Autor:
Reinaldo M. Macedo
Introdução
Elaborar nosso estudo só foi possível graças aos
trabalhos anteriores de diferentes estudiosos e autores atuantes do
Movimento Espírita, por meio de seus esforços em artigos, livros,
seminários e palestras, conforme consta da Bibliografia citada ao final
do mesmo, sem o que não teríamos como absorver o pouco que conseguimos.
O assunto é muito moderno e polêmico, sendo motivo
de discussões sobre ética e moralidade pelas várias religiões
existentes no Planeta.
Para um estudo um pouco mais aprofundado,
levaríamos em torno de 2 ou 3 horas, precisaríamos do uso de
retro-projetor, computador, projeção de imagem em tela, e até contar,
preferencialmente, com a presença de um palestrante médico espírita
conceituado (como tivemos a oportunidade de conhecer o Dr. José Henrique
Rubim, ao participarmos do último Seminário 2005 da AME-RIO -
Associação Médico Espírita do Rio de Janeiro, o qual, exercitando o
ensinamentos do Evangelho de Jesus, nos ajuda a tirar a candeia debaixo
do alqueire, pois gentilmente disponibilizou o fruto do seu trabalho
para nos auxiliar a elaborar o nosso estudo) e, mesmo assim, somente
iríamos nos aproximar discretamente do entendimento desse assunto.
Mas hoje, objetivamos estudar especificamente o “embrião congelado”
no que se refere ao seu uso, em vista da discussão da existência ou não
de espírito vinculado ao mesmo, pois, nesse caso, poderia até estar
sendo praticado um assassinato ao se utilizar esse embrião.
Sendo assim, tentaremos ao máximo fazer uma
síntese dos estudos que selecionamos e pesquisamos, buscando ajudar a
esclarecer o tema em questão no tempo estabelecido para nossa reunião.
Nossa intenção aqui é esclarecer um pouco sobre o
assunto e não fazer afirmações veementes em nome da Doutrina Espírita. O
tema ainda está sendo alvo de análises e, no máximo, daremos num ou
noutro aspecto uma opinião pessoal logicamente passível de modificação a
partir de outros melhores entendimentos a que venhamos ter acesso.
Aproveitamos para nos congratularmos com a
Administração de nossa Casa Espírita, na pessoa de nossa Presidente aqui
presente, por abrir espaço e escolher um tema tão moderno para estudo
público, pois a “verdade precisa caminhar” e é preciso apoiar os
fundamentos da nossa Doutrina Espírita na Ciência para que nossa fé
possa estar apoiada na inteligência que Deus nos deu para evoluirmos,
conforme nos ensina Kardec quando deixou para nossa reflexão no Livro
"Obras Póstumas" que “a fé para ser inabalável precisa encarar a razão em todas as época da Humanidade”.
Pesquisando em "O Livro dos Espíritos"...
344 - Em que momento a alma se une ao corpo?
“A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento”.
356 - Entre os natimortos alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espíritos?
“Alguns há, efetivamente, a cujos corpos nunca
nenhum Espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar para eles.
Tais crianças então só vêm por seus pais.”
136-a - Pode o corpo existir sem a alma?
“Pode...” “... A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica.”
136-b - Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?
“Simples massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”
353 – Não estando completa a união do
Espírito ao corpo, não estando definitivamente consumada, senão depois
do nascimento, poder-se-á considerar o feto como dotado de alma?
“O espírito que vai animar existe, de certo modo, fora
dele. O feto não tem pois propriamente falando, uma alma, visto que a
encarnação está apenas em via de operar-se. Acha-se, entretanto, ligado à
alma que virá a possuir”.
132 – Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
“Deus impõe a reencarnação como missão para alguns e expiação para outros.”
264 – Que é que dirige o Espírito na escolha das provas que queira sofrer?
“...O espírito escolhe suas expiações...”
Comentários de Kardec a Perg. 568:
- As missões dos Espíritos têm sempre por objeto o
bem. Quer como Espíritos, quer como homens, são incumbidos de auxiliar o
progresso da Humanidade;
- O Espírito se adianta conforme à maneira pela qual desempenha a sua tarefa.
570 – Os Espíritos percebem sempre os desígnios que lhes compete executar?
“Não, existem muitos espíritos que são instrumentos cegos e outros sabem muito bem com que fim atuam...”
572 – A missão de um Espírito lhe é imposta, ou depende de sua vontade?
