segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A Consciência





A mente é uma aculdade do espírito e não do cérebro, e é formada pelo pensamento, sentimento e vontade.
Herdeiros de si mesmo, das experiências passadas, evoluímos por etapas, adquirindo novos recursos, corrigindo erros anteriores, somando conquistas.
Jamais retrocedemos nesse processo, mesmo quando aparentemente reencarnamos dentro das paredes da enfermidade limitadora que bloqueiam o corpo, a mente ou a emoção, gerando sofrimentos. A aquisição da consciência é desafio da vida, é o autoconhecimento que merece exame, consideração, trabalho, discernimento, lucidez e livre-arbítrio.
Nós, como Espíritos, voltamos várias vezes, tomando novo corpo de carne sobre a Terra, a fim de tornar a conviver como homem na sociedade e, exatamente como este, somos levados a trocar de roupa muitas vezes.
As qualidades morais, assim como as intelectuais, dependem do Espírito, nunca do corpo. Amor, bondade, ternura, caráter e outras qualidades têm a sua origem na organização espiritual, que iniciou simples e ignorante, mas aprendeu viajando pelos caminhos da imortalidade.
A conscientização da imperfeição humana e da brevidade da vida física nos conduz à humildade, reconhecendo a transitoriedade das condições materiais, a constante impermanência dos cargos, das classes, das posses e de tudo o mais, no que o eu adoecido se apoie para justificar-se senhor.
Joanna de Ângelis nos diz “a mudança de atitude em relação à vida e aos relacionamentos em nosso trabalho de edificação, torna-se o recurso mais produtivo que nos dá equilíbrio e nos liberta das cargas conflitivas”.
Ao nos tornarmos conscientes, podemos viver em harmonia com a nossa própria natureza. Tomaremos conhecimento da origem dos nossos conflitos, possibilitando assim uma expansão constante de nossa consciência. Quando nos propomos a um autoexame honesto, encontramos uma força interior na qual residem todas as possibilidades de renovação.
À medida que o Espírito se aprimora, o corpo torna-se mais etéreo ou menos denso, demonstrando o seu grau de sintonia com a centelha Divina. A realidade espiritual pouco a pouco se revela, conforme a evolução do próprio ser, no seu processo de lapidação de valores e despertamento das leis que, na consciência, dormem ocultos.
Devemos olhar para nossa realidade como ela é, aceitando-nos sem culpa e sem compactuar com nossa inferioridade; também devemos evitar fugir através de justificativas a respeito do nosso passado ou expectativas vazias do futuro. É importante reconhecer que o passado está gerando frutos no presente e que o futuro aponta para novos ideais; isto deve ser feito de forma equilibrada, não nos esquecendo de que o trabalho se faz nesse instante com a realidade atual.
Somos resultado deste estado mental, no qual o pensamento, orientado pela vontade e intensidade dos nossos sentimentos, tem a força de construir ou destruir em todos os momentos da nossa vida.
Estamos sempre sintonizados e criando alguma coisa, seja para o bem ou para o mal. 
Uma das atitudes essenciais para o nosso aprimoramento é a ligação mental com Deus; junto com a aceitação de nós mesmos, temos que buscar a unidade com nosso Pai para que nossas forças espirituais possam ser alimentadas e sejamos inspirados na busca do melhor.
Buscando essa ligação íntima, estamos buscando o encontro com a Fonte da Vida que nos sustenta.
Sem o devido cuidado conosco, através do amor por nós enquanto filhos do Amor Maior, não poderemos estabelecer o amor com os demais. Amar a si é buscar o entendimento da nossa realidade, é ter a consciência de nossa condição espiritual e da capacidade da nossa mente.
Experimentemos a alegria e entreguemo-nos a Deus, cantando um hino de louvor. Permitamos, dessa forma, que Ele nos liberte da opressão da ignorância, facultando-nos a alegria da felicidade.
Portanto, no dia em que assumirmos nossa pequenez frente à Grandeza Divina, aquele eu enganado conseguirá abrir espaço para a presença do eu interior e, então, promoveremos o processo de Cristificação, imortalizada na frase do grande Apóstolo do Cristo “Eu vivo, mas não sou mais eu: O Cristo vive em mim”. 

