domingo, 27 de novembro de 2016

A PASSAGEM DO PROF. CHARLES RICHET ( prêmio Nobel de Fisiologia)




A PASSAGEM DE RICHET

O Senhor tomou lugar no tribunal da sua justiça e, examinando os documentos que se referiam às atividades das personalidades eminentes sobre a Terra, chamou o Anjo da Morte, exclamando:

- Nos meados do século findo partiram daqui diversos servidores da Ciência que prometeram trabalhar em meu nome, no orbe terráqueo levantando a moral dos homens e suavizando-lhes as lutas. Alguns já regressaram, enobrecidos nas ações dignificadoras, desse mundo longínquo. Outros, porém, desviaram-se dos seus deveres e outros ainda lá permanecem, no turbilhão das dúvidas e das descrenças, laborando no estudo.

- Lembras-te daquele que era aqui um inquieto investigador, com as suas análises incessantes, e que se comprometeu a servir os ideais da Imortalidade, adquirindo a fé que sempre lhe faltou?

- Senhor alude a Charles Richet, reencarnado em Paris, em 1850, e que escolheu uma notabilidade da medicina para lhe servir de pai?

- Justamente. Pelas notícias dos meus emissários, apesar da sua sinceridade e da sua nobreza, Richet não conseguiu adquirir os elementos de religiosidade que fora buscar em favor do seu próximo. Tens conhecimento dos favores que o Céu lhe tem adjudicado no transcurso da sua existência?

- Tenho Senhor. Todos os vossos mensageiros lhe cercaram a inteligência e a honestidade com o halo da vossa sabedoria. Desde os primórdios das suas lutas na Terra, os gênios da imensidade o rodeiam com o sopro divino de Tuas inspirações. Dessa assistência constante lhe nasceram os poderes intelectuais, tão cedo revelados no mundo. A sua passagem pelas academias da Terra, que serviu para excitar a potência vibratória da sua mente, em favor da ressureição do seu tesouro de conhecimentos, foi acompanhada pelos vossos emissários com especial carinho. Ainda na mocidade, lecionou na Faculdade de Medicina, obtendo a cadeira de fisiologia. Nesse tempo, já seu nome, com os vossos auxiliares, estava cercado de admiração e respeito. As suas produções granjearam-lhe a veneração e a simpatia dos seus contemporâneos. De 1877 a 1884, publicou estudos notáveis sobre a circulação do sangue, sobre a fisiologia dos músculos e dos nervos, perquirindo os problemas graves do ser, investigando no círculo de todas as atividades humanas, conquistando o seu nome a admiração universal.

-E em matéria de espiritualidade – replicou austeramente o Senhor – que lhe deram os meus emissários e de que forma retribuiu o seu espirito a essas dádivas?

- Nesse particular – exclamou solicito o Anjo – muito lhe foi dado. Quando deixastes cair, mais intensamente, a Vossa luz sobre os mistérios que me envolve, ele foi dos primeiros a receber-lhe os raios fulgurantes. Em Carqueiranne, em Milão e na Ilha Roubaud, muitas claridades o bafejaram junto de eusapia Paladino, quando o seu gênio se entregava a observações positivas; com os seus colegas Lodge, Myer e Sidgwick. De outras vezes, com Delanne intelectuais e materialistas da França, que então representava o cérebro da civilização ocidental.

“Todos os pensadores das vossas graças levaram as sementes da Verdade à sua poderosa organização psíquica, apelando para o seu coração a fim de que ele afirmasse as realidades da sobrevivência; povoando-lhe as noites de severas meditações, com as imagens maravilhosas das Vossas Verdades, porém apenas conseguiram que ele escrevesse o “Tratado de Metapsíquica” e um estudo proveitoso a favor da concórdia humana que lhe valeu a Prêmio Nobel da Paz em 1913.

“Os mestres espirituais não desanimaram nem descansaram nunca em torno da sua individualidade; mas apesar de todos os esforços despendidos, Richet viu, nas expressões fenomenológicas de que foi atento observador, apenas a exteriorização das possiblidades de um sexto sentido nos organismos humanos. Ele que fora o primeiro organizador de um dicionário de fisiologia, não se resignou a ir além das demonstrações histológicas. Dentro da espiritualidade, todos os seus trabalhos de investigador se caracterizam pela dúvida que lhe martiriza a personalidade. Nunca pôde Senhor, encarar as verdades imortalista, senão como hipóteses, mas o seu coração é generoso e sincero. Ultimamente, nas reflexões da velhice, o grande lutador se veio inclinando para a fé, até hoje inacessível ao seu entendimento de estudioso. Os vossos mensageiros conseguiram inspirar-lhe um trabalho profundo, que apareceu no planeta como “A Grande Esperança” e, nestes últimos dias, a sua formosa inteligência realizou para o mundo uma mensagem entusiástica em prol dos estudos espiritualistas.”.

