sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

EXERCÍCIOS


Logo que tenhamos escolhido o Centro Espírita e formos admitidos a suas sessões, principalmente a desenvolver nossa mediunidade.

À primeira vista ninguém nos poderá dizer qual a espécie de mediunidade que possuímos; somente a experimentação é que nos indicará se é escrevente, falante, auditiva ou outra qualquer. É depois de muitas sessões que nossa mediunidade se revelará; geralmente, precisamos procurar, pelo exercício, qual delas devemos desenvolver; a prática de dirigente dos trabalhos será um auxílio valioso, porque ele nos orientará ora num sentido ora noutro, até que a encontremos. Durante algum tempo faremos exercícios de escrita; se não derem resultado, faremos da auditiva, e assim por diante, até que se manifeste uma para a qual tenhamos facilidade; então, abandonaremos as outras e nos dedicaremos somente a ela. Nunca pretendamos desenvolver várias mediunidades; uma única é o suficiente; quem quiser mais que uma, arrisca-se a não ter nenhuma.

Começamos por aprender a concentração. Concentrar-se significa pensar em uma só coisa; habituemo-nos a fixar o pensamento e não deixa-lo vagar.
Quando nós nos sentarmos à mesa, esqueçamos completamente o que nos sucedeu durante o dia; libertemo-nos das preocupações; fixemos nosso pensamento unicamente em Deus, nosso Pai, e por meio de uma prece fervorosa peçamos-Lhe que permita que espírito bondoso se interesse pornôs e nos ajude em nosso desenvolvimento.

Como desenvolver a mediunidade falante:
Feita a concentração, o dirigente da sessão pedirá a um espírito que se encarregue do desenvolvimento do futuro médium, dizendo mais ou menos o seguinte: - O irmão que quer desenvolver nosso irmão Fulano manifeste-se em nome do Senhor! Dedicará uns cinco minutos a cada médium em desenvolvimento e fará três ou quatro pedidos durante esse tempo. Notando que o médium está sendo influenciado pelo espírito, procurará travar conversa com ele. A principal dificuldade a vencer consiste em fazer com que o médium não segure a comunicação. Quase todos os médiuns em desenvolvimento não deixam que o espírito fale, apesar de atuados, o que atrasa muito o desenvolvimento. Logo que o médium deixar que o espírito fale livremente, o desenvolvimento se operará com facilidade. Quando o espírito começa a atuar, o médium sente a sensação de um leve choque elétrico, que lhe percorre o corpo e o faz estremecer; a respiração se acelera e o coração pulsa mais rápido; parece que alguma coisa lhe envolve a cabeça; uma porção de pensamentos lhe aflui ao cérebro e é tomado de um grande desejo de repetir em voz alta esses pensamentos. No começo o médium julga que esses pensamentos são seus e, por isso, reprime a manifestação do espírito; não deve reprimi-la; deve falar repetir o que o espírito está ditando. Terminada a manifestação, o espírito se retira e o médium volta ao seu estado normal. As primeiras comunicações são palavras soltas e frases quase sem sentido; com o progredir do desenvolvimento, a comunicação se tornará concatenada até se transformar em preleções e conversações com os presentes.

Como desenvolver a mediunidade escrevente:
O médium em desenvolvimento senta-se à mesa; toma um lápis e papel e coloca-se na posição de quem vai escrever; deixará a mão relaxada ou bem mole, como se costuma dizer; concentra-se. Quando o espírito começar a atuar. O médium sentirá que sua mão é puxada ora para um lado ora para outro; é deixar que o espírito atue; não forçar a mão ne retesar os músculos, o que dificulta e quase impede a ação do espírito; não prestar atenção ao que o espírito escreve; conservar-se bem concentrado. Nas primeiras sessões é muito natural que nada consiga; com o continuar dos exercícios, irá riscando o papel, traçando letras, em seguida palavras, depois frases e, por fim, mensagens completas.

Como desenvolver a mediunidade audientes:
Esta mediunidade, para ser desenvolvida com êxito, exige muita sinceridade da parte do médium, porque só ele ouve o que o espírito quer transmitir. O médium concentra-se.

O diretor dos trabalhos fará o seguinte pedido:

- O irmão que quer desenvolver nosso irmão Fulano pode ditar-lhe que ele nos repetirá suas palavras. Com o decorrer dos exercícios, o médium irá ouvindo os espíritos; distinguirá a voz de cada um e reconhecerá a muitos; poderá conversar com eles, dirigindo-lhes perguntas pelo pensamento, às quais eles responderão. É preciso ter o cuidado de não dar ouvidos a irmãos inferiores; insinuam-se se compraz em ouvi-los, tornam-se companheiros irritantes e difíceis de serem evitados.

Como desenvolver a mediunidade vidente:
Para desenvolver-se esta mediunidade, procede-se da seguinte maneira concentrados, procuramos ver, ora com olhos abertos ora com eles fechados. Depois de continuados exercícios, principiaremos a perceber qualquer coisa, como que uma névoa rala e luminosa; essa névoa, aos poucos, adquirirá forma até que distinguimos os traços dos espíritos que estão presentes. A visão mental se apresenta ao médium como se ele estivesse revendo alguém em pensamento. A princípio são apenas imagens vagas que se tornarão nítidas à medida que o desenvolvimento progride.

Como desenvolver a mediunidade intuitiva:
O médium mune-se de papel e lápis e concentra-se. Em seguida anotará todos os pensamentos que lhe aflorarem ao cérebro. Os primeiros pensamentos que consegue receber dos espíritos são confusos, frases sem nexo, palavras soltas. É comum o médium julgar que tais pensamentos são seus; não importa, deve escrevê-los e depois analisa-los. Com o progredir do desenvolvimento, os pensamentos afluirão cada vez mais claros e precisos e, com a prática, o médium facilmente distinguirá o que é seu do que é dos espíritos.

Como desenvolver a mediunidade inspirada:
O desenvolvimento da mediunidade inspirada difere radicalmente do das outras mediunidades. Na mediunidade falante, os espíritos se servem dos órgãos vocais do médium; na escrevente, da mão; na audientes, dos ouvidos; na vidente, dos olhos; na intuitiva, do cérebro; na mediunidade inspirada, os espíritos se utilizam da inteligência e do saber do médium. Os espíritos inspiram ao médium somente o que está ao alcance de sua compreensão; deduzimos, por conseguinte, que quanto mais cultivada estiver a inteligência do médium tanto mais inspirado será. Para cultivar a inteligência e aparelhar-se para ser um bom médium inspirado é preciso ler muito; fazer da leitura dos bons livros um hábito; estudar profundamente o Espiritismo e o Evangelho. A tarefa dos médiuns inspirados é pregar o Evangelho e ensinar o Espiritismo. Estudando, pregando e ensinando, o médium será facilmente inspirado pelos espíritos que lutam pelo progresso espiritual da humanidade.

Livro A Mediunidade sem Lágrimas - Eliseu Rigonatti

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