A LÓGICA – O TESTE DO RACIOCÍNIO
BIBLIOGRAFIA
CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí – Edit Àtica
FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – M Lucia A Aranha – Edit Moderna
REFLEXÃO
A RELIGIÃO E A LÓGICA
No Livro de Isaías está escrito que Elias não morreu e que subiu aos Céus numa carruagem de
fogo.
Os religiosos inferem que seu corpo se tornou incorruptível e lá se encontra na presença de Deus e de Jesus. A lógica mostra uma série de inverdades nessa inferência feita por eles. A pregação no calor das emoções faz com que o interlocutor aceite essa falácia sem a respectiva análise racional. Ao esfriar essas paixões lhe é dito que as coisas divinas não estão sujeitas aos caprichos humanos. Seria a lógica divina incompatível com a lógica humana?
1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por finalidade nos iniciar no conhecimento da Lógica. Esta é uma ferramenta básica para quem busca a verdade. Na Filosofia e sobretudo, na Ciência Acadêmica a Lógica se faz presente. Elas precisam segurança nos raciocínios desenvolvidos, clareza nas exposições e firmeza de argumentos. Em tudo isso a Lógica vem de encontro auxiliando o caminhar correto dos pensamentos.
2ª PARTE: INTRODUÇÃO VERDADES CRENÇAS
“É preferível rejeitar 99 verdades a aceitar uma inverdade” A busca da verdade pela Ciência e pela Filosofia é fundamental e incessante. Instrumentos de teste da verdade são desenvolvidos para a garantia do caminho correto. A inverdade por vezes está tão camuflada que necessitamos constantemente de estratégias de teste. E a lógica é uma dessas estratégias, porém não a única. A Doutrina Espírita tem entre seus fundamentos, a racionalidade (fé raciocinada) e logicidade. É vital o entendimento do conceito de lógica para analisarmos a doutrina e fortalecer nossa fé. É verdade também que a crença e a Religião, para alguns, pode ser independente da lógica, principalmente se ignoramos o conceito. Mais cedo ou mais tarde, a crença se torna insustentável se for ilógica. Portanto, antes de crer façamos uma crítica sob a óptica da razão e da lógica. A divindade e sua creação, a Natureza em particular, e o cosmos em sentido mais amplo, é racional e lógica.
3ª PARTE: O QUE É A LÓGICA
A Lógica é um instrumento utilizado em nosso cotidiano verbal com muito mais freqüência que imaginamos. E por vezes nem suspeitamos o uso desse instrumento não dando conta de sua existência. Exemplo: “o céu esta carregado de nuvens escuras, vai chover”, ou “ o acidente com este motoqueiro se deu devido a velocidade com que eles andam”.
Outras vezes utilizamos a expressão “é lógico” dando entender que “isto é evidente”, que se trata de uma conclusão óbvia, extraída de um raciocínio absolutamente correto. No entanto, no cotidiano da maioria das pessoas, o uso da lógica é apenas intuitivo não sendo sistemático e rigoroso. Pensar logicamente segue certos critérios, regras e princípios os quais devemos, no mínimo, ter conhecimento desse instrumento para guiar nossos raciocínios, conversas e exposições de idéias. Existe uma diferença entre raciocínio e lógica, e na maioria das vezes trocamos um vocábulo por outro. O raciocínio é uma sequência de proposições que se encadeiam chegando a uma conclusão que em muitas das vezes imaginamos ser a verdade. Já a lógica é um instrumento que regula, verifica e controla o encadeamento das proposições. O raciocínio pode levar a conclusões absurdas sem desconfiarmos desse “engano racional”. A palavra Lógica vem do grego “logos” e foi traduzido como razão, discurso, linguagem, palavra, pensamento, conhecimento. O substantivo logos vem do verbo “legein” que quer dizer: colher, reunir, juntar, calcular, ordenar. Existe uma relação umbilical entre falar e pensar. Exprimimos um pensamento mediante um discurso, mas, para que haja entendimento entre seus interlocutores, a mensagem deve ser clara, inteligível e sobretudo coerente. Ou seja, para dizer e pensar as coisas tais como são, é necessário ordem, organização, medida e proporção em outras palavras, é indispensável o rigor. Finalizando: a Lógica pode ser definida como um conjunto de procedimentos necessários para testar, examinar ou submeter a prova, um raciocínio. Ou, “o lógico debruça-se sobre a distinção entre o raciocínio correto e incorreto”.
