quinta-feira, 13 de outubro de 2016

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA – LIVRO 3 CAP 6



FELICIDADE – O NIRVANA – O REINO DE DEUS – O PARAISO
Bibliografia
A CAMINHO DA FELICIDADE – Huberto Rohden – Edit Alvorada
A ESSENCIA DO BUDISMO – Guy Claxton – Edit Siciliano
O NOVO CATECISMO  - Bispo da Holanda – Edt Herder
FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA – Gilbeto Cotrin – Edit Saraiva

REFLEXÃO

O FELIZ E O MUNDO

Quem é iluminado por dentro, parece escuro aos olhos do mundo.
Quem progride interiormente, parece ser um retrógrado.
Quem é auto-realizado, parece um homem imprestável.
Quem serve a luz interna, parece uma negação para o mundo,
Quem se conserva puro, parece um bobo e simplório.
Quem é paciente e tolerante, parece um sujeito sem caráter.
Quem vive de acordo com seu eu espiritual, passa por um homem enigmático.
Por que o mundo vê e não enxerga?

1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA

Esta aula tem por finalidade fazer especulações metafísicas em torno do objetivo maior de nossas vidas, qual seja, sermos felizes. A Felicidade é o clamor de toda criatura. Rohden nos diz que todo resto é meio, somente a felicidade é um fim. Para tanto vamos começar entendendo o que pensadores, filósofos e líderes religiosos propõem sobre o assunto.

O termo pode apresentar variações como nirvana, reino de Deus e até mesmo paraíso, mas a essência é a mesma. E é sobre isto, que nesta aula, vamos nos debruçar.



2ª PARTE: INTRODUÇÃO

A Felicidade é o problema central e máximo da humanidade e nem por isso é trabalhado adequadamente pelos homens. Talvez existam algumas prioridades anteriores a esse.

Ninguém deseja ser feliz para algo, mas, quer ser feliz para ser feliz. Esta é um fim e não um meio. Tanto assim que todas as religiões de uma forma ou de outra buscam avidamente esse estado para seus adeptos. Elaboram os caminhos mais diversos, mas o objetivo é sempre o mesmo. Entre eles
podemos citar os cristãos buscando o Reino, os budistas objetivando o Nirvana e os islâmicos sonhando com o Paraíso de delicias.

Sócrates investigava com frequência esse assunto e concluiu que só se atinge ela através do exercício das virtudes. Muitos procuram a felicidade e geralmente a buscam fora de si esquecendo-se de encontrá-la no seu próprio interior.

A escala de prioridades do homem pode até colocar a felicidade num plano posterior a das necessidades básicas, mas as vezes até estas são postergadas em detrimento daquela.

3ª PARTE: A FELICIDADE VISTA PELOS FILÓSOFOS ANTIGOS

Através de alguns filósofos gregos da antiguidade vamos atentar como a felicidade era vista e pensada.

Aristóteles defendia que para ser feliz o homem deve viver de acordo com sua essência, isto é, de acordo com a sua razão, a sua consciência reflexiva e orientando seus atos para uma conduta ética, a razão o conduzirá a pratica das virtudes. Estas por sua vez trilham o caminho do meio, a justa medida do equilíbrio.

Os filósofos helenistas formulam diversas regras de conduta como sendo a arte de viver e as filosofias de vida que proporcionam aos indivíduos a paz de espírito e a felicidade interior.

O Estoicismo apregoava a austeridade física e moral baseada na resistência do homem ante o sofrimento e os males do mundo. Seu ideal era viver certa apatia para alcançar a serenidade.

O Epicurismo propunha a ideia que o ser humano deve buscar o prazer da vida. Distinguiam porem, os prazeres duradouros dos efêmeros que causam dores e sofrimentos. Epicuro afirmava que o supremo prazer seria de natureza intelectual e obtido mediante o domínio das paixões.

Os cínicos propuseram viver como os cães das cidades sem qualquer propriedade ou conforto.

Levaram ao extremo a filosofia de Sócrates segundo o qual o homem, para ser feliz, deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais.

4ª PARTE: QUE É SER FELIZ
Ser feliz é estar em perfeita harmonia com a constituição do universo, seja consciente, seja inconscientemente. A natureza não hominal é inconscientemente feliz porque está sempre em harmonia com o universo. Aqui na Terra somente o homem pode ser conscientemente feliz e também infeliz.

