domingo, 3 de abril de 2016

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 2 ­ CAP 10

(utilize o site ifevale.org.br) 
 A FÉ E A LEI DA ADORAÇÃO

BIBLIOGRAFIA
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA – M Garcia Morente – Edit Mestre Jou –
lição XII FILOSOFIA ESPÍRITA E SEUS TEMAS – M. P. São Marcos –
FEESP O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec – Edit FEB  – perguntas 649 a 673 O EVANGELHO SEGUNDO ESPIRITISMO – Allan Kardec – FEESP – Cap XIX RENOVANDO ATITUDES – Francisco Espírito Santo Neto – Boa Nova

REFLEXÃO:
PODE A FÉ SER RACIOCINADA?
Quando se fala em Papai Noel a uma criança. Quando a donzela acreditava na vinda do seu príncipe encantado. E quando o homem ouve e acredita que o profeta Elias não morreu e subiu aos Céus numa carruagem de fogo. Esses casos se caracterizam como ato de fé? Inúmeras são as crenças e crendices que dirigem os atos do homem. A Razão é capaz de nos auxiliar no descarte de certas crenças? As doutrinas religiosas também estariam sujeitas ao crivo da Razão? Finalmente, seria a Razão uma ferramenta que Deus disponibilizou ao homem para orientar sua fé?

1ª PARTE:  OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por objetivo investigar e refletir sobre um assunto de grande importância para o homem. Muitos se dizem religiosos, muitos tem a sua crença ou a sua religião, mas, com certeza poucos se voltaram para o entendimento do que é a fé propriamente dita. Pretendemos nesta aula discutir e elucidar o assunto que é a base de todas as religiões.

2ª PARTE:  INTRODUÇÃO
A Fé é um assunto extremamente popular, porém de conceituação muito ampla. A grande maioria dos homens jamais refletiu profundamente sobre o tema e como tudo, as opiniões é que permeiam. Para muitos a Fé é a crença nos dogmas das religiões. Para outros é a perseverança no alcançar de um objetivo, através de uma divindade, de um intermediário ou mesmo de um homem.

3ª PARTE:  A FÉ COMO ATRIBUTO DO ESPÍRITO
Muitos são os atributos que o espírito tem a imagem e semelhança daqueles existentes em grau infinito na divindade. Eles se encontram no Espírito na forma de germe todos em potencial aguardando seu desenvolvimento. O Ser viajor, através de suas vivencias na matéria ou não, atualiza essas potencialidades. São Marcos em seus Temas afirma que a Fé e a Razão são as duas pernas que conduzem o corpo. Elas pertencem à essência da natureza humana.

4ª PARTE:  ATO DE FÉ – ATO E OBJETO
No ato da fé devemos distinguir o ato de um lado e o objeto de outro. Uma coisa é o pensamento e outra o objeto pensado. Quando pensamos, pensamos em algo. Esse algo pensado, pretendido ou sentido não pode ser confundido com o ato subjetivo de pensá-lo, senti-lo, querê-lo.

 Exemplo: quando desejamos que uma pessoa querida que se encontra doente fique curada. O ato de desejarmos é o ato de fé já o objeto (a cura) é o objeto do nosso desejo. Exige-se para que haja ato de fé, a confluência do ato e do objeto. O ato é o sujeito pensante, já o objeto não pertence ao sujeito.

Precisamos diferenciar o ato de fé, do juízo. Ao fazemos um juízo também estamos nos reportando a um objeto. Quando é juízo e quando é ato de fé? No juízo, seu objeto, esta evidente. Fazemos juízo de algo presente pelo menos fisicamente. Já num ato de fé assentimos um objeto que não tem caráter de evidencia.

5ª PARTE:  EVIDÊNCIA E INEVIDÊNCIA
A evidencia é a presença integral do objeto diante do sujeito é o modo de estar o objeto diante de mim e não um substitutivo ou representante seu, sem faltar-lhe nada, sem ser simples fragmento.

