terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Correspondências inéditas de Laváter

 


-   PREÂMBULO

No castelo grão-ducal de Pawlowsk, situado a vinte e quatro milhas de Petersburgo, onde o Imperador Paulo da Rússia passou os anos mais felizes da sua vida e que se tornou depois a residência favorita da Imperatriz Maria, sua augusta viúva, verdadeira benfeitora da Humanidade que sofre, acha-se uma seleta biblioteca, fundada por esses imperantes, na qual, entre muitos tesouros científicos e literários, encontra-se também um maço de cartas autógrafas de Laváter, que ficaram desconhecidas dos biógrafos do célebre fisiognomista.

Essas cartas são datadas de 1798 e procedentes de Zurique, Dezesseis anos antes, em Zurique e em Schaffhouse, Laváter teve ocasião de ser apresentado ao Conde e à Condessa do Norte (é este o título sob o qual o Grão-Duque da Rússia e sua esposa viajavam então pela Europa), e, de 1796 a 1800, ele dirigiu à Imperatriz Maria algumas cartas sobre os traços fisionômicos, e bem assim algumas outras sobre o futuro reservado à alma depois da morte.

Nessas cartas Laváter estabelece que a alma, depois de deixar o corpo, pode inspirar ideias a qualquer pessoa que esteja apta para receber-lhe a luz, e assim fazer-se comunicar por escrito a algum amigo que houvesse deixado na Terra, a fim de lhe dar suas instruções.

Essas cartas inéditas de Laváter foram descobertas após uma revisão que o Dr. Minzloff, diretor da biblioteca imperial de Petersburgo, ali fez. Com a autorização do proprietário atual do castelo de Pawlowsk, sua alteza imperial o Grão-Duque Constantino, e sob os auspícios do Barão de Korff, atualmente conselheiro do império e antigo diretor-chefe da biblioteca desse castelo, que lhe deve os seus mais notáveis melhoramentos, essas cartas foram em 1858 publicadas em Petersburgo, sob o titulo: Johann-Kaspar Lavater’s briefe, na die kaisvon Russland (carta de João Gaspar Laváter à Imperatriz Maria Féodorawna germahlin kaisser Paul I Von Russland (cartas de João Gaspar Laváter à Imperatriz Maria Féodorawna, esposa do Imperador Paulo I da Rússia)). Essa obra foi editada à custa da biblioteca imperial e oferecida em homenagem à Universidade de Iena, por ocasião do terceiro centenário da sua fundação.

A correspondência oferece um duplo interesse, por causa da alta posição das personagens às quais foi dirigida, e pela especialidade do assunto. As ideias expressas por Laváter sobre o estado da alma depois da morte aproximam-se muito das que foram emitidas pelo teósofos do seu tempo, seita essa que era abraçada por grande número de homens esclarecidos; sua concordância com a doutrina espírita moderna é um fato digno de nota.

Essas cartas provam que a crença nas relações entre o mundo material e o mundo espiritual germinava na Europa desde o fim do século XVIII, e que não somente esse célebre filósofo alemão estava convencido dessas relações, mas também (os próprios temos da sua correspondência não permitem duvidar) que tais ideias fossem partilhadas pelo imperador e pela imperatriz, pois, expondo-as, Laváter não fazia mais do que atender ao desejo que eles haviam manifestado.

Seja qual for à opinião que se forme sobre essa correspondência, ela não deixa de ser muito interessante, mesmo somente do ponto de vista histórico.

As cartas vão simultaneamente acompanhadas de notas, inseridas por nós como explicação complementar às ideias nelas emitidas, e que, aliás, estão em concordância com a doutrina espírita, que apareceu ou foi compilada muito depois dessa época.

Extraído do Livro LÉON DENIS – PORQUÊ DA VIDA – pag. 55

 (1) primeira carta a Imperatriz Maria da Rússia

(2) segunda carta a Imperatriz Maria da Rússa 

(3) terceira carta a Imperatriz Maria da Rússia

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