Bibliografia:
Peralva, Martins. O pensamento de Emmanuel. 9ª edição, Rio de Janeiro, 2011, ED FEB. Pág.: 141, 142, 145.
Franco, Divaldo – pelo Espírito de Joanna de Ângelis. Refletindo a Alma. 1ª edição, Salvador, 2011, ED LEAL. Pág.: 68, 73, 76, 88, 194, 195, 206, 212, 213, 275, 276.
Franco, Divaldo. A mente pensa sem o cérebro após a morte do corpo. Carta psicografada. 18/11/97. Porto Alegre.
Franco, Divaldo – pelo Espírito Joanna de Ângelis. Momentos de alegria - A Consciência (cap. 5). 4ª edição, Salvador, 2014, ED. LEAL.


por Temi Mary Faccio Simionato
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Ciência e Espiritismo



A Ciência, vencendo os tabus e os atavismos da ignorância, vem desvendando os mistérios da Natureza e desvelando as leis que engrandecem a vida.
O Espiritismo, rompendo os véus do preconceito e das superstições, penetra no âmago das questões intrincadas do existir, revelando o mundo causal e invisível de onde procede e para onde retorna a vida real.
A Ciência, colocando as suas sondas e lâminas no macro como no microcosmo, interpreta os enigmas da criação e explica os fenômenos da vida organizada da Terra.
O Espiritismo, trabalhando com as forças para-físicas do ser, desdobra para o homem a ética-moral de comportamento que o conduz à felicidade mediante a correta utilização dos recursos que lhe estão à disposição.
A Ciência prolongou a vida humana, modificou a paisagem do planeta, propiciou comodidades, facultou altos voos para a inteligência e para a imaginação.
O Espiritismo demonstrou que a longevidade física, por mais larga, é sempre breve ante a eternidade do ser espiritual, trabalhando o homem para usar as conquistas da tecnologia sem perder ou menosprezar os títulos da dignidade e do amor.
No auge das incursões da Ciência no embelezamento da vida e explicação das leis universais, Challemel-Lacour exclamou: "Ciência e razão, eis os meus deuses", provocando, na Academia de Letras de Paris, vivos aplausos por parte dos utopistas e gozadores.
Logo depois, no mesmo recinto, Francis Chalmers, após reflexões profundas, afirmou: "Não conheço um só exemplo que comprove o êxito da ciência enxugando as lágrimas que nascem no coração".
A Ciência, sem o suporte da fé religiosa, que se estriba no fato e na razão, perde-se em devaneios, detectando os efeitos que não bastam para explicar a realidade dos fenômenos.
Negando Deus, a Causa Fundamental, não logra preencher o vazio da emoção, nem enxugar as lágrimas do coração.
Certamente que anestesia a dor, corrige imperfeições, elucida problemas, no entanto não consola o amor que se sente frustrado ante a ingratidão, o crime, a saudade de quem se transferiu do corpo para a Vida... Nem consegue equacionar os dramas do sentimento, da afetividade, as aptidões e tendências dos destinos humanos...
O Espiritismo é o elo de segurança entre a ciência e a religião, a fé e a razão, a virtude e a ação.
Aprofundando-se nas origens da própria vida, o Espiritismo demonstra a lógica de existir, no processo de evolução e interpreta todos os problemas que se demoram como incógnitas, sem fugir à razão nem ao bom senso, antes baseando-se nestes, erigindo o edifício do saber com os alicerces do conhecimento e a argamassa da fé.
Eis por que a Ciência, sem a Religião, frustra os altos ideais do homem e a Religião, sem a Ciência como suporte, não passa de pretexto para o fanatismo, que não se justifica e sequer suporta as experiências dolorosas da própria vida.
 Espírito: Vianna de Carvalho
Do livro Reflexões Espíritas, obra mediúnica psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco.

Estudo do livro Entre os Dois Mundos - cap 2

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.
Texto para leitura - Por Thiago Bernardes - REVISTA O CONSOLADOR

