FELICIDADE – O NIRVANA – O REINO DE DEUS – O PARAISO
Bibliografia
A CAMINHO DA
FELICIDADE – Huberto Rohden – Edit Alvorada
A ESSENCIA
DO BUDISMO – Guy Claxton – Edit Siciliano
O NOVO
CATECISMO - Bispo da Holanda – Edt
Herder
FUNDAMENTOS
DA FILOSOFIA – Gilbeto Cotrin – Edit Saraiva
REFLEXÃO
O FELIZ E
O MUNDO
Quem é
iluminado por dentro, parece escuro aos olhos do mundo.
Quem
progride interiormente, parece ser um retrógrado.
Quem é
auto-realizado, parece um homem imprestável.
Quem
serve a luz interna, parece uma negação para o mundo,
Quem se
conserva puro, parece um bobo e simplório.
Quem é
paciente e tolerante, parece um sujeito sem caráter.
Quem vive
de acordo com seu eu espiritual, passa por um homem enigmático.
Por que o
mundo vê e não enxerga?
1ª PARTE:
OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula
tem por finalidade fazer especulações metafísicas em torno do objetivo maior de
nossas vidas, qual seja, sermos felizes. A Felicidade é o clamor de toda
criatura. Rohden nos diz que todo resto é meio, somente a felicidade é um fim.
Para tanto vamos começar entendendo o que pensadores, filósofos e líderes
religiosos propõem sobre o assunto.
O termo
pode apresentar variações como nirvana, reino de Deus e até mesmo paraíso, mas
a essência é a mesma. E é sobre isto, que nesta aula, vamos nos debruçar.
2ª PARTE:
INTRODUÇÃO
A
Felicidade é o problema central e máximo da humanidade e nem por isso é
trabalhado adequadamente pelos homens. Talvez existam algumas prioridades
anteriores a esse.
Ninguém
deseja ser feliz para algo, mas, quer ser feliz para ser feliz. Esta é um fim e
não um meio. Tanto assim que todas as religiões de uma forma ou de outra buscam
avidamente esse estado para seus adeptos. Elaboram os caminhos mais diversos,
mas o objetivo é sempre o mesmo. Entre eles
podemos
citar os cristãos buscando o Reino, os budistas objetivando o Nirvana e os
islâmicos sonhando com o Paraíso de delicias.
Sócrates
investigava com frequência esse assunto e concluiu que só se atinge ela através
do exercício das virtudes. Muitos procuram a felicidade e geralmente a buscam
fora de si esquecendo-se de encontrá-la no seu próprio interior.
A escala
de prioridades do homem pode até colocar a felicidade num plano posterior a das
necessidades básicas, mas as vezes até estas são postergadas em detrimento
daquela.
3ª PARTE:
A FELICIDADE VISTA PELOS FILÓSOFOS ANTIGOS
Através
de alguns filósofos gregos da antiguidade vamos atentar como a felicidade era
vista e pensada.
Aristóteles
defendia que para ser feliz o homem deve viver de acordo com sua essência, isto
é, de acordo com a sua razão, a sua consciência reflexiva e orientando seus
atos para uma conduta ética, a razão o conduzirá a pratica das virtudes. Estas
por sua vez trilham o caminho do meio, a justa medida do equilíbrio.
Os
filósofos helenistas formulam diversas regras de conduta como sendo a arte de
viver e as filosofias de vida que proporcionam aos indivíduos a paz de espírito
e a felicidade interior.
O
Estoicismo apregoava a austeridade física e moral baseada na resistência do
homem ante o sofrimento e os males do mundo. Seu ideal era viver certa apatia
para alcançar a serenidade.
O
Epicurismo propunha a ideia que o ser humano deve buscar o prazer da vida.
Distinguiam porem, os prazeres duradouros dos efêmeros que causam dores e
sofrimentos. Epicuro afirmava que o supremo prazer seria de natureza intelectual
e obtido mediante o domínio das paixões.
Os
cínicos propuseram viver como os cães das cidades sem qualquer propriedade ou
conforto.
Levaram
ao extremo a filosofia de Sócrates segundo o qual o homem, para ser feliz, deve
procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais.
4ª PARTE:
QUE É SER FELIZ
Ser feliz
é estar em perfeita harmonia com a constituição do universo, seja consciente,
seja inconscientemente. A natureza não hominal é inconscientemente feliz porque
está sempre em harmonia com o universo. Aqui na Terra somente o homem pode ser
conscientemente feliz e também infeliz.
Com o homem começa o estranho fenômeno da
liberdade no meio da universal necessidade.
