domingo, 21 de março de 2021

Provas e Bênçãos – Emmanuel

 


Esforçando-te por superar dificuldades e contratempos, nas áreas da reencarnação, recorda o patrimônio das bênçãos de que dispões, a fim de que os dissabores e empeços educativos da existência não te sufoquem as possibilidades de trabalhar e de auxiliar.

Atravessas incompreensões e tribulações em família, entretanto possuis saúde relativa e recursos, ainda que mínimos, para vencê-las construtivamente até que se extinguem de todo.

 

Sofres com os entraves do parente difícil, todavia guardas contigo a luz da compreensão de modo a ajudá-lo a solver os conflitos e as inibições de que se sente objeto.

Trabalhas afanosamente na proteção econômica indispensável a vários entes queridos, mas não te escasseiam energias e oportunidades de serviço, a fim de ampará-los até que te possam dispensar o concurso mais intenso.

Respondes por determinadas tarefas de socorro material e espiritual a benefício de muitos, e em muitas circunstâncias sentem a presença da exaustão; no entanto, aparecem providencialmente criaturas e acontecimentos que te refazem as forças para que o obra continue.

Assumiste pesadas obrigações que te competem a enormes prejuízos a favor de outrem, e, por vezes, te supões na total impossibilidade de satisfazer aos compromissos próprios; contudo, novo alento te visita o Espírito e pouco a pouco atinges a liquidação de todos os débitos que te oneram a responsabilidade.

Em todas as provas que assaltem os dias, considera a cota das bênçãos que te rodeiam, e, escorando-se na fé e na paciência, reconhecerás que a divina Providência está agindo contigo e por teu intermédio, sustentando-te em meio aos problemas que te marcam a estrada para doar-lhe a solução.

Emmanuel

Livro Rumo Certo lição 3 – psicografia de Francisco Cândido Xavier

segunda-feira, 15 de março de 2021

No Mundo Pessoal

Quando te observares na verdadeira posição de criatura imortal, nascida de Deus, com estrutura original, decerto te habilitarás a compreender que o Criador te conferiu tarefas individuais que deves aceitar por intransferível.

 

Reflete nisso.

Ninguém possui o trabalho que te foi concedido executar, conquanto algumas vezes a obra em tuas mãos possa assemelhar-se, de algum modo, a certas atividades alheias no levantamento do progresso geral.

Ninguém dispõe da fonte de teus pensamentos plasmados por tua maneira especialíssima de ser.

Qual sucede com as impressões digitais, a voz que te serve se te erige em propriedade inalienável.

Em qualquer plano e em qualquer tempo, mobilizas todo um mundo interior de cujas manifestações mais íntimas e mais profundas os outros não participam.

Em face disso estarás em comunidade, mas viverás essencialmente contigo mesmo, com os teus sentimentos e diretrizes, ideais e realizações.

Isso porque o Governo da vida te fez concessões que não estendeu a mais ninguém.

 

Observa os compromissos que te assinalam, seja em família, seja no grupo social, e descobrirás para logo as obrigações que se te reservam no imediatismo das circunstâncias.

Se falhas no serviço a fazer, alguém te substituirá no momento seguinte, porque a obra do Universo não depende exclusivamente de nós; entretanto, seja como seja, onde te colocares, podes facilmente identificar as tarefas pessoais que a vida te solicita.

Quis a divina Providência viesses a nascer no Universo por inteligência única, de modo a cumprir deveres inconfundíveis, sob a justa obrigação de te conheceres, mas não nos referimos a isso para que te percas no orgulho e sim para que te esmeres no burilamento próprio, valorizando-te na condição de criatura eterna em ascensão para a Espiritualidade superior, a fim de brilhar e cooperar com Deus na suprema destinação da sabedoria e do amor, para a qual, por força da própria Lei de Deus, cada um de nós se dirige.

