1.
INICIAÇÃO ESOTÉRICA
No mundo ocidental a iniciação espiritual,
em qualquer das suas filiações, acompanhou o regime adotado pelos egípcios e
pelos hindus, conquanto apresente um maior desenvolvimento no campo
intelectual; esse regime é o de auto-realização, de sacrifícios e de renúncias
sobre si mesmos e sobre o mundo material, visando adquirir poder e
conhecimento, alvo este que não é do Espiritismo.
Há nessas duas iniciações primitivas,
vários graus de aprendizado; citaremos aqui a classificação e os graus de
iniciação hindu que, justamente, é a que está mais aproximada das práticas
ocidentais.
Há 5 graus de iniciação e esta começa no de
discípulo.
Os discípulos se grupam em duas categorias
que são: a dos discípulos aceitos e a
dos probatórios.
Os “chelas”
aceitos são aqueles que, possuindo as qualidades necessárias, foram
incluídos no grupo de discípulos que
seguem a orientação de um determinado “guru”
ou mestres, passando a fazer parte do seus “ashram”, que é mesmo escola,
comunidade, família.
Os “chelas”
probatórios são aqueles que simplesmente estão na fase preparatória, como
aspirante ao discipulado, passando pelas provas e experiências necessárias.
Quando é admitido nesta classe, o candidato
inicia o esforço programado e, por si mesmo, desiste se perceber que não está à
altura do cometimento.
Na
iniciação Espírita não há esse rigor eliminatório porque a tolerância intervém
em grande parte, permitindo sempre novas tentativas, mesmo porque, nesta
altura, não se trata de formar indivíduos mas, simplesmente, espiritualizados,
evangelizados.
Na Índia, sem mente sã, corpo são, alta
moralidade e costumes disciplinados, nenhum “chela” vai para diante. Por isso, o número de discípulos aceitos é sempre reduzido e, consequentemente, tornam-se
cada vez mais raros aqueles que atingem os graus superiores.
No Espiritismo os candidatos são aceitos
com mais liberdade e tolerância, não se exigindo, por exemplo, a saúde perfeita
porque se sabe que os discípulos não vão ser submetidos a provas físicas
violentas, próprias dos métodos desaconselháveis que levam à escravização do
corpo físico, como se verifica, por exemplo, na ioga e no Faquirismo.
A base do processo iniciático hindu, como
era o egípcios, é sempre o desenvolvimento de faculdades mediúnicas, submetendo-se
os aspirantes a práticas de disciplinamento e desenvolvimento mental, com
escala pelo que conhecemos com os nomes de atenção, concentração, meditação,
contemplação, êxtase ou samadhi.
A regra geral é que o mestre indica o
caminho, mas não revela segredos ou fórmulas maravilhosas ou espetaculares: os “chelas” é que devem descobrir meios, aplica-los,
desenvolvê-los e conquistar os conhecimentos por si mesmos.
Por isso, entre eles logo se define uma
hierarquia natural, uns se adiantando, outros se atrasando; uns assimilando
mais que outros e atingindo graus mais elevados em tempo mais curto.
Para os hindu o discípulo do primeiro grau é chamado “O home errante”; uma vez entrando no caminho da iniciação ele não
possui mais casa porque não deve mais considerar a Terra como sua habitação
permanente. Para o budista é “O homem que entrou na corrente”.
No
segundo grau o discípulo é chamado “Kentichaka”,
isto é, o que constrói sua cabana, o
que edifica seu ambiente de paz. Para o budista é o “Sakadagamin”, isto é, aquele que renascerá somente uma vez.
Nesse grau, o discípulo já foi instruído
sobre os mistérios da Natureza, das religiões e das ciências e passou por
aprendizados sucessivos.
Para atingir este grau, tem que demonstrar ter
conquistado as quatro seguintes virtudes ou perfeições:
1-
Conhecimento
da verdade: Fora da verdade tudo é transitório, irreal; É Maya – a ilusão;
2-
Impassibilidade:
indiferença em relação aos frutos das ações, sem abandono, entretanto, dos
deveres sociais. Superação dos impulsos.
3-
Posse dos
seis seguintes predicados: Sama – Domínio
dos desejos e emoções. Dama – Disciplina
dos corpo; Uparati – Renúncia a interesses
domésticos e familiares sem contudo abandono de deveres no lar; renúncia e
seitas religiosas; Titiksha – Abnegação.
