é o órgão por excelência da alma. Ele vem resolver todas as dificuldades aparentes, explicando perfeitamente a vida. Só por ele a memória pode ter explicação razoável, assim como todo o movimento de agregação e desagregação, de fluxo e refluxo da matéria de que é constituído o corpo carnal, com a sua organização e reorganização de tecidos.
O PERISPÍRITO é o conservador da forma e do equilíbrio vital; é ele que mantém a tonalidade do organismo, além das propriedades psíquicas que lhe são peculiares.
O PERISPÍRITO não está em ação unicamente quando unido ao corpo carnal; mantém-se pronto a funcionar logo que se desembaraça do corpo físico. Esta afirmação nada tem de estranha, quando consideramos a vida do feto no seio materno, onde é dotado de todos os órgãos, sem que, entretanto, se utilize da maioria deles. Inativos durante a vida pré-natal, os órgãos só começam a funcionar no momento do nascimento do ser, e sua ação só se estabiliza com o desenvolvimento completo do indivíduo.
Parece que a luta pela existência é que proporciona o funcionamento dos órgãos inativos, mas existentes no seio materno. Primeiro são os órgãos vocais, depois os visuais; o estômago começa a trabalhar, os pulmões a respirar; os braços, as pernas e assim por diante, até que o cérebro entre em vibrações para a rude tarefa da vida em prol da perfeição espiritual.
Uma comparação bem lembrada relativa ao problema filosófico e biológico, aplicável ao PERISPÍRITO, é a metamorfose da lagarta. Allan Kardec já se havia utilizado dessa imagem que, certamente, não pode ser tomada ao pé da letra, para dar uma ideia do espírito revestido do seu invólucro corporal na vida terrestre, e do seu invólucro psíquico, na vida futura: "a lagarta encerrada na crisálida e depois renascida como borboleta, senhora dos ares".
Essa analogia nos faz lembrar a descrição que o inglês-australiano Sr. J. Brown fez, do que vira sua filha, por ocasião da morte de um filho: Ao lado do leito do moribundo, ela descrevia a seu pai a separação entre a alma e o corpo, pouco mais ou menos como o descreveu Jackson Davis.
Sem o Espírito revestido do respectivo invólucro, que adquire propriedades funcionais, à medida que os seres passam, gradativamente, do animal inferior ao homem, o transformismo não passaria de concepção abstrata, ao passo que, com a ideia do PERISPÍRITO, tudo se concilia e melhor se esclarece, pondo nos devidos termos a explicação materialista da hereditariedade, influência do meio etc.
O conhecimento do PERISPÍRITO vem, pois, trazer-nos os seguintes esclarecimentos:
1º) O Espírito não é um produto dos nervos e do cérebro, pois preexiste, sobrevive e manifesta-se após a desagregação dos órgãos físicos;
2º) Possui um organismo fluídico, que o envolve durante a vida carnal e o individualiza ainda após a separação do corpo material;
3º) Explica a conservação do tipo individual, apesar da renovação incessante de todas as moléculas;
4º) Explica a reparação das partes lesadas;
5º) Explica o equilíbrio das funções vitais apesar da renovação das células.
Além de todas essas considerações, poderíamos acrescentar que só com o auxílio do PERISPÍRITO se poderão explicar as manifestações do inconsciente, tantas vezes constatadas nas sessões experimentais do nosso tempo e por todos os magnetizadores que souberam penetrar nos refolhos da psique humana.
(A Vida no Outro Mundo – Cap. IX - O Perispírito e suas Propriedades Funcionais) - Cairbar Schutel
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