48. O amigo de Jesus – Em determinado momento, com a bonomia que lhe é habitual, José Petitinga informou, dirigindo-se ao autor desta obra: “Como você recorda, hoje estamos recebendo a visita de querido amigo procedente de elevada esfera espiritual, que nos vem trazer palavras de levantamento moral e orientações para as tarefas que nos dizem respeito em relação ao futuro. O irmão Policarpo, que hoje nos honra com a sua presença, é mártir cristão, que ofereceu a vida ao Divino Mestre na arena romana durante uma das cruéis perse­guições desencadeadas pelo imperador Diocleciano, por ocasião do fim da sua governança, no começo do século quarto da nossa Era. A sua implacável perseguição aos cristãos, que consi­derava como um grande perigo para o Império e para a sua autoridade, ceifou milhares de vidas mediante terríveis suplí­cios que lhes foram infligidos em todas as regiões por onde se espraiavam as suas províncias, sendo praticamente todo o mundo conhecido... Ante a rudeza das calamitosas refregas, não foram poucos aqueles que abjuraram a fé, rendendo culto ao impe­rador e aos deuses, provocando dilaceradoras angústias nas falanges dos servidores do Cristo. Aprisionado no norte da África, onde se celebrizara pelo verbo inflamado e pelas ações dignificantes de cari­dade e de amor, Policarpo foi enviado em ferros a Roma com a família – mulher e dois filhinhos – bem como ou­tros discípulos do Rabi, sendo atirado às feras, num dos turbulentos festivais de loucura. Altivo e de ascendência nobre, em razão de ser romano de nascimento, foi-lhe proporcionado ensejo de renunciar à fé, retornando ao culto dos ancestrais, providência que pou­paria a sua e a existência da família. Embora de alma dilace­rada pelos sofrimentos que lhes seriam impostos, optou pela fidelidade à consciência, sendo martirizado com os seus. Conta-se que, antes de ser atirado à arena, em face da sua inteireza moral, por ordem superior foi supliciado pela soldadesca, enquanto a mulher e os filhinhos eram sub­metidos a humilhações inomináveis. Igualmente portadora de alta espiritualidade, Flamínia, a companheira digna, ao invés de atemorizar-se, mais confiou nos desígnios divinos, revestindo-se de coragem e de fé inquebrantáveis, que sur­preendiam aqueles insensíveis algozes da sua firmeza moral. (Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

49. Comovido pela evocação do testemunho desses espí­ritos de escol, Petitinga fez uma pausa e, de imediato, prosseguiu: “No dia em que deveriam servir de repasto aos le­ões, leopardos e tigres esfaimados, Policarpo foi jogado no meio dos companheiros atemorizados, lanhado e esgotado nas forças pelos flagícios sofridos, e, mesmo assim, tentou recompor-se, para transmitir ânimo àqueles que, não obs­tante o amor e a confiança no Mestre, choravam apavorados temendo o próximo terrível testemunho que os aguardava. O subterrâneo infecto por dejetos e cadáveres não removidos tornara-se lôbrego e nauseante. Aqueles que ali se encontravam haviam perdido praticamente o discerni­mento e, hebetados uns pelo medo, agitados outros pelo desespero, estremunhados diversos, vendo-se abandona­dos, subitamente sentiram a mudança da atmosfera, quan­do ventos inesperados que sopravam no ardente mês car­rearam o doce perfume dos loendros dos arredores abertos aos cálidos beijos do sol. De imediato, uma psicosfera de paz invadiu o recinto sombrio e fez-se um significativo silêncio, enquanto o rugir dos animais misturava-se à algazarra desmedida da multi­dão agitada pelos corredores, assomando às arquibancadas e galerias, aplaudindo o espetáculo burlesco que sempre pre­cedia às matanças desordenadas. Foi nesse momento que o apóstolo, recuperando as energias e inspirado pelos emissários do Senhor, convidou o magote assustado à reflexão e à prece, elucidando: – Morrer, por Jesus, é a honra que agora nos é concedida. Enquanto Ele, que não tinha qualquer culpa, doou a Sua vida, para que a tivéssemos em abundância, convida-nos a que ofere­çamos a nossa, a fim de que outros, que virão depois, igual­mente possuam-na. Morrer por amor é glória para aquele que se imola. Enquanto o mundo nos surpreende com as suas ilusões, sombras e traições dos nossos sentidos, a mor­te é vida perene em luz e felicidade. Não nos separaremos nunca! Avancemos juntos, portanto, pois que o Mártir do Gólgota nos aguarda em júbilo. O nosso sangue irá ferti­lizar o solo dos corações, a fim de que se expanda a nossa fé, modificando a Terra e elevando-a ao estágio de mundo de reabilitação”(Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