4ª PARTE: O NASCIMENTO DA LÓGICA – A DIALÉTICA – A ANALÍTICA
Para sair da Caverna deixando o Mundo Sensível e passar ao Inteligível, Platão oferece o método da Dialética. Esse método é um diálogo, um discurso compartilhado por dois interlocutores que apresentam opiniões opostas (tese e antítese) sobre alguma coisa e devem discutir ou argumentar de modo a superar essas opiniões contrárias chegando a um consenso (síntese). Aristóteles considera desnecessário separar a realidade e a aparência em dois mundos diferentes pois há um único mundo no qual existem essências e aparências. Em segundo lugar, Aristóteles considera que a Dialética não é um procedimento seguro na busca da verdade. Ele afirma que a dialética é boa para a política e para o teatro que se utilizam da retórica com finalidade de persuadir o opositor. Aristóteles substitui a dialética por um conjunto de procedimentos de demonstração e prova que ele denominou Analítica. Aristóteles foi o primeiro filósofo preocupado em encontrar um caminho sistemático que possa testar a verdade. Nesse sentido ele descreveu no Organon, a sua sistemática de análise da verdade. Foi com os estóicos, entretanto, que a analítica tomou o nome de Lógica. Posteriormente outros filósofos se preocuparam com a lógica, principalmente os matemáticos. O dicionário nos diz que a Lógica é a Ciência das formas e das leis do pensamento; é a parte da Filosofia que estuda as leis do pensamento e que expõe as regras que se devem observar para a exposição da verdade; é um raciocínio encadeado; é uma ligação de ideias; é a coerência entre os princípios e as conclusões; é a ciência que tem por objeto o juízo de apreciação enquanto aplicado a distinção entre o verdadeiro e o falso.
5ª PARTE: A TERMINOLOGIA USADA EM LÓGICA
Todas as áreas do conhecimento para se fazerem compreendidas criam uma série de vocábulos próprios desse campo. Com a Lógica não poderia deixar de ser diferente. Em cada uma das partes seguintes serão abordados os termos mais usados e sua significação dentro do estudo da Lógica, entre eles: - JUÍZOS, PREMISSAS, HIPÓTESES, PROPOSIÇÕES, ARGUMENTOS, RACIOCÍNIO, INFERÊNCIAS, DEDUÇÃO, INDUÇÃO, ANALOGIA, SILOGISMO, FALÁCIAS, SOFISMAS, DIALÉTICA, TESE, ANTÍTESE, SÍNTESE, DEMONSTRAÇÃO, CONCLUSÃO, AXIOMA, PRINCÍPIO, POSTULADO Em seguida estudaremos o significado, o conceito de cada um desses logismos.
6ª PARTE: JUÍZOS E PROPOSIÇÕES – RACIOCÍNIO E SILOGISMO
Juízo é o ato pelo qual a inteligência afirma ou nega a identidade representativa de dois conceitos. Exemplo: “o homem é livre” ou ainda “o homem não é um mineral”. A Proposição é o enunciado declarativo do Juízo. Ela exprime por meio da linguagem o que o Juízo formula pelo pensamento. A Proposição é a atribuição de um predicado (P) a um sujeito (S) ou sucintamente “S é P”. Exemplo: o homem é bípede. O encadeamento dos Juízos constitui o Raciocínio e este se exprime logicamente por meio da conexão de proposições. Essa conexão se chama Silogismo. Assim, a proposição está para o Juízo como o Silogismo esta para o Raciocínio. A Lógica estuda os elementos que constituem uma proposição, os tipos de proposições, os tipos de silogismos e os princípios necessários a que toda proposição e todo Silogismo devem obedecer para serem verdadeiras.
7ª PARTE: PREMISSAS E CONCLUSÕES – INFERÊNCIAS E ARGUMENTAÇÕES
As premissas são as proposições tidas como primeiras, a partir das quais se dá o inicio da argumentação. As conclusões são as proposições finais que tiveram origem nas premissas. Exemplo: 1- toda baleia é mamífero
2- nenhum mamífero e peixe, logo
3- a baleia não é peixe. Eis três proposições em que a última (a conclusão) deriva logicamente das duas anteriores chamadas premissas. Chamamos Inferência ao processo pelo qual chegamos a uma conclusão. Ela parte de alguns princípios ou dados e se chega onde se utiliza elementos racionais, emocionais, intuitivos, divagações, associação de ideias, imaginações cujos resultados podem ser desde crenças e opiniões até sentenças científicas. Nenhum desses aspectos porém, interessam a Lógica mas sim os Argumentos. Para efetuar uma análise sobre a Inferência, se ela é correta ou não, utiliza-se o Argumento, pois este é a representação lógica do raciocínio. Em outras palavras, a Lógica examina se a estrutura da Inferência é correta ou não. O Argumento possui uma estrutura de rigor constituído de proposições. É um tipo de operação discursiva do pensamento consistente em encadear logicamente os juízos e deles tirar uma conclusão.