 Com o homem começa o estranho fenômeno da liberdade no meio da universal necessidade.
A natureza só conhece o dever compulsório. O homem conhece um querer espontâneo, seja rumo ao positivo, seja rumo ao negativo. O desejo universal é a felicidade. A humanidade tem potencialidade de ser feliz. Com o tempo essa potêcia vai virando ato, ou seja a potencialidade vai se atualizando, realizando e se expandindo.

A vivencia do ego externo e ilusório deságua numa felicidade externa ilusória. A do ego interno realiza a real potencialidade. O caminho do ego interno passa pelo auto-conhecimento. Pouquíssimos homens têm uma visão nítida da sua genuína realidade interna. Quase todos se identificam com uma realidade externa: um ator, um vizinho, um parente. A consequência disso é não enxergar a realidade do próximo. Aquele homem se encontra na luta obsessiva da obtenção da realidade externa. Não consegue realizar o amor ao próximo.

O amor-próprio não é necessariamente egoísmo. Este é exclusivista e aquele é inclusivo, inclui os amores alheios no seu amor próprio.

Para ser feliz não podemos depender das ações de outrem, mas somente das nossas. A felicidade só pode consistir em algo que dependa de mim, algo que eu possa crear independente das circunstancias externas, físicas ou sociais. Toda vez que dependermos do exterior, alta é a possibilidade da frustração e por consequência da infelicidade.

5ª PARTE: NIRVANA

O budismo nos diz que o Nirvana é o estado da não individualidade, é o estado de iluminação.

Ele é adquirido quando a raiz do apego e da ilusão foi cortada, a inquietação do desejo compulsivo se foi e o auto-conhecimento pacífico adveio. O fato e portanto, a possibilidade real, do nirvana constitui a terceira das quatro verdades nobres de Buda. São elas:
1-) O sofrimento em si–todas as angustias da vida, as dores físicas,  doenças aborrecimentos e morte.

2-) As causas desses sofrimentos– como surgem esses sofrimentos, qual a causa dessa natureza insatisfatória.

3-) O estado liberto dos sofrimentos– o Nirvana

4-) O caminho de efetivação da mudança (o Nobre Caminho Óctuplo) – como sair dos sofrimentos e chegar ao estado liberto - ao nirvana.

Observamos que estes estudos não utilizam recursos metafísicos e os conceitos de alma, espírito, Deus. Eles se restringem aos comportamentos que devemos ter em vida para atingirmos um equilíbrio e desfrutar uma vida pacífica, harmônica e serena. Trata - se de uma filosofia de vida. Nada transcendente.

6ª PARTE: CAMINHO DA FELICIDADE
– PELO BUDISMO
Para se atingir a felicidade, o budismo nos oferece uma reforma íntima denominada o Nobre Caminho Óctuplo que é a quarta verdade nobre de Buda.

Este nos mostra como podemos efetivar esta mudança se estivermos dispostos a isso. A exercitação consiste em:
1-    uma compreensão correta (uma investigação sempre profunda das coisas e dos fatos  – fugir da análise superficial, das opiniões imediatas).
2-    pensamento ou atitude correta (ser menos críticos, menos gananciosos, evitar se deixar levar por prazeres materiais, sensoriais e posses).
3-    fala correta (não mentir, não contar piadas grosseiras, não falar pelas costas, se não for para falar coisas que constroem evite falar).
4-    ação correta (não matar, não roubar, não comporta -se com crueldade, ser vegetariano).
5-    meio de vida correto (ser honesto na maneira de ganhar a vida)
6-    esforço correto (o esforço deve ser sempre no sentido da qualidade da vida, livrar-se das ansiedades).
7-    concentração correta (concentrar em pensamentos positivos) e
8-    atitude mental correta (atentar para o que é permanente e o que é transitório).

Esta receita muito prática necessita perseverança na sua aplicação e estes preceitos comportamentais levam o homem à sensação e ao estado feliz.

7ª PARTE: O REINO DE DEUS

“Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo”. O povo judeu já conhecia esta expressão.

Qual o sentido que Jesus queria dar a esse Reino? Seria uma forma de esperança nacionalista?

Seria uma situação apocalíptica?

Entendemos que estaria descartado esse pegar em armas, pois sua mensagem sempre foi de caráter pacifico. Tampouco anunciava final dos tempos.

Condena, pois, a inclinação humana, que existe até hoje, de determinar o dia em que o mundo acabará.

Toda a mensagem está centrada não num acontecimento externo, mas em mudanças interiores.

“O Reino de Deus não vem de modo ostensivo. Não pode dizer-se: ei-lo aqui ou ei-lo ali pois o Reino está no meio de vós” (Lc 17, 20-21). Com isso nada de revolução nacional, nada de sinais do céu, mas algo de Deus e do céu que fica oculto no dia a dia, na vida comum dos homens.