50. Conforme relatado por Petitinga, Policarpo fez então uma ligeira pausa, dominado pela emoção que contagiava os ouvintes atentos e, de imediato, prosseguiu: “- É fácil morrer, especialmente quan­do se soube viver transformando urze em flores e calhaus em estrelas. Cantemos, dominados pela infinita alegria de doar o que possuímos de mais valioso, que é a vida física. Jesus, que nos ama, aguarda por nós!” A emoção era geral. Uma aragem de paz tomou-os a todos. A esposa acercou-se-lhe com um filhinho no regaço e o outro segurando-lhe as vestes, e tocou-o. Abraçando­-a com lágrimas, ele agradeceu-lhe a coragem, prometendo que prosseguiriam amando-se depois da sombra da noite... Os portões foram abertos estrepitosamente. Soldados furiosos com lanças e chibatas empurraram os prisioneiros para o centro da arena. A gritaria infrene tomou conta da massa alucinada, que subitamente silenciou, quando eles se adentraram cantando um hino de exaltação a Jesus. Em seguida, os animais selvagens foram atirados na sua direção e, a pouco e pouco, as patadas violentas e as dilacera­ções pelos dentes afiados foram despedaçando os corpos, que tremiam exangues na areia, colorindo-a do rubro fluido orgâ­nico. Policarpo, a mulher e os filhinhos, formando um todo em vigoroso abraço de sustentação moral, foram alcançados e despedaçados... Após as primeiras dores uma anestesia total tomou-lhes a consciência e pareceram adormecer, enquanto o espetáculo dantesco prosseguia...  Embora remanescesse débil claridade do Sol poen­te no áspero verão de agosto, a noite avançava, deixando aparecer as primeiras estrelas faiscantes como olhos que observassem as inconcebíveis calamidades humanas. (Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

51. Dando prosseguimento ao seu relato, Petitinga acrescentou que, quando a noite fez-se total, após o público insano ter abandonado o Circo, as feras serem recolhidas, os corpos começaram a ser atirados sobre as carroças conduzidas por escravos embriagados, vestidos de faunos e portando com­portamentos obscenos. Então, do infinito incom­parável, diáfana luz desceu na direção da arena, servindo de passarela para uma coorte de seres angélicos que, entoando sublimes canções, aproximou-se do lugar do holocausto. À frente, estava Jesus, nimbado de sidérea luminosi­dade, que recolheu Policarpo e família, enquanto os demais martirizados eram retirados dos últimos despojos pelos Seus embaixadores em clima de alegria e gratidão a Deus. Despertando, e deslumbrando-se com o Mestre que o envolvia em claridades iridescentes, Policarpo abraçou-o, enquanto Ele confirmou: – “Amigo querido, já transpuseste a porta estreita. Agora vem com os teus para o meu Reino que te espera desde há muito!” Petitinga então concluiu: “Policarpo, depois daquela doação a Jesus, retor­nou à Terra diversas vezes, sempre quando o pensamento do Mestre sofria adulterações, sendo a sua última jornada na condição de seareiro do Espiritismo, nele restaurando a mensagem cristã que havia sido aviltada através dos tempos. É esse benfeitor, apóstolo do Evangelho, que nos hon­rará com a sua palavra dentro de alguns minutos. Não posso sopitar o anseio de ouvi-lo, de senti-lo próximo do coração e aprender com ele o exemplo da doação total, preparando­-me para os futuros cometimentos”. (Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

52. Petitinga e Philomeno dirigiram-se, em seguida, ao auditório onde ocorreria a palestra de Policarpo. O local, cuja capacida­de era para quatro mil espectadores,encontrava-se quase que totalmente lotado. A psicosfera reinante era de contida alegria e de doces expectativas. Em todos os rostos brilhavam os olhos que expressavam as emoções em festa no mundo interior de cada qual. Ali podiam-se ver muitos companheiros ainda mergulhados na experiência carnal, convidados que foram para o incomum acontecimento, assessorados pelos seus mentores espirituais que os trouxeram, a fim de que retornassem ao corpo com a memória do evento e das lições que iriam ser oferecidas. Aragens perfumadas espraiavam-se em todas as direções. Música suave de exaltação à vida vibrava no espaço grandioso, alternada com vozes em coral infantil, que enternecia os presentes. A claridade reinante chamava a atenção, porque não provinha especialmente de quaisquer instrumentos es­pecíficos para produzi-la. Era como se todo o edifício fosse construído de substância luminosa irradiante, enquanto que, no local reservado aos visitantes e convidados especiais, tor­nava-se multicor em suaves tons que produziam bem-estar difícil de ser definido. Somente o Amor de Deus – observou Philomeno – pode oferecer-nos tão especiais oportunidades de iluminação e de felicidade além dos convencionais interesses transitórios do mundo físico. “As aquisições que todos iriam amealhar teriam sabor de eternidade.” (Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