Domínio do egoísmo, do personalismo e desprendimento dos bens do mundo; Samadhana - Constância no sentido de satisfazer o mundo
nas suas exigências e voltar à vida interna sistematicamente; Sradha – Confiança no mesmte e em si
mesmo, sem fanatismo, mas racionalmente, buscando sempre comprovação dos fatos,
fenômenos e progressos alcançados.
4-
Anelo
pela vida espiritual superior: isto é, desejo d integrar-se na vida maior
do Cosmo, alargando seus horizontes face ao conhecimento da unidade em Deus.
Estas quatro perfeições dever ser conquistadas pelo discípulo com esforço
próprio, fazendo face aos entraves que vêm do carma individual, resgatando a
este e libertando-se.
Os pertencentes a este grau filiam-se a quatro grandes divisões e passam
a pertencer à Fraternidade Oculta
universal.
Na iniciação do terceiro grau seus membros são conhecidos
simbolicamente como – Cisnes – o pássaro
da vida, que toma seu vôo no espaço; são também – O Stamsa – “ aqueles que concebem a unidade”; para os budistas são
chamados Anagamin, isto é aqueles que não mais renascem.
No quarto grau o discípulo,
para o hindu, é o Santo “aquele que
já está além do Eu”; move-se nos três mundos (físico, astral e mental) e os
esplendores do mundo material não mais o seduzem. Para o budista é o Arthat, o
Venerável.
Finalmente no quinto grau, o
discípulo é o Jivamukta – o ser de vida livre – e para os budista é o
Aseka, isto é, o que não tem mais nada a aprender: entra no Nirvana como Espírito livre. Ali
terminam as ascensões humanas do mundos inferiores; acima dele se estendem as
coortes de seres poderosos que não são mais humanos.
Estes últimos estão grupados em cinco comunidades, havendo três centros
de adeptos, isto é, de formação de adeptos, no Tibet, em Gobi e no Himavat.
Os adeptos estão espalhados por todo o mundo, vivendo isolados ou
dirigindo fraternidades iniciáticas de diferentes aspectos ou filiações
religiosas.
2. INICIAÇÃO ESPÍRITA
O Espiritismo não adota nenhum destes
títulos, nem essa rigorosa hierarquia de iniciação, como também não adota o
regime de segredo, invariavelmente utilizado por todas essas fraternidades.
Tendo
em vista os imperativos evangélicos que caracterizam suas atividades religiosas
e julgando necessário a iniciação, para se dar cunho mais rigoroso, metódico e
idealista ao esforço do espiritualização individual e coletiva, foi criado na
FEESP um sistema de iniciação em três graus, a saber:
Aprendiz
é o que se inicia primeiro grau, fazendo as primeiras tentativas de busca
do caminho; servidor é aquele que
está construindo sua morada nos planos de Luz, servindo ao próximo com sentimento de perfeita caridade; e discípulo, aquele que assumiu compromissos de realizar na Terra os
testemunhos necessários à confirmação dos ensinamentos do Divino Mestre; aquele que tendo compreendido o Evangelho,
dispõe a viver segundo os seus ensinamentos, superando as tentações,
conveniências e comodidades do mundo.
Os dois primeiros graus são realizados na
Escola de Aprendizes do Evangelho e o último na Fraternidade dos Discípulos de Jesus, em que todos os discípulos
devem se esforçar para viver dessa forma, exemplificando o Evangelho e
executando o mais que lhes for possível, a vontade do Cristo planetário.
Na Escola de Aprendizes, foi feita a
preparação de corpo e espírito nos dois graus inferiores; as mentes foram
esclarecidas e regras foram dadas para a purificação do corpo, disciplinamento
de hábitos e costumes, combate aos vícios e defeitos morais. Entretanto, como a
maioria ainda não atingiu um ponto satisfatório de elevação, todos os que aqui
se encontram, são aspirantes ao discipulado, semelhantes a discípulos
probatórios.
No desenvolvimento da iniciação, neste grau
os discípulos irão recebendo instruções a respeito das práticas necessárias ao
aprimoramento espiritual e, ao mesmo tempo, alargando os horizontes dos seus
conhecimentos intelectuais.