Várias são as parábolas de Jesus sobre o Reino, entre elas temos: Mt 13, 33 -Mt 13,32-33 - Mc 4, 26-29 -Nas bem-aventuranças, -Mt 5, 3-10 -Mt 13, 44 Mc 9,1 -Lc 12, 32 -Lc 11, 20

“Se alguém não nascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus” (Jô 3, 3)

“Quem não aceitar o Reino de Deus como um menino, certamente não entrará nele” (Mc 10, 15)

O Reino de Deus (Jesus, João, Marcos e Lucas) ou o Reino dos Céus (Mateus) é uma expressão evangélica que equivale a vida ideal, feliz e gratificante. É o estado de espírito onde está estabelecido o auto-conhecimento e a auto-realização. Não se trata propriamente de um lugar, uma cidade ou um céu, mas de uma situação espiritual de felicidade e compreensão da realidade.

8ª PARTE: PARAISO

Do grego paradeisos que significa jardim, lugar plantado de árvores.

Toda mitologia, seja pagã, hebraica, islâmica ou a cristã, guarda em seus símbolos grandes verdades, mas, quando consideradas ao pé da letra tornam-se verdadeiros absurdos. As fábulas e até mesmo as parábolas também traduzem essa situação. Um exemplo disso é a Gênese bíblica. O
Paraíso lá citado não passa de uma alegoria e que deve ser considerado como tal. Tal lenda ser considerada verdade dogmática tem trazido erros absurdos na orientação espiritual dos homens.

O paraíso bíblico mostra uma total harmonia entre o casal
Adão e Eva e todo reino animal e vegetal. O clima favorecia o não uso de vestimentas. E a nudez era despercebida ou natural.

Necessidades básicas até existiam, mas nenhum esforço era despendido na sua obtenção Trabalhar não era necessário. Frutos eram o alimento. O envelhecimento não existia e nem mesmo a morte.

O pecado cometido pela desobediência a Deus fê-los perderem todas estas regalias.

O Paraíso bíblico e mesmo o islâmico é, portanto o local onde se desconhece as necessidades do corpo e de integral harmonia dos seres onde o tempo e as doenças e a morte não existem.

9ª PARTE: A FELICIDADE OU O REINO –POR CRISTO

Jesus usa e abusa do termo “Reino de Deus”, tanto que em toda a Bíblia a maioria das vezes que o termo é usado, o foi por ele. Que poderíamos entender por Reino de Deus

Ousaríamos, aguardando que melhores interpretações se façam, dizer que o reino de Deus é o que entendemos por paraíso ou estado de felicidade.

Seria um local? Quais seriam seus habitantes? Quais suas características?

Quais suas atividades?

Entendemos como sendo um “local” onde a matéria pode existir, mas o espírito não tem mais necessidade de experiências junto a ela. Um mundo totalmente espiritual. Mesmo o corpo espiritual já não se faz necessário. Seus habitantes são seres puramente espirituais onde o conhecimento e a moralidade estão em seu ápice. A atividade por excelência é a criadora, trabalhando como co-participantes com o Creador.

10ª PARTE: CONCLUSÃO

O homem não tem condições de habitar o Reino de Deus neste atual
estado evolutivo. Ele precisa adquirir todas as qualidades exigidas para a convivência com os demais naquele local. Se um habitante do Reino não estiver de posse do estado feliz irá fatalmente interferir na harmonia com os
demais seres.

Todas as receitas criadas na Terra para num passe de mágica transformar o homem, nada mais é do que um engodo. A escalada ascensional no conhecimento e na assimilação das leis que são as virtudes dos céus se faz através de exaustíveis experimentações. E o tempo para essas aquisições não
é curto.

As virtudes nada mais são do que as observâncias das leis naturais ou divinas.

Quando o homem faz o que deve, embora não o queira, ele é austeramente feliz, mas, quando o homem faz o que deve e quer então ele é jubilosamente feliz.
Alan Krambeck

11ª PARTE: MAXIMA /LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA

Próxima aula: Livro 3 –Cap.7- O DETERMINISMO DA EVOLUÇÃO MATERIAL E ESPIRITUAL

Leituras:
Evolução em Dois Mundos –Francisco C Xavier / Waldo Vieira
 O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Leon Denis
Reencarnação e Evolução das Espécies –R Di Bernardi –Edit Universalista
Convite a Filosofia –Marilena Chau

site Ifevale

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