Emmanuel

Livro Rumo Certo – lição 2

A FORÇA de Nossa MENTE | Prof. Laércio Fonseca

O Projeto Terra e a Data Limite | Prof. Laércio Fonseca (Completo)

quarta-feira, 10 de março de 2021

Uma palavra inspiradora - Prefácio do Livro Reforma Íntima Sem Martírio de Ermance Dufaux por Cícero Pereira

              


 

 

“Por que não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse eu faço”. Paulo de Tarso (Romanos, 7:19)

 

Uma pergunta jamais deverá deixar de ser o centro de nossas cogitações nas vivências espíritas: em que estou melhorando?

Ter noções claras sobre as conquistas interiores, mesmo que pouco expressivas, e valoroso núcleo mental de motivação para a continuidade da empreitada da renovação. Por sua vez, não dar valor aos passos amealhados (dados) e permitir a expansão do sentimento de importância e menosprezo aos esforços que já temos encetado (começado).

Como seria justo, os irmãos na carne poderiam indagar: como adquirir então essa noção clara sobre a posição espiritual de cada um, considerando o tamponamento (tampar) do cérebro físico?

A única postura que nos assegurará a mínima certeza de que algo estamos realizando em favor de nossa ascensão espiritual, na carne ou fora dela, é a continuidade que damos aos projetos de renovação que idealizamos. Os obstáculos serão incessantes até o fim da exist6encia, não nos competindo nutrir expectativas com facilidades, mas sim a coragem e o otimismo indispensável para vencer um desafio após o outro.

Que a esperança não desfaleça diante desse prognóstico. Nossas conquistas não podem ser edificadas na calmaria. Nossas virtudes não florescerão sem os golpes da dor que dilacera arestas e poda aos espinhos da perfeição.

Nossa palavra de ordem é recomeçar – uma palavra inspiradora.

Quantas vezes se fizerem necessárias, a nossa grande e única virtude nos áridos campos do aprimoramento íntimo é a capacidade de resistir aos apelos para a queda, jamais desistindo do ideal de libertação que acalentamos, trabalhando mesmo que cansados, servindo mesmo que carentes, estudando mesmo que desmotivados, aprendendo mesmo que sem objetivos definidos.

A própria reencarnação é o mecanismo divino do recomeço, da retomada.

Justo, portanto, que abracemos amorosamente os compromissos abandonados de outro tempo e aplainemos nossos caminhos tortuosos.

Temos o que merecemos e somos aquilo que plasmamos.

Em meio ao lodaçal do desânimo nasce o lírio da personalidade tenra que estamos, paulatinamente, cultivando. Sob o peso cruel da angústia, estamos construindo a condição imunizadora do poder mental.

Desde que não desistamos, sempre haverá uma chance para a vitória.

Prossigamos sem expectativas de angelitude que não temos como alcançar por agora.

Não ser o que gostaríamos é o mais alto preço atribuído àquele que optou pelos descaminhos do egoísmo, essa também é a maior tormenta para todos os que almejam a melhoria de si próprio. Nisso resido o drama anterior narrado por Paulo de Tarso: “Por que não faço o que quero, mas o mal que não quero esse eu faço”.

Não queremos ser mais quem fomos, mas ainda não somos que queremos se. Então que somos? Isso gera uma etapa definida por profunda inaceitação, contudo na vida. Corpo, profissão, relações. Afetos e mesmo os sucessos do caminho são dramaticamente abalados, pela diminuição da alegria e do encanto face a essas “provas de ajustamento”.

Todavia, a lei estabelece a morte do pecado e não do pecador. Para todos é abundante a misericórdia – lei universal da piedade paternal – que assegura-nos: o amor cobre multidão de pecados (1).

Apesar desse ditame celeste, a dor-evolução não tem sido suportada por muitos e agravada por outros, levando-a a quadros de graves enfermidades morais e desamor a si mesmo.

Até mesmo a reforma íntima em muitos casos, devida às más interpretações costumeiras, tem sido um “bordão” de autopunição e martírio penitencial.