53. No recinto, aguardando a fala do orador convidado, o irmão José Petitinga mergulhara em meditação, enquanto seu semblante se adornava de peregrina beleza, o que se podia observar em outros muitos espíritos ali pre­sentes, caracterizando os seus níveis de evolução. Nenhuma bulha nem tumulto habituais em aglome­rações de tal porte. Todos estavam conscientes da responsabilidade imensa do momento e de quanto lhes seria valioso aproveitar cada instante para insculpir definitivamente no coração e na mente a Mensagem de Vida Eterna que logo mais seria ministrada. Os desencarnados presentes, que aguardavam oportunidade para o retorno ao querido planeta, que nos serve de colo de mãe generosa e onde temos ocasião de aplicar as inabordáveis contribuições do Mundo Maior, estavam conscientes do significado do momento e do seu valor para seu aprimora­mento pessoal intransferível. Foi então que o responsável pela solenidade apre­sentou-se, convocando a todos à recepção do visitante especial – Policarpo, um dos mártires do Cristianismo nascente. (Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.) (Continua...)
http://www.oconsolador.com.br/ano11/531/estudandomanoelphilomeno.html

Texto para reflexão - O Ponto Negro



Trago um texto muito bom extraído do curso de Filosofia que faço - IFEVALE

Certo professor entrou na sala de aula.
Disse aos alunos para se prepararem para uma prova relâmpago.
Todos ficaram assustados.
O professor, como de costume, entregou a prova virada para baixo.
Quando puderam ver, para surpresa de todos, não havia uma só pergunta.
Havia apenas um ponto negro no meio da folha.
O professor, analisando a expressão surpresa de todos, disse:
Agora vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo.
Os alunos confusos começaram a difícil tarefa.
Terminado o tempo, o professor recolheu as folhas…
Colocou-se em frente à turma e começou a ler as redações em voz alta.
Todas, sem exceção, definiram o ponto negro…
Tentando dar explicações por sua presença no centro da folha.
Após ler todas, a sala em silêncio, ele disse:
Esse teste não será para nota, apenas serve de lição.
Ninguém falou sobre a folha em branco.
Todos centralizaram suas atenções no ponto negro.
Assim acontece em nossas vidas.
Temos uma folha em branco inteira para observar, aproveitar…
Mas, sempre nos centralizamos nos pontos negros.
A vida é um presente de DEUS…
Dado a cada um de nós com extremo carinho e cuidado.
Temos motivos para comemorar sempre.
A natureza que se renova.
Os amigos que se fazem presentes…
O emprego que nos dá sustento…
Os milagres que diariamente presenciamos.
No entanto, insistimos em olhar apenas para o ponto negro.
O problema de saúde que nos preocupa…
A falta de dinheiro…
O relacionamento difícil com um familiar…
A decepção com as pessoas.
Os pontos negros são mínimos…
Comparando com tudo aquilo que recebemos diariamente.
Mas, são eles que povoam nossa mente.
Pense nisso: Tire os olhos dos pontos negros da sua vida!
Aproveite cada bênção, cada momento que Deus lhe dá.
Creia que o choro pode durar até o anoitecer.
Mas, a alegria logo vem no amanhecer.
Tenha essa certeza, tranquilize-se e seja feliz…

Texto que desconheço o autor...extraído da web.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

O Espiritismo e os dogmas da Igreja




Artigo da Revista O Reformador agosto 2017

Segundo WANTUIL (2007, it. 18), os primeiros tempos do chamado Neoespiritualismo, nos Estados Unidos e na Inglaterra, atraíram a atenção de pesquisadores e autoridades diversas, como o juiz John Edmonds, que ficou impressionado com a visão do Espírito de sua falecida esposa. Essas manifestações, exaustivamente pesquisadas no século XIX, foram testemunhadas também por vários clérigos, alguns deles admitindo, honestamente, a realidade dos fenômenos e até mesmo os considerando “o maior acontecimento do século”, como foi o caso do padre italiano Joaquim Ventura de Raulica (WANTUIL, 2007, it. 19, nota de rodapé 127). Outros clérigos atribuíam-nos às manifestações demoníacas. Não era esse o caso do abade Almignana, doutor em Direito Canônico (it. 20, p. 209), e também do padre Lacordaire, que afirmou em plena igreja de Notre-Dame de Paris ser o fenômeno mediúnico uma profecia divina, cujo fim era “[…] humilhar o orgulho do materialismo” (it. 20, p. 211). Contudo o monsenhor Affre, arcebispo de Paris, dirigindo-se aos fiéis a respeito da afirmação do dominicano Lacordaire, disse o seguinte: “[…] Meus irmãos, foi Deus quem falou pela boca do ilustre dominicano” (it. 20, p. 211).

