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SÓCRATES E OS SOFISTAS
BIBLIOGRAFIA A HISTÓRIA DA FILOSOFIA E OS PRINCIPAIS FILÓSOFOS – Alan Krambeck
OS FILÓSOFOS – Herculano Pires – Edições FEESP
O PENSAMENTO FILOSÓFICO DA ANTIGUIDADE – Huberto Rodhen Os Pensadores – SÓCRATES - Edições Nova Cultural
NOÇÕES DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA – Manoel P São Marcos – Ed FEESP
FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA – Gilberto Cotrim – Ed. SARAIVA.
CONVITE À FILOSOFIA – Marilena Chauí - Ed. ÁTICA.
SITE www.mundodosfilosofos.com.br
REFLEXÃO
UM CRISTÃO ANTES DO CRISTO
Sócrates pregava que a felicidade só seria alcançada através das virtudes. Vivenciava o que pregava através da filosofia nas conversas das praças ou dos encontros com seus concidadãos. Nada escreveu. Seus discípulos o fizeram. Foi julgado por suas ideias e por seus atos incompreendidos e sentenciado a morte por envenenamento. Quatrocentos anos mais tarde, um outro homem falava por parábolas pregando um reino que não era deste mundo. Vivenciou seus ensinamentos. Nada escreveu. Seus discípulos o fizeram. Foi julgado por seus atos e palavras incompreendidas e sentenciado a morte por crucificação. Alguma semelhança entre esses homens?
1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por objetivo fazer um estudo mais aprofundado sobre os sofistas, quem eram eles, o que eles ensinavam e quais seus objetivos ao introduzir o ensino pago. Veremos também o filósofo Sócrates, porque ele é considerado referencia na Filosofia e qual sua postura diante aos sofistas.
2ª PARTE: INTRODUÇÃO
Após as guerras Greco-pérsicas no séc V aC obtendo vitórias e expulsando os homens do oriente do território grego, estes passam por um período de euforia e de forte desenvolvimento em todas as áreas. O ambiente é propício para os sofistas que divulgam o conhecimento tanto que são tratados por enciclopedistas, ensinam também a retórica e a eloquência por toda Grécia de forma remunerada. Sócrates atua exclusivamente em Atenas que sob o governo de Péricles vive o seu apogeu. É neste ambiente que nossos protagonistas estarão inseridos e serão estudados.
3ª PARTE: O PERÍODO ANTROPOLÓGICO DA FILOSOFIA ANTIGA
O segundo período da historia do pensamento grego é o chamado período socrático ou antropológico. Com efeito, nesse período realiza-se a sua grande e lógica sistematização, culminando em Aristóteles, através de Sócrates e Platão, que fixam o conceito de ciência e inteligível, e também da precedente crise cética da sofistica.
Finalmente os filósofos se convenceram não poder o homem conhecer o mundo ao redor dele (o cosmos) sem primeiro conhecer o mundo dentro dele mesmo (o antropos) uma vez que é o instrumento chave do conhecimento. Está inaugurado o período antropocêntrico e com ele a famosa frase: “O homem é a medida de todas as coisas” Esse período esplêndido do pensamento grego – depois do qual começa a decadência – teve duração bastante curta, vai do séc V ao séc IV e compreende um numero reduzido de grandes pensadores: os sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles. Mas o que é o homem? Resposta aparentemente simples. Os pensadores se dividem até hoje em dois ramos: os individualistas (sofistas) e os universalistas (socráticos). Ou com linguagem mais atualizada: os Materialistas (corpo) e os Espiritualistas (corpo e alma).
