quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A FORÇA DO VERBO

“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.” Marcos 13:31

A palavra é a materialização dos sentimentos mais íntimos do ser.

A força do verbo é capaz de impulsionar o progresso do indivíduo ou da comunidades, ou promover a queda nos despenhadeiros da sombras.


A energia expressa através do verbo já era estudada pelos colégios dos sábios do passado. Confrarias e mosteiros foram erguidos em todas as épocas, em cujo interior se aprendiam e exercitarem o poder e o alcance da palavra como agente criador e modelador da forças interiores da alma.

O verbo dá forma ao pensamento. A energia benéfica da palavra desveste-a de poder, que modela, em torno de quem a pronuncia ou no local para onde é dirigida, os fluidos ambientes. Nasce assim a força do mantra, que, pela repetição harmoniosa, cria uma egrégora sadia com a qual são alimentadas as aspirações e as inspirações superiores da humanidade.

A palavra é uma conquista do espírito, que ao longo dos séculos, desenvolve o seu potencial rumo a maiores definições para expressar a sua imortalidade.

Com o uso da palavra, o homem terrestre cria a guerra, destrói, subjuga, mata, atrofia as forças da alma. Utilizando-se da palavra, o homem constrói a paz, eleva a alma, promove a vida, cria esperança, incentiva o progresso e faz luz em torno de si.

Já escreveu um sábio do passado: “No princípio era o verbo”, dessa maneira nos ensinando que a palavra ou o verbo é o único de toda a realização no mundo da forma. Isso nos faz refletir quanto ao uso que se faz dessa força que se materializa através da boca.

A palavra, quando pronunciada, não tem mais retorno; modela nos fluidos ambientes e na luz astral aquilo que ela materializou. Quando retida ou educada em seus primeiros impulsos poderá evitar desastres e conflitos dolorosos. Quando melodiosa, poderá elevar o sentimento e o pensamento às viagens do universo interior.

A palavra é um recurso desenvolvido pelo homem, sob cujo poder ele expressa a inspiração com que se afiniza. S0b a intuição superior, o homem expressa pelas palavras o bem e o belo, para a elevação própria e das coletividades.

Venceremos!
Robson Pinheiro pelo espírito de Alex Zarthú – livro Serenidade.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

O homem psicológico maduro

(UM PEQUENO ESTUDO)

  O ser humano é o mais alto e nobre investimento da vida, momento grandioso do processo evolutivo que, para atingir a sua culminância, atravessa diferentes fases que lhe permitem a estruturação psicológico, seu amadurecimento, sua individuação, conforme Jung.

 Ao atingir a idade adulta deve estar em condições de viver as suas responsabilidades e os desafios existenciais. É comum, no entanto, perceber-se que o desenvolvimento fisiológico raramente faz-se acompanhar do seu correspondente emocional, o que se transforma em conflito, quando um aspecto não é identificado com o outro. Em tal caso, o período infantil alonga-se e predomina, fazendo-se característica de uma personalidade instável, atormentada, insegura, depressiva ou agressiva, ocultando-se sob vários mecanismos perturbadores.


 O seu processo de amadurecimento psicológico, portanto, pode ser comparado a uma larga gestação, cujo parto doloroso propicia especial plenificação.


 Procedente de atavismos agressivos, imantado ainda aos instintos, o ser cresce sob pressões que lhe despertam a necessidade de desabrochar os valores adormecidos, qual semente que se intumesce sob as cargas esmagadoras do solo, a fim de libertar o vegetal embrionário, que se agigantará através do tempo.


 Fatores compressivos e difíceis de liberados, pelos processos castradores do ambiente, quase sempre contribuem para que se prolongue a sua imaturidade psicológica.


 Do ponto de vista tradicional, apresentam-se os fatores hereditários, psicossociais, econômicos, que colaboram positiva ou negativamente para o desenvolvimento psicológico, quase sempre contribuindo para a preservação do estado de imaturidade.


 Graças à sua constituição emocional e orgânica, na vida infantil o ser é egocêntrico, qual animal que não discerne, acreditando que tudo gira em torno do seu universo, tornando-se, em conseqüência, impiedoso, por ser destituído de afetividade ainda não desenvolvida, que o propele à liberdade excessiva e aos estados caprichosos de comportamento.


 Passado esse primeiro período, faz-se ególatra, acumulando tudo e apenas pensando em si, em fatigante esforço de completar-se, isolando-se socialmente dos demais ou considerando as outras pessoas como descartáveis, cujo valor acaba quando desaparece a utilidade, de imediato ignorando-as, desprezando-as...


 Em sucessão, apresenta-se introvertido, egoísta, possuindo sem repartir, detentor de coisas, não de paz pessoal.


 A imaturidade expressa-se através da preservação dos conflitos, graças aos quais muda de comportamento sem liberar-se da injunção causal, que são a frustração, o desconforto moral, a presença da infância. E mesmo quando se apresenta completado, as suas reações prosseguem infantis, destituídas de sensibilidade, no tormento de metas sem significado.


 Para ele, o sentido da vida permanece adstrito ao círculo estreito da aquisição de coisas e à sujeição de outras pessoas aos seus caprichos. Torna-se ditador impiedoso, sicário implacável, juiz cruel.

 
Proporciona-lhe prazer mórbido a dependência das massas e dos indivíduos particularmente, fruindo,
de maneira masoquista, do prazer na dor própria ou alheia, desenvolvendo a degenerescência afetiva até o naufrágio fatal...


 Certamente, fatores genéticos contribuem para o desenvolvimento ou não da maturidade psicológica, em se considerando as cargas hereditárias na constituição orgânica, na câmara cerebral, na aparelhagem nervosa e glandular, especialmente nas de secreção endócrina, na constituição do sexo.


 Todavia, não podemos ignorar a preponderância do modelo organizador biológico (MOB) ou perispírito, responsável pela harmonização dos implementos de que o Espírito se irá utilizar para o seu processo evolutivo no corpo transitório.


 Face a isso, cada pessoa é a soma das suas experiências transatas, e sua mente é o veículo formador de quanto se lhe torna necessário para o processo iluminativo.


 Essa percepção, o entendimento desse fator, faz-se relevante em qualquer proposta de psicologia trans-pessoal, no estudo das causalidades de todos os fenômenos humanos.


 Os velhos paradigmas e modelos sobre o homem cedem passo à introdução do conceito do ser ancestral, com toda a historiografia das suas reencarnações, que se tornam responsáveis pelo desenvolvimento do eu profundo.


 A enunciada cisão entre o eu e o si, atávica, desaparece quando a análise do perispírito demonstra que a personalidade resulta da experiência de cada etapa, mas a individualidade é a soma de todas as realizações nas sucessivas reencarnações.


 Graças a esses fenômenos, as pressões psicossociais — ambiente, educação, lutas e atividades — aparecem contribuindo, de uma ou de outra forma, para a realização das metas ou reparação delas, em razão dos processos de mérito ou débito de que cada um se faz portador.


 Todos nascem ou renascem nos núcleos familiares e sociais de que necessitam para aprimorar-se, e não conforme se assevera tradicionalmente: que merecem.


 As cargas de genes e cromossomas, as condições psicos sociais e econômicas, formam o quadro dos processos de burilamento moral-espiritual, resultantes da reencarnação caldeadora dos dispositivos individuais para a evolução.


 Tal razão prepondera na elucidação das diferenças psicológicas dos indivíduos, mesmo entre os gêmeos uniovulados, defluentes das conquistas anteriores.


 A maturidade psicológica tem um curso acidentado, feito de sucessos e repetições, por formar um quadro muito complexo na individualidade humana.


 A sua primeira fase expressa-se como maturidade afetiva, quando o se deixa de ser captativo por fenômeno atávico, para tornar-se ablativo, que é a fatalidade do processo no qual se encontra.


 Da posição receptiva egoísta, profundamente perturbadora, surge a necessidade de crescer e ampliar o círculo de amigos, na sua condição de animal gregário, surgindo as primeiras expressões do amor.


 Expande o sentimento afetivo e compreende que o narcisismo e o egoísmo somente conduzem à auto-destruição, à perturbação.


 O amor é a chama que arde atraente, oferecendo claridade e calor, ao tempo que alimenta com paz, face à permuta de energias entre quem ama e aquele que se torna amado.


 Desenvolve-se então uma empatia que arranca o ser do seu primitivismo, conduzindo-o à imensa área do progresso, onde a experiência de doação torna-se enriquecedora, trabalhando pelo olvido do ser em si mesmo com a lembrança constante do seu próximo.


 Quem aspira por ser amado mantém-se na imaturidade, na dependência psicológica infantil, coercitiva, ególatra.


 A afetividade é o campo central para a batalha entre as diversas paixões de posse e de renúncia, de domínio e abnegação, ensejando a predominância da doação plena.


 No amadurecimento afetivo, o ser esplende e supera-se.


 O próximo passo é o amadurecimento mental, graças à compreensão de que a vida é rica de significados e o seu sentido é a imortalidade.


 Com essa identificação alteram-se os interesses, e as paisagens se clareiam ao sol da razão, que consubstancia a fé no homem, na vida e em Deus.


 O amadurecimento mental, que se adquire pela emoção e pelo conhecimento que discerne os valores constitutivos da filosofia existencial, amplia as perspectivas da realização completadora.


