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A VERDADE ABSOLUTA E A VERDADE RELATIVA
BIBLIOGRAFIA
O CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí – Edit Ática – edição de 2004 - págs. 88 a 102
FILMES
1984 – George Orwell MATRIX
REFLEXÃO
EU ESTOU COM A VERDADE Muitos falam dizendo estar com a Verdade ou transmitindo a Verdade. O interlocutor num primeiro instante pode por evidências momentâneas ou sob emoção aceitar como sendo. A constatação não se efetua rapidamente. Após algum tempo, ao adquirir novos conhecimentos ou aprendendo a arte de filosofar poderá constatar a veracidade ou não daquelas palavras do passado. Caso confirme as verdades ditas, aquele indivíduo será o seu exemplo e modelo. Caso contrário se afastara dele.
1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por objetivo investigar o termo verdade, pois, a todo instante nos deparamos com pessoas se dizendo portadoras da verdade. Muitos afirmam que o que dizem é a mais pura verdade.
Textos e livros sagrados assim como enciclopédias e tratados científicos todos se dizem reveladores da verdade. Mas o que é a verdade? Os livros acima citados ou estão sujeitos a interpretações diferentes ou se de caráter científico de repente se torna ultrapassado por uma nova descoberta acadêmica. Afinal, onde encontrá-la? Temos condições de conhecer a verdade?
2ª PARTE: INTRODUÇÃO
Assim que nos debruçamos enfocando, lendo e averiguando o assunto verdade, começamos a perceber a relatividade que o termo adquire e vamos concluir que a verdade é função do espaço (local sobre a face da Terra) e do tempo (em que época da humanidade). Muitos homens detém a verdade que para outros nada tem de verdadeiro. Quando nos encontramos no campo da matéria, do sensível, a verdade pode ser mais facilmente corroborada pois temos os sentidos como aliados, apesar de sua fragilidade. Mas situação pior é aquela de quando adentramos o metafísico, o mundo das ideias de Platão e então o conceito de verdade passa ser pessoal e extremamente relativo a cada individuo. Em ambos os casos, porém, a verdade tem um forte vínculo com o conhecimento e com a experiência ou a vivência.
3ª PARTE: QUID EST VERITAS ?
- Eu sou o caminho, a VERDADE e a vida ninguém vai ao Pai senão por mim;
- Conhecereis a VERDADE e ela vos libertará, disse Jesus. -
Aqui está a VERDADE, disse o pregador na praça. -
O Espírito de VERDADE é o chefe da equipe de espíritos superiores que trouxeram a 3ª revelação, diz a doutrina espírita. -
A Ciência está com a VERDADE? Ou a Religião está com a VERDADE?
1- Qual o crédito de confiança a ser dado aos homens de ciência ou aos homens de religião?
2- Qual garantia que eu tenho que essas pessoas sejam portadoras da VERDADE?
3- Que é a VERDADE? Perguntaria Sócrates
4- Quid est Veritas? Perguntou Pilatos a Jesus
4ª PARTE: A IGNORÂNCIA, A INCERTEZA E A INSEGURANÇA
Temos três estados de não conhecimento que nos levam a posturas distintas.
A ignorância é um não-saber que pode ser tão profunda que sequer a percebemos ou sentimos. Ignorar é não saber. Não sabemos que ignoramos. O estado de ignorância se mantém em nós enquanto as crenças e opiniões que possuímos para viver e agir no mundo se conservam eficazes e úteis. Neste estado achamos que sabemos tudo o que há para saber.
A incerteza é diferente da ignorância porque na incerteza descobrimos que somos ignorantes. Na incerteza não sabemos o que pensar, o que dizer ou o que fazer diante de certas situações. Temos dúvidas, ficamos perplexos e somos tomados pela insegurança. Outras vezes, estamos confiantes e seguros e, de repente, vemos ou ouvimos alguma coisa que nos enche de admiração e espanto (ver Platão e Aristóteles). Esse espanto e admiração nos fazem querer saber o que não sabíamos. Estes dois estados é que nos levam a procura da verdade.