4ª PARTE: OS SOFISTAS
Sophos quer dizer sábio e Sophistas um doutrinador da Sophia, com o decorrer do tempo, ganhou o sentido de impostor, devido, sobretudo, às críticas de Platão. Enquanto a Filosofia é o Amor a Sabedoria, a Sofistica era a utilização do saber. Os sofistas tiraram a Filosofia dos círculos acadêmicos e popularizaram-na como mestres ambulantes percebendo remuneração por seu trabalho de ensinar. Levando em consideração os interesses dos alunos, davam aulas de eloquência e sagacidade mental. As lições sofísticas tinham como objetivo o desenvolvimento do poder de argumentação, da habilidade de discursos primorosos, porém, vazios de conteúdo. Isso escandalizou os filósofos. O desenvolvimento desse tipo de atividade praticada pelos sofistas, foi favorecido pelo momento histórico vivido pela civilização grega. Era uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembleias democráticas. Respondendo a pergunta inicial, os sofistas dizem que o homem é o indivíduo concreto e visível. Para eles o real e individual eram sinônimos. O universal, segundo eles, não passava de uma abstração de nossa mente. Todas essas características dos ensinamentos dos sofistas favoreceram o surgimento de concepções filosóficas relativistas, objetivistas e sensoriais sobre as coisas. Os sofistas que mais se destacaram foram: Protágoras de Abdera, Górgias de Leontino na Sicília, Isócrates de Atenas e Hípias de Eléia. Vemos que os sofistas têm origens e escolas diversas. Dessa concepção individualista e concreta nasce uma psicologia e ética também individualista. O homem não é e nem pode ser imortal uma vez que todo indivíduo é mortal. Os sofistas inauguraram na Grécia e no mundo a profissão do educador: o Professor. Protágoras começa ensinando que podemos sustentar qualquer tese por de duas maneiras: a favor ou contra ela. É a Antilogia. O início da Dialética. Protágoras ensina a Retórica – a ciência e a técnica da palavra – e a Erística – a arte da discussão – que são as partes formais do ensino sofístico. Os Sofistas ensinam ainda Mnemotecnia – a arte da memória e a Persuasão. Protágoras, o representante-maior da Sofística, é o iniciador do humanismo grego ao qual Sócrates vem complementar apesar da aversão deste pelos sofistas. Os sofistas foram os que iniciaram a grande revolução pedagógica. Sócrates e seu discípulo Platão foram os mais acirrados opositores dos sofistas por apresentarem visão contrária em alguns pontos fundamentais: o conceito de Homem, o objetivo do ensino e a ética no tocante a Verdade. O grande mérito do Sofismo foi, porém a popularização do conhecimento.
5ª PARTE: BIOGRAFIA DE SÓCRATES
Platão na sua obra “Diálogos“ deixa-nos os traços psicológicos e biográficos de Sócrates. Sócrates em si nada escreveu Nascido em Atenas em 470 aC, foi filho do escultor Sofronisco e da parteira Fenareta, durante algum tempo segue a profissão paterna. Viveu no século de Péricles (449 a 429 aC) o apogeu da civilização ateniense. Sócrates participa de algumas batalhas (cerco de Potidéia, Batalha de Délio, começo da guerra entre Esparta e Atenas). Salvou a vida de Xenofonte (um de seus biógrafos) e de Alcebíades (um futuro general – seu discípulo)
Casado por duas vezes, com Xantipa (um filho – Lamproclo) e com Mirto (dois filhos – Sofronisco e Merexeno). Os principais testemunhos da vida de Sócrates são provindos de Platão e Xenofonte (que o exaltam) e falam do Sócrates-filósofo. Aristófanes outro escritor de sua vida fala do Sócrates-jovem e o combate e satiriza. A vida de Sócrates foi um verdadeiro apostolado em favor do Bem e da Verdade. Sócrates se debatia pelo conceito, tanto que certa vez perguntou a um general, o que era a coragem e a um juiz o que era a justiça. Dizia ele: “dá-me o LOGOS da coragem, o LOGOS da justiça”. Em grego LOGOS significa: discurso, palavra, palavra dotada de sentido, o conteúdo que dá sentido a alguma coisa. Foi condenado a morte por um tribunal ateniense (Apologia de Sócrates – escrito por Platão e por Xenofonte) Morre por envenenamento em 399 aC.
6ª PARTE: O PENSAMENTO E O MÉTODO SOCRÁTICO
Em contrapartida aos sofistas se coloca Sócrates e seus seguidores. O objetivo deste era o de fazer o homem verdadeiramente feliz o que seria impossível sem a bondade e sem as virtudes. Na Àgora discutia sobre a ética da vida humana. Era a Filosofia nas ruas e praças invés de nas salas e nos meios eruditos. Certo dia, um amigo de Sócrates consultou a pitonisa de Delfos perguntando quem era o maior sábio da Grécia. Ela responde: Sócrates de Atenas. Isso porque ele conhecia sua ignorância: “só sei que nada sei” O objetivo de Sócrates era o atingir o “ser bom” e o “ser feliz”. Ser Bom quer dizer estar e agir em harmonia com a norma suprema da Bondade que é a Realidade Absoluta. A alma humana é deus mesmo em forma individualizada. A alma, portanto é eterna em sua essência divina embora seja temporal na sua individualização corpórea. O “ser” do homem é eterno e o seu “existir” é temporário. Segundo os socráticos, a ignorância é o grande pecado do homem e a sapiência é a grande virtude. Sapiência não na forma de erudição, mas de uma forma holística. Portanto, Sócrates propugnava pelas ideias inatas. As ideias inatas são latentes ou dormentes. A função dos sentidos corpóreos é o de despertar as ideias. Eis o reencarnacionismo nas concepções socráticas. Usava dois métodos: IRONIA (interrogação) E MAIÊUTICA (arte de trazer à luz). IRONIA: A ironia socrática tinha um caráter purificador na medida em que levava aos discípulos a confessarem suas próprias contradições e ignorâncias, onde antes só julgavam possuir certezas e clarividências, perguntas e respostas, destruía o pseudo-saber. Os discípulos, libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, podiam iniciar o caminho da reconstrução das próprias ideias. MAIÊUTICA: Nesta segunda fase do diálogo proporcionado por Sócrates, o objetivo era ajudar seus discípulos a conceberem suas próprias ideias. Sócrates gostava de se comparar a uma parteira que não dá a vida, mas ajuda a dar a vida às ideias inatas fazendo-as passarem para o estado de ideias atualizadas e conscientes. Sócrates tem simpatia pela doutrina de Anaxágoras, que afirmava que todas as coisas do Universo se tinham organizado devido à ação inicial da Inteligência Suprema ou do espírito Supremo.