Na resposta, os espíritos reafirmam que os espíritos pedem missões e ficam felizes quando as recebem.
573 – Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados?
“A missão dos espíritos encarnados consiste em instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso”.
E também que “Ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação,
concorre, dessa forma, para a execução dos desígnios da Providência.
Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos podem ter alguma utilidade.”
348 - Sabe o Espírito, previamente, que o corpo de sua escolha não tem probabilidade de viver?
“Sabe-o algumas vezes...”
345 - É definitiva a união do Espírito com
o corpo desde o momento da concepção? Durante esta primeira fase,
poderia o Espírito renunciar a habitar o corpo que lhe está destinado?
“É definitiva a união, no sentido de que outro Espírito não poderia substituir o que está designado para aquele corpo. Mas,
como os laços que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente
se rompem e podem romper-se por vontade do Espírito, se este recua
diante da prova que escolheu. Em tal caso, porém, a criança não vinga.”
No livro "Dias Gloriosos", o espírito de Joanna de Ângelis nos diz que “para fugirem de seus perseguidores podem
ser levados a "estagiar" nestes embriões congelados, passando por um
período de dormência, período este em que estariam livres das
perseguições obsessoras e em fase preparatória para um possível retorno
ao orbe”.
Ela, sabendo da importância dessas pesquisas, ressalta ainda dizendo: "...
Verdadeira bênção, o transplante de órgãos concede oportunidade de
prosseguimento da existência física, na condição de moratória, através
da qual o Espírito continua o périplo orgânico."
Não podemos deixar de reconhecer que, conforme diz Joanna, “o corpo físico é a máquina divina que o Senhor nos empresta para a confecção de nossa felicidade na Terra”.
Paralelamente, conforme consta do estudo de escritor, articulista e palestrante espírita Jorge Luiz Hessen,
“não podemos desconsiderar também que os mentores espirituais,
especialistas da área, são inteligentes o suficiente para saberem que
tal ou qual óvulo será ou não destinado a produção de células-tronco
para fins terapêuticos, e, portanto, que nenhum espírito deverá estar
ligado a ele. Se não for assim, estaremos atribuindo tudo à imprevisibilidade do “acaso”...
Outra verdade é que não podemos permanecer na ignorância e a ciência tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou.
Kardec ensina que nos instruímos pela força das coisas e nos lembra que: “As
revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas idéias
pouco a pouco; germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e
produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou
de estar em harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações”.
Pesquisando no Livro "Genética Além da Biologia", de Eurípedes Kühl
O embrião manipulado em laboratório pode ter duas destinações:
- Reprodutiva - fertilização assistida (nos casos de casais inférteis);
- Pesquisas Laboratoriais - para produção de células-tronco para fins terapêuticos.
Se admitirmos que haja um Espírito vinculado ao
embrião que é congelado, seja para futura reencarnção ou para pesquisa,
poderemos aventar algumas hipóteses que justifiquem tal condição
do Espírito que está ali, todas desconfortáveis e porque não até dizer
causadoras de sofrimentos:
1) Um voluntário, que se ofereceu para
auxiliar no progresso da Ciência terrena, por ser dela devedor em vidas
passadas (essa condição o obrigará ao mutismo e às reflexões para um
ajustamento futuro, o que lhe será benéfico);
2) Um semi-morto (aqueles que padecem de um sono mais pesado, conforme o livro Nosso Lar – Cap.27 - André Luiz);
3) Um paralítico (qual o feto da espiritualidade, conforme o livro “Os Mensageiros” – Cap. 22 - André Luiz);
4) Um ovóide - que está mergulhado no mal, que passou pela “2ª morte” e assim ficou passando a ser hóspede de outro espírito (conforme o livro “Libertação” – Cap. 6 - André Luiz);
Deduzimos que a transferência de alguns espíritos
nessas condições para embriões congelados poderá representar um primeiro
passo para uma futura reencarnação com maiores chances de sucesso, uma
vez que permaneceriam “num quase sono”, que seria um vestibular para a
gestação, similar ao descrito na pergunta 351 de "O Livro dos
Espíritos".
