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A JORNADA REDENTORA – Jesus no Lar cap. 49
Aberta a doce conversação da noite, em torno da Boa Nova, a
esposa de Zebedeu perguntou, reverente, dirigindo-se a Jesus:
- Senhor, como se verificará nossa jornada para o Reino
Divino?
O Cristo pareceu meditar alguns momentos e explanou:
- Num vale de longínquo país, alguns judeus cegos de
nascença habituaram-se à treva e à miséria em que viviam, e muitos anos
permaneciam na furna em que jaziam mergulhados, quando iluminado irmão de raça
por lá passou e falou-lhes da profunda beleza do Monte Sião, em Jerusalém, onde
o povo escolhido adora o Supremo Pai. Ao lhe ouvirem a narrativa, todos os
cegos experimentaram grande comoção e lastimaram a impossibilidade em que se
mantinham. O vidente amigo, porém, esclareceu-lhes que a situação não era
irremediável. Se tivessem coragem de aplicar a sim mesmos determinadas
disciplinas, com abstinências de variados prazeres de natureza inferior a que se
haviam acostumados nas trevas, poderiam recobrar o contato com al luz,
avançando na direção da cidade santa. A maioria dos ouvintes recebeu as
sugestões com manifesta ironia, assegurando que os progenitores e outros
antepassados haviam sido igualmente cegos e que se lhes afigurava impossível a
reabilitação dos órgãos visuais. Um deles, porém, moço corajoso e sereno,
acreditou no método aconselhado e aplicou-o. Entregou-se primeiramente às
disciplinas apontadas e, depois, de quatro anos de meditações, trabalho intenso
observação pessoal da Lei, com jejuns e preces, obteve a visão. Quase
enlouqueceu de alegria. Em êxtase, contou aos companheiros a sublimidade da
experiência, comentando a largueza do céu e a beleza das árvores próximas;
contudo, ninguém acreditou nele. Não obstante ser tomado por demente, o rapaz
não desanimou. Agora, enxergava o caminho e conseguiria avançar. Ausentou-se do
vale fundo, mas, sem qualquer noção de rumo, vagueou dias e noites, em estado
aflitivo, Atacado por lobos e víboras em grande número, usava a maior cautela,
reconhecendo a própria inexperiência, até que, em certa manhã, abeirando-se de
um esconderijo cavado na rocha, para colher mel silvestre, foi aprisionado por
um ladrão que lhe exigiu a bolsa; entretanto, como não possuísse dinheiro, deixou-se
escravizar pelo malfeitor que durante cinco anos sucessivos o reteve em
trabalho incessante. O servo, porém, agiu com tamanha bondade, multiplicando os
exemplos de abnegação, que o espirito do perseguidor se modificou, fazendo-se mais
brando e reformando-se para o bem, restituindo-lhe a liberdade. Emancipado de
novo, o crente fiel recomeçou a jornada, porque a ânsia de alcançar o templo
divino povoava-lhe a mente. Pôs-se a caminho, distribuindo fraternidade e
alegria com todos os viajores que lhe cruzassem a estrada, mas, atingindo um
vilarejo onde a autoridade era exercida
com demasiado rigor, foi encarcerado como
sendo um criminoso desconhecido; no entanto, sabendo que seria traído
pelas próprias forças insuficientes, caso buscasse reagir, deixou-se trancafiar
até que o problema fosse resolvido, o que
reclamou longo tempo. Nunca, entretanto, se revelou inativo no exercício
do bem. Na própria cadeia que lhe feria a inocência, encontrou vastíssimas
oportunidades para demonstrar boa-vontade, amor e tolerância, sensibilizando as
oportunidades, que o libertaram enfim. O ideal de atingir o santuário sublime
absorvia-lhe o pensamento e prosseguiu na marcha; todavia, somente depois de
vinte anos de lutas e provas, das quais sempre saia vitorioso, é que conseguiu
chegar ao “Monte Sião para adorar o Supremo Senhor.
O Mestre interrompeu-se, vagueou o olhar pela sala
silenciosa e rematou:
- Assim e caminhada
do homem para o Reino Celestial. Antes de tudo e preciso reconhecer a sua condição de cego e
aplicar a si mesmo remédios indicados nos mandamento divinos. Alcançado o
conhecimento, apesar da zombaria de quantos o rodeiam em posição de ignorância,
e compelido a marchar por si mesmo, e sozinho quase sempre, de escuro vale
terrestre para o mente da claridade divina, aproveitando todas as oportunidades
de servir, indistintamente, ainda mesmo aos próprios inimigos e perseguidores.
Quando o seguidor do bem compreende o dever de mobilizar todos os recursos da
jornada, em silencio, sem perda de tempo com reclamações e censuras que somente
denunciam inferioridade, então estará em condições de alcançar o Reino, dentro do menor prazo, porque vivera
plasmando as próprias asas para o voo divino, usando para isso a disciplina de
si mesmo e o trabalho incessante pela paz e alegria de todos.
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