Texto auxiliar de estudo de A Gênese, cap. I e II
XV -
A IDÉIA DA IMORTALIDADE
Embalde os corifeus do ateísmo propagarão as suas amargas
teorias, cujo objetivo é o aniquilamento da idéia da imortalidade entre os homens;
embalde o ensino de novos sistemas de educação, dentro das inovações dos códigos
políticos, tentará sufocá-la, porque todas as criaturas nascem na Terra com ela
gravada nos corações, inclusive os pretensos incrédulos, cuja mentalidade, não
conseguindo solucionar os problemas complexos da vida, se revolta, imprecando
contra a sabedoria suprema, como se os seus gritos blasfematórios pudessem
obscurecer a luz do amor divino, estacando os sublimes mananciais da vida. Pode
a política obstar à sua manifestação, antepondo-lhe forças coercitivas: a ideia
da imortalidade viverá sempre nas almas, como a aspiração latente do Belo e o
do Perfeito.
Acima do poder temporal dos governantes e da moral duvidosa
dos pregadores das religiões, ela continuamente prosseguirá dulcificando os
corações e exaltando as esperanças, porque significa em si mesma o luminoso
patrimônio da alma encarnada, como recordação perene da sua vida no Além,
simbolizando o laço indestrutível que une a existência terrena à Vida Eterna,
vislumbrada, assim, pela sua memória temporariamente amortecida.
A IDEIA DE DEUS
Desde os pródromos da Civilização a ideia da imortalidade é
congênita no homem. Todas as concepções religiosas da mais remota antiguidade,
se bem que embrionárias e grosseiras em suas exteriorizações, no-la atestam.
Entre as raças bárbaras abundaram as ideias terroristas de um Deus, cuja cólera
destruidora se abrandaria à custa dos sacrifícios humanos e dos holocaustos de
sangue, e, por toda a parte, onde homens primitivos deixaram os vestígios de sua
passagem, vê-se o sinal de uma divindade a cuja providência e sabedoria as
criaturas entregavam confiadamente os seus destinos.
A CONSCIÊNCIA
Na história de todos os povos, observar-se a tendência religiosa
da Humanidade; é que, em toda personalidade existe uma fagulha divina – a consciência,
que estereotipa em cada espírito a grandeza e a sublimidade de sua origem; no
embrião, a princípio rude nas suas menores manifestações, a consciência se vai
despindo dos véus de imperfeição e bruteza que rodeiam, debaixo de muitas vidas
do seu ciclo evolutivo, em diferentes círculos de existência, até que atinja a
plenitude do aperfeiçoamento psíquico e o conhecimento integral do seu próprio
“eu”, que, então, se unirá ao centro criador do Universo, no qual se encontram
todas as causas reunidas e de onde irradiará o seu poema eterno de sabedoria e
amor.
É a consciência, centelha de luz divina, que faz nascer em
cada individualidade a ideia da verdade, relativamente aos problemas
espirituais, fazendo-lhe sentir a realidade positiva da vida imortal, atributo
de todos os seres da criação.
O ANTROPOMORFISMO
Nos tempos primeiros, como na atualidade, o homem teve uma
concepção antropomórfica de Deus. Nos períodos primários da Civilização, como
preponderavam as leis da força bruta e a Humanidade era uma aglomeração de
seres que nasciam da brutalidade e da aspereza, que apenas conheciam os instintos
nas suas manifestações, a adoração aos seres invisíveis que personificavam os
seus deuses era feita de sacrifícios inadmissíveis em vossa época.
Hodiernamente, nos vossos tempos de egoísmo utilitário, Deus é considerado como
poderoso magnata, a quem se pode peitar com bajulação e promessa, no seio de
muitas doutrinas religiosas.
O CULTO DOS MORTOS
Dentro, porém, de quase todas as ideias dessa natureza, no
seio das raças primigênias em seus remotíssimos agrupamentos, o culto dos
mortos atinge proporções espantosas.
Inúmeras eram as tribos que se entregavam às invocações dos
traspassados, por meio de encantamentos e de cerimônias de magia. As excessivas
homenagens aos mortos, no seio da civilização dos egípcios, constituem, até em
vossos dias, objeto de estudos especiais. Toda a vida oriental está amalgamada
nos mistérios da morte e, no Ocidente, pode-se reparar, entre as raças
primitivas, a do povo celta como a depositária de tradições longínquas, que
dizem respeito à espiritualidade.
A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS RELIGIOSOS
A ideia da
imortalidade é latente em todas as almas e é o substrato de todas as religiões antigas
e modernas.
Os sistemas religiosos, em cada período de progresso humano,
renovam-se na fonte de verdade relativa que promana do Alto, compatível com a
época.
Nos tempos modernos, as ideias novas, referentes ao espiritualismo
e à imortalidade, necessitam difusão por toda parte. Não mais a concepção de
Deus terrível, criando a eternidade dos tormentos, segundo a teologia em voga, que
tem ensinado erradamente a ideia de um paraíso beatífico, insípido, e um
inferno aterrador, irremissivelmente eterno; não mais a religião que malsina o
progresso e a investigação, mas a ideia pura e verdadeira da imortalidade para
todas as criaturas, a vida estuando em todo o Universo, e a luta em todos os
seus mais recônditos argamassando, à custa dos esforços de cada um, o
portentoso edifício da evolução humana.