8ª PARTE: TIPOS DE ARGUMENTOS – DEDUÇÃO – INDUÇÃO ANALOGIA
Tradicionalmente dividimos os argumentos nos seguintes tipos: a Dedução, a Indução e a Analogia. A Dedução é um tipo de Argumento que parte do geral para o particular. Como exemplo temos: Todos os homens são mortais – Sócrates é um homem – Sócrates é mortal A matemática usa predominantemente os processos dedutivos de raciocínio. A Indução é uma Argumentação na qual a partir de dados particulares inferimos uma verdade universal. Exemplo: a água deste copo ferve a 100°C - a água daquele copo ferve a 100°C - a água daquele terceiro copo ferve a 100°C - logo a água ferve a 100°C A conclusão da Indução tem apenas a probabilidade de ser correta. Apesar da aparente fragilidade da Indução ela é de grande valia e responsável pela fundamentação nas ciências experimentais. Um terceiro tipo de Argumento é a Analogia. Este é um raciocínio por semelhança e também fornece apenas uma probabilidade e não uma certeza e desempenha um papel importante nas descobertas ou nas invenções (exemplo: usos de animais para aprovação de drogas no combate a doenças). Grande parte de nossas conclusões diárias baseiam-se na analogia.
9ª PARTE: FALÁCIAS E SOFISMAS
A Falácia é um tipo de raciocínio incorreto embora tenha aparência de ser correto. É também conhecido por Sofisma quando vem acompanhado de má intenção, ou seja, o Sofisma tem um caráter pejorativo. O Sofisma tem a intenção de enganar o interlocutor. Uma Falácia pode ocorrer quando um especialista de uma área faz inferências em outra área. Exemplo: Einstein comentando sobre culinária, Pelé comentando sobre política. Trata-se do uso do seu prestígio em uma área fornecendo proposições em outra área que não de sua especialidade. Vemos isto muito em comerciais que usam artistas de novela para fazer propaganda de remédios. É o caso também de pessoas extremamente moralistas e legalistas desejosas de aplicar cegamente as normas e as leis sem uma devida análise cuidadosa das circunstancias específicas dos acontecimentos.
Temos as Falácias chamadas formais como exemplo: todos os homens são vertebrados – eu sou vertebrado – logo sou homem.
10ª PARTE: OS TIPOS DE SILOGISMO DIALÉTICO E CIENTÍFICO
Dois são os tipos de Silogismos: o Dialético e o Científico. O Silogismo Dialético é o que comporta argumentações contrárias por que suas premissas são meras opiniões sobre coisas ou fatos. As opiniões não são objetos da Ciência, mas da persuasão. O Silogismo Dialético é próprio da Retórica ( arte da persuasão ) na qual aquele que fala procura tocar as emoções e as paixões dos ouvintes e nunca seus raciocínios. O Silogismo Científico é aquele que se refere ao que é universal e necessário e ao que acontece sempre independente da emoção das pessoas. O Silogismo Científico obedece a quatro regras básicas: 1- As premissas devem ser verdadeiras 2- As premissas devem ser primárias ou primeiras 3- As premissas devem ser mais inteligíveis do que a conclusão 4- As premissas devem ser a causa da conclusão As premissas são verdades indemonstráveis, evidentes e causais (axiomas, postulados e definições).
11ª PARTE: A LÓGICA SIMBÓLICA E A LÓGICA MATEMÁTICA
A Lógica Matemática ou Simbólica teve como precursores: Boole (1847) e Morgan (1847) porem Frege, Bertrand Russel é que consolidaram esse tipo de Lógica. A Lógica Matemática ou Simbólica visa superar as dificuldades e ambiguidades de qualquer língua devido a natureza vaga e equívoca das palavras usadas e do estilo metafórico, e, portanto confuso que poderia atrapalhar o rigor lógico do raciocínio. Para evitar isso, criou-se a Linguagem Simbólica Artificial. Exemplos: existe se e somente se implica , se ... então... menor que maior que tal que aproximado igual a mais menos menor ou igual diferente perpendicular e ou não está contido está contido pertence não pertence qualquer que seja contem Exemplo de uma frase matemática: R N 1 N 1 Rtraduzindo: o conjunto dos Reais contem os números Naturais e 1 pertence aos Naturais, logo 1 pertence ao conjunto dos Reais (ler Teoria dos Conjuntos – Matemática – 1ª série – Ensino Médio).
12ª PARTE: CONCLUSÃO
A verdade não é irracional e a verdade não é ilógica, seja a verdade científica seja a verdade religiosa, pois elas deságuam na verdade absoluta. Se Deus é a verdade e se a verdade é racional e lógica, o primeiro crivo que uma crença deve se sujeitar é o crivo desses elementos. Portanto, é prudente ao adotarmos uma crença, fazê-la passar por uma análise lógica. É de se esperar que aqueles que desconheçam esses conceitos, não o usem. Normalmente nos situamos dentro de uma crença por ter nascido dentro dela e jamais isto nos passou pelo pensamento. Outras vezes, mudamos de crença ao sabor das emoções e as vezes com fins utilitários. O tempo, porém, pode nos despertar e como consequência solapar essas convicções.
Alan Krambeck
13ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 2 Cap. 6 - O Conhecimento - A Teoria do Conhecimento
Leitura:
CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí – Ática Editora. FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – M Lucia A Aranha – Edit. Moderna
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