terça-feira, 9 de março de 2021

INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE REFORMA ÍNITMA

INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE REFORMA ÍNITMA

INTRODUÇÃO

Reforma íntima é a exclusão dos vícios em nossas vidas e a troca de defeitos por virtudes, ou a aquisição de virtudes em substituição a defeitos.

Podemos inicia-la através do autoconhecimento e isto é feito distinguindo-se comportamento de sentimento. O comportamento é sempre o efeito, a consequência de um sentimento. Se trabalharmos, ou seja, modificarmos o sentimento, consequentemente o comportamento se modifica. Nesta tarefa, a escola de Aprendizes do Evangelho é a grande ajuda.

Se tentarmos fazer o contrário, ou seja, corrigir o comportamento, isto torna-se muito difícil, pois causa grande dor, uma vez que o sentimento gerador ali permanece e portanto o acontecimento se repetirá.

De fato, o que desejamos é questionar o que estamos sentindo. Mudar o comportamento sem alterar o sentimento é agredir-se, ao exigir uma correção que está além do limite, uma vez que há uma causa geradora deste.

DETALHANDO

Quando se fala em Reforma Íntima, o que imaginamos? Uma transformação repentina, que permite uma ascensão espiritual em velocidade acelerada? Um processo que cabe apenas a poucos eleitos, capazes de se aperfeiçoar? Uma proposta que exige dotes de intelectualidade? 

Não, é a resposta a essas perguntas.

A Reforma Íntima tem como orientação o aperfeiçoamento espiritual. Mas isso não se dá aos saltos. Mesmo porque, quando se trata de ir fundo na correção dos nossos sentimentos e pensamentos, não o faremos apenas com análises superficiais de nossas atitudes comportamentais, e sim com uma verdadeira e completa “limpeza de coração”, a qual se refere Jesus no Sermão do Monte.

Participam do processo de Reforma Íntima quaisquer pessoas que nutram o desejo sincero (e busquem concretizá-lo nas suas vivências e sentimentos) de atingir o estágio de um ser humano espiritualizado. Para isso, vale o sentimento, como não se cansam de ensinar os instrutores espirituais. A Inteligência e a sua capacidade de facultar conhecimento são complementos. Não há qualquer pré-requisito quanto à escolaridade para trabalhar a Reforma íntima. A única condição é a vontade sincera do “coração”, aqui representando a fonte dos sentimentos.

Movidos pela vontade, é hora de observar um roteiro para a empreitada, que consiste basicamente de quatro frentes na abordagem da Aliança Espírita Evangélica em sua Iniciação Espírita:

Cuidado com o Corpo

Trabalho

Conhecimento

Autoconhecimento

Analisemos cada um deles:

Cuidado com o Corpo: Ferramenta para a nossa manifestação, o corpo físico tem de ser respeitado na medida em que, quanto melhor for o seu estado, mais perfeitas se presta as nós, Espíritos imortais. No primeiro ano da Escola de Aprendizes do Evangelho se executa um trabalho intenso quanto aos chamados vícios corporais, que muito agridem nosso corpo físico. Também parte-se do princípio que deve ser realizado um esforço, partindo do mais fácil para o mais difícil, e o combate aos defeitos é muito mais complexo que o combate aos vícios.

Trabalho: o trabalho tem uma importância fundamental. O estar disponível, de forma desinteressada, exercita a todos os campos da fraternidade. O contato com o próximo permite comparações, reflexões e constatações utilíssimas para o processo de Reforma Íntima. A Casa Espírita deve funcionar como um laboratório do Bem, em que todos se unem neste ideal comum. Sou “bonzinho” na Casa Espírita, mas desagradável com meus familiares. Simpático no Centro, mas com dificuldade de relacionamento no trabalho, na escola... Esse sentimento de culpa não se justifica. Se o Centro é um laboratório, e laboratório protegido por fraternas equipes espirituais, é natural que a bondade prevaleça nesse ambiente. Somos praticamente constrangidos a uma atitude mais benévola. Importante é estar sempre atento para levar, aos poucos que seja, essa disposição aos demais ambientes que frequentarmos. Se nem tentarmos, aí sim haverá responsabilidade nossa em atitude que se aproximará da hipocrisia.

