domingo, 4 de fevereiro de 2018

O CARNAVAL E SUAS MAZELAS



Poucas são as obras espíritas que focalizam com profundidade o problema do carnaval e suas mazelas, Uma delas é no livro Nas fronteiras da Loucura, escrito em 1982 por Manoel Philomeno de Miranda (espírito), valendo-se da mediunidade de Divaldo Pereira Franco.

O trecho a seguir, extraído do cap. 6 PP 51 a 53, da obra mencionada, mostra uma faceta do carnaval no Rio de Janeiro, uma festa tão badalada pelos meios de comunicação, especialmente a Rede Globo de Televisão.

Nos dias de carnaval – relata Philomeno – a cidade, regurgitante, era um pandemônio. Multidão de Espíritos, que se misturavam à mole humana em excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria das avenidas, ruas e praças, cuja iluminação, embora feérica, não conseguia vencer a psicosfera carregada de vibrações de baixo teor.

Grupos mascarados eram acolitados por frenéticas massas de Espíritos voluptuosos, que se entregavam a desmandos e orgias lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno. Algumas Entidades atacavam os burlescos transeuntes tentando prejudica-los com suas induções nefastas.
Outras buscavam as vítimas em potencial para alijá-las do equilíbrio, dando início a processos nefandos de obsessões demoradas.

Muitas pessoas fantasiadas haviam obtido inspiração para as suas expressões grotescas em visitas a regiões inferiores do Além. Aliás, as incursões aos sítios de desespero e loucura são muito comuns aos homens que se vinculam aos ali residentes pelos fios invisíveis do pensamento, em razão das preferências que acolhem e dos prazeres que se facultam no mundo íntimo.

A sucessão de cenas, deprimentes umas, selvagens outras, era constrangedora, o que mereceu do Dr. Bezerra de Menezes o seguinte comentário: “Grande, expressiva faixa da humanidade terrena transita entre os limites do instinto e os pródromos da razão, mais sequiosos de sensações do que ansiosos pelas emoções superiores. Natural que se permitam, nestes dias, os excessos que muitos se apresentam, nos dias normais, como discípulos de Jesus, preferindo, agora, Baco e os seus assessores de orgia ao Amigo Afetuoso...”.

As origens do carnaval se encontram na bacanália, da Grécia, quando era homenageado o deus Dionísio. Mais tarde, essas festas apresentavam-se em Roma, como saturnália, quando se imolava uma vítima humana, adredemente escolhida. Depois, já na Idade Média, aceitava-se a tese de que "Uma vez por ano é lícito enlouquecer”, o que tomou corpo, modernamente, no carnaval de nossos dias.
“Há estudiosos do comportamento e da psique – avessara Dr. Bezerra – sinceramente convencidos da necessidade de descarregarem-se as tensões e recalques nesses dias em que a carne nada vale cuja primeira sílaba de cada palavra compôs o verbete carnaval”. Sem dúvida, porém, a festa é vestígio da barbárie e do primitivismo ainda reinantes, e que um dia desaparecerão da Terra, quando alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real substituírem as paixões do prazer violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte, sem agressão nem promiscuidade.
 (Da Redação do Jornal O Imoral março 2006)

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