 Somente após lograr o amadurecimento afetivo, consegue o mental, por encontrar-se livre dos constrangimentos e das pseudo necessidades emocionais.


 A conquista da razão é relevante, por ser o princípio ordenador, responsável pela formação do discernimento, que reúne em um só conjunto as diferentes conquistas intelectuais, a fim de que possa utilizar o pensamento de maneira justa, real e compatível com a consciência.


 A razão proporciona a superação do fenômeno infantil da ilusão, da fantasia, responsável pelo sofrimento, em se considerando a impermanência e todos os acontecimentos e aspirações físicas.


 A mente, no seu contexto e complexidade, resulta de duas expressões da sua natureza:

 o intelecto e a razão, sendo a segunda de formação discursiva e a primeira de caráter intuitivo.

 Disso decorrem duas condutas de aprendizagem no que tange ao pensamento e ao seu uso correto.


 Pensar acertadamente é uma meta elevada, porque nem todo ato de pensar corretamente o é, face à interferência dos desejos e supostas necessidades. Assim, a concentração nos objetivos ideais, distinguidos dos imaginados, leva à correção do pensamento.


 Há uma grande variação de níveis de pensamento, resultantes das conquistas intelectuais.


 Para que ocorra o amadurecimento se torna indispensável pensar, exercitando a mente e ampliando-lhe a capacidade de discernir.


 Logo se apresenta o desafio do amadurecimento moral, responsável pela superação dos instintos, das sensações grosseiras, imediatistas.


 A escala dos valores rompe os limites das conveniências restritivas e interesseiras, para apoiar-se nos códigos da ética universal, ancestral e perene, que têm, por base, Deus, os seres, a natureza e o próprio indivíduo, compreendendo-se que o limite da própria liberdade começa na fronteira do direito alheio, nunca aspirando para si o que não gostaria de receber de outrem...


 A maturidade moral liberta, por despedaçar os códigos da hipocrisia e das circunstâncias que facultam o desenvolvimento do egoísmo, da vaidade, da autocracia.


 Essa realização moral é dinâmica e entusiasta, alargando as possibilidades de crescimento ético, estético e espiritual do ser.


 Dois sensos morais surgem no contexto da maturação:

 o convencional — que é o aceito, oportunista e, às vezes, amoral ou imoral, — porque imposto
pelas conveniências de cada época, civilização e cultura —

e o verdadeiro — que supera os limites ocasionais e sobrepaira legítimo em todas as épocas,
qual aquele estatuído no Decálogo e no Sermão da montanha.


 A conquista da maturidade moral verdadeira torna-se indispensável para a auto-realização do ser e da sociedade em geral.


 Vencida essa etapa, a maturidade social surge naturalmente, porque, autoconhecendo-se e autotrabalhando-se, o homem psicológico torna-se harmônico no grupo, é aglutinador, compreensivo, líder natural, proporcionando bem-estar em sua volta e alegria de viver.


 O amadurecimento psicológico é imperativo que surge naturalmente, ou por necessidade que se estabelece no processo da evolução.


 O ser imaturo, ambicioso, apaixonado, frustra-se, irrita-se sempre, mata e mata-se, porque o significado da sua vida é o ego perturbador e finito, circular estreito e sem metas.


 Superar o estado egocêntrico, para tornar-se útil socialmente, caracteriza o rompimento com o círculo familiar da infância e abre-o à comunidade, que é a grande escola da vida.


 O indivíduo não pode viver sem relacionamentos, pois que, por contrário, aliena-se.


 O seu desenvolvimento deflui dos contatos com a natureza e as criaturas, dos seus inter-relacionamentos pessoais, renunciando à liberdade interior, a fim de plenificar-se no grupo.


 Com o conflito embutido no comportamento pessoal, torna-se impossível o relacionamento social.


 Indispensável que sejam realizados encontros e experiências de grupos, gerando adaptação e convivência salutar com outras pessoas.

 Quem lograr a sua consciência individual, supera a violência, a separatividade e, afetuoso, racional, integra o grupo social promovendo-o e desenvolvendo-se cada vez mais, rico de compreensão, fraternidade, amor e paz.


 O homem maduro psicologicamente vive a amplidão infinita das aspirações do bom, do belo, do verdadeiro, e, esvaído do ego, atinge o self, tornando-se homem integral, ideal, no rumo do infinito.


O SER CONSCIENTE
DIVALDO PEREIRA FRANCO
DITADO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 2 ­ CAP 6


 ­O CONHECIMENTO ­ A TEORIA DO CONHECIMENTO

BIBLIOGRAFIA
CONVITE Á FILOSOFIA – Marilena Chauí – Edit Ática
FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – M Lucia A Aranha – Edit Moderna

REFLEXÃO
É NECESSÁRIO CONHECIMENTO PARA VIVER NO REINO DE DEUS?
 Uma senhora de idade bem avançada tida no bairro como extremamente virtuosa não medindo esforços no bem ao próximo. Tida inclusive como temente a Deus, cumpria rigorosamente todos os preceitos religiosos. Numa ocasião, ao varrer o seu jardim, se deparou com uma crisálida em vias de se transformar em borboleta tentando sair do seu casulo. Enternecida com aquela situação se pôs a ajudar a larva sair do seu habitáculo. Conseguiu. Esta, porém liberta, caiu ao chão e não demorou a ser atacada pelas formigas. Passadas algumas horas, a bondosa senhora percebeu que aquela foi consumida pelas formigas. Entristecida se recolheu a sua casa. No dia seguinte, ao receber a visita do seu filho que era biólogo, descreveu a tragédia. - Mamãe, disse ele, o esforço que a larva fazia lhe era vital, pois reforçava seus membros alados só assim poderia deixar o casulo e sair voando imediatamente sem perigo algum.

1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA
         O objetivo desta aula é saber de que forma o homem conhece a realidade, o seu mundo exterior. Procura conhecer os processos utilizados para se chegar ao conhecimento.

2ª PARTE: INTRODUÇÃO
A Filosofia sempre se preocupou com o processo do conhecimento pelo homem. O que é possível conhecer? É possível que o sujeito do conhecimento conheça toda a realidade e a verdade? Quando esse estudo passou a ser sistematizado e metódico surgiu a Epistemologia, ramo da Filosofia que trata especificamente do assunto conhecimento. José Herculano Pires, filósofo espírita utiliza com certa frequência o termo Gnosiologia provinda de gnosis que assim como episteme tem o significado de conhecer, conhecimento.

3ª PARTE: O CONHECIMENTO E OS PRIMEIROS FILÓSOFOS
Os primeiros filósofos já tinham a preocupação com o conhecimento, mas não indagavam se podemos ou não conhecer ou como ele se processa. Assim os pré-socráticos, Heráclito de Éfeso, Parmênides de Eléia e Demócrito de Abdera, cada um dentro de sua filosofia se preocupavam em entender a Natureza, o Cosmos, em conhecê-lo por isso essa fase é também conhecida como Período Cosmológico. Com Sócrates e com os sofistas a questão do conhecimento já se torna central.
Diante da pluralidade e dos antagonismos das filosofias anteriores, os sofistas concluíram que não podemos conhecer o Ser, pois se o pudéssemos pensaríamos todos da mesma maneira uma vez que a verdade é universal. Por isso eles passaram a ensinar a arte do persuadir, ou seja, a Retórica. Em contrapartida, Sócrates afirma que a Verdade pode ser conhecida desde que compreendamos que precisamos afastar as ilusões e as meras opiniões. Dizia ele que possuímos uma alma racional com ideias inatas e o conhecimento é alcançado pelo despertar dessas ideias.

O conhecer de Sócrates utilizava dois processos:
a Ironia (reconhecer que não se conhece tanto quanto se imagina) e a
Maiêutica (o parto das ideias).

Platão apresenta 4 formas ou graus do conhecimento:
1- A Crença – é a confiança no processo sensorial
2- A Opinião – é a nossa aceitação do que nos ensinaram sobre as coisas
 3- O Raciocínio – é o treinamento do desenvolvimento correto de nosso pensamento
4- A Intuição Intelectual – é o conhecimento perfeito das coisas através de conceitos e raciocínios

Platão substitui o processo do conhecimento que Sócrates usava, a Ironia e a Maiêutica pela Dialética (exposição de teses contrárias).

Aristóteles já estabelece um numero maior de formas de conhecimento:
 a Sensação, a Percepção, a Imaginação, a Memória, a Linguagem, o Raciocínio e a Intuição.

Ele, porém, separa estas seis formas num grau crescente do conhecimento da verdade. A última, a Intuição que é um ato de pensamento puro cuja base é o conhecimento dos princípios universais e das primeiras causas do Ser.

4ª PARTE: OS FILÓSOFOS MODERNOS E O NASCIMENTO DA TEORIA DO CONHECIMENTO
A Filosofia Moderna se deparou com um fato novo que foi o surgimento e o desenvolvimento do Cristianismo. Este introduz algo entre nosso intelecto e a Verdade. O Cristianismo com forte influencia judaica parte da separação entre o Homem e Deus causada pelo Pecado Original. Dessa maneira se afirmava que o erro e a ilusão passaram a fazer parte da natureza humana. Em consequência disso a Filosofia enfrentou problemas novos:
1-) como seres decaídos podemos conhecer a Verdade?
2-) como o finito ( humano ) pode conhecer a Verdade (infinita e divina)?