 Vejo o objeto diante de mim, por dentro e por fora. Neste caso não tenho fé no objeto, faço juízo dele. Não intervém aqui a vontade. Por exemplo, vejo João em minha frente e tenho a intuição de evidencia do objeto em mim, o meu amigo João. Porem, João me diz que nosso amigo Pedro não está aqui por estar doente. Eu não tenho a intuição de evidencia de Pedro doente. Não está diante de mim em presença integral o objeto: Pedro doente. Então apesar desta inevidência, creio que, com efeito, Pedro está doente. Assim, o ato de fé não se fundamenta na evidencia do próprio objeto. Isto persuade minha vontade em assentir ao objeto não evidente. Surge então um novo elemento na situação: eu assinto um objeto inevidente como se fosse evidente porque essa inevidência do objeto é compensada pela declaração de outra pessoa a qual concedo crédito. Assim, para que haja ato de fé é necessário, pois, que exista uma declaração ou uma revelação que parta de outra pessoa e chegue até mim. Essa pessoa tem autoridade para isso, ou eu lhe confiro autoridade.

6ª PARTE: FÉ – A IMPORTÂNCIA DA AUTORIDADE DECLARANTE
O poder persuasivo da declaração é variável e depende de três fatores: da pessoa declarante, da própria declaração e da relação entre a declaração e a pessoa. A pessoa declarante, independente daquilo que concretamente declare, pode ter mais ou menos “autoridade”, ou seja, dignidade de ser crida. A declaração pode ser analisada em termos de sendo um absurdo, um milagre, ser lógica ou ser racional. No tocante a relação declarante X declaração qual a autoridade deste em relação à coisa declarada? Tem o declarante intimidade com a coisa declarada? Algumas vezes concedemos crédito completo a uma declaração; outras vezes aceitamo-la com dúvidas e reservas e tem casos que julgamô la sumamente improvável. A nossa vida é permeada de atos de fé, pois geralmente o objeto é inevidente.

7ª PARTE:  OBJETO RELATIVAMENTE E ABSOLUTAMENTE AUSENTE
Já vimos que no ato de fé é essencial que o objeto seja inevidente. Se fosse evidente haveria juízo de razão. O objeto é inevidente porque não está presente diante mim com presença integral.

 São vários os modos de um objeto estar ausente:
1º) por estar em outro lugar no espaço
2º) por estar em outro momento no tempo e
3º) por exceder a capacidade do meu entendimento.

Neste terceiro caso distinguimos aquela que excede minha capacidade intelectual e aquela que excede a capacidade de entendimento do homem, da Ciência. Quando excede a minha capacidade e não excede a de outros homens dizemos que o objeto é relativamente ausente. Quando excede a capacidade de todos os homens, o objeto é absolutamente ausente. Dividimos então em objetos relativamente ausentes e objetos absolutamente ausentes. Os atos de fé se dirigem aos objetos absolutamente ausentes

8ª PARTE: A FÉ DEFENDIDA PELAS RELIGIÕES
Aos objetos absolutamente ausentes, os agrupamentos sociais buscam “explicações” através de escritos ditos revelações que as consideram Sagradas. Esses agrupamentos se cristalizam em torno de tais escritos e então surgem as “fés”. Temos, assim, a Fé Católica, a Fé Islâmica, a Fé Cristã. No contexto religioso a Fé se traduz por lealdade ou fidelidade a determinada religião. A Fé também quer dizer que alguém aceita as visões dessa religião como verdadeira.

9ª PARTE: A FÉ RACIOCINADA
A Doutrina Espírita propõe um conceito diferenciado de Fé em relação àquelas propostas pelas religiões. Estas, assim como a Academia, enfatiza a impossibilidade da coexistência Fé e Razão. A Doutrina Espírita mostra a possibilidade delas andarem juntas e de até se complementarem. Quando se fala em Fé Raciocinada, existe um caminho proposto. O objeto da fé deve se sujeitar a uma análise racional e lógica. O objeto do ato de fé tratando de proposições vindas de declarantes assumidos como autoridades (santos, profetas) passam pelo crivo da Razão. Dogmas e doutrinas também devem ser expostas a essa análise. Deve existir uma coerência entre os diferentes princípios para formar uma estrutura consistente. Fazendo uso somente da Razão podemos analisar a Doutrina Espírita, seus princípios, sua logicidade vindo comparar esses aspectos com as das demais religiões.