5) Um espírito que durante suas existências amealhou inúmeros inimigos, por causa do seu grande poder ou procedimentos cruéis, podendo ter causado milhares de vítimas que agora o perseguem obstinadamente com propósitos vingativos. Se for colocado num embrião congelado, isso lhe proporcionará abrigo (esconderijo). Quanto mais tempo ali ficar, maior a chance dos perseguidores irem evoluindo e abandonarem a idéia de vingança ou, no mínimo, reencarnarem, o que servirá de trégua temporária, o que será uma bênção fabulosa da misericórdia divina. O que confere com o que Joanna de Ângelis disse no livro "Dias Gloriosos".
5) Um espírito que durante suas existências amealhou inúmeros inimigos, por causa do seu grande poder ou procedimentos cruéis, podendo ter causado milhares de vítimas que agora o perseguem obstinadamente com propósitos vingativos. Se for colocado num embrião congelado, isso lhe proporcionará abrigo (esconderijo). Quanto mais tempo ali ficar, maior a chance dos perseguidores irem evoluindo e abandonarem a idéia de vingança ou, no mínimo, reencarnarem, o que servirá de trégua temporária, o que será uma bênção fabulosa da misericórdia divina. O que confere com o que Joanna de Ângelis disse no livro "Dias Gloriosos".
Um pouquinho sobre Clonagem...
Há quem imagine que seja possível obter-se através
da clonagem indivíduos em série, com habilidades específicas, como
soldados "programados" ou legiões de gênios para desenvolvimento de
tecnologias.
O Espiritismo aponta a necessidade da discussão sobre a ética de tais experimentos, mas não receia este tipo de resultados, posto que os espíritos são individuais, sendo seus corpos físicos vestimentas temporárias.
Não podemos duvidar da integridade moral de um
Francisco de Assis, mesmo que o vestissem com a farda de um Hitler.
Certamente viveria e pensaria como Francisco, a despeito da roupa que
usasse.
Outro ponto, freqüentemente levantado pelas
religiões acerca deste assunto, é a proibição do homem em manipular as
leis que regem a vida, que seria atribuição exclusiva de Deus.
Também neste aspecto, a Doutrina Espírita sai na
frente, pois apresenta o homem como co-criador a quem o Pai confia
responsabilidades à medida que seu conhecimento e moralidade se
aprimoram.
Confirmando esta posição de Deus, com relação ao
progresso da Ciência, observemos que os bebês de proveta, nascidos da
fecundação "in vitro", têm uma alma e esta alma não foi ligada a este
corpo pelos profissionais em reprodução humana que propiciaram a
"concepção" deste ser.
A famosa ovelha Dolly também tem um princípio
espiritual, muito menos desenvolvido que a alma humana, mas que também
foi acoplado ao seu embrião-clone por Deus.
Além desses pontos de reflexão, devemos lembrar ainda que os cientistas não criam o embrião humano ou animal, eles somente unem as partes constituintes da vida material (espermatozóide, óvulo) e ainda assim inserem o “ovo” resultante num útero.
As discussões sobre a ética da clonagem são
necessárias, mas não devem roubar a atenção sobre questões muito
importantes e urgentes acerca da manipulação desastrosa do homem sobre a
natureza, como o aborto, a extinção de espécies, o comprometimento de
gerações inteiras pela fome de justiça e educação, de respeito e de
amor.
A clonagem trará muitos benefícios para a produção
de alimentos e remédios, culturas de tecidos para transplante e
conhecimento sobre o envelhecimento e doenças como o câncer,
contribuindo para um mundo mais feliz.
Depende, no entanto, do nosso desenvolvimento
moral, para que essa evolução não seja apenas tecnológica e que seu uso
venha a garantir a ascensão da humanidade para novos rumos, em busca da
Luz e do Bem Maior.
Por sua vez, objeto de inúmeras publicações
recentes, científicas e leigas, o estudo das células-tronco oferece
renovadora esperança no controle de doenças que afligem a Humanidade. No
entanto, a utilização definitiva das células-tronco necessita ser
submetida, como está sendo, ao crivo de séria discussão de natureza
ética.
Nós espíritas, em especial, devemos adotar com
relação a esse assunto uma conduta prudente, compatível com as
orientações doutrinárias do Espiritismo e do Evangelho de Jesus, perante
as informações que nos chegam de diferentes fontes.
Um pouquinho sobre Célula-Tronco: O que é?
É um tipo de célula que tem a propriedade de se diferenciar, ou seja, de se multiplicar e formar diferentes tecidos no organismo, enquanto que as demais células geralmente só podem fazer parte de um tecido específico.
Outra capacidade especial das células-tronco é a auto-replicação, ou seja, elas podem gerar cópias idênticas de si mesmas.