Eis porque durante toda a Idade Média a Fé se tornou central para a Filosofia. E assim, não pode haver contradições entre as Verdades de Fé e as Verdades de Razão. Se houver alguma contradição as Verdades de Razão devem ser abandonadas em proveito das Verdades de Fé uma vez que a Razão humana esta sujeita ao erro e ao falso.

Os filósofos modernos recusaram essa posição dos filósofos cristãos onde a Filosofia ficaria subordinada à Verdade Cristã. Após as contradições descobertas por Copérnico e Galileu a respeito do geocentrismo e da redondeza da Terra os filósofos modernos desconfiaram ainda mais das Verdades Cristãs. A primeira tarefa destes filósofos foi recusar o poder de autoridades sobre a Razão, sejam elas autoridades da Igreja, da tradição, das escolas ou de livros sagrados ou não. Iniciam assim separando Razão e Fé. O problema do conhecimento se torna crucial e a Filosofia precisa começar pelo exame da capacidade humana de conhecer. Logo, para os modernos, o objeto do conhecimento passa ser o Sujeito do Conhecimento. Esse trabalho começa com Francis Bacon e René Descartes Bacon elaborou uma teoria conhecida por “Crítica dos Ídolos” que visa quebrar as opiniões cristalizadas e preconceitos que impedem o conhecimento da Verdade. A demolição dos Ídolos é, portanto uma reforma do intelecto, do conhecimento e da sociedade. Descartes, como já vimos se afasta de todo aprendizado anterior e lança o Método da Dúvida, ou seja, fazer passar todos os conhecimentos adquiridos até então pelo crivo da Razão. Ele localiza a origem do erro nas chamadas atitudes infantis ou preconceitos infantis e são eles:
a prevenção e a precipitação.
A Prevenção é a facilidade com que nosso espírito se deixa levar pelas opiniões e ideias alheias.
Precipitação seria a rapidez com que nos emitimos Juízos.
Instituíram, esses filósofos, a Teoria do Método. John Locke é o iniciador da Teoria do Conhecimento. Essas teorias trazem como objeto o próprio sujeito do conhecimento. Locke vai buscar em Aristóteles os graus ou as formas do conhecimento e inicia sobre eles um estudo mais aprofundado.

5ª PARTE:  A PERCEPÇÃO E A TEORIA DO CONHECIMENTO
Do ponto de vista da Teoria do Conhecimento, há três concepções principais sobre o papel da percepção:
 1-) Nas teorias empiristas, a percepção é a única fonte de conhecimento. Existem 2 tipos de percepção segundo eles:
as impressões (sensações, emoções e paixões) e as
 ideias (imagem das impressões no pensamento).
2-) Nas teorias racionalistas, a percepção é considerada não muito confiável para o conhecimento porque depende das condições particulares de quem percebe e está propensa a ilusões. Vemos o Sol menor que a Terra, um bastão mergulhado na água parece quebrado.
3-) Na teoria fenomenológica do conhecimento, a percepção é considerada originária e parte principal do conhecimento humano. Nunca podemos perceber de uma só vez o objeto. Ele terá de ser percebido de vários pontos, de vários ângulos, de várias maneiras, pois nunca percebemos o todo numa única visada. Logo a percepção, não é o flash de alguma coisa ou de um ser, mas um complexo de visadas sobre o objeto.

6ª PARTE:  A MEMÓRIA E A TEORIA DO CONHECIMENTO
Do ponto de vista da Teoria do Conhecimento, a memória tem as seguintes funções:
1-) retenção de uma imagem ou de uma situação vivenciada
2-) reconhecimento instantâneo de uma imagem ou vivência do presente numa imagem ou situação já vivenciada no passado.
 3-) recordação de uma imagem ou situação vivenciada no passado
 4-) capacidade de evocar o passado a partir do tempo presente

Na linha do tempo, a memória criou o passado e graças a ela temos condição de lembrarmos e recordarmos o passado. É a memória que confere sentido ao passado como diferente do presente. O esquecimento é a perda de nossa relação com o passado. Vários são os tipos de esquecimento: a Amnésia (a perda total ou parcial da memória), a
Afasia (esquecimento de palavras) e a
Apraxia (esquecimento de gestos e ações). Enfim, o conhecimento fica retido na memória sob a forma de aprendizado.

7ª PARTE:  A IMAGINAÇÃO E A TEORIA DO CONHECIMENTO
Para o Conhecimento, a Imaginação tem duas faces opostas. A primeira vem em auxílio funcionando como criadora, aquela que busca soluções de problemas desafiadores. É a face positiva da Imaginação. Essa Imaginação pode vir a ser a capacidade para encontrar um pensamento novo e no abandono de velhas teorias e proposição de novas. É o chamado Imaginário Utópico ou o Imaginário Criativo. A outra face é aquela de perigo ao conhecimento verdadeiro. É o imaginário que nos leva as ilusões. É o chamado Imaginário Reprodutivo. Em conclusão, o Imaginário Reprodutivo ou Ilusório é o que opera no sentido de se afastar da realidade, de desviar do verdadeiro, enquanto a Imaginação Criadora e a Utópica vêm operar o novo, o da mudança graças ao conhecimento crítico do presente.

8ª PARTE: CONCLUSÃO
Durante muito tempo a Humanidade buscou conhecer a Realidade, a Verdade, o Metafísico. O seu foco esteve sempre voltado para o Objeto do Conhecimento. O entendimento do objeto sempre esteve no foco dessa busca. E assim se permitiu o questionamento dos mitos e das falsas crenças. Esteve sempre a procura da distinção entre o Falso e o Verdadeiro. Procurou explicações das situações naturais, o porque as coisas são como são. O foco voltou-se para o Homem (fase antropológica) em seguida o foco foi para Deus (fase teológica) iniciando assim o Metafísico. A Filosofia ao chegar à Idade Moderna (século XVI) volta o seu foco para o Sujeito do Conhecimento passando assim do Conhecimento em si para uma Teoria do Conhecimento. Em outras palavras, quais as formas que o Sujeito do Conhecimento adquire o Conhecimento e se é possível o Sujeito conhecer toda Realidade e toda a Verdade.

Alan Krambeck
9ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 2 - Cap.7 – Leis Universais Divinas ou Naturais – Leis dos Homens
Leitura:
O Livro dos Espíritos – Parte III – As Leis Morais O Grande Enigma – Leon Denis – As Leis Universais

O MÉTODO DE KARDEC PARA DIALOGAR (CONVERSAR) COM OS ESPÍRITOS

       
        
Escrito por Marcelo Henrique Pereira
"Aí foi que iniciei os meus estudos sérios em Espiritismo, menos ainda devido a revelações do que pelas observações. Sujeitei essa nova ciência, como o fazia a tudo, ao método da experimentação; jamais formulei teorias preconcebidas; observava acuradamente, comparava, tirava consequências; procurava, pelos efeitos, atingir as causas através da dedução, pelo encadear lógico dos fatos, não aceitando como válida uma explicação, a não ser quando ela possa resolver as dificuldades da questão. Procedi sempre assim em meus trabalhos anteriores, desde os meus quinze e dezesseis anos. Aprendi, desde o início, a gravidade da exploração que ia realizar. Percebi nesses fenômenos a chave do problema tão obscuro e tão discutido do passado e do futuro, a solução que em toda minha vida andara procurando; em uma palavra, era uma total reviravolta nas ideias e nas crenças, necessário, pois, era agir circunspecta e não levianamente, ser positivista e não idealista, para não permitir que as paixões me arrastassem." - Kardec, segundo Henri Sausse ("Biografia de Allan Kardec", in O Principiante Espírita, p. 17-18).
 
I – INTRODUÇÃO
Foi aí que, pela primeira vez, presenciei o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida. Assisti então a alguns ensaios, muito imperfeitos, de escrita mediúnica numa ardósia, com o auxílio de uma cesta. Minhas ideias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo. - Kardec (Obras Póstumas. "A minha iniciação no espiritismo", p. 216).
 
Ao ensejo da comemoração dos 152 anos da Doutrina Espírita, recém-comemorados nestes 18 de abril (1857-2009), focamos nossa atenção para o método de Kardec para dialogar (ou conversar) com os Espíritos, circunstância que, por si só, qualifica a obra do Codificador ao materializar, sob a forma de criteriosa metodologia científica, o trabalho que ele criou, desenvolveu e aperfeiçoou, desde seus primeiros contatos com os fenômenos de natureza espiritual.
 
O debruçar sobre a prática original daquele professor francês, desde os primeiros contatos com os Espíritos até a delimitação da estrutura central do processo de comunicação mediúnica e da análise dos resultados obtidos com a experimentação são, nos dias de hoje, fundamentais tanto para o resgate da cientificidade do método de Kardec quanto para a permanência da proposta filosófica do Espiritismo como uma diretriz para o melhor entendimento das questões que gravitam em torno da vida (física e espiritual) dos homens que habitam a Terra.
 