Em todos os casos, como preparação à iniciação mais avançada, é
indispensável seguir as regras seguinte destinadas à purificação do corpo e
espírito. Essas regras vêm da necessidade do discípulo se aparelhar tanto no
campo íntimo e individual como no exterior e coletivo, para o exercício de uma
conduta reta e perfeita.
Há um axioma iniciático que diz: o mestre não faz o discípulo; este é que se
faz a si mesmo. O budista diz: o mestre
somente aponta o caminho. No Espiritismo isto pode ser configurado nas
frases: “A cada um será dado segundo as suas obras”. “Muitos
serão os chamados, poucos os escolhidos”.
Quando o Espírito encarna com tarefas a
desenvolver no campo espiritual, quando já evoluiu em encarnações anteriores,
ou, finalmente, quando é um dos “escolhidos”, ele abre caminho por si mesmo,
com segurança e decisão e atinge os graus iniciático, quer dizer, absorve
conhecimentos cada vez mais amplos, com relativa facilidade porque, segundo
outro axioma, “o adepto já nasceu adepto”, isto é, já traz em si mesmo as
qualidades morais e os requisitos necessários àquelas realizações.
Isto, porém, não quer dizer que outros
deixem também de obter êxito, considerando que tudo depende do esforço de cada
um e da sinceridade que revelarem na realização desse esforço.
Os mandamentos religiosos da iniciação
Espírita são aqueles que o Evangelho aponta como essenciais, amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo.
O amor a Deus implica em subordinação e
humildade à sua vontade soberana e justa; e o amor ao próximo significa
servidão e caridade, porque todos sabemos que sem caridade não há salvação.
A diferença fundamental entre as
iniciações, a esotérica e a espírita, está em que a primeira mentem o discípulo
nos limites de sua própria individualidade, que é prevalecente ( EU SOU)
enquanto que no Espiritismo, pelo esclarecimento, arranca-se o discípulo do seu
reino íntimo, egocêntrico e egoístico e se o projeta no campo da vida exterior,
onde deverá viver sacrificando-se, se preciso for, beneficiando seus
semelhantes, porque o ensino recebido pelo iniciado espírita é o último que o
Cristo planetário revelou, o mais avançado e o que coloca a lei do amor em seu
verdadeiro pedestal de superioridade sobre todas as demais.
As virtudes do Evangelho e sua realização
na vida comum é o que visa a Iniciação Espírita e, também como na esotérica,
aqui o esforço pertence
exclusivamente ao discípulo. Porque como muito bem disse o iluminado Platão: a virtude não tem mestre.
3. REGRAS DE PURIFICAÇÃO
Por vários caminhos pode atingir a
renovação pelo Evangelho, isto é, a espiritualização individual.
Cada corrente de pensamento doutrinário ou
iniciático trato do assunto, sugerindo processos, invariavelmente complicados,
mas dados, sempre, como infalíveis conquanto sejam, todos eles, na realidade,
simplesmente aleatórios; somente a vida, em si mesma, com suas provas e
sofrimentos de toda sorte vai, aos poucos, como o perpassar do tempo, desbastando
o matagal dos defeitos e das paixões, cortando arestas, polindo, burilando a
estátua humana até que o Espírito surja, afinal renovado e puro, ante os olhos
compassivos e amorosos do Criador divino.
Porém, do ponto de vista de realizações possíveis,
exceção feita da parte intelectual, que é sempre simplesmente correlativa, o
processo mais viável e seguro de se atingir esse escopo é, ainda e sempre,
aquele que o Evangelho aponta, a renovação dos sentimentos para se obter, como consequência,
a purificação de pensamentos e atos; a conquista de virtudes morais que faltam
a todos os seres humanos nos graus inferiores da evolução quando, ainda, os
fatores e arrastamento provenientes do reino animal dominam a criatura; e por
último a busca do Reino de deus, pelo uso, e pela exemplificação dessas
virtudes no campo da vida social.
A renovação de sentimentos é problema árduo
e exige, para sua consecução, o estabelecimento de regras de conduta, o emprego
constante da vontade e o auxílio das entidades espirituais protetoras, que
jamais abandonaram o caminheiro na sua jornada de sacrifícios e de provas.