7ª PARTE: SÓCRATES X SOFISTAS
Seguem abaixo os principais pontos que diferencia o pensamento sofista e o pensamento socrático: 1- O sofista é um professor que se desloca por toda a Grécia divulgando o conhecimento e ensinando a arte da retórica. Sócrates é alguém ligado aos destinos de sua cidade, Atenas; 2- O sofista pede remuneração por seus ensinos. Sócrates vive sua vida e essa confunde- se com a vida filosófica: “filosofar não é profissão, é atividade do homem livre”; 3- O sofista é um enciclopedista, ou seja tem conhecimento em vários campos, é um “sabe tudo” e transmite um saber pronto, sem crítica; Sócrates diz nada saber e, colocando-se no nível de seu interlocutor, dirige uma aventura dialética em busca da verdade, que está no interior de cada um; 4- O sofista faz retórica; Sócrates faz dialética. Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, persuadem sem transmitir conhecimento
algum. Na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás; 5- o sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal; Sócrates refuta para purificar a alma de sua ignorância.
8ª PARTE: APOLOGIA DE SÓCRATES / O DAIMON / JULGAMENTO E MORTE
A Apologia de Sócrates escrito por Platão é um relato completo e fidedigno do julgamento pelo tribunal popular de Atenas das acusações feitas por Meleto (poeta), Aniton (curtidor de peles) e Lícon (orador). As acusações são de corrupção da juventude e negação dos deuses e introdução de deuses estranhos. Sócrates se diz frequentemente inspirado pelo seu “daimon” (tradução seria demônio, mas também gênio). O tribunal era composto 500 (ou 501) cidadãos atenienses. Não havia advogados. Acusadores e acusado se defrontavam verbalmente. Lembremos que Lícon, um dos acusadores era escolado em retórica. O resultado do julgamento por 280 a 220 votos é pela morte de Sócrates podendo ele optar, segundo as leis vigentes por outra pena. E ele o fez: pediu pelos seus feitos uma remuneração vitalícia. Logicamente que os juízes não aceitaram e sua pena foi a morte pela ingestão de veneno (cicuta). Os seus discípulos o acompanham todo o tempo até a concretização do fato. As ultimas palavras de Sócrates foram dirigidas a Críton: “ - devemos um galo a Asclépio (o deus da Vida), não te esqueças de pagar a dívida”. Comparando as mortes de Protágoras e de Sócrates podemos concluir que o homem termina seus dias em função de suas crenças metafísicas. Ambos foram acusados. Ambos tiveram oportunidade de fugir. Protágoras fugiu, Sócrates, não.
9ª PARTE: CONCLUSÃO
Os sofistas de um lado e Sócrates de outro marcam claramente o que significa ter e não ter objetivos metafísicos. A diferença em lutar por ideais individuais e temporários e ideais universais e duradouros. Os sofistas fazendo apologias a não aceitação de condutas que se curvem ao bem comum e Sócrates destacando a importância das virtudes para a felicidade. Na parte IV da Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec cita Sócrates e Platão como precursores da doutrina cristã e do espiritismo. A medida que nos aprofundamos na vida desses homens, dos seus pensamentos, com certeza vamos encontrar as raízes daquelas doutrinas.
Alan Krambeck
10ª PARTE – ASSUNTO E PESQUISAS PARA A PROXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 1 – Cap. 8 Platão – Mundo das Ideias – A República Bibliografia a ser pesquisada:
A HISTÓRIA DA FILOSOFIA E OS PRINCIPAIS FILÓSOFOS – Alan Krambeck PLATÃO – Coleção Os Pensadores – Edit Nova Cultural OS FILÓSOFOS – J Herculano Pires – Edit FEESP NOÇÕES DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA – Manoel P São Marcos – Edit FEESP PENSAMENTO FILOSÓFICO DA ANTIGUIDADE – Huberto Rohden – Ed Alvorada
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