5ª PARTE: BUSCANDO A VERDADE – VERDADES REVELADAS E VERDADES ALCANÇADAS
O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos, como o desejo de confiar nas pessoas.
Quando uma criança brinca, conversa sozinha e finge, esta criando um outro mundo que sabe ser imaginário. Ela consegue fazer a diferença desses dois mundos. Por isso mesmo a criança é muito sensível à mentira dos adultos. Isto causa decepção a ela, porém, faz com que se coloque em disposição para a busca da verdade. A sociedade atual (consumista, individualista e da informação) faz com que o ser humano se contente com as informações vindas através do ensino, do rádio, da TV, dos jornais, da internet, dos cinemas, dos livros, ou seja, através dessa infinidade de meios de comunicação. Todos acreditam no que estão recebendo de informação. Fica difícil comprová-las.
Caso quisesse fazê-lo, deveria comparar as informações dos noticiários vendo vários diferentes divulgando o mesmo fato. Frequentar escolas diferentes. A nossa postura é de ver uma única e acreditar nela despertando assim nossa indolência intelectual. Neste ponto é que se faz importante a atitude filosófica. O dogmatismo é uma atitude muito natural e espontânea que temos desde criança.
Entendemos que o mundo para onde viemos é exatamente como é, já dado, já feito, já pensado e já transformado. Por isso Sócrates e Descartes, cada um a seu modo, desconfiaram de tudo e de todos. A atitude dogmática é conservadora e sente receio das novidades, do inesperado, do desconhecido e de tudo que possa desequilibrar as crenças e as opiniões constituídas. O mal é que esse conservadorismo todo é passível de se transformar em preconceito. Classificamos as Verdades em Verdades Reveladas e Verdades Alcançadas. As Verdades Reveladas são de origem transcendentes e provindas por meio de iluminados, profetas ou líderes espirituais e elas tem grande possibilidade de se tornarem dogmáticas. Já as Verdades Alcançadas são aquelas que se fazem através do uso da inteligência, da lógica e da Razão.
6ª PARTE: GEORGE ORWELL – 1984 – A IMPORTÂNCIA DA VERDADE
Como seria uma sociedade na qual a mentira fosse a regra, na qual não conseguíssemos nenhuma informação, por menor que fosse, que tivesse alguma veracidade? Como faríamos para
sobreviver, se tudo que nos fosse dito fosse mentira? Perguntas e respostas seriam inúteis, a desconfiança e a decepção seriam únicas formas de relação entre as pessoas e tal sociedade seria a imagem do Inferno. Essa sociedade infernal é criada pelo escritor George Orwell, no seu romance 1984. Orwell descreve uma sociedade totalitária que controla todos os gestos, atos, pensamentos e as palavras dos seus membros. Em suas residências existem micro-câmeras em cada cômodo, conectadas com a Central de Informações. Todos os dias os moradores da casa ao acordar, entram num cubículo onde uma grande tela exibe o rosto do grande chefe chamado de o Grande Irmão, que pela mentira e pelo medo domina o espírito da população, falando diariamente com cada um. Nessa sociedade, é instituído o Ministério da Verdade, no qual todos os dias, os fatos reais são modificados em narrativas ou relatos falsos são omitidos, são apagados da História e da memória, como se nunca tivessem existido. O Ministério da Verdade cria a mentira como instituição social. O Poder instituído cria a Novilíngua, isto é, inventa e destrói palavras; as inventadas são as que estão a serviço da mentira e as destruídas são as que poderiam fazer aparecer à mentira. A negação da verdade é, assim, usada para manter uma sociedade inteira enganada e submissa. Quando vemos o modo como os atuais meios de comunicação funcionam, podemos perguntar se 1984 é uma simples ficção ou se realmente existe sem que o saibamos. Qual seria a vacina contra a mentira instituída por governos ou por instituições políticas, religiosas ou mesmo pelos meios de comunicação poderosos que deveriam estar a serviço do bem social?