Exemplos: Células da pele, do cérebro, dos ossos,
do coração e dos músculos. Tratamento de doenças até hoje incuráveis,
como câncer (a leucemia inclusive), lesões na coluna (problemas de
paralisia), tratamentos para doenças neuro-degenerativas, danos no
coração, entre outras (Alzheimer, Parkinson, Miocardiopatia Dilatada,
etc.)
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Métodos de Coleta das Células-Tronco
Alguns métodos de coleta das células-tronco não geram polêmicas ético-religiosas, como a coleta pelo cordão umbilical ou da medula óssea do próprio paciente.
A polêmica surge quando se trata da retirada de células-tronco de embriões, pois isso implicaria na destruição deles.
O uso de células-tronco retiradas de embriões
humanos - geralmente descartados em clínicas de reprodução assistida -
enfrenta sérias resistências em vários países. Muitos consideram estes
embriões como seres vivos, pois caracterizam a vida a partir da
fecundação do óvulo pelo espermatozóide.
Por isso, argumenta-se que o extermínio desses
embriões é tão criminoso quanto o aborto, uma vez que acaba com uma
forma de vida, inclusive porque embriões e fetos provenientes de abortos
seriam fontes para a coleta desse material.
Mas as células-tronco podem ser encontradas
mais comumente em duas regiões do corpo: na medula óssea e no sangue do
cordão umbilical, que permanece na placenta após o nascimento do bebê.
E elas podem ser uma alternativa, por exemplo,
para os casos de leucemia, em que o transplante de medula óssea nem
sempre pode ser realizado, embora hoje em dia já seja um procedimento de
sucesso.
Já com o sangue do cordão umbilical congelado, as
células-tronco ficam disponíveis para serem usadas em casos como o que
acabamos de mencionar em, pelo menos, 15 anos após a coleta, embora
alguns estudos já considerem a possibilidade de sua estocagem por até 50
anos.
Obs: Fica evidente que se quizermos formar uma opinião mais lúcida
a respeito de clonagem, embriões e células-tronco, precisamos
compreender no mínimo as importantes diferenças nos métodos de coleta de
células-tronco e do seu emprego efetivo, através de estudos sérios e
dedicados utilizando fontes confiáveis, observando o assunto de forma
global e, submetendo-nos humildemente a críticas construtivas e, como
espíritas que somos, enfocarmos nossos estudos à luz do Evangelho de
Jesus, calcados na Doutrina Espírita. Por isso, é recomendável que
tenhamos uma conduta prudente.
Além dessas vantagens, quando as células-tronco provêm da medula óssea do próprio paciente, não há risco de rejeição.
Entretanto, cabe dizer que a aplicação imediata ainda não está tão perto. Elas são uma promessa de melhoria e cura, não um “milagre”, como se o paciente fosse soltar a muleta e sair andando de repente.
Por enquanto, sobram esperanças e faltam pesquisas que, embora aceleradas, ainda estão num estágio inicial.
Células-tronco no Brasil
O governo federal lançou dia 20 de abril de 2005 o
primeiro edital que permitirá o financiamento de pesquisas com
células-tronco no país, para o desenvolvimento de projetos de pesquisas básicas (experimentações in vitro), pré-clínicas (experimentos com animais) e clínicas (experimentos em seres humanos) que tenham o objetivo de desenvolver procedimentos inovadores em terapia celular.
Poderão ser pesquisadas: células-tronco adultas da
medula óssea e do cordão umbilical e células-tronco embrionárias
(incluídas no edital por causa da Lei de Biossegurança).
Com aprovação da Lei de Biossegurança, os
cientistas do Brasil estão autorizados a realizar pesquisas em
células-tronco embrionárias que, sem dúvida, é uma das mais promissores
áreas da medicina na atualidade. Mas as pesquisas com células-tronco só
poderão ser realizadas se elas forem obtidas através de fertilização in vitro e que já estiverem congeladas há mais de três anos.
O Ministério da Saúde anunciou a implantação no
país da rede BrasilCord, um banco de sangue público de cordões
umbilicais (retirados de cordão umbilical de recém-nascidos)
Um pouquinho sobre Clonagem terapêutica
Clonagem (Dicionário Michaelis): Introdução de um
fragmento do material genético de uma célula em outra, a qual passa a
conter e multiplicar a informação genética contida nesse fragmento
introduzido; engenharia genética.