II – GENERALIDADES
"Entre o nascimento de Denizard e o de Allan Kardec há meio século de distância. Não obstante, são ambos o mesmo espírito, a mesma criatura de Deus, a serviço dos homens na Terra. Duas pessoas distintas, num único espírito verdadeiro. [...] Hoje sabemos, graças ao conhecimento da lei das vidas sucessivas, que um mesmo espírito desempenha o papel de várias pessoas, no plano existencial, no processo natural do seu desenvolvimento, da sua evolução. Kardec é a primeira prova e a primeira confissão pública, universal, dessa verdade tantas vezes revelada e tantas vezes negligenciada pela Humanidade." - Herculano Pires ("Quem foi Allan Kardec", in Moreil, Vida e obra de Allan Kardec, p. 9).
 
Muitos falam de Kardec. Muitos tentam entender o processo que levou o cético cientista lionês a interessar-se pela fenomenologia mediúnica, entender-lhe os mecanismos e estabelecer, em concurso com os Espíritos Superiores, o conjunto de princípios e fundamentos a que deu, depois, o nome de Doutrina dos Espíritos. Contudo, nem todos conseguem captar o substrato do trabalho hercúleo e solitário do homem Rivail, sobretudo por considerar que a sua continuidade dependeria de uma suposta "autorização" dos espíritos para, em dado(s) momento(s) permitirem eclodissem "novas revelações".
 
Kardec, ou Hipollyte Leon Denizard Rivail (1804-1869), viveu numa época de grande aceleração cultural, pós-idade média, recebendo acurada formação pedagógica sob inspiração de um dos maiores educadores de todos os tempos, Pestalozzi, e tanto se esmerou que o sucedeu em diversas atividades, dedicando-se à Pedagogia por mais de 50 anos, até alcançar o patamar de homem de elevada cultura, intelectual por excelência. Paris era, por sua vez, o cérebro do mundo naqueles dias, um caldo cultural com herança de notáveis homens como Bacon, Descartes e Rousseau. Além disso, vivia-se a intensa realidade do confronto entre a dogmática religiosa e filosófica em contraponto ao desenvolvimento da ciência de observação.
 
O problema do seu tempo era, então, uma questão de método. Como a Ciência (e seus métodos) rejeitavam a realidade espiritual, invisível e, portanto, inverificável, mas os fenômenos espirituais eclodiam a todo instante de modo cada vez mais evidente e inquestionável, Rivail, convencendo-se da existência de forças inteligentes como causa dos fenômenos, criou e desenvolveu um método específico de investigação experimental dos fenômenos espíritas, já que o método das ciências naturais não poderia investigar e demonstrar esta realidade paralela, a da existência do Mundo Espiritual, preexistente e sobrevivente a tudo.
 
Na investigação dos problemas/questões espirituais o método dedutivo teve de ser substituído pelo método indutivo, tendo o Espírito como objeto de investigação. E a base investigatória, que levou às verdades gerais ou universais, foi o processo comunicativo (dos Espíritos com os homens). Toda a descrição da metodologia e do próprio processo comunicativo encontram-se em O Livro dos Médiuns.
Método Dedutivo
É aquele caracterizado quando se parte de uma situação geral e genérica para uma particular.
Método Indutivo
É o processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.
 
Destarte, o trabalho do Codificador nunca partiu de ideias pré-concebidas (negações ou afirmações). Utilizou, então, a indução para construir a fundamentação teórica da Doutrina Espírita, no seguinte esquema:
 
OBSERVAÇÕES ► TEORIZAÇÕES
A partir do trabalho de Kardec, a Revelação Espiritual aproximou-se da Revelação Científica, abrindo importantes flancos para a pesquisa experimental que já começam, nos dias de hoje, a se tornar efetivas, na comprovação dos princípios espíritas. Mas, ao contrário do que possa parecer, não é a Ciência material que irá chegar às conclusões espíritas, porquanto seu método não permite divisar realidades além-matéria.
 
Ou, como afirma PIRES (2001: 9), "[...] as pesquisas espíritas não se prendem aos fenômenos em si, ao mundo fenomênico ou material, e por isso mesmo exigem métodos diferentes dos utilizados nas ciências físicas."
 
2.1. O que despertou a atenção do homem Rivail.
"[...] Só acreditarei se vir ou se me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tornar-se sonâmbula. Até então, permita-me que considere isso uma história fabulosa." - Kardec (Obras Póstumas, "A minha iniciação no espiritismo", p. 215).
 
Foi no final de 1854 que o homem Rivail ouviu falar das mesas girantes, por meio de notícias que vicejavam nos jornais e nas rodas sociais de Paris, dando conta do ineditismo e da circunstância de entretenimento – espetáculo quase circense – que envolvia as mesmas. Da repetitividade de sua ocorrência, não havia mais como ficar indiferente e Rivail, pouco a pouco, se viu atraído a comparecer a algum ambiente em que tais fenômenos se produziam, senão com o fito de descobrir-lhes a causa de prestidigitação e ilusionismo. No início de 1855, pela vez primeira, ele ouve falar que algumas pessoas haviam desenvolvido um meio de comunicação com as forças que moviam as mesas e que estas, ao serem perguntadas, teriam respondido serem espíritos.
 
Diz-se que Rivail teria se aproximado dos grupos "espíritas" atendendo a convite de amigos magnetizadores (em especial o Sr. Fortier) e, embora não acreditasse na manifestação de Espíritos, já tinha tido contato com sonâmbulos. Em maio de 1855, Kardec comparece a uma "sessão" com as mesas, na casa de seus amigos Sr. Pâtier e Sra. Plainemaison e, depois, na casa da família Baudin. Incomodado com o caráter de frivolidade de muitos dos questionamentos, resolve propor a organização das reuniões, posto que estava convencido da natureza inteligente que presidia o acontecimento. 
 
Diria a si mesmo, reproduzindo esse diálogo íntimo, algum tempo depois, em suas memórias: "Entrevi naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim mesmo investigar a fundo".
 
Assim, em agosto de 1855, passa a coordenar o estudo sistemático das comunicações produzidas, na casa do Sr. Baudin, utilizando-se de médiuns bastante jovens: Caroline Baudin (16) e Julie Baudin (14). KARDEC (2004: 27), a propósito, sublinha que "O primeiro fato observado foi o movimento de objetos; designaram-no vulgarmente com o nome de mesas girantes ou dança das mesas. Esse fenômeno, que parece ter sido observado primeiramente na América, ou, melhor, que se teria repetido nesse país, porque a História prova que ele remonta à mais alta Antiguidade, produziu-se acompanhado de circunstâncias estranhas como ruídos insólitos e golpes deferidos sem uma causa ostensiva, conhecida. Dali, propagou-se rapidamente pela Europa e por outras partes do mundo; a princípio provocou muita incredulidade, mas a multiplicidade das experiências em breve não mais permitiu que se duvidasse da sua realidade." (Grifos do original.)
 
Eis que as mesas, além de simbolizarem o mero movimento dos objetos (o que, se assim circunscrito, segundo KARDEC (2004: 29), teria ficado restrito ao domínio do entendimento das ciências físicas), passaram a se mover conforme determinadas solicitações dos homens que as observavam, dando determinados golpes, batendo um ou mais pés no chão e "respondendo", por meio de pancadas, a questões específicas que lhe foram sendo feitas. Inicialmente, a convenção era "sim" ou "não", conforme uma ou duas pancadas. Logo a seguir, instituiu-se a correspondência entre as batidas e o alfabeto, formando-se frases e períodos, embora com larga duração de tempo para sua formatação e entendimento. Perguntado sobre sua natureza e identidade, inicialmente, respondeu como sendo "Espírito" ou "Gênio", seguindo-se, daí, ao nome pelo qual era reconhecido.
 
Como ninguém, antes, havia pensado nos Espíritos como explicação para o fenômeno, como atesta o Codificador, "[...] foi o próprio fenômeno que revelou a palavra" (KARDEC, 2004, p. 29).
 
Depois, por sugestão de um desses seres invisíveis, construiu-se uma "engenhoca" que consistia na adaptação de um lápis a uma cesta (ou outro objeto), sobreposta a uma folha de papel : "Vá buscar no quarto ao lado a cestinha; prenda nela um lápis, coloque-a sobre o papel e ponha-lhe os dedos na borda" (KARDEC, 2004, p. 30).
 
Os meios continuavam a evoluir e, como a cesta (ou a prancheta) eram meros apêndices da mão, havendo uma força maior que as colocava em movimento, chegou-se à constatação de que a influência sobre o objeto partia de certas pessoas, com poderes especiais, depois denominadas de médiuns – intermediários. O médium, assim, de posse do lápis e involuntariamente impulsionado e quase febrilmente passou a escrever.
 
2.2. A Dialética Espírita
"É, pois, um erro crer que o Espírito pode atender aos chamados que se lhe dirijam e comunicar-se com o primeiro médium que se apresente. Para que um Espírito se comunique é preciso, antes de mais nada, que lhe convenha comunicar-se." - KARDEC (O que é o Espiritismo, p. 50).
 
A inspiração para o competente e dedicado trabalho de Kardec tem raízes na Maiêutica Socrática, fazendo com que a interpelação – livre pergunta sobre todas as coisas – pudesse direcionar o raciocínio para o descortinar de novas verdades. Os Espíritos Superiores ante a provocação das questões propostas por Kardec provocaram no interlocutor, o desejo por saber mais, ou seja, o desenvolvimento de novas indagações nascidas a partir das respostas iniciais.
 