Para Edmonds, a comprovação da sobrevivência do Espírito, proporcionando ao mundo a certeza da imortalidade da alma e sua comunicação post-mortem era uma fonte extraordinária de consolo, pelo que afirmou sobre o conhecimento espírita:

Nele se acha tudo o que consola o triste e conforta o desgraçado; tudo o que nos suaviza a marcha para o túmulo e nos livra dos temores da morte; tudo o que ilumina o ateu e contribui para reformar o viciado; tudo o que premia e anima o virtuoso em meio das provas e vicissitudes da vida, e o que esclarece o homem nos seus deveres e no seu destino, libertando-o da inquietude e da dúvida. (WANTUIL, 2007, it. 18, transcrição do New York Courier de 1º de abril de 1853, p. 190).

Ainda nesse excelente livro a ser reeditado em breve pela FEB Editora, Zêus Wantuil informa- nos que o conde católico de Richemond, em sua brochura publicada em Paris, intitulada Le Mystère de la danse des tables dévoilé par ses rapports avec les manifestations spirituelles d’Amérique, relata os fenômenos mediúnicos extraordinários presenciados por ele, nos Estados Unidos, deixando estupefatos os que tomavam conhecimento desses acontecimentos: frases e páginas completas formadas por batidas à medida que o alfabeto ia sendo citado; os mais variados sons, como os de serras, chuva, trovão, árias de violões e guitarras; movimentos de mesas que rodopiavam pelo quarto, com grande quantidade de livros sobre si, sem que nenhum deles caísse, ainda que a mesa se inclinasse, materializações de mãos que assinavam os nomes de pessoas falecidas e, entre outras coisas, vultos com “formas humanas diáfanas” (WANTUIL, 2007, it. 18) que falavam.

O conde de Richemond testemunhou tudo isso e até mesmo classificou os médiuns existentes nos EUA. Na época, já “[…] havia […] os médiuns psicógrafos, os falantes, os audientes, os videntes e até mesmo os receitistas e passistas”, segundo Wantuil (2007, it. 18, p. 193). Para o conde, entretanto, Satã comandava todas essas manifestações diabólicas, cuja finalidade “[…] era destruir as religiões cristãs então existentes[…]” (p. 193). Confundindo a pureza do Cristianismo do primeiro século depois de Cristo com os dogmas criados pelos representantes da Igreja, o conde de Richemond “não compreendia como os adeptos daquela nova revelação se diziam cristãos” (p. 193), uma vez que não aceitavam Jesus como Deus, negavam o pecado original, a existência do demônio e as penas eternas. Tudo isso sem nos referirmos ao repúdio da Igreja à crença na reencarnação, aceita pelos judeus e primeiros cristãos, principalmente pelos iniciados, ainda que o povo, em geral, não tivesse uma ideia muito clara sobre o assunto, confundindo reencarnação e ressurreição.

Allan Kardec, na Revista Espírita de novembro de 1858, afirma que nem lhe passava pela mente a ideia da reencarnação, quando esta lhe foi ensinada pelos Espíritos. Diz ele que havia elaborado “[…] um sistema completamente diferente, partilhado, aliás, por muitas pessoas […]” (p. 434). E, em vista da importância do que afirmavam os Espíritos, acrescenta que, sob o aspecto reencarnacionista, essa informação, num primeiro momento, o deixou perplexo e bastante contrariado. No início da revelação sobre nossas múltiplas existências, diz Kardec,
[…] nós não cedemos ao primeiro choque; combatemos, defendemos nossa opinião, levantamos objeções e só nos rendemos à evidência quando percebemos a insuficiência de nosso sistema para resolver todas as dificuldades levantadas por essa questão. (KARDEC, 2014, p. 434).

