SUMÁRIO: Conceito de fluido. A atmosfera fluídica do ser humano. O passe magnético e suas modalidades. Qualidades que o tarefeiro do passe deve revelar. Fatores importantes para o êxito do serviço de passes. Recomendações especiais aos médiuns passistas.
Conceitos de fluido - Em "Obras Póstumas", Kardec ensina que cada ser tem "seu fluido próprio, que o envolve e acompanha em todos os movimentos, como a atmosfera acompanha cada planeta". (30)
A atmosfera fluídica do ser humano é plasmada por seus atos, pensamentos e sentimentos, dada a enorme influência que o pensamento e a vontade exercem sobre os fluidos.
Os fluidos são formas energéticas da substância elementar que o organismo perispiritual absorve do meio ambiente, transforma segundo o padrão vibratório em que se encontra e irradia em derredor de si.
Em comunicação dada na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas em 28 de janeiro de 1859, a Sra. Reynaud ensina que o fluido magnético emana do sistema nervoso, mas que este o extrai da atmosfera, sua fonte principal. (31)
André Luiz, reportando-se ao assunto, associa também fluidos e mente ao afirmar que o fluido magnético constitui "emanação controlada de força mental sob a alavanca da vontade", com atuação decisiva sobre as entidades celulares que formam o Estado Orgânico em que nos expressamos. (32)
Neutros em si mesmos, os fluidos adquirem as qualidades do meio em que são elaborados, do mesmo modo que a água se modifica conforme o leito por onde caminhe.(33)
Assim, do ponto de vista moral, os fluidos trazem a impressão dos sentimentos de ódio, inveja, ciúme, orgulho, egoismo, violência, bondade, benevolência, doçura etc. Do ponto de vista físico, os fluidos são excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, soporíferos, narcóticos, tóxicos, reparadores etc.
Os fluidos serão mais harmônicos, agradáveis, luminosos e saudáveis, quanto mais elevados são os pensamentos e os sentimentos da pessoa que os emite. O fluido bom possui vibração elevada e pura que reconforta, estimula e cura as perturbações físicas e morais.
Os fluidos pesados, mórbidos e desagradáveis, que são irradiados por Espíritos inferiores, maléficos ou enfermos, causam distúrbios e doenças. Há fluidos tão pesados, animalizados e impuros, que possuem mau cheiro. Os Espíritos obsessores condensam-nos até torná-los viscosos e fortemente aderentes, e com eles envolvem as regiões ou órgãos da pessoa que desejam atingir e até mesmo a aura de sua vítima, isolando-a completamente do meio exterior.
O passe magnético e suas modalidades - O passe magnético dissolve esse visco e permite a penetração de fluidos finos e luminosos que restabelecem as funções orgânicas.
Sendo, na conceituação de Emmanuel, uma transfusão de energia psíquicas, que dispensa qualquer contato físico na sua aplicação (34), o passe pode, como toda a ação magnética, realizar-se de muitas maneiras(35).
1- pelo próprio fluido do magnetizador: é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e, sobretudo, à qualidade do fluido;
2- pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre o encarnado: é o magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito;
3- pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse derramamento: é o magnetismo misto, semiespiritual ou humano-espiritual, em que, combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece.
Explicando a André Luiz o papel dos Espíritos no serviço de passes, o benfeitor espiritual Conrado assim se expressou: "Somos nós aqui, neste recinto consagrado à missão evangélica, sob a inspiração de Jesus, algo semelhante à singela tomada elétrica, dando passagem à força que não nos pertence e que servirá na produção de energia e luz"(36)
A comparação de Conrado era perfeita e disso nos dá conta o próprio André Luiz:"Os passistas afiguravam-se-nos como duas pilhas humanas deitando raios de espécie múltipla, a lhes fluirem das mãos, depois de lhes percorrerem a cabeça, ao contato do irmão Conrado e de seus colaboradores'. (37)
Qualidades do tarefeiro do passe - O tarefeiro do passe, na esfera espiritual, precisa revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos especializados. Não lhe basta a boa vontade: ele não pode satisfazer em semelhante serviço, se ainda não conseguiu manter um padrão superior de elevação mental contínua, condição indispensável à exteriorização das faculdades radiantes. (38)
O êxito do trabalho reclama experiência, horário, segurança e responsabilidade do servidor fiel aos compromissos assumidos. A oração é prodigioso banho de forças. O missionário do auxílio magnético, na Crosta ou na esfera espiritual, necessita ter grande domínio sobre si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança em Deus. (39)
Alexandre ressalva, no entanto, que na Crosta a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência (40), visto que o médium passista (41) é, em verdade, um instrumento d ajuda, mas não a fonte exclusiva dessa ajuda.
Adquirida a vontade de servir, os passos seguintes, para o servidor encarnado, serão"elevação, equilíbrio do campo das emoções, alimentação equilibrada. libertação do álcool e de outras substâncias tóxicas, seguidos do aperfeiçoamento moral contínuo. (42)
Recomendações aos médiuns passistas - Diante do que acabamos de ver, o médium passista deve prestar máxima atenção às recomendações especiais que se seguem.
A primeira diz respeito aos vícios arraigados, tais como o tabagismo, o alcoolismos e o uso de drogas em geral, de que é indispensável o médium passista se liberte para não transferir aos pacientes, junto com seu fluido, as emanações naturais das substâncias a eles pertinentes. O fumo, o álcool e as substâncias tóxicas - diz Divaldo Franco - atuam nos centros vitais e nas correntes magnéticas do organismo, alterando, desse modo, a constituição da aura das pessoas.(43)
A segunda recomendação é abster-se de aplicar o passe quando estiver enfermo, fraco ou intoxicado por excessos de alimentação e medicamentos, ou quando se encontrar espiritualmente perturbado, visto que pelo passe se transmitem fluidos perniciosos decorrentes desses estados.
A terceira é procurar renovar os hábitos para que, modificando os pensamentos, os sentimentos e os atos, sua atmosfera individual seja cada vez mais elevada.
Astolfo Olegário de Oliveira Filho
30 Obras Póstumas", Introdução ao Estudo da Fotografia e da Telegrafia do Pensamento, pág. 100.
31 "Revista Espírita", ano de 1859, pág, 80.
32 "Evolução em Dois Mundos",Segunda Parte, cap. XV, págs. 201 e 202.
33 A respeito do tema fluido, leia "A Gênese", de Allan Kardec, cap. XIV, itens 13 a 21.
34 "O Consolador", questões n 98 e 99.
35 "A Gênese", cap. XIV, intem 33.
36 "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 17, pág. 164.
37 ibidem, cap. 17, pág, 165.
38 "Missionários da Luz", cap. 19, pág. 321.
39 ibidem, cap. 19, pág. 321.
40 ibid., cap. 19, pág, 321.
41 A expressão "médium passista", adotada por André Luiz e largamente utilizada no movimento espírita brasileiro, é estranha à obra de Kardec, que não a utilizou jamais para designar os tarefeiros do passe. O Codificador preferia a expressão "médium curador" para designar o tarefeiro do serviço de passe, que ele chamava simplesmente de "imposição das mãos", reservando o vocábulo "passe"apenas para identificar a prática dos magnetizadores.
42 "Missionários da Luz, cap. 19, pág. 323.
Extraído do livro 20 Lições sobre Mediunidade
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