Não é fácil definirmos misticismo e qualquer tentativa de uma bordagem precisa está ameaçada ao fracasso.
Em geral, o vocabulário é empregado pelo povo para designar algo correlacionado com ocultismo esotérico, mistério, alegorias e símbolos, idealismo sem fé, rituais, etc.
Os dicionários falam-nos de "atitude coletiva afetivamente baseada numa lei irracional, numa doutrina, ou num homem"(Dicionário de Psicologia, de Henri Peéron, Ed. Globo) e é o mesmo autor que nos fala também em "conjunto de práticas conducentes a um êxtase". Já no Dicionário de Psicologia, de Ganiel Valmor (Ed. Schapire), vamos encontrar: "disposição religiosa destinada a elevar o homem a Deus".
Esclarecendo:
Com respeito à primeira definição, aquela proveniente da sabedoria popular, manifestamos-nos frontalmente contrários, pois seria um absurdo admitirmos em nossos meios os mistérios, símbolos ou alegorias. O Espiritismo é uma doutrina de culto interior, onde os formalismos não têm lugar, sob hipótese ou pretexto algum!
Sobre a segunda, que nos diz de uma atitude baseada em lei irracional, dispensamos qualquer comentário pelo próprio absurdo que encerra.
A terceira, desde que entendamos por êxtase a alegria espiritual que sentimos quando nos aproximamos do Criador, torna-se mais aceitável. A quarta é, para nós bastante razoável, pois devemos não só aspirar mas também envidar todos os esforços para nos aproximarmos do Criador.
Conclusão:
Após termos feito as considerações acima, concluímos que o misticismo não pode faltar ao espírita, mas um misticismo que nos leva à conscientização dos valores espirituais, em detrimento das formas físicas perecíveis. Um misticismo traduzido em profundas aspirações de atingirmos o mais alto, que se reflete numa vivência onde, apesar de estarem os nossos pés no chão, a mente se encontra voltada para outra vida, a verdadeira.
Sejamos misticos! Reconheçamos ser a encarnação um fato acidental em nossas vidas e esforcémos-nos, através do trabalho e do estudo, para acelerarmos a nossa comunidade em direção ao Criador, e assim desfrutarmos da oportunidade ímpar de experimentarmos diariamente aquela felicidade sem limites que explora em nossos corações quando sentimos que dentro de nós morre, todos os dias um velho e nasce um homem novo.
Extráido: Livro Vivência do Espiritismo Religioso - Edgard Armond
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