Como, por outro lado, não pode haver pureza
espiritual em corpo poluído, é necessário, antes de mais nada, combater os
vícios comuns, como sejam o fumo, o álcool, a glutinaria; depois, as paixões mais
generalizadas como a sensualidade, a avareza, a brutalidade, etc. e os defeitos
morais tão comuns como o orgulho, o egoísmo, a hipocrisia, a maledicência, etc.,
travando contra ela luta tenaz e porfiada, como recomenda o Divino Mestre em
seus ensinamentos.
Tudo isto retarda a ascensão do Espírito e
o mantém acorrentado a si mesmo na sua baixa expressão de animalidade.
Se o orgulho, por exemplo, promove a
separação entre os homens, os vícios os rebaixam, a sensualidade os prende
fortemente ao mundo material e grosseiro; por isso, nenhum processo espiritual
é possível enquanto os homens ou enquanto
estes não se dispuserem à luta pela sua libertação.
Para se obter a pureza do corpo físico, é
necessário, antes de mais nada, combater os vícios referidos e eliminar todo e
qualquer outro mau costume que se possua, mantendo o corpo em perfeitas ou, no
mínimo e regulares condições de higidez, harmonia e força, para o desempenho normal
das funções orgânicas; reduzir a alimentação – que deve ser frugal e simples,
porém completa – contendo todos os alimentos básicos que a ciência já
classificou.
Iniciada esta luta contra os vícios e as
impurezas, no grua com a intensidade que for possível, estará o adepto ingressando
firmemente no caminho da purificação de corpo e espírito; a partir daí basta
que persevere firmemente, sem se preocupar com o tempo transcorrido mas,
unicamente, com a certeza de que não voltará atrás.
Dado esse primeiro passo deve, em seguida,
iniciar a luta contra as paixões animais, se esforçando por dominá-las ou, no
mínimo, restringi-las o mais possível.
Por último, iniciará a luta contra os
defeitos morais já citados, tentando praticar
as virtudes opostas, que são aquelas que necessita conquistar, começando sempre pelos defeitos mais
acessíveis, menos difíceis de serem extirpados ou melhor, pela prática das
virtudes de mais fácil realização.
Assim, dominando os vícios, lutando contra
as paixões e praticando as virtudes morais indispensáveis, amando a Deus e
servindo ao próximo na medida do possível, tudo isto de acordo com um programa
de ação pessoal previamente organizado e, sempre que possível, sob a orientação
de instrutores competentes, encarnados ou desencarnados, estará o adepto firmemente
lançado no caminho da renovação evangélica.
Desta forma e com segurança irá ele, aos
poucos, alterando seus sentimentos e, em consequência, seus pensamentos e atos.
Toda sua vida mudará e novos horizontes se abrirão à sua frene mostrando-lhe um
futuro espiritual promissor.
Este grandioso esforço de
autoespiritualização, na realidade, se efetua em três setores de atividades
distintos e complementares que são no íntimo, no ambiente familiar e na sociedade.
Em todos eles o espirita deve dar testemunho
dessa sua renovação moral, como membro que fica sendo da grande legião de
operários humildes mas decididos e conscientes que, sob as ordens do Cristo
planetário, trabalham denodadamente pela redenção do mundo.
Explanação de Esquema
O esforço de reforma íntima se exerce em dois setores
distintos e complementares: o individual e o coletivo.
A iniciação individual compreende a purificação do corpo e
espírito por processos e regras que são ensinadas aos ao Discípulos para a
devida adoção.
A parte material visa a purificação do corpo físico.
A intelectual é feita por meio de estudo, meditações e exercícios
que levam o Discípulos ao necessário conhecimento.
A moral – que é a principal – tem base no Evangelho e visa a
eliminação dos vícios e dos defeitos comuns a todos os homens e mulheres bem
como ao combate porfiado contra as paixões inferiores, de origem animal.
Esse esforço contínuo e rigoroso leva, ao fim de certo
tempo, à conquista de virtudes e à purificação do Espírito, com a mudança, para
melhor, de sua vida moral.
A iniciação no plano coletivo, desde o começo, exige a dura
prova dos testemunhos evangélicos em todas as oportunidades e o devotamento, o
mais completo possível, ao serviço em bem do próximo.
Essa iniciação, feita com o devido rigor e desprendimento,
leva o Discípulo à transformação total dos seus sentimentos, do que decorre,
como consequência, a transformação de pensamentos e atos.
Damos abaixo o esquema da iniciação espírita aqui exposta:
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