Nesse torvelinho de conceitos e dramas psicológicos, Ermance Dufaux surge com uma palavra de conforto e discernimento aos nossos corações. Sua iniciativa nessa obra reveste-se de valorosa inspiração que trará estímulo, pacificação e luz a muitos corações encarcerados nas árduas provas do crescimento íntimo.

Analisando seus textos objetivos e lúcidos, podemos antever a utilidade da iniciativa de enviá-los à Terra. Entretanto, a despeito de sua oferenda, ela própria é a primeira a declinar de seus méritos, solicitando-nos destacar que estas páginas são frutos de um conjunto de esforços de almas que laboram pela implantação do programa de valores humanos (2) para a sociedade espírita cujo responsável é o nosso benfeitor Bezerra de Menezes que cumpre diretrizes superiores do Espírito Verdade.

Ressalte-se que, os casos aqui narrados vividos no Hospital Esperança, onde mourejamos juntos no serviço do bem, são indicativas preciosas colhidas diretamente de almas que viveram os dramas descritos. Assim expressamos em respeito a todos eles que permitiram de bom grado a narrativa de suas quedas ou experiência em favor do bem alheio.

Que a mensagem aqui contida seja uma palavra de recomeço e uma inspiração para a comunidade da luta íntima pela vitória do homem renovado no Cristo de Deus.

É lembrado mais uma veza o baluarte da mensagem cristã livre, destacamos que, os percalços não o cercearam em direção aos cimos. Apesar de seus conflitos ele, imbativelmente, declarou: “(...) Tornai a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados, e fazeis veredas direitas para os vossos pés (...)”. (4) “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecidos”. (5)

Sejamos fieis e confiantes nos pequenos esforços de ascensão que temos conseguido realizar. Abandonemos a aflição e a ansiedade relativamente ao que gostaríamos de ser, porque somente amando o que somos encontraremos força par prosseguir. O mesmo Paulo de Tarso que declarou na angústia de suas lutas: (...) o mal que não quero esse eu faço, mais adiante, calejado pelas refregas educativas compreendeu a importância que tinha para os ofícios do bem ao afirmar: “(...) Não sou digno de ser chamado apóstolo (...) mas pela graça de Deus sou o que sou”. (6)

Por nossa vez, estejamos convictos de que não somos eleitos especiais para a obra a que nos entregamos, contudo, já nos encontramos dispostos a esquecermos do mal e a construir o bem que pudermos. Existe um melhor recomeço do que este?

 Cícero pereira

Belo Horizonte – MG, 9 de março de 2003

Prefácio da obra Reforma íntima Sem Martírio – pelo espírito de Ermance Dufaux – psicografia de Wanderley S. de O Oliveira

(1)    Pedro, 4:8

(2)    Seara Bendita – cap. “Atitude de amor”.

(3)    Obra de amor erguida por Eurípedes Barsanulfo.

(4)    Hebreus, 12: 12-13

(5)    Gálatas, 6:9

(6)   I Coríntios, 15: 9-10

        VEJA MAIS:

           ANGÚSTIA DA PERFEIÇÃO - Ermance Dufaux

 

Reforma Íntima sem Martírio – Ermance Dufaux

 




Sem ânsia pela grandeza das estrelas, ama-te na condição de singelo pirilampo que esforça por fazer luz na noite escura.

Faça a pazes com tuas imperfeições. Descubra tuas qualidades, acredite nelas e coloque-as à serviço de suas metas de crescimento, essa é a fórmula da verdadeira transformação.

O tempo concederá valor e experiência a teus esforços, ajustando teus propósitos aos limites de tuas possibilidades, libertando-te da angústia que provém dos excessos.

Caminha um dia após o outro na certeza de que Deus te espera sempre com irrestrito respeito pelas tuas mazelas, guardando o único direito de um pai zeloso e bom que é a esperança de que amanhã seja melhor que hoje, para tua própria felicidade.

Ermance Dufaux

 

Deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos

 

Estranha Moral – E.S.E.  Cap. XXIII

Deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos

Disse a outro: “Segue-me”; e o outro respondeu: “Senhor, consente que, primeiro, eu vá enterrar meu pai.” – Jesus lhe retrucou: “Deia aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus.” (Lc 9: 59 e 60).