Inicialmente, Rivail preparava com antecedência os temas, desenvolvendo perguntas em sua casa e multiplicando questões sobre os temas (sempre com o intuito de deixar, os temas, o mais claramente expostos possível), os levando, por fim, à residência das Baudin, quando eram propostos aos Espíritos. Todavia, sua estatura moral e cultural permitia (conforme inclusive dito em Obras Póstumas) que ele adaptasse ou reformulasse certas indagações, mentalmente, enquanto determinadas respostas eram dadas, formulando-as, em seguida (KARDEC: 1998, p. 232-233).
 
Há quem diga, inclusive, que a formação cultural e profissional de Kardec, aliada ao somatório de suas experiências anteriores, teria direcionado a escolha pelo método de perguntas e respostas, que consolidou "O Livro dos Espíritos". Decisão, assim, racional e logicamente preparada, para facilitar a compreensão de temas tão complexos.
 
O maior filósofo espírita brasileiro, José Herculano PIRES é muito feliz em tratar da Dialética Espírita, concebida e exercitada a partir do momento em que aquele professor francês resolveu "mergulhar a fundo" nas questões de seu tempo, para descortinar outro horizonte, mais amplo, de natureza espiritual. Diz PIRES (2004: 16): "Nunca houve um diálogo como este. Jamais um homem se debruçou, com toda a segurança do homem moderno, nas bordas do abismo do incognoscível, para interrogá-lo, ouvir as suas vozes misteriosas, contradizê-lo, discutir com ele, e afinal arrancar-lhe os mais íntimos segredos. E nunca, também, o abismo se mostrou tão dócil, e até mesmo desejoso de se revelar ao homem em todos os seus aspectos."
 
E prossegue atestando que Kardec dialogou com todo o mundo invisível, com análise rigorosa das vozes que se manifestavam, entre inferiores e superiores, descobrindo as leis do mundo espiritual, suas formas de vida e o mecanismo de relação daquele com o nosso.
 
E é PIRES (1979: 136-137), novamente, quem pontifica a profundidade da dialética espírita: "Surgindo na era científica, em meados do século XIX, o Espiritismo se opôs, ao mesmo tempo, ao religiosismo alienante e ao materialismos exclusivista. Kardec abriu a brecha espírita nesses maciços milenares, estabelecendo o critério da razão na busca da verdade. Sustentou o princípio dialético da constituição do mundo por dois elementos fundamentais: espírito e matéria. Dessa colocação, válida e confirmada em nossos dias, nasceu a Ciência Espírita, armada com os métodos da pesquisa científica dos fenômenos e com os processos da cogitação filosófica livre de pressupostos e preconceitos."
 
Efetivamente, o diálogo teve Kardec como interlocutor, observador ou selecionador das mensagens, de vez que ele não esteve presente em todos os lugares e situações em que foram recepcionadas as mensagens pela via psicográfica. Vale dizer que o próprio Codificador (2001 [3]: 36) assim se pronunciou, no tocante à recepção das mensagens mediúnicas: "[...] a maioria, foi escrita sob nossos olhos, algumas foram tomadas de comunicações que nos foram dirigidas por correspondentes, ou que recolhemos, por toda parte onde estivemos, para estudá-las".
 
2.3. O Método de Kardec
"[...] Entrevi, por baixo da aparente futilidade e da espécie de jogo que fazem com esses fenômenos, algo de muito sério e como que a revelação de uma lei, que resolvi investigar a fundo." - Kardec, conforme Moreil (Vida e obra de Allan Kardec, p.49).
 
Qual seria o método de Kardec? Sobre que bases se estruturava e como era constituído?
 
PIRES (2004: 17-18), com muita propriedade e completude, assim define e caracteriza o "Método de Kardec": 
"1º) Escolha de colaboradores mediúnicos insuspeitos, tanto do ponto de vista moral, quanto da pureza das faculdades e da assistência espiritual;
Os médiuns, para Kardec, não eram seres superiores aos demais, com missões específicas, ímpares. Contudo, dentre os médiuns disponíveis, o critério para seleção daqueles que vieram a colaborar decisivamente na obra espírita era o da idoneidade moral, primeiramente. Vencida esta premissa, a da confiabilidade absoluta na isenção do colaborador diante da tarefa, eram verificadas as condições materiais-espirituais de suas faculdades medianímicas, bem como a ascendência dos Espíritos que com eles se comunicavam.
 
2º) Análise rigorosa das comunicações, do ponto de vista lógico, bem como do seu confronto com as verdades científicas demonstradas, pondo-se de lado tudo aquilo que não possa ser logicamente justificado;
Kardec (1998: 218) não considerava os espíritos como "reveladores predestinados", mas, de fato, fontes de informação, de modo que, primeiramente, a qualidade da informação estaria vinculada diretamente ao caráter do ser comunicante, visto que a capacidade de explicação de sua realidade espiritual estaria mais ou menos ligadas às crenças que tais criaturas houveram defendido antes da morte, ampliadas pelas percepções decorrentes da condição de vida na Espiritualidade. Por isso, a necessidade premente do filtro das impressões trazidas pelos Espíritos, de modo a não comprometer o edifício que estava, aos poucos, sendo erigido.
 
3º) Controle dos Espíritos comunicantes, através da coerência de suas comunicações e do teor de sua linguagem;
Este ponto merece especial destaque, em virtude da possibilidade ilusionista da identificação (assinatura) do Espírito comunicante que, por vezes, assumia a nomenclatura de um indivíduo que tinha sido personalidade importante no mundo físico, apenas para impressionar seus interlocutores. Assim, Kardec publicou, como exemplificação, na parte final de O Livro dos Médiuns ("Comunicações Apócrifas") algumas mensagens "[...] de tal maneira absurdas, embora assinadas por nomes os mais respeitáveis, que o mais vulgar bom senso demonstra a sua falsidade" (2001: 343-349).
 
4º) Consenso universal, ou seja, concordância de várias comunicações, dadas por médiuns diferentes, ao mesmo tempo e em vários lugares, sobre o mesmo assunto."
Referido consenso, conceituado como o Consenso Universal dos Ensinos dos Espíritos (CUEE), vem sendo defendido pela porção minoritária do movimento espírita (movimento laico), no sentido de resgate da metodologia de Kardec e da progressividade do Espiritismo, evitando que a divulgação de dadas obras e autores, pós-kardecianos, sobretudo sob a formatação de literatura mediúnica, não assuma o papel principal, sem critério de concordância, apondo enxertias e acréscimos indevidos ao conteúdo fundamental espiritista.
 
Vê-se, aí, as chamadas "linhas gerais da metodologia experimental espírita", que se constitui tanto de procedimentos prévios como concomitantes e posteriores, em nível de acuidade e seriedade, como sói acontecer em qualquer das ciências estabelecidas. Sem tais balizas, corre-se o risco de validar informações inverídicas/inverossímeis quanto cair no ridículo, fazendo afirmações que, muitas vezes, em pouquíssimo tempo, serão desmentidas/desmascaradas em função de novas comunicações espirituais ou o próprio progresso material (científico) da Humanidade.
 
A opção do movimento majoritário, todavia, na contra-mão do que prelecionou, ensinou e exemplificou Kardec, tem sido a de venerar dados espíritos e médiuns, cunhando-os como "quase-oficiais", dando a suas manifestações o caráter de oficialidade, como complementações (assaz perigosas) aos conceitos contidos na Codificação.
 
O CUEE pode ser encarado como uma espécie de "certificado de qualidade", uma "norma de certificação", elemento fundamental para a aferição da boa procedência e da utilidade das comunicações mediúnicas. É, assim, o CUEE, o método científico da produção (e análise) mediúnica.
 
PIRES (2004: 18), por fim, ainda pontua que o método de investigação científica dos fenômenos espíritas não se confunde com o método doutrinário, pois a existência do Espírito e a possibilidade da comunicação (entre vivos e mortos) já está doutrinariamente firmada (demonstrada, estabelecida), enquanto que, até o presente momento, embora com experimentações realizadas em diversas partes do mundo, não há um consenso científico nem sobre a imortalidade da alma nem sobre a comunicabilidade entre os espíritos. Trata-se, pois, ainda, questão de "crença" espírita, embora para os espíritas não restem dúvidas sobre uma e outra.
 
2.4. Médiuns mecânicos ou intuitivos?
Os médiuns intuitivos "[...] estão muito mais sujeitos a errar, porque frequentemente não podem discernir o que provém dos Espíritos do que é deles mesmos." - Kardec (O Livro dos Médiuns, p. 163).
 
Dentre os chamados "escolhos da mediunidade" figura a maior ou menor interferência do médium no resultado da produção medianímica, com, às vezes, alterações substanciais e substantivas no conteúdo da(s) mensagem(ns). Kardec, a este particular, embora tivesse se valido de um sem-número de comunicações obtidas pelos segundos (intuitivos), sempre preferiu trabalhar diretamente com os primeiros, e a prova disso está em relatos das meninas conversando enquanto a cesta produzia os textos. Em O Livro dos Médiuns (Cap. XVI), Kardec adverte acerca dos riscos da produção intuitiva em face de erros na conceituação e na explicação para certas questões, que não se tem certeza serem egressos dos Espíritos ou dos médiuns.