Muitas pessoas pensam que a clonagem serve apenas
para a criação de cópias de seres humanos. Entretanto, vários cientistas
a vêem como uma possibilidade de cura para diversas doenças que
atualmente não podem ser tratadas. Trata-se da tão falada clonagem terapêutica.
Esse processo consiste em obter um embrião da pessoa doente por meio da clonagem e retirar as células-tronco dele.
Como já dissemos, essas células têm potencial para
se transformar em qualquer tipo de célula adulta do nosso corpo, como,
por exemplo, células cardíacas ou nervosas.
Assim, elas poderiam ser estimuladas a se
transformar no mesmo tipo de célula que estão lesadas no organismo do
doente. Por exemplo: uma pessoa com leucemia que necessitasse de um
transplante de medula seria clonada, dando origem a um embrião, do qual
seriam retiradas células-tronco.
Dessa forma, a pessoa seria doadora para si mesma,
sem correr o risco de que seu organismo viesse a rejeitar o
transplante, pois as células utilizadas seriam retiradas de seu clone,
que apresentaria a mesma constituição genética que ela.
Com o sangue do cordão umbilical congelado, as
células-tronco ficam disponíveis para necessidades futuras, como no caso
do surgimento de doenças, durante pelo menos 15 anos após a coleta.
Além dessa vantagem, não há risco de rejeição quando essas células forem
implantadas no paciente, uma vez que elas foram retiradas dele mesmo.
Mas ainda existe uma séria e relevante discussão
envolvendo a técnica: embriões teriam de ser sacrificados em prol da
vida do doente. Muitas pessoas no mundo inteiro se manifestam contra
esse procedimento, alegando que, se o embrião não tivesse seu
desenvolvimento interrompido, uma pessoa nasceria. Isso é comparar essa
forma de clonagem a um aborto.
Por outro lado, muitas pessoas portadoras de
doenças genéticas ou lesões medulares que impedem a locomoção defendem
essa técnica porque enxergam nela a única possibilidade de cura
definitiva atualmente conhecida.
Fechamento
O conhecimento científico não pode tratar o homem
como um meio, mas como um fim em si mesmo. Estamos diante de uma questão
de princípios fundamentais:
1) devemos respeitar a vida humana em qualquer circunstância;
2) todos os seres humanos devem ter os mesmos direitos;
3) a vida humana começa no momento da fecundação.
Ainda não dispomos de meios seguros de afirmar sobre a existência ou não de vinculação de espíritos a embriões congelados
e a partir daí tomar decisões sobre seu emprego na medicina. Mas é
preciso não confundir isso com o emprego de células-tronco adultas.
Existem interpretações conflitantes e dúbias, mas
neste ponto lembramos Kardec no livro "Obras Póstumas", no capítulo
sobre a Constituição do Espiritismo, quando nos disse que a Doutrina se
modificaria no ponto exato em que algo seja confirmado como verdade, se
ela assim já não o considere.
Acreditamos, e a espiritualidade superior nos
ensina repetidamente, que enquanto tecnologicamente a ciência caminha a
passos largos, espiritualmente, apenas engatinha. Nossa vida aqui é uma
pálida imitação da vida no plano espiritual.
A reprodução do corpo humano certamente passará
por mudanças consideráveis ao longo dos próximos séculos, por isso não
devemos nos surpreender com os avanços da clonagem do corpo humano e
mesmo com as gestações em ambientes extra-uterinos.
Toda tecnologia nova gera polêmicas. Dentre os
argumentos dos que se opõem à técnica terapêutica com células-tronco
está o temor de que se vai gerar um comércio de óvulos e embriões. A ser
factível essa realidade, vamos estagnar a ciência? Se fosse assim não
haveriam tomógrafos eletrônicos, radioterapia, ressuscitador cardíaco...
É preciso refletir e muito...
Mas nenhum desses avanços substituirá os planos reencarnatórios
das criaturas. Portanto, não importa a maneira como voltamos a este
plano e sim a jornada que teremos que percorrer, pois o corpo é um
conjunto de células formadas basicamente de carbono, hidrogênio e
oxigênio (matéria), mas que só existem se tiverem vida.
Temos certeza que a Ciência aprenderá a lidar
melhor com as técnicas que envolvem a clonagem, tornando-a mais simples e
segura. Quanto à sua disseminação, disso também temos certeza, que
sempre dependerá dos programas da Espiritualidade Superior.