Que podem significar estas palavras: “Deixa aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos”? As considerações precedentes mostram, em primeiro lugar, que, nas circunstâncias em que foram proferidas, não podiam conter censura àquele que considerava um dever de piedade filial ir sepultar seu pai. Tem, no entanto, um sentido profundo, que só o conhecimento mais completo da vida espiritual podia tornar perceptível.

A vida espiritual é, com efeito, a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito, sendo-lhe transitória e passageira a existência terrena, espécie de morte, se comparada ao esplendor e à atividade da outra. O corpo não passa de simples vestimenta grosseira que temporariamente cobre o Espírito, verdadeiro grilhão que o prende à gleba terrena, do qual se sente ele feliz em libertar-se. O respeito que aos mortos se consagra não é a matéria que o inspira; é pela lembrança, o Espírito ausente quem o infunde. Ele é análogo àquele que se vota aos objetos que lhe pertenceram, que ele tocou e que as pessoas que lhe são afeiçoadas guardam como relíquias. Era isso o que aquele homem não podia por si mesmo compreender. Jesus lhe ensina, dizendo: “Não te preocupes com o corpo, pensa antes no Espírito; vai ensinar o Reino de Deus; vai dizer aos homens que a pátria deles não é a Terra, mas o céu, porquanto somente lá transcorre a verdadeira vida.”.

E.S.E. – cap. Estranha Moral

 

Quando nos sentimos desolados diante de alguma situação, eis palavras de sabedoria onde a prudência nos inspira reflexão.

 

Conflito de Varro no livro Ave Cristo de Emmanuel nos inspira a direção, coragem e fortalecimento na fé.

(...)

- Varro, aceitaste o Evangelho para que Jesus se transforme em teu servidor ou para que te convertas em servidor de Jesus?

- Oh! Sem dúvida – suspirou o rapaz -, se a alguma coisa aspiro no mundo é o ingresso nas fileiras dos escravos do Senhor.

- Então, meu filho, cogitemos dos desígnios do Cristo e olvidemos nossos desejos.

E, fitando o céu pela janela humilde, deixando perceber que solicitava a inspiração do Alto, acrescentou:

- Antes de tudo, não condenes tua mulher. Quem somos nós para sondar o coração do próximo? Poderíamos, acaso, torcer o sentimento de outra alma, usando a maldade e a violência? Quem de nós estará irrepreensível para castigar?

- Todavia, como extinguir o mal, se não nos dispomos a combatê-lo? – ajuizou Varro, gravemente.

O ancião sorriu e considerou:

- Acreditais que possamos vencê-lo à força de palavras bem feitas? Admites, porventura, que o Mestre haja descido das Alturas, simplesmente para falar? Jesus viveu as próprias lições, guerreando as sombras com a luz que irradiava de si mesmo, até ao derradeiro sacrifício. Achamo-nos num mundo envolvido em trevas e não possuímos outras tochas para clareá-lo, senão a nossa alma, que precisamos inflamar no verdadeiro amor. O Evangelho não é somente uma propaganda de ideias libertadoras. Acima de tudo, é a construção dum mundo novo pela edificação moral do novo homem. Até agora, a civilização tem mantido a mulher, nossa mãe e nossa irmã, no nível de mercadoria vulgar. Durante milênios, dela fizemos nossa escrava, vendendo-a, explorando-a, apedrejando-a ou matando-a, sem que as leis nos considerem passíveis de julgamento. Mas, não será ela igualmente um ser humano? Viverá indene de fraquezas iguais às nossas? Porque conferir-lhe tratamento inferior àquele que dispensamos aos cavalos, se dela recebemos a bênção da vida? Em todas as fases do apostolado divino, Jesus dignificou-a, santificando lhe a missão sublime. Recordando-lhe o ensinamento, será lícito repetir – quem de nós, em sã consciência, pode atirar a primeira pedra.