***
XXXI -
OS ESPÍRITOS DA TERRA
Está cheio o vosso mundo de Espíritos atrasados em sua
evolução, encarnados e desencarnados, em cujas mentes ainda não se fixaram nitidamente
as noções do dever em todos os seus prismas.
Admirai-vos, às vezes, os que vos acolheis sob a bandeira da
paz da consoladora Doutrina dos Espíritos, da incompreensão que lavra no mundo
e da teimosia de muitas consciências rebeldes à luz e refratárias à Verdade; a
Terra está cheia de dores, oriundas dos abusos levados a efeito por elevado
número dos seus habitantes que, aliás, constituem considerável maioria.
Vós, porém, que estudais e vos sentis possuídos da aspiração
de melhorar, procurai ponderar todas as questões que se vos apresentem, com
acurada atenção, procurando resolver todos os problemas à luz de esclarecido entendimento.
ESPÍRITOS DA TERRA
A Terra está povoada, em quase todas as latitudes, de seres
que se desenvolveram com ela própria e que se afinam perfeitamente às suas
condições fluídicas.
Pequena percentagem de homens é constituída de elementos
espirituais de outros orbes mais elevados que o vosso; dai, a enorme diferença
de avanço moral entre os seres humanos e os abnegados apóstolos da luz que, em
todos os tempos, tentam clarear-lhes as estradas do progresso. É comum
conhecerem-se pessoas que nutrem perfeita adoração a todos os prazeres que o
mundo lhes oferece. Por minuto de voluptuosidade, pela contemplação dos seus
haveres efêmeros, por uma hora de contacto com as suas ilusões, jamais
procurariam o conhecimento das verdades da eterna vida do espírito; procuram
toda casta de gozos, evitam qualquer estudo ou meditação e se entregam, freneticamente,
ao bem-estar que a carne lhes oferta. Essas criaturas, invariavelmente, são
espíritos estritamente terrenos, que não saem dos âmbitos da existência
mesquinha do planeta; esta afirmação, porém, não implica, de modo geral, a
origem desses seres em vosso próprio orbe, mas, sim, a verdade de que muitos
deles, pelas suas condições psíquicas, mereceram viver em sua superfície, como
prova, expiação ou meio de progresso. Apegam-se com fervor a tudo quanto seja
carnal e experimentam o pavor da morte, inseguros na sua fé e falhos de
conhecimentos quanto à sua vida futura.
COMO SE OPERA O PROGRESSO GERAL
O progresso espiritual dessas criaturas verifica-se com a vinda
incessante, ao planeta, de almas esclarecidas, que já tiveram a ventura de
conhecer outros planos mais elevados do Universo, e que deles vêm mais ricas em
conhecimento e virtude, derramando lições preciosas nos ambientes em que
encarnam. Quando notardes, em meio de uma coletividade, certas almas que dela
se distanciam por suas elevadas qualidades morais, mais adiantadas que seus
irmãos em noções dignificadoras do espírito, podeis crer que esses seres estão
na Terra temporariamente, isto é, por tempo breve, resgatando desvios de
pretérito longínquo ou desempenhando o elevado papel de missionários. Trazem sempre
exemplos nobilitantes, que obrigam os seus semelhantes à imitação ou realizam
reformas nos domínios das atividades a que se dedicam, com o conhecimento inato
de que são portadores, em razão da sua permanência em outras esferas.
É assim que se observa a evolução moral e intelectual do
homem terreno, que vem adaptando, através dos evos, o que tem recebido dos
nobres mensageiros das mansões iluminadas do Universo, corporificados em seu
meio ambiente.
OS PERÍODOS DE RENOVAÇÃO
Quando se verifica um
“statu quo” nas correntes evolutivas, que parecem, às vezes, estagnar, grandes
conjuntos de almas evolvidas combinam entre si uma vinda coletiva ao orbe
terreno, e ativamente abrem novas portas à Arte, à Ciência, à Virtude e à
Inteligência da Humanidade.
Conheceis, em vossa História, desses períodos de
ressurreição espiritual! Tendes exemplos relevantes no século de Péricles, na
antiga Hélade e no movimento de renovação que se operou na Europa, com os
artistas inspirados que encheram de luz os dias da Renascença.
MISSÃO DO ESPIRITISMO
Em vossos dias, o Espiritismo, que representa o Consolador
prometido pelo Cristo aos séculos posteriores à sua vinda ao mundo, é uma extraordinária
mensagem do Céu à Terra, e faz-se necessário aquilatar-lhe o valor.
Inda existem multidões de Espíritos rebeldes, porém, a
consciência terrena, em suas características gerais, está agora apta a receber,
depois de tantos anos de lutas, o conhecimento espiritual que lhe fará
desprezar os últimos resquícios da materialidade inconsciente, aprendendo a
discernir os seus erros. Espalhando a boa nova da imortalidade a doutrina de
amor abrirá novos horizontes à esperança dos homens, conduzindo-os à aquisição
do tesouro espiritual, reservado por Deus a todas as suas criaturas.
Quando todos os homens compreenderem o sentido de suas
magníficas lições, o vosso planeta terá atingido uma nova fase evolutiva e o
Espiritismo terá concluído, entre vós, a sua sagrada e gloriosa missão.
Emmanuel, cap. XV e XXXI – Emmanuel – F.C.X.
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