7ª PARTE: AS CONCEPÇÕES DA VERDADE
Dos dicionários temos: VERDADE é a conformidade do conhecimento com o real; opinião acreditada, que tem força de axioma (Delta-Larousse). VERDADE é a qualidade pela qual as coisas aparecem tais como são (Caldas Aulete) VERDADE é a conformidade com o real (Mini-Aurélio) A nossa ideia de verdade foi construída ao longo dos séculos a partir de três concepções diferentes, vindas da língua grega, da latina e da hebraica. Em grego, VERDADE se diz ALETHEIA significando não-oculto, não-escondido, não- dissimulado (portanto A-LETHEIA onde o “A” significa não). O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito. Ao verdadeiro se opõe o falso, o PSEUDO que é o encoberto, o escondido, o dissimulado. O verdadeiro é o evidente ou aquele plenamente visível para a razão. Em latim, VERDADE se diz VERITAS e se refere à precisão, ao rigor e a exatidão de um relato no qual se diz com detalhes, pormenores e fidelidade o que aconteceu. O verdadeiro, portanto se refere à linguagem enquanto narrativa de fatos acontecidos. É um relato veraz quando a linguagem enuncia os fatos reais. Seu oposto é a mentira ou a falsificação. Em hebraico, VERDADE se diz EMUNAH e significa confiança. Um Deus verdadeiro ou um amigo verdadeiro são aqueles que cumprem o que prometem, são fieis a uma palavra dada ou a um pacto feito. Enfim, não traem a confiança referidas ao futuro, ao que será ou virá. Sua forma mais elevada é a revelação divina e sua expressão mais perfeita é a profecia. Assim: Alethéia se refere ao que as coisas são; Veritas se refere aos fatos que foram; e Emunah se refere às ações e coisas que serão. Outra definição: A Verdade é o conhecimento das essências universais e necessárias ou o conhecimento das significações constituídas pela consciência reflexiva ou pela Razão reflexiva.
8ª PARTE: AS EXIGÊNCIAS DA VERDADE
São seguintes os fundamentos a serem observados quando se procura identificar a verdade:
1- Compreender as diferenças entre o parecer e o ser
2- Compreender as causas da existência e das formas dos seres e das coisas
3- Compreender os princípios necessários e universais do conhecimento racional
4- Compreender as causas e os princípios da transformação dos conhecimentos
5- Separar preconceitos e hábitos do senso comum e a atitude critica do conhecimento
6- Explicitar os procedimentos empregados para o conhecimento e seus critérios
7- Liberdade de pensamento para investigar a realidade
8- A comunicabilidade para poder ser compartilhados com todos
9- A transmissibilidade via ensino
10-Veracidade, ou seja, o conhecimento não pode ser ideologia.
11-Deve ser objetiva e aceita universalmente Uma verdade, por referir-se a essência das coisas e dos seres é sempre universal e necessária distinguindo-se da aparência que é particular, individual, instável e mutável.
9ª PARTE: A VERDADE ABSOLUTA E A VERDADE RELATIVA
Para concluir podemos dizer que a Verdade Absoluta só o é Deus, seus atributos e suas leis de caráter atemporais e impessoais. A Verdade Relativa é aquela que o homem dispõe através do seu conhecimento atual. À medida que o conhecimento se amplia esta verdade caminha em direção àquela.
10ª PARTE: CONCLUSÃO
Após todos esses esclarecimentos estamos mais seguros do conceito de verdade e ousamos afirmar que ela vai sendo desvendada a medida que ampliamos os nossos conhecimentos, nossas experiências e nossas investigações de caráter reflexivo. A verdade é própria de cada individuo, de cada ser humano, por isso ela é relativa e se modifica com o tempo. Confirma-se assim o dinamismo de tudo que é ligado a criação, enquanto a verdade é estática, perene, imutável, acima do tempo e do espaço, a verdade do homem, relativa e temporal. A verdade relativa está sempre se ampliando no sentido da verdade divina e absoluta. Alan Krambeck
11ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 2 Capítulo 11 - CULTURA E A LEI DE SOCIEDADE
Leitura:
Convite à Filosofia – Marilena Chauí
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