Allan Kardec, em tudo o que escreve, demonstra ser o “bom senso encarnado”, conforme afirmou Camille Flammarion sobre ele (2016c, p. 26), em seu discurso de despedida junto ao túmulo do Codificador da Doutrina Espírita. Este descendente de família católica, professor emérito e autor de diversas obras premiadas, na França, comparou a informação dos Espíritos sobre a reencarnação com a ideia de existência única e optou por aquela, que passou a defender, como ocorre na citação abaixo:

Muitos repelem a ideia da reencarnação pelo só motivo de ela não lhes convir. Dizem que uma existência já lhes chega de sobra e que, portanto, não desejariam recomeçar outra semelhante […]. Uma de duas: ou a reencarnação existe ou não existe; se existe, nada importa que os contrarie; terão de sofrê-la, sem que para isso lhes peça Deus permissão. […] Diremos, todavia, aos que a formulam que se tranquilizem, que a Doutrina Espírita, no tocante à reencarnação, não é tão terrível como a julgam; que, se a tivessem estudado a fundo, não se mostrariam tão horrorizados; saberiam que deles dependem as condições da nova existência, que será feliz ou desgraçada, conforme ao que tiverem feito neste mundo; que desde agora poderão elevar-se tão alto que nova queda no lodaçal não lhes seja mais de temer. (KARDEC, 2014, p. 435 e 436).

Assim acontece com todas as ideias novas, que não são bem compreendidas, sobretudo por quem delas somente possui um conhecimento superficial e, muitas vezes, se deixa influenciar por outrem, sem se darem ao trabalho de pesquisarem a fundo aquilo que criticam ou não aceitam. Quantas pessoas não chegam a afirmar: “ainda que visse, não acreditaria”. A elas se referia Jesus, quando disse: “Têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem” (Mateus, 13:13).

É muito cômodo só aceitar aquilo que não traz prejuízo a quem deseja manter as pessoas sob o poder temporal do mundo; mas somos Espíritos eternos e, como tais, não podemos nos acomodar à ideia de uma existência física única, se desejarmos sair da ignorância e começar a alçar voos mais altos, pois todos somos filhos do Altíssimo, como nos afirmou o Cristo: “[…] Não me detenhas porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (João, 20:17).

Não é preciso entrar em considerações sobre as diversas passagens bíblicas que, à luz do Espiritismo, nos remetem à ideia clara sobre a necessidade de voltarmos à existência material. Basta que se desafie a quem quer que seja, provar que ali exista qualquer palavra de Jesus contrária à necessidade da reencarnação para nós, Espíritos imperfeitos, mas fadados à evolução e à conquista da felicidade eterna como coroamento dos nossos esforços e, consequentemente, de nosso merecimento. Não vale interpretação que fuja do sentido literal das palavras de nosso amado Mestre, o Cristo de Deus, nas palavras inspiradas de Pedro (Mateus, 16:16).

Aos que nos pedirem para provar o contrário, sem necessidade de nos referirmos a outros textos, como o do esclarecimento a Nicodemos, por exemplo, indicamos Mateus, 11:7 a 14. No versículo 14, ao se referir a João Batista, Jesus diz, com todas as letras: “E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir”. Mais claro do que isso é impossível. Por isso, no versículo seguinte, Ele arremata: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Mateus, 11:15).

Todo aquele que estuda e reflete nos ensinamentos sagrados, esclarecidos pelo Espiritismo, percebe que, sem a possibilidade da “Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade […]” (KARDEC, 2016b, q. 167) não haveria justiça na Lei Divina. O último profeta do texto bíblico, que antecede os quatro Evangelhos, Malaquias, 4: 5, já anunciava o retorno de Elias, que Jesus diz ter sido João, quando o citado profeta diz: “Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”. Quem ler sobre o nascimento de João, primo de Jesus, assim como o deste, verá que é pela reencarnação que Elias, agora chamado João Batista, retorna para anunciar a vinda do Messias, o Cristo de Deus.

O nascimento de João é descrito em Lucas, 1:5 a 25. No versículo 17 desse capítulo, lemos: “E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto”. Ora, se João iria “no espírito e virtude de Elias” é porque ele é o próprio, em corpo infantil, e, portanto, ao se tornar adulto, assumiria sua condição de profeta Elias que, tendo mandado matar os profetas de Baal (1 Reis, 18:40), em nova encarnação, teria de expiar sua atitude, ao ter a cabeça decepada e oferecida em uma bandeja a Herodes pela filha de Herodias (Mateus, 14:3 a 11). Antes disso, já cumprira sua missão de precursor e anunciador da presença de Jesus na Terra. Aqui fica claro que, mesmo em missão, não deixamos de expiar os excessos de nossas existências anteriores. Por sua presciência, sabia Jesus da necessidade de esclarecimentos futuros à Humanidade. Por isso, disse aos seus apóstolos estas palavras:

Se me amardes, guardareis os meus mandamentos, E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós. (João, 14:15 a 18).