- Pois bem – exclamou o Senhor – Richet terá de voltar agora a penates. Traze de novo aqui a sua individualidade para as necessárias interpenetrações.

- Senhor, assim tão depressa? – retornou o Anjo, advogando a causa do grande cientista – O mundo vê em Richet um dos seus gênios mais poderosos, guardando nele sua esperança. Não conviria protelar a sua permanência na Terra, a fim de que ele vos servisse, servindo à Humanidade?

- Não – disse o Senhor tristemente – Se, após oitenta e cinco anos de existência sobre a face da Terra, não pôde reconhecer, com a sua consciência, a certeza da imortalidade, é desnecessária a continuação de sua estada nesse mundo. Como recompensa aos seus esforços honestos em benefício dos seus irmãos em humanidade, quero dar-lhe agora, como o poder do meu amor, a centelha da crença, que a ciência planetária jamais lhe concedeu nos seus labores ingratos e frios.


No leito de morte, Richet tem as pálpebras cerradas e o corpo na posição derradeira, em caminho da 
sepultura. Seu espírito inquieto de investigador não dormiu o grande sono.

Há ali, cercando-lhe os despojos, uma multidão de fantasmas.

Gabriel Delanne estende-lhe os braços de amigo, Denis e Flammarion o contemplam com bondade e carinho. Personalidades eminentes da França antiga, velhos colaboradores da “Revista dos Dois Mundos” cooperadores devotados dos “Anais das Ciências Psíquicas” ali estavam para abraçarem o mestre, no limiar do seu túmulo.

Richet abre os olhos para as realidades espirituais que lhe eram desconhecidas. Parece-lhe haver retrocedido às materializações da Vila Carmem; mas, ao seu lado, repousam os seus despojos, cheios de detalhes anatômicos. O eminente fisiologista reconhece-se no mundo dos verdadeiros vivos. Suas percepções estão intensificadas, sua personalidade é a mesma e, no momento em que volve a atenção para a atitude carinhosa dos que o rodeiam, ouve uma voz suave e profunda falando do infinito.

- Richet – exclama o Senhor no tribunal da sua misericórdia, por que não afirmaste a Imortalidade, e por que desconheceste o meu nome no seu apostolado de missionário da ciência e do labor? Abri todas as portas de ouro, que te poderia reservar sobre o mundo. Perquiriste todos os livros. Aprendeste e ensinaste, fundaste sistemas novos do pensamento, à base das dúvidas dissolventes. Oitenta e cinco anos se passaram, esperando eu que a tua honestidade me reconhecesse, sem que a fé desabrochasse em teu coração... 

Todavia, decifraste, com o teu esforço abençoado, muitos enigmas dolorosos da ciência do mundo e todos os teus dias representaram uma sede grandiosa de conhecimentos... Mas, eis, meu filho, onde a tua razão positiva é inferior à revelação divina da fé. Experimentastes as torturas da morte com todos os teus livros e diante dela desapareceram os teus compêndios, ricos de experimentações no campo das filosofias e das ciências. E agora, premiando os teus labores, eu te concedo os tesouros da fé que te faltou na dolorosa estrada do mundo!

Sobre o peito do abnegado apóstolo desce do Céu um punhal de luz opalina como um venábulo maravilhoso de luar indescritível.

Richet sente o coração tocado de luminosidade infinita e misericordiosa, que as ciências nunca lhe haviam dado. Seus olhos são duas fontes abundantes de lágrimas de reconhecimento ao Senhor. Seus lábios como se voltassem a serem os lábios de um menino, recitam o “Pai Nosso que estais no Céu...”.

Formas luminosas e aéreas arrebatam-no pela estrada de éter da eternidade e, entre prantos de gratidão e de alegria, o apóstolo da ciência caminhou da grande esperança para a certeza divina da Imortalidade.
Humberto de Campos (Espírito)
(Recebida em Pedro Leopoldo a 21 de janeiro de 1936, por Francisco Cândido Xavier).

O LIVRO:

“A GRANDE ESPERANÇA” É APRESENTADA AOS ESTUDIOSOS DOS PROBLEMAS DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA, CHAMADO À RAZÃO PELA CONSTATAÇÃO POSITIVAS DOS CHAMADOS FATOS NÃO HABITUAIS.

É UM CANTO DE GLÓRIA PARA OS VITORIOSOS MERGULHADORES DO INFINITO, CONCLAMANDO AS CRIATURAS PARA O GRANDE BANQUETE DA FRATERNIDADE E DA PAZ, SOB AS LUZES AMIGAS DA PALAVRA DO CRISTO.

“A GRANDE ESPRANÇA”DO PROF. CHARLES RICHET, É COM CERTEZA MAIS UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A DIVULGAÇÃO DOS FATOS PARANORMAIS.

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