– O Evangelho Segundo o
Espiritismo - Bem-Aventurados os Aflitos cap V
As compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra só
podem realizar-se na vida futura.
Sem a certeza do porvir, essas máximas seriam um
contra-senso, ou mais ainda, seriam um engodo. Mesmo com essa certeza,
compreende-se dificilmente a utilidade de sofrer para ser feliz. Diz-se que é
para haver mais mérito. Mas então se pergunta por que uns sofrem mais do que outros;
por que uns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada terem feito para
justificar essa posição; por que para uns nada dá certo, enquanto para outros
tudo parece sorrir? Mas o que ainda menos se compreende é ver os bens e os
males tão desigualmente distribuídos entre o vício e a virtude; ver homens
virtuosos sofrer ao lado de malvados que prosperam. A fé no futuro pode
consolar e proporcionar paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem
desmentir a justiça de Deus.
Entretanto, desde que se admite e existência de Deus, não é
possível concebê-lo sem suas perfeições infinitas. Ele deve ser todo-poderoso,
todo justiça, todo bondade, pois sem isso não seria Deus. E se Deus é
soberanamente justo e bom, não pode agir por capricho ou com parcialidade. “As vicissitudes da vida têm, pois, uma
causa, e como Deus é justo, essa causa deve ser justa. Eis do que todos devem
compenetrar-se. Deus encaminhou os homens na compreensão dessa causa pelos
ensinos de Jesus, e hoje, considerando-se suficientemente maduros para
compreendê-la, revela-a por completo através do Espiritismo, ou seja, pela voz
dos Espíritos.”
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