10ª PARTE: A FÉ EM DEUS – A ADORAÇÃO
A fé em Deus é um caso interessante de fé que convém ser refletida e analisada. A fé em Deus pode ser considerada por uma cultura como sendo algo normal e até natural. Algo por todos admitido.

 Quando alguém nega Sua existência é tido como diferente e se forma um preconceito que incide sobre o individuo. Por vezes não existem nem argumentos para essa rejeição. Estabelece-se o preconceito. E os argumentos que possam a vir existir são totalmente infundados, chegando as raias do ridículo. Entretanto a cultura popular está na salvaguarda dos preconceituosos. O descrente por sua vez apresenta ou um ato de rebeldia contra a cultura ou se fundamenta no positivismo ou no cientificismo. As cogitações filosóficas são poderosos instrumentos sobre a existência divina. Podem argumentar contra e a favor mostrando que os favoráveis são os mais condizentes e consistentes.

11ª PARTE: A LEI DA ADORAÇÃO
Os Espíritos Superiores respondem que o sentimento de adoração é inato ao homem. Todos os povos a possuem. Também afirmam que a verdadeira adoração está no coração e não necessita de manifestações exteriores. Eles também não recomendam a vida contemplativa, pois o homem deve exercitar sua vivência na vida de relação. É na vida de relações que ele porá em prática sua forma de ser e é nela que ele se aperfeiçoará.

Outro aspecto que eles levantado é sobre a prece; dizem que ela deve ser ditada pelo coração e que até não necessitam de palavras, mas quando pronunciadas não devem ser mecânicas, mas que devem brotar do coração. Guerras santas são deformações que as religiões proporcionam.

12ª PARTE: OS BENEFÍCIOS E OS MALEFÍCIOS DA FÉ
Apesar das diferentes formas de entendimento do que seja a Fé, esta pode resultar em grandes satisfações por parte do homem. Ela é capaz de grandes mudanças na vida humana. Mudanças de hábitos para outros mais salutares. Pode fazer o homem se afastar de vícios e até em reduzir defeitos.

 Por outro lado, a Fé chamada de cega, a margem da Razão, pode se transformar num fanatismo com dimensões incalculáveis. Obsessão que pode prejudicar o próprio fiel ou toda uma comunidade. Tem como consequência também a escravização do homem fazendo com que seus procedimentos beneficiem outros que agem com propósitos financeiros ou com propósitos de projeção e poder.

13ª PARTE:  A FÉ APRESENTADA NO EVANGELHO SEGUNDO ESPIRITISMO
Kardec mais uma vez com seu bom senso, espírito sintetizador e conceitual apresenta no capítulo XIX do Evangelho Segundo Espiritismo uma explicação muito própria da Fé mostrando sua origem, seu objetivo, seus benefícios conectando aos ensinos críticos. Afirma-nos que para crer não basta ver, é necessário, sobretudo compreender. Afirma também que a fé cega além de produzir fanatismos pode levar a grandes incertezas e desilusões.

14ª PARTE:  CONCLUSÃO
Como o objeto ou objetivo do ato de fé é inevidente ou subjetivo, o homem passa a ter uma postura típica de fé. E passará a ficar vulnerável nesse aspecto. Essa vulnerabilidade poderá se transformar em armadilhas para o próprio crente, visto que ele se torna submisso. E isto poderá ser manipulado por outros homens. Mais uma vez a Razão precisa sair em apoio para bem direcionar ou mesmo servir de base para nossa Fé. O conceito de Fé Raciocinada vem auxiliar enormemente o homem para não só fugir das armadilhas citadas ou mesmo que ela venha se tornar uma fé muito mais sólida. Aquela que virá de encontro aos seus questionamentos inclusive.
Alan Krambeck

15ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 2 Capítulo 11 - A VERDADE ABSOLUTA E A VERDADE RELATIVA
Leitura:
Convite à Filosofia – Marilena Chauí – Editora Ática

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