Quem dá vida à célula é o espírito, que ensina a cada molécula da célula qual é o seu papel.
Kardec deixou bem claro que o Espiritismo
caminharia com a Ciência. Não há por que opor-se às suas conquistas,
porquanto nada é descoberto ou desenvolvido sem o consentimento de Deus.
Aos que ainda pensam que o homem tenta subverter, lembramos que “O corpo vem do corpo, mas o espírito vem de Deus”.
Subverter a ordem divina é causar ou permitir a
existência de crianças subnutridas, de cidades bombardeadas, de atos
terroristas, de doentes sem tratamento, de trabalhadores sem emprego, do
aborto provocado deliberadamente. Subverter a ordem divina é ter mais
do que o necessário e fazer das conquistas materiais o motivo da vida. É
não amar ao próximo como a nós mesmos.
Toda oportunidade de reencarnação é aproveitada
pelos organizadores do plano maior. Cremos que assim seja, tanto num
breve contato com a matéria, como nos abortamentos precoces naturais,
quer seja por meio dos embriões congelados que aguardarão seu destino
nos tanques de nitrogênio líquido por muito tempo.
Nós que temos acesso a essa Doutrina, ao mesmo
tempo racional e fraterna, não podemos nos deixar envolver por
posicionamentos dogmáticos do religiosismo fundamentalista que supere a
razão e o discernimento, de que já somos medianamente dotados, para
entravar uma Lei Natural e Divina que é a Lei do Progresso.
Nada que acontece é por acaso. E não cai uma folha
sequer de uma árvore se não for da vontade de Deus, nosso Criador,
causa primária de todas as coisas...
Muita Saúde e Muita Paz!
Bibliografia
- Livro dos Espíritos – Allan Kardec;
- Livro Dias Gloriosos – Divaldo P. Franco / Joanna de Ângelis;
- Livro Genética Além da Biologia – Eurípedes Kühl (Editora Fonte Viva);
- Seminário da AME-RIO – Células-Tronco na Visão Espírita - Dr. José Henrique Rubim (estudo gentilmente cedido pelo próprio);
- Artigo – Cientistas Estariam Subvertendo a Ordem
Divina ao Manipular Células-Tronco Embrionárias? - Jorge Luiz Hessen –
Escritor, Articulista e Palestrante – Nosso companheiro do
Espiritismo.net;
- Artigo - A polêmica do Uso de Células-Tronco - Oswaldo Magalhães Rodrigues;
- Palestra feita por Divaldo P. Franco na 52ª Semana Espírita de Vitória da Conquista – set/2005;
- Reformador – abril/2005 – Artigo “Em dia com o Espiritismo I” – Marta Antunes Moura;
- Reformador – julho/2005 – Artigo “Em dia com o Espiritismo II” – Marta Antunes Moura;
- Reformador – dez/2004 – Em dia com o Espiritismo - Célula-tronco – Marta Antunes Moura;
- RIE – Revista Internacional de Espiritismo -
abr/2005 – Embriões congelados: Espíritos ligados por até 12 anos –
Alexandre Fontes da Fonseca e Alvaro Vannucci;
- RIE – Revista Internacional de Espiritismo - jul/2005 – Mitos e Verdades Sobre Células-Tronco – Décio Iandoli Jr.;
- Artigo - Internet - Espiritismo e Clonagem Humana - Gilberto Schoereder e Alex Alprim;
- Artigo - Internet - A Clonagem Humana - Pedro Gregori (Médico Ginecologista);
- Artigo - Internet - Clonagem - Richard Simonetti;
- Artigo - Internet - Alvorada do Mundo de Regeneração - Orson Peter Carrara;
- Artigo - Do Leproestigma ao Clone Estigmatizado (Enfoque microbiológico) - Luiz Carlos Formiga;
- Artigo - Doação de Órgãos e Transplantes - Eurípedes Kühl;
- Artigo - Clonagem, Espírito e Ciência - Alex Alprim;
- Artigo - O Clone Tem Alma? - Marlene Nobre;
- Artigo - Clonagem - Um Problema ou uma Solução? -
Jornal Mundo Espírita, de Agosto de 1997 – Maringá-PR - Carmem Lúcia M.
S. C. Rocha;
- Jornal Correio Fraterno – A Questão dos Embriões Sob a Ótica Espírita - edição de mai-jun/2005 – Doris Madeira Gandres.
Publicado em 16 de março de 2008
Extraído https://www.espiritismo.net/node/6776
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