A
natureza só conhece o dever compulsório. O homem conhece um querer espontâneo,
seja rumo ao positivo, seja rumo ao negativo. O desejo universal é a
felicidade. A humanidade tem potencialidade de ser feliz. Com o tempo essa potêcia
vai virando ato, ou seja a potencialidade vai se atualizando, realizando e se expandindo.
A
vivencia do ego externo e ilusório deságua numa felicidade externa ilusória. A
do ego interno realiza a real potencialidade. O caminho do ego interno passa
pelo auto-conhecimento. Pouquíssimos homens têm uma visão nítida da sua genuína
realidade interna. Quase todos se identificam com uma realidade externa: um
ator, um vizinho, um parente. A consequência disso é não enxergar a realidade do
próximo. Aquele homem se encontra na luta obsessiva da obtenção da realidade
externa. Não consegue realizar o amor ao próximo.
O amor-próprio
não é necessariamente egoísmo. Este é exclusivista e aquele é inclusivo, inclui
os amores alheios no seu amor próprio.
Para ser
feliz não podemos depender das ações de outrem, mas somente das nossas. A felicidade
só pode consistir em algo que dependa de mim, algo que eu possa crear
independente das circunstancias externas, físicas ou sociais. Toda vez que
dependermos do exterior, alta é a possibilidade da frustração e por consequência
da infelicidade.
5ª PARTE:
NIRVANA
O budismo
nos diz que o Nirvana é o estado da não individualidade, é o estado de
iluminação.
Ele é
adquirido quando a raiz do apego e da ilusão foi cortada, a inquietação do
desejo compulsivo se foi e o auto-conhecimento pacífico adveio. O fato e
portanto, a possibilidade real, do nirvana constitui a terceira das quatro
verdades nobres de Buda. São elas:
1-) O
sofrimento em si–todas as angustias da vida, as dores físicas, doenças aborrecimentos e morte.
2-) As
causas desses sofrimentos– como surgem esses sofrimentos, qual a causa dessa natureza
insatisfatória.
3-) O
estado liberto dos sofrimentos– o Nirvana
4-) O
caminho de efetivação da mudança (o Nobre Caminho Óctuplo) – como sair dos sofrimentos
e chegar ao estado liberto - ao nirvana.
Observamos
que estes estudos não utilizam recursos metafísicos e os conceitos de alma, espírito,
Deus. Eles se restringem aos comportamentos que devemos ter em vida para
atingirmos um equilíbrio e desfrutar uma vida pacífica, harmônica e serena.
Trata - se de uma filosofia de vida. Nada transcendente.
6ª PARTE: CAMINHO
DA FELICIDADE
– PELO
BUDISMO
Para se
atingir a felicidade, o budismo nos oferece uma reforma íntima denominada o
Nobre Caminho Óctuplo que é a quarta verdade nobre de Buda.
Este nos
mostra como podemos efetivar esta mudança se estivermos dispostos a isso. A
exercitação consiste em:
1- uma compreensão correta (uma
investigação sempre profunda das coisas e dos fatos – fugir da análise superficial, das opiniões
imediatas).
2-
pensamento
ou atitude correta (ser menos críticos, menos gananciosos, evitar se deixar levar
por prazeres materiais, sensoriais e posses).
3-
fala
correta (não mentir, não contar piadas grosseiras, não falar pelas costas, se
não for para falar coisas que constroem evite falar).
4-
ação
correta (não matar, não roubar, não comporta -se com crueldade, ser
vegetariano).
5-
meio de
vida correto (ser honesto na maneira de ganhar a vida)
6-
esforço
correto (o esforço deve ser sempre no sentido da qualidade da vida, livrar-se das ansiedades).
7-
concentração
correta (concentrar em pensamentos positivos) e
8- atitude mental correta (atentar
para o que é permanente e o que é transitório).
Esta
receita muito prática necessita perseverança na sua aplicação e estes preceitos
comportamentais levam o homem à sensação e ao estado feliz.
7ª PARTE:
O REINO DE DEUS
“Convertei-vos,
pois o Reino dos Céus está próximo”. O povo judeu já conhecia esta expressão.
Qual o
sentido que Jesus queria dar a esse Reino? Seria uma forma de esperança
nacionalista?
Seria uma
situação apocalíptica?
Entendemos
que estaria descartado esse pegar em armas, pois sua mensagem sempre foi de caráter
pacifico. Tampouco anunciava final dos tempos.
Condena,
pois, a inclinação humana, que existe até hoje, de determinar o dia em que o
mundo acabará.
Toda a
mensagem está centrada não num acontecimento externo, mas em mudanças
interiores.
“O Reino
de Deus não vem de modo ostensivo. Não pode dizer-se: ei-lo aqui ou ei-lo ali
pois o Reino está no meio de vós” (Lc 17, 20-21). Com isso nada de revolução
nacional, nada de sinais do céu, mas algo de Deus e do céu que fica oculto no
dia a dia, na vida comum dos homens.