E, fixando significativamente os dois ouvintes, acentuou:

- O Cristianismo, para redimir as criaturas, exige uma vanguarda de espíritos decididos a executar-lhe o plano de ação.

- No entanto – ponderou o jovem romano, algo tímido -, poderemos negar que Cíntia esteja em erro?

- Meu filho, quem ateia fogo ao campo da própria vida, de certo seguirá sob as chamas do incêndio. Compadece-te dos transviados! Não serão suficientemente infelizes por si mesmos?

- E meu filho? – perguntou Varro com a voz embargada de pranto.

- Compreendo-te a aflição.

E, vagueando o olhar lúcido pela sala estreita, Corvino pareceu mostrar um fragmento do próprio coração, acrescentando:

- Noutro tempo, bebi no mesmo cálice. Afastar-me dos filhinhos foi para mim a visitação de terrível angústia. Peregrinei, dilacerado, como folha relegada ao remoinho do vento, mas acabei percebendo que os filhos são de Deus, antes de pousarem docemente em nossas mãos. Entendo-te o infortúnio. Morrer mil vezes, sob qualquer gênero de tortura, é padecimento menor que esse da separação de uma flor viva que desejaríamos reter ao tronco do nosso destino...

- Entretanto – comentou o patrício, amargurado -, não seria justo defender um inocente, reclamando para nós o direito de protegê-lo e educa-lo?

- Quem te ouviria, contudo, a voz, quando uma insignificante ordem imperial poderá sufocar-te os gritos? E além do mais - aduziu o ancião, afetuosamente -, se estamos interessados em servir ao Cristo, como impor a outrem o fel que a luta nos constrange a sorver? A esposa poderá não ter sido generosa para com o teu coração, mas provavelmente será abnegada mão do pequenino. Não será, pois, mais aconselhável aguardar as determinações do Altíssimo, na graça do tempo?

Detendo-se na dolorosa expressão fisionômica do pai desventurado, Corvino observou, depois de longa pausa:

- Não te submetas ao frio do desengano, anulando os próprios recursos. A dor pode ser comparada a volumosa corrente de um rio, suscetível de conduzir-nos à felicidade na terra firme, ou de afogar-nos, quando não sabemos sobrenadar. Ouve-nos, O Evangelho não é apenas um trilho de acesso ao júbilo celestial, depois da morte. É uma luz para a nossa existência neste mundo mesmo, que devemos transformar em Reino de Deus. Não te recordas da visita de Nicodemos ao Divino Mestre, quando o Senhor asseverou convincente: - “importa renascer de novo”?

Ante o sinal afirmativo de Quinto Varro, o ancião continuou:

- Também sofri muito, quando, ainda jovem, me decidi ao trabalho da fé. Repudiado por todos, fui compelido a distanciar-me das Gálias, onde nasci, demorando-me por dez anos consecutivos em Alexandria, onde renovei os meus conhecimentos. A igreja de lá permanece aberta às mais amplas considerações, em torno do destino e do ser. As ideias de Pitágoras são ali mantidas num grande centro de estudos, com real proveito, e, depois de ouvir atenciosamente padres ilustres e adeptos mais esclarecidos, convenci-me de que renascemos muitas vezes, na Terra. O corpo é passageira vestidura de nossa alma que nunca morre. O túmulo é ressurreição. Tornaremos à carne, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, até que tenhamos alijado todas as impurezas do íntimo, como o metal nobre que tolera o cadinho purificador, até que arroja para longe dele a escória que o desfigura.

