Poucas são as obras espíritas que
focalizam com profundidade o problema do carnaval e suas mazelas, Uma delas é
no livro Nas fronteiras da Loucura, escrito em 1982 por Manoel Philomeno de
Miranda (espírito), valendo-se da mediunidade de Divaldo Pereira Franco.
O trecho a seguir, extraído do cap.
6 PP 51 a 53, da obra mencionada, mostra uma faceta do carnaval no Rio de
Janeiro, uma festa tão badalada pelos meios de comunicação, especialmente a
Rede Globo de Televisão.
Nos dias de carnaval – relata Philomeno
– a cidade, regurgitante, era um pandemônio. Multidão de Espíritos, que se misturavam
à mole humana em excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria
das avenidas, ruas e praças, cuja iluminação, embora feérica, não conseguia
vencer a psicosfera carregada de vibrações de baixo teor.
Grupos mascarados eram acolitados
por frenéticas massas de Espíritos voluptuosos, que se entregavam a desmandos e
orgias lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno. Algumas Entidades
atacavam os burlescos transeuntes tentando prejudica-los com suas induções
nefastas.
Outras buscavam as vítimas em potencial
para alijá-las do equilíbrio, dando início a processos nefandos de obsessões
demoradas.
Muitas pessoas fantasiadas haviam
obtido inspiração para as suas expressões grotescas em visitas a regiões
inferiores do Além. Aliás, as incursões aos sítios de desespero e loucura são muito
comuns aos homens que se vinculam aos ali residentes pelos fios invisíveis do
pensamento, em razão das preferências que acolhem e dos prazeres que se
facultam no mundo íntimo.
A sucessão de cenas, deprimentes
umas, selvagens outras, era constrangedora, o que mereceu do Dr. Bezerra de
Menezes o seguinte comentário: “Grande, expressiva faixa da humanidade terrena
transita entre os limites do instinto e os pródromos da razão, mais sequiosos
de sensações do que ansiosos pelas emoções superiores. Natural que se permitam,
nestes dias, os excessos que muitos se apresentam, nos dias normais, como
discípulos de Jesus, preferindo, agora, Baco e os seus assessores de orgia ao
Amigo Afetuoso...”.
As origens do carnaval se encontram
na bacanália, da Grécia, quando era homenageado o deus Dionísio. Mais tarde,
essas festas apresentavam-se em Roma, como saturnália, quando se imolava uma
vítima humana, adredemente escolhida. Depois, já na Idade Média, aceitava-se a
tese de que "Uma vez por ano é lícito enlouquecer”, o que tomou corpo,
modernamente, no carnaval de nossos dias.
“Há estudiosos do
comportamento e da psique – avessara Dr. Bezerra – sinceramente convencidos da
necessidade de descarregarem-se as tensões e recalques nesses dias em que a
carne nada vale cuja primeira sílaba de cada palavra compôs o verbete
carnaval”. Sem dúvida, porém, a festa é vestígio da barbárie e do primitivismo
ainda reinantes, e que um dia desaparecerão da Terra, quando alegria pura, a
jovialidade, a satisfação, o júbilo real substituírem as paixões do prazer
violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte, sem agressão nem
promiscuidade.
(Da Redação do Jornal O Imoral março 2006)
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