seguem-lhes os conselhos estúpidos e as indicações tolas. Há os orgulhosos que julgam tudo saber e ainda querem dominar. Há os malévolos que espalham por toda a parte a desarmonia, a malquerença, as rivalidades, principalmente nos Centros Espíritas, entre os médiuns e entre os diretores; aproveitam-se de nosso amor-próprio para conseguirem seus desígnios; servem-se da máxima astucia para desviarem os médiuns de seus deveres. Nunca nos esqueçamos de que os médiuns estão sujeitos a terríveis lutas contra os espíritos ignorantes; somente quem já travou tais lutas é que pode avaliar-lhes a intensidade; para vencê-las é necessário muita prudência, muita fé, e possuir um intenso desejo de beneficiar os que sofrem.

Dentre os espíritos que se dedicam ao bem, citaremos: os curadores, que se esforçam por mitigar os sofrimentos da humanidade. Os consoladores, cuja função é espalhar pensamentos de fé e esperança entre os aflitos. Os espíritos educadores, que se encarregam de promover nosso progresso moral e intelectual. Há também outras categorias de espíritos que trabalham ativamente pela melhoria dos indivíduos, das famílias, das cidades e das nações.

Tais são, em curto resumo, os habitantes do mundo espiritual com os quais a mediunidade nos põe em íntima ligação. Conquistar a proteção e a simpatia dos bons e livrar-se o mais possível da influência dos maus é a grande tarefa à qual os médiuns devem aplicar-se constantemente.

Ao entrarmos em contato com os espíritos, revistamo-nos da máxima prudência. Sejamos prudentes como as serpentes, conforme nos recomendou o Mestre. Não acreditemos em tudo o que recebemos dos espíritos; vejamos primeiro se suas mensagens estão de acordo com o Evangelho e com os ensinamentos dos mestres. Todas as comunicações serão analisadas. Analisar uma comunicação é estuda-la palavra por palavra, linha por linha, trecho por trecho; e por fim aceita-la, rejeitá-la ou pô-la em observação.

Aceitá-la: se pregar o bem; se versar fatos que os mestres já estudaram e cujos exemplos podem ser encontrados em seus livros; se puder ser comprovada facilmente.

Rejeitá-la: se contiver uma única palavra contra a lei da caridade; se trouxer elogios próprios a excitar a vaidade; se tratar de assuntos que o bem senso repele; se o que ensina for contrário àquilo que a longa prática firmou e comprovou.

Pô-la em observação: se a lição for nova. Quando múltiplas experiências a confirmarem, então será aceita.

Livro A Mediunidade sem Lágrimas - Eliseu Rigonatti

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