Conceituas
tranquilidade qual se fora inércia ou indolência, dever ausente, lazer
demorado.
Face a
isso pensas em férias, recreação, letargo, com que supões lenir aflições
íntimas, solucionar problemas e complexidades do cotidiano.
Talvez
consigas, em misteres de tal natureza, renovar forças, catalisar energias,
predispor-te. Sem e esforço interno, intransferível com que te defrontarás,
assumindo posição decisiva para os embates de reeducação, dificilmente lograrás
êxito.
A tranquilidade
independe de paisagens, circunstâncias e ocasiões.
Estabelece-se
no espírito conto resultado de uma consciência pacificada, que decorre, a seu
turno, de uma vivência moral e social concorde com os postulados de
enobrecimento espiritual.
Fatores
externos criam, às vezes, possibilidades, circunstâncias para as aquisições do
espírito. É, porém, nas refregas da evolução, lapidando imperfeições e arestas,
que o homem se auto-descobre, conhece-se e premia-se com a ação libertadora.
O
cansaço, o desaire, a perseguição, a dor não obstante aflijam, jamais logram
romper a armadura da tranquilidade real.
Quando
existe harmonia interior os ruídos de fora não ecoam perturbadoramente.
*
Se
condicionas a tua tranquilidade a lugares, pessoas e fatores externos, submetes-te,
apenas, ao anestésico condicionante para o lazer dos sentidos.
Se
necessitas de silêncio, melodias, ginásticas para a tranquilidade, apenas estás
no rumo. Sem que te possas manter sereno no retiro da natureza ou na atividade
das ruas, entre sons harmoniosos e a poluição sonora, ritmos ginastas e a
esfalfa das correrias nas leiras da caridade junto ao próximo, a tua aquisição
ainda é miragem diletante, que facilmente se diluirá.
Se te
enerva a espera ou te desagradam o cansaço e o medo, fruis, somente,
comodidades, encontrando-te longe da tranquilidade real.
Um
espírito tranquilo não se atemoriza nem se enfada, não se desarranja nem se
rebela, porquanto, pacificado pela consciência reta, vibram nele as energias da
renovação constante e do otimismo perene.
*
Jesus, no
Sermão da Montanha ou no Gólgota, manteve-se o mesmo.
Estatuindo
a carta magna para a Humanidade, louvou Deus e padecendo a injustiça humana
agradeceu ao Pai, enquanto perdoou os homens.
Íntegro,
confiante, demonstrou até o momento último que a tranquilidade é preciosa aquisição com que a vitória da vida
coroa as lutas nas incessantes batalhas do existir.
Leis
Morais – Joana de Ângelis
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