Corvino fez ligeiro intervalo, como a dar oportunidade à reflexão dos ouvintes, e prosseguiu:

- Jesus não falava simplesmente ao homem que passa, mas, acima de tudo, ao espírito imperecível. Em certo passo dos seus sublimes ensinamentos, adverte: “melhor será entrares na vida aleijado que, tendo duas mãos, te aproveitares delas para a descida às regiões inferiores” (1) Refere-se o Cristo ao mundo, como escola em que procuramos o nosso próprio burilamento. Cada qual de nós vem à Terra, com os problemas de que necessita. A provação é remédio salutar. A dificuldade é degrau na grande subida. Nossos antepassados, os druidas, ensinavam que nos achamos num mundo de viagens ou num campo de reiteradas experiências, a fim de que possamos alcançar, mais tarde, os astros da luz divina para sermos um com Deus, nossos Pai. Criamos o sofrimento, desacatando as Leis Universais e suportamo-lo para regressar à harmoniosa comunhão com elas. A justiça é perfeita. Ninguém chora sem necessidade. A pedra suporta a pressão do instrumento que a desgasta, a fim de brilhar, soberana. A fera é conduzida à prisão para domesticar-se. O homem luta e padece para aprender a reaprender, aperfeiçoando-se cada vez mais. A Terra não é o único teatro da vida. Não disse o próprio Senhor – a quem pretendermos servir – que “existem muitas moradas na Casa de Nosso Pai”? O trabalho é a escada luminosa para outras esferas, onde nos reencontramos, como pássaros que, depois de se perderem uns dos outros, sob as rajadas do inverno, se reagrupam de novo ao sol abençoado da primavera...

Passando a mão pelos cabelos brancos, o velho acentuou:

- Tenho a cabeça tocada pela neve do desencanto... Muitas vezes, a agonia me visitou a alma cheia de sonhos... Em torno de meus pés, a terra fria me solicita o corpo alquebrado, mas dentro do meu coração a esperança é um sol que me abrasa, revelando em suas projeções resplendentes o glorioso caminho do futuro... Somos eternos, Varro! Amanhã, reunir-nos-emos, felizes, no lar da eternidade, sem o pranto da separação ou da morte...

Ouvindo aquelas palavras, repletas de convicção e de ternura, o moço patrício aquietou o espírito atormentado.

(...)

Emmanuel

Trecho do livro Ave Cristo

(1) Evangelho de Marcos, cap 9 vers 43 (nota do Autor espiritual)

 

No Mundo Pessoal - pelo espírito de Emmanuel

 


Quando te observares na verdadeira posição de criatura imortal, nascida de Deus, com estrutura original, decerto te habitarás a compreender que o Criador te conferiu tarefas individuais que deves aceitar por intransferíveis.

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Reflete nisso.

Ninguém possui o trabalho que te foi concedido executar, conquanto algumas vezes a obra em tuas mãos possa assemelhar-se, de algum modo, a certas atividades alheias no levantamento do progresso geral.

Ninguém dispõe da fonte de teus pensamentos plasmados por tua maneira especialíssima de ser.

Qual sucede com as impressões digitais, a voz que te serve te erige em propriedade inalienável.

Em qualquer plano e em qualquer tempo, mobilizas todo um mundo interior de cujas manifestações mais íntimas e mais profundas os outros não participam.

Em face disso estarás em comunidade, mas viverás essencialmente contigo mesmo, com os teus sentimentos e diretrizes, ideais e realizações.

Isso porque o Governo da vida te fez concessões que não estendeu a mais ninguém.

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Observa os compromissos que te assinalam, seja em família, seja no grupo social, e descobrirás para logo as obrigações que se te reservam no imediatismo das circunstâncias.

Se falhas nos serviço a fazer, alguém te substitui no momento seguinte, porque a obra do Universo não depende exclusivamente de nós; entretanto, seja como seja, onde te colocares, podes facilmente identificar as tarefas pessoais que a vida te solicita.

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Quis a divina Providência viesses a nascer no Universo por inteligência única, de modo a cumprir deveres inconfundíveis, sob a justa obrigação de te conheceres, mas não nos referimos a isso para que te percas no orgulho e sim parar que te esmeres no burilamento próprio, valorizando-te na condição de criatura eterna em ascensão para a Espiritualidade superior, a fim de brilhar e cooperar com Deus na suprema destinação da sabedoria e do amor, para a qual, por força da própria Lei de Deus, cada um de nós se dirige.

Emmanuel – Livro Rumo Certo – lição 2 – psicografia de Francisco Cândido Xavier