Já na Revista Espírita, Kardec (2001 [3]: 205) elenca pontos considerados relevantes à análise das comunicações, em texto intitulado "Contradições na Linguagem dos Espíritos", descrevendo como causas:
"1º. O grau de ignorância ou de saber dos Espíritos aos quais nos dirigimos;

2º. O embuste dos Espíritos inferiores que podem, por malícia, ignorância ou malevolência e tomando um nome de empréstimo, dizer coisas contrárias às que alhures foram ditas pelo Espírito cujo nome usurparam;

3º. As falhas pessoais do médium, que podem influir sobre as comunicações, alterar ou deformar o pensamento do Espírito;

4º. A insistência por obter uma resposta que um Espírito recusa dar, e que é dada por um Espírito inferior;

5º. A própria vontade do Espírito, que fala conforme o momento, o lugar e as pessoas e pode julgar conveniente nem tudo dizer a toda gente;

6º. A insuficiência da linguagem humana para exprimir as coisas do mundo incorpóreo;

7º. A interpretação que cada um pode dar a uma palavra ou a uma explicação, de acordo com as suas ideias, os seus preconceitos ou o ponto de vista sob o qual encara o assunto."
 
Premissas essas que, se bem seguidas e respeitadas in totum pelas instituições espíritas, já nos teriam deixado livre da indigência mediúnica, isto é, a completa subserviência do movimento a dados espíritos, tidos como "oficiais" e "complementares" a Kardec, quanto aos médiuns (pessoas respeitáveis e idôneas, em sua maioria, é claro), considerados indevidamente como infalíveis e "mensageiros escolhidos" para tal mister.
 
2.5. A redação e a publicação de O Livro dos Espíritos.
"O Livro dos Espíritos registrou por escrito a doutrina filosófica do espiritismo, enquanto que O Livro dos Médiuns constituiu a sua parte experimental. Tais são os dois livros básicos do espiritismo de qualquer tempo e Allan Kardec, apesar de sua modéstia, não hesitou em recomendar o seu estudo incessante." - Moreil (Vida e obra de Allan Kardec, p. 126).
 
Caroline Baudin foi a médium que mais participou das sessões de produção espiritista, nestes dias iniciais, inicialmente pela psicografia indireta (uso da corbelha), depois pela via direta. Durante dezoito meses, trabalharam incessantemente, Caroline e Rivail, com participação decisiva da Srta. Ruth Celine Japhet, que atuou como "médium revisora", quando os Espíritos resolveram verificar tudo, em sessões privativas (isto é, sem a presença do público que havia comparecido às outras sessões) o que havia sido composto (inclusive o material enviado por cerca de dez médiuns distintos, distantes de Kardec, por via postal), para a publicação inicial, em 18.04.1857. O trabalho revisional ainda perduraria, levando o Codificador a lançar a segunda edição (definitiva) da obra primeva, agora com 1.019 questões (contra as 501 ou 550 da edição inicial), em março de 1860, utilizando-se, inclusive da Revista Espírita como o laboratório de maturação de muitas ideias, depois consolidadas naquela obra, inclusive com a participação de outra médium, Ermance Dufaux, que Rivail conhecera no lançamento da primeira edição do livro-base, e que passou a colaborar, principalmente na produção da Revista Espírita.
 
2.6. O Advento de O Livro dos Médiuns.
"Publicado em 1861, O Livro dos Médiuns constitui a continuação lógica de O Livro dos Espíritos. Se este lança os fundamentos teóricos da doutrina, aquele, ao contrário, como seu nome indica, trata das consequências práticas da teoria." - Moreil (Vida e obra de Allan Kardec, p. 137).
 
Depois de firmar, sob bases sólidas, o conjunto de princípios ou fundamentos do Espiritismo, Kardec debruçou-se sobre a parte prática, técnico-científica (fenomênica), tratando de cunhar o primeiro Tratado de Mediunidade que se tem notícia na história.
 
Afinal, era preciso, no âmbito da experimentação espiritista, fixar as premissas, as argumentações, o desenvolvimento das explicações para os fatos (objeto da Ciência Espírita), bem como as refutações necessárias, que surgiriam de parte da Ciência Acadêmica (sob o império do Materialismo, histórico e dialético) e das religiões tradicionais.
 
Muito antes de iniciar a sua pesquisar, o estudioso escolhe o objeto a ser pesquisado, de vez que sem um objeto definido, claro e preciso, não pode haver qualquer pesquisa séria e conclusiva. E foi isso o que Kardec fez. Ao se propor a empreender suas observações iniciais (na casa da família Baudin), estabeleceu como objeto de estudo e investigação o mundo espiritual, o habitat dos Espíritos (e sua correlação com o mundo material. Há quem diga, até, que este objeto era extenso demais, em razão do universo a ser descortinado, ou assaz ambicioso.
 
É com O Livro dos Médiuns, este Tratado Superior de Fenomenologia Paranormal, verdadeiramente, que Kardec dá esse passo além.
 
Conforme PIRES (2001: 8), esta obra "[...] É um tratado que tem por fundamento a pesquisa científica e a experiência, além da contribuição teórica dos Espíritos na explicação de vários problemas ainda inacessíveis à pesquisa científica. Essas explicações só foram aceitas por Kardec na medida de sua racionalidade, de acordo com o método de controle rigoroso que estabeleceu para o seu trabalho. Esse método é explicado neste livro e pode ser examinado em minúcias nos relatórios e registros de sessões publicadas na Revista Espírita."
 
Por fim, para entender as detalhadas nuances do método aplicado por Kardec, recomendamos a leitura do Capítulo III d’O Livro dos Médiuns, ("Do Método"), de observância obrigatória àqueles que pretendam realizar, em nosso tempo, a continuidade das pesquisas espíritas, na forma da experimentação mediúnica.
 
2.7. A Revista Espírita como o laboratório permanente.
Kardec trabalhou incessantemente, de 1855 a 1869, totalizando quase 14 anos de trabalho de pesquisa e experimentação. Mas o seu laboratório permanente foi a Revista espírita, espaço onde publicou novos experimentos, a análise de produções mediúnicas e, também, pôde relatar suas atividades "doutrinárias" como viagens, palestras e a correspondência trocada com inúmeras pessoas.
 
RIZZINI (2001, p. 221) destaca em seu livro biográfico sobre Herculano Pires o cuidado que este teve com a apresentação e organização, após criteriosa tradução, dos doze volumes da Revue, destacando a própria opinião do filósofo paulista a esse respeito: "Podemos acompanhar nestas páginas, passo a passo, o esforço ao mesmo tempo grandioso e minucioso de Kardec na construção metódica da Doutrina e na estruturação do movimento espírita. A História do Espiritismo se nos apresenta, assim, como uma forma de vivência que se autofixou na escrita. [...] Nada se oculta ao leitor. Os problemas, as preocupações de Kardec, suas lutas dentro e fora do meio espírita, suas vitórias tranquilas, sua resistência à calúnia, à mentira, à difamação, sua fé inabalável, tudo isso palpita nessas páginas e nos dá a impressão de vivermos ao lado do Codificador na sua época."
 
III. CONSIDERAÇÕES FINAIS
"Desde 1857, quando foi publicado O Livro dos Espíritos, até hoje, nenhum dos princípios do Espiritismo foi desmentido pela Ciência ou pela Filosofia. Pelo contrário, todos eles têm sido sistematicamente confirmados por ambas. Quanto à Religião, nunca teve condições para contradizer o Espiritismo de maneira positiva, tentando sempre fazê-lo de maneira autoritária ou dogmática, sempre no interesse particular dos princípios de cada seita." PIRES (A Pedra e o Joio, p. 8)
.
A questão metodológica do Espiritismo é, por assim dizer, essencial e inafastável, como o é nas demais áreas do conhecimento humano. Quando Kardec empreendeu os sérios, dedicados, exaustivos e coordenados esforços para delimitar a Ciência Espírita (com objeto, método e objetivos próprios, distintos, pois, de qualquer outra ciência), fundou os alicerces pelos quais a pesquisa e a prática espíritas teriam que se basear, para serem consideradas espíritas.
 
Nada obsta, no entanto, que as pessoas, ao conceberem uma metodologia distinta da de Kardec, cunhem doutrinas ou sistemas filosófico-científicos que possam subsistir, havendo interesse em sua manutenção e desenvolvimento. Mas serão tudo, menos Espiritismo.
 
Há muitos companheiros que, sem ter estudado detalhadamente o conteúdo completo de Kardec, apressam-se em defender teorias e obras reformistas no campo do Espiritismo ou, até, afiançam que certos ramos das Ciências atuais superaram a posição espírita, ou, ainda, supõem que suas experiências pessoais (corriqueiras, desatentas e sem qualquer obediência às básicas exigências metodológicas), possam abrir novos caminhos à pesquisa espírita.
 
Ledo engano!
 
O que precisamos, verdadeira e urgentemente, é a "volta ao recomeço" (o trabalho metodológico de Kardec) como ponto de partida, esquecido e vilipendiado, em razão do desinteresse e do despreparo dos próprios espíritas.
 