Várias
são as parábolas de Jesus sobre o Reino, entre elas temos: Mt 13, 33 -Mt 13,32-33
- Mc 4, 26-29 -Nas bem-aventuranças, -Mt 5, 3-10 -Mt 13, 44 Mc 9,1 -Lc 12, 32 -Lc
11, 20
“Se
alguém não nascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus” (Jô 3, 3)
“Quem não
aceitar o Reino de Deus como um menino, certamente não entrará nele” (Mc 10,
15)
O Reino
de Deus (Jesus, João, Marcos e Lucas) ou o Reino dos Céus (Mateus) é uma expressão
evangélica que equivale a vida ideal, feliz e gratificante. É o estado de
espírito onde está estabelecido o auto-conhecimento e a auto-realização. Não se
trata propriamente de um lugar, uma cidade ou um céu, mas de uma situação
espiritual de felicidade e compreensão da realidade.
8ª PARTE:
PARAISO
Do grego
paradeisos que significa jardim, lugar plantado de árvores.
Toda
mitologia, seja pagã, hebraica, islâmica ou a cristã, guarda em seus símbolos
grandes verdades, mas, quando consideradas ao pé da letra tornam-se verdadeiros
absurdos. As fábulas e até mesmo as parábolas também traduzem essa situação. Um
exemplo disso é a Gênese bíblica. O
Paraíso
lá citado não passa de uma alegoria e que deve ser considerado como tal. Tal
lenda ser considerada verdade dogmática tem trazido erros absurdos na
orientação espiritual dos homens.
O paraíso
bíblico mostra uma total harmonia entre o casal
Adão e
Eva e todo reino animal e vegetal. O clima favorecia o não uso de vestimentas.
E a nudez era despercebida ou natural.
Necessidades
básicas até existiam, mas nenhum esforço era despendido na sua obtenção
Trabalhar não era necessário. Frutos eram o alimento. O envelhecimento não
existia e nem mesmo a morte.
O pecado
cometido pela desobediência a Deus fê-los perderem todas estas regalias.
O Paraíso
bíblico e mesmo o islâmico é, portanto o local onde se desconhece as
necessidades do corpo e de integral harmonia dos seres onde o tempo e as
doenças e a morte não existem.
9ª PARTE:
A FELICIDADE OU O REINO –POR CRISTO
Jesus usa
e abusa do termo “Reino de Deus”, tanto que em toda a Bíblia a maioria das
vezes que o termo é usado, o foi por ele. Que poderíamos entender por Reino de
Deus
Ousaríamos,
aguardando que melhores interpretações se façam, dizer que o reino de Deus é o que
entendemos por paraíso ou estado de felicidade.
Seria um
local? Quais seriam seus habitantes? Quais suas características?
Quais suas
atividades?
Entendemos
como sendo um “local” onde a matéria pode existir, mas o espírito não tem mais necessidade
de experiências junto a ela. Um mundo totalmente espiritual. Mesmo o corpo
espiritual já não se faz necessário. Seus habitantes são seres puramente
espirituais onde o conhecimento e a moralidade estão em seu ápice. A atividade
por excelência é a criadora, trabalhando como co-participantes com o Creador.
10ª
PARTE: CONCLUSÃO
O homem
não tem condições de habitar o Reino de Deus neste atual
estado
evolutivo. Ele precisa adquirir todas as qualidades exigidas para a convivência
com os demais naquele local. Se um habitante do Reino não estiver de posse do
estado feliz irá fatalmente interferir na harmonia com os
demais
seres.
Todas as
receitas criadas na Terra para num passe de mágica transformar o homem, nada
mais é do que um engodo. A escalada ascensional no conhecimento e na
assimilação das leis que são as virtudes dos céus se faz através de exaustíveis
experimentações. E o tempo para essas aquisições não
é curto.
As
virtudes nada mais são do que as observâncias das leis naturais ou divinas.
Quando o homem
faz o que deve, embora não o queira, ele é austeramente feliz, mas, quando o
homem faz o que deve e quer então ele é jubilosamente feliz.
Alan
Krambeck
11ª
PARTE: MAXIMA /LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima
aula: Livro 3 –Cap.7- O DETERMINISMO DA EVOLUÇÃO MATERIAL E ESPIRITUAL
Leituras:
Evolução
em Dois Mundos –Francisco C Xavier / Waldo Vieira
O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Leon
Denis
Reencarnação
e Evolução das Espécies –R Di Bernardi –Edit Universalista
Convite a
Filosofia –Marilena Chau
site Ifevale
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