Jesus, quando viu chegada a hora derradeira, despediu-se de seus
discípulos afirmando: “no mundo passais por aflições; mas tende bom
ânimo, eu venci o mundo”. (1)
Vencer o mundo, nas palavras de Jesus, é vencer-se a si mesmo.
O insigne codificador do Espiritismo perguntou aos Espíritos
Superiores, encarregados de nos trazer a terceira revelação da lei de
Deus:
— Qual o meio mais prático e eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? (2)
As entidades sublimadas lhe responderam, por intermédio das
insipientes jovens que fizeram o intercâmbio, denominadas por Allan
Kardec de médiuns, criando assim o neologismo:
— Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.
Ao dar essa resposta, o espírito se referiu ao sábio Sócrates, pai da filosofia grega, que viveu no século V, antes do Cristo.
Kardec, não se bastando com a resposta, volta a inquirir:
— Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém, a dificuldade está
precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de
consegui-lo? (3)
Nesse momento, apresenta-se o espírito que está respondendo a essa
questão: Santo Agostinho, considerado um dos pais da igreja católica,
que participou, como um dos convidados por Jesus, no surgimento do
Espiritismo, dando sua assinatura, nos prolegômenos de O Livro dos
Espíritos, juntamente com outros Espíritos Superiores. (4)
Nessa pergunta, desdobrada por Kardec, Santo Agostinho mostra como fez para conhecer-se a si mesmo, dando-nos a receita:
— Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia,
interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e
perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera
motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a
ver o que em mim precisava de reforma.
A resposta é longa e belíssima, aqui não comporta transcrevê-la.
Porém, compensa lê-la na íntegra.
Ele esclarece que conhecer-se si mesmo
é a chave do progresso individual.
A paz será conseguida quando buscarmos conhecer a nós mesmos com
firmeza de propósito, sem esmorecimento, na certeza de que o reino do
bem ou do mal encontra-se em nós e não em objetos exteriores.
Jesus convidou-nos a segui-lo, sem prometer algo em troca, dizendo:
Quem não toma a sua cruz e vem após mim, não é digno de mim. Quem acha a
sua vida, perdê-la–á; quem, todavia, perde a vida por minha causa,
achá-la-á. (5)
Perder a vida por causa de Jesus significa que quem quer conservar os
desejos e as necessidades do corpo, vendo nisso a finalidade da
existência, ficará obrigado a recomeçar suas provações numa nova
encarnação. Renunciar a nós mesmos é, sobretudo, renunciar aos nossos
defeitos. A vida do espírito é a única existência real.
Tomar nossa cruz é aceitar sem murmurações, com resignação, e tendo o
reconhecimento de que as provações por que passamos são necessárias à
nossa missão principal: evoluir.
Jesus, o divino modelo, aceitou as provações para o progresso de
todos, sem merecer, sem culpa nenhuma a sofrer, como lição e exemplo em
prol da nossa jornada para a suprema felicidade para a qual todos fomos
criados.
A transformação em nosso planeta se faz necessária. O nosso Brasil
passa por momentos difíceis. A nossa participação é fundamental. Cada um
de nós é responsável por essa mudança, como célula da sociedade. O
nosso pensamento gera a atitude, a atitude proporciona a ação e por meio
da ação atingimos o resultado. Se os resultados não estão bons,
invertamos o caminho mudando nossas ações com novas atitudes e novo modo
de pensar.
Agindo com bom senso, pensando no bem de todos, construiremos um mundo melhor.
Em O Livro dos Espíritos, as entidades sublimadas deixaram escrito o
roteiro para a felicidade:
FAZER O BEM CONSTITUI O OBJETIVO ÚNICO DA
VIDA. (6)
Muita paz!
Notas bibliográficas:
1 – A Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – João, 16, 33.
2 – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Questão 919.
3 – Idem, ibidem – Questão 919a.
4 – Idem, ibidem – Prolegômenos.
5 – A Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Mateus, 10, 38 e 39.
6 – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Questão 860.
Fonte http://www.correioespirita.org.br/categorias/filosofia-e-espiritismo-correio-espirita/1865-o-objetivo-da-vida
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