Conhecimento: A busca do conhecimento é uma constante no processo da Reforma Íntima. O conhecimento, entendido como procura de compreensão das leis espirituais, amplia a lucidez, multiplica a possibilidade de experiências e prepara-nos para as mais diversas atuações. Fortalece o Espírito e, conjugado ao trabalho, é capaz de potencializar uma gama enorme de realizações no bem.

Autoconhecimento: No Autoconhecimento está a base da Reforma Íntima. Sem conhecer a mim mesmo como posso identificar as potencialidades adormecidas para o Bem?

Como identificar defeitos, circunstâncias que impedem a ascensão espiritual? Curioso que neste mundo de transição, em especial no Ocidente, a “porta da Reforma Íntima” para a qual somos estimulados encontra-se justamente nas situações do cotidiano. Somos bombardeados por alertas sobre a necessidade de cuidado com o corpo. A importância do trabalho muitas vezes nos é posta para a nossa própria sobrevivência. Sem conhecimento sentimo-nos diminuídos, mas de autoconhecimento pouco se fala. Apesar de a antiga filosofia grega ter influenciado o pensamento atual, a recomendação de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo” parece perdida. Por isso a Escola dispõe de mais instrumentos para esse campo, em geral preterido no cotidiano.

A Escola de Aprendizes do Evangelho oferece instrumentos que nos ajudam a refletir, isto é, adentrar o nosso mundo interior, propiciando condições para nos enxergarmos em relação aos sentimentos que identificamos.

Além desse campo pessoal, ainda nos leva a uma vivência Cristã, onde aprendemos a ouvir companheiros com quem convivemos, com discrição, respeito e amor. Em postura de aprendizado e jamais de curiosidade ou crítica, buscando em nós uma análise sobre o tema ouvido.

Nos estudos encontramos algumas recomendações valiosas para o nosso exercício de Reforma Íntima:

No livro Guia do Aprendiz, Edgard Armond sugere que montemos um quadro de nossos vícios e defeitos, atuando primeiro onde sentirmos mais facilidade.

Em O Livro dos Espíritos na questão 919, Santo Agostinho traz grande contribuição com sua experiência pessoal. ”Fazei o que eu fazia, quando vivi na terra: ao fim do dia interrogava a minha consciência, passava em revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem censurareis, sobre se obrastes algumas ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?

“Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra vosso próximo e, finalmente contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.”

No Novo Testamento, o apóstolo Pedro, em sua primeira Epístola (I Pedro, 4:8), recomenda-nos: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o AMOR COBRE A MULTIDÃO DE PECADOS”.

Quando deixamos este sentimento invadir nossos corações, consequentemente nossas atitudes, tornam-se elevadas. Tornamo-nos caridosos, e a caridade é doce, compreensiva, respeitosa; enfim, tornamo-nos mais cristãos. Podemos ainda dizer que o amor nos leva a um exercício no caminho do bem, despertando assim, nossas virtudes adormecidas. De onde concluímos que Reforma íntima não é só o combate aos defeitos, mas a prática de qualidades.

Ainda no Novo Testamento, em Lucas 10:42, Jesus responde a Marta: “Maria, pois escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada”.

Na vida, os acontecimentos ou os nossos atos são sempre revestidos da parte material e espiritual. Cabe-nos escolher em qual delas devemos nos concentrar.

Deixamos para o iniciante em Reforma Ínfima uma reflexão para o futuro, não tão distante assim. Encerrada a Escola de Aprendizes, estamos “formados” em Reforma Íntima?

Evidentemente que não. O processo apenas começou.

Iniciação Espírita cap.- 65 - Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica

 

 

 

 

 

 

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