Antigamente chamávamos a Terra de “universo” e a Teologia
cristã, para nos atear ao aspecto mais diretamente relacionado com nossa
cultura, ensinava não apenas que ela era o centro do universo, único planeta
habitado, mas também que estava parada e tudo o mais girava em seu redor, em
tributo soberano à sua ímpar grandeza.
Se Galileu Galilei forçou a revisão desse conceito
geocêntrico, se Copérnico e Kepler, desnudaram parte do universo mais próximo,
as vagens interplanetárias e as sondas espaciais que viajam, hoje, pelo sistema
solar e fora dele em pesquisa, tornaram mais real a visão de um Universo se
barreiras, que a teoria da relatividade de Einstein pretende ser finito, mas
cujas dimensões escapam às mais mirabolantes tentativas de cientistas e
visionários.
O homem começa a perceber mais concretamente que é
participante de uma superestrutura celeste, um universo em permanente expansão,
em dinâmica mutação, equilibrado por leis que a ciência humana já começa a
conhecer e provar. Todavia, esse Universo estranho, com energias desconhecidas e
composições químicas e físicas fora dos esquemas conhecidos na Terra, continua
um enigma abissal. A descoberta da antimatéria e dos buracos negros é exemplo
do quanto ainda se está por conhecer.
O homem moderno, apesar de todos os recursos tecnológicos e
de instrumental sofisticado, não está muito longo do homem primitivo, diante da
imensidão sideral e de todos os elementos que a compõem. Assim como o primata
olhava atônito para o faiscar da estrelas
interpretando os fatos celestes como mensagens dos deuses, as estrelas,
permanece em dúvida profunda sobre todo o arcabouço sideral, sejam os poderosos
fluxos e refluxos de energias ou as questões mais afetivas, como a existência
ou não de civilizações habitando os bilhões e bilhões de planetas disseminados
pelo espaço, dentro das galáxias que se sucedem.
Quando o astronauta soviético Gargarin olhou, pela primeira
vez, o globo terreno girando na solidão espacial, na histórica viagem
extraplanetária, gritou entusiasmada “a Terra é azul”. E jocosamente, depois,
afirmou que não tinha encontrado Deus.
O nosso planeta azul é um modesto corpo celeste onde uma
humanidade de cerca de 4,8 bilhões de habitantes, se distribui desigualmente
pela face planetária, com patamares diferentes de cultura, de educação,
desenvolvimento científico, social e econômico.
Sobre sua origem e desenvolvimento, incluindo o gênero
humano, já foram apresentadas muitas teorias, tidas como verdades, abandonadas
depois, substituídas temporariamente por outras, também tomadas com verdades
definitivas. Hoje, já acumulamos muitas informações, mas ninguém, de bom senso,
afirmaria que tenhamos chegado a um conhecimento final.
Por isso, ainda que se dizendo materialista, Gagarin
refletia toa a tradição religiosa do mundo, pretendendo encontrar Deus
flutuando ente a Terra e a Lua, o “céu” teológico, o “lá em cima” dos
ensinamentos bíblicos e evangélicos.
Jaci Regis – Do Homem e do Mundo pag 17 e 18.
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