( Sociedade Espírita de Paris, 5 de fevereiro
de 1864 – Médium, Sr, d’Ambel)
Por que Deus
não criou todos os seres perfeito? Em virtude mesmo da lei do progresso. É
fácil compreender a economia desta lei. Aquele que caminha está no movimento,
que dizer, na lei da atividade humana; aquele que não progride, que se acha
essência estacionário, incontestavelmente, não pertence à gradação ou
hierarquia humanitária. Eu me explico, e compreendereis facilmente o meu raciocínio.
O homem que nasce numa posição mais ou menos elevada encontra em sua situação
ativa um estado de ser dado; pois bem! É certo que se toda sua vida inteira
escoasse nessa condição de ser, sem que tivesse trazido modificações por seu
feito de outrem, ele declararia que sua existência é monótona, aborrecida, cansativa,
insuportável, em uma palavra; acrescento que teria perfeitamente razão, tendo
em vista que o bem não é senão relativamente aquilo que lhe é inferior. Isto é
tão verdade, que, se colocardes o homem num paraíso terrestre, num paraíso onde
não se progrida mais, ele achará, num tempo dado, a sua existência e essa
morada um inferno impiedoso. Disso resulta, de maneira absoluta, que a lei
imutável dos mundos é o progresso ou o movimento para a frente; quer dizer que
todo Espírito que é criado está submetido inevitavelmente a essa grande e
sublime lei da vida; consequentemente, tal é a própria lei humana.
Não existe
senão um único ser perfeito, e não pode dele existir senão u único: Deus! Ora, pedir ao Ser supremo para
criar os Espíritos perfeitos, isso seria pedir-lhe para criar alguma coisa
semelhante a igual a ele. Emitir uma semelhante proposição, não é condená-la
antecipadamente> Ó homens! Por que sempre pedir a razão de ser de certas
questões insolúveis ou acima do entendimento humano? Lembrai-vos sempre de que
só Deus pode permanecer e viver em sua imobilidade gigantesca. Ele é o summum e
o máximum de todas as coisas, e alfa e o ômega de toda a vida. Ah! crede-me,
meus filhos, não procureis jamais levantar o véu que cobre esse grandioso mistério,
que os maiores Espíritos da criação não abordam senão tremendo. Quanto a mim,
humilde pioneiro da iniciação, tudo o que posso vos afirmar é que a imobilidade
é um dos atributos de Deus ou do Criador, e que o homem e tudo o que é criado
têm, como atributo, a mobilidade. Compreendei se puderdes compreender, ou então
esperai que seja chegada a hora de uma explicação mais inteligível, quer dizer,
mais à altura de vosso entendimento.
Não trato
senão desta parte da questão, tendo querido vos provar somente que não estava
estranho à vossa discussão; sobre todo o resto refiro-me ao que foi dito, uma
vez que todo o mundo me pareceu da mesma opinião. Dentro em pouco falarei de
outros fatos que foram assinalados (os fatos de Poitiers)
ERASTO.
Extraído da Revista Espírita -1864 fevereiro - ano7
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