As reuniões mediúnicas bem como a produção intelectual mediúnica precisam, decisivamente, resgatar os seguintes pontos essenciais:
 
- seriedade e bom senso;
 
- sinceridade, simplicidade, doação e desinteresse na relação entre encarnados-desencarnados;
 
- não adoção de símbolos, vestes especiais, altares, imagens, sons ou qualquer outro fato indutor, tampouco rituais, cerimônias, cantos, danças ou oferendas;
 
- não utilização da mediunidade para a obtenção de respostas ou indicações de interesse pessoal ou a serviço/benefício individual;
 
- respeito integral ao livre-arbítrio dos indivíduos, olvidando impor, coagir forçar, fazer acordos ou ameaças;
 
- submissão de toda a produção medianímica ao crivo da verdade espiritista (comparação/adequação aos princípios básicos da Doutrina Espírita – Existência de Deus; Existência e imortalidade do espírito; Evolução Espiritual; Pluralidade das existências; Pluralidade dos mundos habitados; e, Comunicabilidade entre os Espíritos ou Mediunidade); e,
 
- preparo e dedicação (educação da mediunidade) dos participantes, visando o aperfeiçoamento dos métodos de comunicação e de análise da produção mediúnica, adotando-se o CUEE como instrumento de aferição das mensagens.
 
Por tudo isto, vê-se que Kardec, praticamente sozinho, realizou um trabalho hercúleo e extremamente dedicado, não só para o descortino das informações de origem espiritual como, principalmente, pela eleição e aplicabilidade de um método que, testado e aprovado, gerou como consequências diretas e imediatas o afastamento das informações falsas e a seleção do melhor material a ser publicado – como resultado da pesquisa experimental, ou seja, a Tese (sobre os Espíritos, o Mundo Espiritual e suas correlações com a ambiência física, material, terrena).
 
E o fez sem contar com recursos técnicos, eletrônicos que hoje são encontrados em profusão nos laboratórios de pesquisa científica. Afinal, quando Kardec estabeleceu os meios e as formas de controle, como premissas básicas, o fez tanto para evitar a fraude e o charlatanismo quanto para modular, ao máximo, a interferência anímica na comunicação (já que o animismo não era, substancialmente, o elemento de interesse na investigação). Atualmente, muito mais além do que o tempo de Kardec ou qualquer época passada, os meios eletrônicos de controle, altamente sofisticados e capazes de detectar qualquer tentativa de burla, encontram-se à disposição (eletrodos, sensores, microcâmaras de televisão, visores de raios infravermelhos, células fotoelétricas e outros, em ambiente isolado e seguro, permitem o acompanhamento rigoroso e o registro de tudo o que ocorrer no ambiente, permitindo rigorosa e precisa vigilância do local e do próprio médium.
 
O que nos falta, então, para continuar o trabalho do Codificador, acrescentando, mediante os mesmos critérios do CUEE (ou aperfeiçoados), a complementação das "revelações" espirituais, para questões visivelmente situadas em cenários muito além do tempo/espaço de Rivail?
 
Por fim, vale lembrar que, mesmo assentando-se sobre as manifestações físicas (iniludivelmente a prova da existência do mundo espiritual e da sobrevivência do Espírito), a finalidade do Espiritismo (e das experimentações mediúnicas) é moral e suas pesquisas devem ser direcionadas nesse sentido.
 
 Por isso, ao investigar a situação dos espíritos post-morten, visualizando a aplicação das leis espirituais que regulam as relações permanentes entre as individualidades, deve o foco espírita estar centrado na melhoria dessas relações e na análise das consequências dos atos humano-espirituais, no sentido de levar ao aperfeiçoamento (evolução) e a decorrente felicidade individual e social.
 
"[...] o Espiritismo é o Grande Desconhecido dos próprios espíritas. E é por isso, por causa dessa negligência imperdoável no estudo da doutrina, que os próprios adeptos se transformam em eficientes instrumentos de combate ao Espiritismo. [...] E como a base da doutrina é a Ciência, a sólida base dos fatos, a verdade incontestável é que o nosso movimento espírita não tem base. Se os espíritas conscientes não se dispuserem a uma tentativa de reconstrução, de reerguimento desse edifício em perigo, ficaremos na condição de nababos que desprezam as suas riquezas por incompetência para geri-las. Temos nas mãos a Ciência Admirável que o Espírito da Verdade propôs a Descartes e mais tarde confiou a Kardec. Mas do que vale a ciência e o poder, a fortuna e a glória, se não formos capazes de zelar por tudo isso e nem mesmo de compreender o que possuímos?" - Herculano Pires (Curso Dinâmico de Espiritismo: O grande desconhecido, p. 193-194).
 
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 64. ed. São Paulo: LAKE, 2004.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 21. ed. São Paulo: LAKE, 2001.
KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 12. ed. São Paulo: LAKE, 1998.
KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 26. ed. São Paulo: LAKE, 2001 [2].
KARDEC, Allan. Revista Espírita. 1858. 2. ed. São Paulo: IDE, 2001 [3].
MOREIL, André. Vida e obra de Allan Kardec. Trad. Miguel Maillet. Introdução e revisão doutrinária de Herculano Pires. São Paulo: Edicel, 1986.
PEREIRA, Marcelo Henrique. Harmonia. Revista espírita. Análise de comunicações mediúnicas. N. 125. São José: Harmonia, 2005.
PEREIRA, Marcelo Henrique. Harmonia. Revista espírita. Laboratório mediúnico, a proposta. N. 149. São José: Harmonia, 2007.
PEREIRA, Marcelo Henrique. Kardec e a pesquisa científica de observação. Texto inédito.
PEREIRA, Marcelo Henrique. O Método de Kardec. Texto inédito.
PIRES, José Herculano. A Pedra e o Joio. São Paulo: Cairbar, 1975.
PIRES, José Herculano. Curso Dinâmico de Espiritismo: O grande desconhecido. 2. Ed. São Paulo: Paidéia, 1982.
PIRES, José Herculano. Explicação. In KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 21. ed. São Paulo: LAKE, 2001.
PIRES, José Herculano. Introdução à "O Livro dos Espíritos". In KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 64. ed. São Paulo: LAKE, 2004.
PIRES, José Herculano. Ciência Espírita e suas Implicações Terapêuticas. São Paulo: Paidéia, 1979.
PIRES, José Herculano. Mediunidade: Vida e Comunicação. 6. Ed. São Paulo: Edicel, 1986.
PIRES, José Herculano. Quem foi Allan Kardec. In MOREIL, André. Vida e obra de Allan Kardec. São Paulo: Edicel, 1986.
RIZZINI, Jorge. J. Herculano Pires: O apóstolo de Kardec. O homem, a vida, a obra. São Paulo: Paidéia, 2001.

http://www.herculanopires100anos.com.br/blog/34-o-metodo-de-kardec-para-dialogar-conversar-com-os-espiritos

SOFISMAS OU FALÁCIAS

 

    Existem diversas maneiras de se convencer alguém. Tais modos de “convencimento”, em uma linguagem mais técnica, são chamados de argumentos, dentre os quais alguns são corretos ou legítimos e outros são incorretos ou ilegítimos. Os meios de convencimento que pertencem à categoria dos incorretos e principalmente ilegítimos fazem a inteligência “titubear”. Tais argumentos têm como raiz etimológica a palavra sfalo (do grego) e fallere (do latim), que dão origem ao termo falácia.
 
    Sofismas ou falácias são raciocínios que pretendem demonstrar como verdadeiros os argumentos que logicamente são falsos. Sua eficiência consiste em transferir a argumentação do plano lógico para o psicológico ou lingüístico, servindo-se da linguagem, que pode ser usada tanto de um modo expressivo como de modo informativo, visando assim despertar emoções e sentimentos que dão anuência a uma conclusão, mas não convencem logicamente.
    As falácias podem ser reunidas em dois grandes grupos, um linguístico e outro psicológico. Como exemplos do primeiro têm:
conclusão irrelevante, petição de princípio, falsa causa, contra o homem, recurso à força e etc... como exemplos do segundo têm:
equívoco, anfibologia, ênfase, composição e divisão.
 
Adaptado de “Aprendendo Lógica”, KELLER, Vicente e BASTOS, Cleverson L
 
Disponível em: <http://tiagorodrigomachado.blogspot.com.br/2011/11/sofismas-ou-falacias.html>
 

Relações sexuais e Chakras


               

            
Como já é do conhecimento de todos os estudiosos do assunto, a energia sexual provém da nossa essência, do imo da nossa alma, mas se espraia na superfície do nosso organismo biológico atravessando todos os níveis intermediários do nosso ser.

Antes de tudo, recordemo-nos do conceito de “chakras”. Também conhecidos como “centros de força”, eles consistem em zonas de concentração de energia, cuja função principal seria a conexão entre níveis ou dimensões do nosso ser. Não são os chakras estruturas biológicas, portanto situam-se além do corpo físico. 

O Espírito André Luiz, através das psicografias de Chico Xavier, nos trouxe a nomenclatura “centros de força”, mas a designação dos mesmos como “chakras” é secular, conhecida dos hinduístas e talvez sejam eles os detentores mais antigos desses conhecimentos.   

Falemos, inicialmente, dos chakras situados entre o nosso corpo físico e nosso corpo espiritual (astral): são inúmeros “centros de força” efetuando a conexão entre esses dois corpos; esses chakras situam-se em uma dimensão intermediária entre o corpo físico e o corpo espiritual, dimensão denominada etérica, fazendo parte do chamado corpo etérico ou duplo etérico.

