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A ÁRVORE PRECIOSA– Jesus no Lar cap. 46
Salientando o Senhor que a construção do Reino Divino seria
obra de união fraternal entre todos os homens de boa-vontade, o velho Zebedeu,
que amava profundamente os apólogos do Cristo, pediu-lhe alguma narrativa
simbólica, através da qual a compreensão se fizesse mais clara entre todos.
Jesus, benévolo como sempre, sorriu e contou:
- Viviam os homens em permanentes conflitos, acompanhados de
miséria, perturbação e sofrimento, quando o Pai compadecido lhes enviou um
mensageiro, portador de sublimes sementes da Árvore da Felicidade e da Paz. Desceu
o anjo com o régio presente e, congregando os homens para a entrega festiva,
explicou-lhes que o vegetal glorioso produziria flores de luz e frutos de ouro,
no futuro, apanhando todas as dissensões, mas reclamara cuidados especiais para
fortalecer-se. Em germinando, era imprescindível a colaboração de todos, nos
cuidados excepcionais do amor e da vigilância. As sementes requeriam terra
conveniente, aperfeiçoado sistema de irrigação, determinada classe de adubo,
proteção incessante contra insetos daninhos e providências diversas, nos tempos
laboriosos do início; a planta, contudo, era tão preciosa em si mesma que
bastaria um exemplar vitorioso para que a paz e a felicidade se derramassem
benditas, sobre a comunidade em geral. Seus ramos abrigariam a todos, seu
perfume envolveria a Terra e branda harmonia e seus frutos, usados pelas
criaturas, garantiriam o bem-estar do mundo inteiro. Finda a promessa e depois
de confiadas ao povo às sementes milagrosas, cada circunstante se retirou para
o domicílio próprio, sonhando possuir, egoisticamente, a árvore das flores de
luz e dos frutos de ouro. Cada qual pretendia a preciosidade pra si, em cárter
de exclusividade. Para isso, cerraram-se, apaixonadamente, nas terras que
dominavam, experimentando a sementeira e suspirando pela posse pessoal e
absoluta de semelhante tesouro, simplesmente por vaidade do coração. A árvore,
todavia, a fim de viver, reclamava concurso fraterno total, e os atritos
ruinosos continuaram. AS sementes, pela natureza divina que as caracterizava,
não se perderam; entretanto, se alguns cultivadores possuíam água, não possuíam
adubo e os que retinham o adubo não dispunham de água farta. Quem detinha
recursos para defender-se contra os vermes, não encontrava acesso à gleba
conveniente e quem se havia apoderado do melhor solo não contava com
possibilidades de vigilância. E tanto os senhores provisórios da água e do
adubo, da terra e dos elementos defensivos, quanto os demais candidatos à posse
da riqueza celeste, passaram a lutar, em desequilíbrio pleno, exterminando-se
reciprocamente.
O Mestre fez logo intervalo na curiosa narrativa e acrescentou:
- Este é o símbolo da guerra improfícua dos homens em
derredor da felicidade. Os talentos do Pai foram concedidos aos filhos, indistintamente,
para que aprendam a desfrutar os dons eternos, com entendimento e harmonia. Uns
possuem a inteligência, outros a reflexão; uns guardam o ouro da terra, outros
o conhecimento sublime; alguns retêm a autoridade, outros a experiência;
todavia, cada um procura vencer sozinho, não para disseminar o bem com todos,
através do heroísmo na virtude, mas para humilhar os que seguem à retaguarda.
E fitando Zebedeu, de modo significativo, finalizou:
- Quando a verdadeira união se fizer espontânea, entre todos
os homens no caminho redentor do trabalho santificante do bem natural, então o
Reino do Céu resplandecerá na Terra, à maneira da árvore divina das flores de
luz e dos frutos de ouro.
O velho Galileu sorriu, satisfeito, e nada mais perguntou.
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