Do exposto, deduz-se que, assim como o Cristo disse: “Não vim modificar a Lei ou os profetas, mas dar-lhe cumprimento” (Mateus, 5:17), o Espiritismo também não veio modificar a Lei Cristã, definitiva para a Humanidade, que completa e liberta da ignorância o ser humano. Pois a Lei a que ambos se referem é a Lei de Deus, de quem todos nós, como dito acima, somos seus filhos muito amados, cujo objetivo da vida é a evolução eterna com base na prática da caridade humilde e desinteressada.

Com relação à criação de anjos, as questões 128 a 131 de O livro dos espíritos deixam claro que esses Espíritos “Percorreram todos os graus […]” (q. 129) da escala espírita citada por Kardec na questão 100 dessa obra, sendo errôneo acreditar que Deus teria criado seres perfeitos. Perfeição é conquista individual. Imperfeição é resultado do livre-arbítrio mal utilizado, mas ninguém foi criado por Deus para a prática do mal eternamente, donde não existirem seres na condição que a Igreja atribui aos “demônios”. A longa resposta dada à pergunta 131 (KARDEC, 2016b), responde essa questão, pelo que remetemos o leitor estudioso a ela.

O dogma do pecado original surgiu de uma doutrina desenvolvida pelo bispo de Hipona, Santo Agostinho. Essa doutrina, adotada pela Igreja, pretende explicar a origem da imperfeição humana, do sofrimento e da existência do mal em virtude da queda do homem. No Judaísmo, no Islamismo e, assim como não podia deixar de ser, no Espiritismo não existe esse dogma.

Em cumprimento à promessa de Jesus Cristo, que preside ao advento do Espiritismo, a questão do céu e do inferno foi esclarecida em O livro dos espíritos, Livro 4, capítulos 1 e 2, respectivamente, sobre as Penas e gozos terrenos e Penas e gozos futuros. Essa parte da obra é desenvolvida no livro intitulado por Kardec O céu e o inferno, ou, a justiça divina segundo o espiritismo (KARDEC, 2016a).

Quanto à ideia do pecado original, essa é apenas a alegoria que indica a presença, em cada um de nós, do gérmen de nossas paixões e dos vestígios de nossa inferioridade primitiva. É o que nos explica São Luís, na questão 1019 de O livro dos espíritos, quando nos diz que a alegoria do “[…] pecado original se prende à natureza ainda imperfeita do homem que, assim, só é responsável por si mesmo, pelos seus próprios erros, e não pelas faltas de seus pais”. O parágrafo final da resposta de São Luís é um alerta sempre atual:

Todos vós, homens de fé e de boa vontade, trabalhai, pois, com zelo e coragem na grande obra da regeneração, porque colhereis centuplicado o grão que houverdes semeado. Ai dos que fecham os olhos à luz, pois preparam para si mesmos longos séculos de trevas e decepções! Ai dos que fazem dos bens deste mundo a fonte de todas as suas alegrias, pois sofrerão muito mais privações do que os gozos de que desfrutaram! Ai, sobretudo, dos egoístas! Não encontrarão ninguém que os ajude a carregar o fardo de suas misérias. (KARDEC, 2016b, q. 1019).

O pecado original, assim como o céu e o inferno é aquilo que trazemos conosco ou  que fazemos contrariamente ao que nos recomenda nossa consciência, na qual se manifesta, em nós, a Lei Divina, conforme nos esclarece a questão 621 da obra de Kardec citada acima. Somos todos, individualmente, responsáveis pelos nossos atos. Por isso nos recomendava Jesus o “Vigiai e orai […]” (Mateus, 26:41).

REFERÊNCIAS:
KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. (bolso). Brasília: FEB, 2016a.
____. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2016b.
____. Obras póstumas. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2016c. Discurso pronunciado junto ao túmulo de Allan Kardec por Camille Flammarion.
____. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos. ano 1. n. 11. nov. 1858. Pluralidade das existências corpóreas. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 5. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2014.
WANTUIL, Zêus. As mesas girantes e o espiritismo. 5. ed. Brasília: FEB, 2007. cap. As mesas girantes e o Espiritismo, its. 18 a 20.

(Zêus Wantuil, foi um espírita brasileiro, pesquisador da história espírita e autor de três obras sobre o tema, e ainda colaborador da revista Reformador. É ainda considerado o maior biógrafo brasileiro de Allan Kardec. Wikipédia
Nascimento: 1924

extraído:
http://www.souleitorespirita.com.br/reformador/destaque/o-espiritismo-e-os-dogmas-da-igreja-2/