Além dos chakras do corpo etérico, há, em dimensão mais sutil, aprofundando em nosso ser, em nosso corpo astral, chakras efetuando nova ponte ou ligação, (astral-mental); esses chakras captam, continuamente, as impressões vivenciadas pelo corpo astral (corpo emocional) e as transmitem para o corpo mental e, em sentido oposto, estão captando os influxos poderosos, procedentes da mente, transmitindo-os para o corpo astral e isto determina, inclusive, modificação na anatomia do corpo astral. Por isso o Espírito tem a sua aparência astral como sendo reflexo do seu mental.

Ao desencarnarmos, isto é, retornarmos para a nossa origem extrafísica, não teremos mais o corpo biológico (jaz enterrado ou cremado), nem o corpo etérico, pois o mesmo só efetuava a ligação do biológico com o astral, portanto os chakras etéricos desaparecem com a morte física, mas os chakras do corpo astral continuam e existir, conectando o mental com o astral. A existência desses chakras no corpo astral possibilita – entre outras coisas – aos Espíritos na dimensão astral exercerem a mediunidade, captando pelos seus chakras (astrais) as energias e mensagens de outras dimensões bem mais elevadas.

Cada chakra tem uma função específica, são sete principais, porém há dezenas de outros secundários, até as centenas e milhares de diminutos pontos de concentração de energia.

As energias mais sutis e ligadas às esferas da intelectualidade e intuição são captadas e veiculadas pelos chakras superiores, ditos ascencionados, ou seja, correspondentes aos pontos mais altos do nosso corpo, como a cabeça, por exemplo: o chakra coronário situa-se no alto da cabeça e o chakra frontal na altura da testa.

As energias sexuais, como podem ser de níveis e frequências diversas, podem ser captadas por diversos chakras, mas costumam ser absorvidas e transmitidas principalmente pelos chakras situados na região do baixo abdômen.

A energia da própria Terra, denominada pelos orientais como “kundalini” ou fogo serpentino, é uma fonte de estímulo ao chakra genésico, sendo absorvida inicialmente por outro chakra (situado no corpo etérico) em local correspondente à região entre as coxas do nosso corpo, denominada de chakra fundamental ou chakra básico.

Como estamos encarnados, absorvemos e interagimos, constantemente, com diversas energias, todas elas necessárias para nossas estruturas físicas, etéricas, astrais e mentais.

As energias sexuais, como todas as demais, carecem sutilizar-se e, por isto, nos indivíduos mais evoluídos, o padrão vibratório das energias sexuais assume cores mais suaves, brilhantes e claras, o inverso sucedendo nos indivíduos mais grosseiros, nesses a energia sexual é mais densa, opaca, escura e seu chakra genésico vibra mais lentamente.

Nas relações sexuais, conforme os graus de envolvimento emocional, sentimental e mental do casal, ocorrem trocas da energia sexual em diversos níveis e diversos patamares de vibração. Se essa relação trata de um simples contato biológico, sem participação de emoções e sentimentos - algo do gênero comercial há, além da troca de fluidos corporais, no máximo, uma impregnação de energia vital (fluido vital) de uma aura em outra com frequente sucção de energia, podendo chegar a uma vampirização inconsciente.

Nas relações sexuais onde o envolvimento emocional é nítido entre ambos, ocorre um fluxo de energias astrais (corpo astral = corpo emocional), ou seja, um intercâmbio entre perispíritos e a dupla se alimenta eletromagneticamente, tanto no nível etérico como no campo astral. O fluxo bilateral estabelecido no ato sexual do casal fortalece a união e a cumplicidade energética, seus chakras etéricos e chakras astrais, assim, trocam experiências e, conforme o gênero de envolvimento emocional, transfundem forças de naturezas diversas um para o outro.

Nas relações sexuais, quando além da participação física e emocional (corpo, duplo etérico e corpo astral) passa a existir um relacionamento mais profundo, envolvendo sentimentos de amor e intercâmbio racional, além do entusiasmo biológico, estabelece-se um fluxo de luz entre o corpo mental de ambos e tal fenômeno cria um campo vibratório propício à absorção de energias espirituais superiores. 

O sexo, no Ser humano, não existe apenas com finalidade reprodutiva, mas pode se tornar, além de fonte de prazer, canal de absorção de energias espirituais para uma caminhada mais segura rumo à evolução, isto é, ao crescimento espiritual. O sexo é divino, cabe a nós compreendê-lo melhor.
 
RICARDO DI BERNARDI
http://www.oconsolador.com.br/ano9/453/ca7.html

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Perispirito e o Feto - SEGUNDO TRIMESTRE DE GESTAÇÃO

SEGUNDO TRIMESTRE DE GESTAÇÃO
(13 A 24 SEMANAS)
(matéria publicada na Folha Espírita em junho de 2006)
Dra. Cristiane Ribeiro Assis (AME-SP) é ginecologista e obstetra, com especialização em Medicina Fetal

 
Nessa nova etapa do desenvolvimento fetal, os órgãos encontram-se todos formados. A principal característica desse período é o crescimento, que passa a ser mais acelerado. Também é nesse trimestre que a gestante sentirá pela primeira vez a movimentação do bebê. Na primeira gravidez isso pode ocorrer a partir de 18 semanas e nas mulheres que já tiveram mais filhos, a partir de 16 semanas. Entretanto, o pai e as demais pessoas só serão capazes de senti-la apenas após algumas semanas. 
A partir desse momento, a mãe terá a todo instante um sinal de que dentro dela alguém se desenvolve, sem que para isso necessite do auxílio de aparelhos como os de ultra-sonografia ou o sonar. A movimentação do bebê é um importante sinal de que as coisas com ele estão boas. No final da gravidez, os médicos costumam orientar as futuras mamães que procurem pronto-atendimento caso o bebê fique mais de 12 horas sem se mexer. Mas por que uns bebês se movimentam mais do que outros?
Estudos demonstram que a movimentação fetal está diretamente associada à personalidade de cada feto e às emoções maternas. A Dra Alessandra Piontelli foi uma das pioneiras a comprovar que cada feto demonstra dentro do útero de sua mãe traços do que será sua personalidade. E assim como existem bebês mais calmos e mais agitados, também observamos essas características nos fetos.
Com relação às gestantes, têm-se observado que quanto maior a ansiedade e estresse maternos mais agitados ficam os bebês. Isso ocorre pois essas emoções, assim como qualquer outra, liberam substâncias no sangue materno que, ao atravessarem a placenta, atingem o feto, colocando-o a par daquilo que sua mãe sente. Essa é a explicação materialista para aqueles que precisam de comprovações físicas.
Porém, sabemos que essa ligação entre ambos é ainda maior. Mente com mente, perispírito com perispírito. Daí a importância da gestante manter sempre um padrão mental elevado. 
O feto é considerado pela psicologia como egocêntrico. Tal consideração parte do princípio de que até os primeiros meses de vida não há traços de consciência na criança, que não é capaz de constatar a existência de outro, que não ele próprio. Assim, qualquer emoção materna ficará registrada em seu subconsciente como associada a sua presença. Sentimentos desagradáveis poderão, no futuro, causar sérios problemas a esse indivíduo. Lembramos que a origem das doenças psicossomáticas também está no subconsciente.
Sobre isso, em Entre a Terra e o Céu, o Ministro Clarêncio explica a André Luiz: “Certos estados íntimos da mulher alcançam, de algum modo, o princípio fetal, marcando-o para a existência inteira”.
Em Mensagens de Além Túmulo, quando questionado em 1935, a respeito do subconsciente, o Dr Bezerra de Menezes, então assinando como Max, nos esclarece: “O mundo subconsciente (...) representa a súmula dos conhecimentos do ser, em suas existências passadas (...). Ele é a câmara secreta onde todas as experiências se arquivam para emergirem em futuro próximo ou longínquo. (...) A subconsciência é o mundo da alma em sua existência extraterrestre.”
Assim, através de pequenos passos, nos direcionamos para a caracterização das Doenças da Alma. Ao tirarmos o foco da doença do corpo físico, estamos contribuindo para a constatação de que o paradigma materialista encontra-se ultrapassado.
Mas ao contrário do que sugeriam as civilizações mais antigas, não é possível isolar a gestante durante 9 meses das preocupações que a cercam. Então de que maneira proteger o feto dessas emoções? Basta explicar ao bebê o que está acontecendo. Dizer que aqueles sentimentos ruins estão associados a outros problemas e explicar-lhe o quanto é amado e esperado com saúde. Importante não fazer uso da palavra “não” e seus similares. Por não possuir consciente, o feto não é capaz de identificar seu significado negativo e o efeito seria contrário vao desejado. Estudos comprovam que não há problema grande o suficiente para desestruturar um vínculo materno-fetal embasado no amor. Gandhi já nos dizia que: “O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente, que há no mundo.” 
Não existe amor maior do que aquele ensinado pelo Cristo. Daí a importância do estudo do Evangelho no lar, não só na gravidez mas ao longo de toda nossa existência. Também sabemos que, através da Bondade Divina, algumas vezes podemos receber como filhos aqueles que em algum momento foram nossos algozes ou vítimas. Assim, não há maneira melhor para nos equilibrarmos com as Leis Morais, do que acolhê-los em lares fundamentados no Evangelho.

Transcrito do site
http://www.amebrasil.org.br/html/outras_seg.htm