domingo, 5 de novembro de 2017

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 4 CAP 1 – DEUS - A TEOLOGIA – A TEOLOGIA ESPÍRITA



BIBLIOGRAFIA
ELEMENTOS DE TEOLOGIA ESPÍRITA – Francisco Cajazeiras – EME Editora
DEUS, ESPÍRITO E MATÉRIA – Manuel de O Portásio Fº - Edições FEESP
TEOLOGIA ESPÍRITA – Lamartine Palhano Jr. – Edições CELD
DEZ PROVAS DA EXISTENCIA DE DEUS – Plinio Junqueira – Edit. Alameda

REFLEXÃO

O ANTROPOMORFISMO DE DEUS
Muitos ainda convivem com o conceito antropomórfico de Deus. Em outras palavras, o Deus com forma de homem. Esses transmitem que Ele se apresentou a alguns privilegiados como, Abraão, a Moisés e outros mais.

Entendemos que o conceito da divindade evolui, assim como tudo, passando da sua apresentação como mineral (pedras, monólitos), ao vegetal (árvores, florestas) ao animal (bois, pássaros) chegando a formas humanas. E mesmo nesta forma evolui dos deuses semi-humanos, humanos, aos super-humanos.

Estagnamos neste ultimo modelo de divindade?


1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA
Esta aula tem por finalidade fazer um estudo mais aprofundado sobre o entendimento que o homem tem da divindade. Buscar quem ou que é Deus para o homem das regiões mais longínquas em todas as épocas da Humanidade.

Ela visa também investigar o conceito de Teologia e qual sua óptica nas mais diferentes religiões.

2ª PARTE: INTRODUÇÃO
Toda religião tem por base a crença em Deus. Em cada uma delas a divindade pode assumir os mais diferentes nomes, mas todas se fundamentam num ser creador.

Convidamos a todos para em conjunto percorrermos as mais diferentes crenças de todas as épocas da humanidade e investigarmos o que de comum o homem pode apresentar sobre quem é este ser superior, arquiteto e creador de tudo quanto há.

3ª PARTE: TEOLOGIA
Do dicionário Aurélio temos a seguinte definição para o termo TEOLOGIA:
É o estudo das questões referentes ao conhecimento da divindade, de seus atributos e relações com o mundo e com os homens e a verdade religiosa.

A etimologia da palavra tem origem nos termos Theo que significa Deus e Logia cuja significação é estudo, conhecimento.

O vocábulo TEOLOGIA é freqüentemente tido como uma nomenclatura originada na Igreja Católica, isto porem não corresponde à realidade etimológica.

Os gregos já utilizavam-no em seus estudos acerca das divindades, séculos antes de Cristo. De início a igreja cristã teve reservas quanto ao seu uso devido ao politeísmo grego. A partir do século IV entretanto, passa a Igreja Oriental a usá-lo e a Igreja Ocidental somente a partir do século XII com
Abelardo.

Com o passar do tempo, a Igreja Católica e depois as igrejas reformadas se apropriam do termo
se proclamando como sendo os únicos conhecedores da divindade.
Concluímos pela definição dada pelo dicionário que a teologia é o estudo de Deus e das coisas
divinas independente das idéias sectarizantes.

Ao anexarmos a teologia os termos católica, grega, egípcia, reformada, espírita, cristã, oriental
estamos fornecendo sob que óptica o estudo de Deus esta sendo conduzido.

4ª PARTE: TEOLOGIA ESPÍRITA
Como vimos, cada religião tem sua visão própria da divindade portanto o correto é
acrescentarmos ao vocábulo teologia a qualificação própria de cada linha religiosa.

Isto posto, vejamos a definição que Herculano Pires nos tem a dizer: a Teologia Espírita é à
parte da doutrina que trata de Deus, que procura estudá-lo, dentro das limitações da nossa capacidade
cognitiva.

Não se depreenda, entretanto, do fato de haver uma teologia espírita que seja ela eivada de
simbolismos e dogmas. Pelo contrário, ela se utiliza da lógica e da razão e vai direto aos corações e as
mentes das criaturas. A Teologia Espírita não cria dogmas. Não impõe, propõe. Não se imagina
detentora da verdade absoluta, mas compreende-se limitada, embora busque incessantemente ampliar
seus conhecimentos e o respectivo entendimento.

5ª PARTE: DIVISÃO DA TEOLOGIA ESPÍRITA
A teologia espírita, segundo Cajazeiras, se divide em: Natural, Mediúnica e Moral.

A Teologia Natural é o resultado dos estudos dos pensadores espíritas começando por Kardec e
se estendendo aos seus seguidores passando por Leon Denis, Bezerra de Menezes, Francisco Candido
Xavier, Divaldo Pereira Franco, Herculano Pires, Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy, Cairbar Schuttel, Hernani Guimarães Andrade, todos basificados na lógica e na razão bem como os arrazoados  sobre Deus, alicerçados pela teoria espírita.

A Teologia Mediúnica – os ensinamentos que nos chegaram através da revelação divina por
meio de seus mensageiros, os espíritos superiores balizados pelo Espírito de Verdade.

A Teologia Moral – resultante da moral ensinada e vivenciada por Jesus estrutura e modelo da
moral espírita, contida principalmente em O Evangelho Segundo o Espiritismo e no 3º livro: As Leis
Morais do Livro dos Espíritos.

6ª PARTE: DEUS – O NOME E O CONCEITO
“Mas, o que há em um nome? “ diria William Sheakspeare

O poder do nome já fascinava o homem primitivo que acreditava que com sua pronuncia,
exerceria um domínio mágico sobre o ser ou o objeto verbalizado. O nome assim surgia imantado,
carregado de energia. Na verdade, o nome, pensado ou falado, trás o objeto a “presença” do sujeito.
Assim era com Deus, Jeová, Zeus, Brahman, mais do que o nome, sobressaiu a idéia o conceito que o
homem faz de Deus.

Nos povos dotados de cultura, a idéia de Deus é a de um ser superior com nítidos contornos
filosóficos. Aristóteles dizia que os judeus e os celtas eram povos filosóficos onde predomina a idéia
monoteísta. O conceito de Deus que Jesus pregava era o Deus amoroso, suave e manso, muito distinto daquele pregado por Moisés, o deus terrível, zeloso e vingativo.

A resposta à pergunta numero 1 do Livro dos Espíritos consolida o pensamento platônico:
Inteligência Suprema e Causa Primária de todas as coisas. Por isso Kardec perguntou “Que é Deus?”
em vez de “Quem é Deus?”

A inteligência divina é o conhecimento infinito, pleno, total. Sua antítese é a ignorância absoluta,
o nada, o vazio de idéias. O nada gera o nada; o nada é o Não-Ser; a inércia, a ausência, o vazio.
Deus, porém é tudo; Deus é o Ser; a vida; o movimento; a plenitude; a onipresença; a onipotência; a
onisciência. É a inteligência geradora de todas as outras.

Em resumo: essa inteligência não é uma inteligência qualquer, mas a inteligência suprema,
superior a todas as demais, geradora de todas as outras, inquestionável e finalmente acima de tudo que o homem possa conceber. Deus não é apenas uma causa singela, mas a causa, a razão de tudo que
existe.

7ª PARTE: DEUS - A EXISTÊNCIA E OS ATRIBUTOS
O sentimento da existência de Deus é inato na criatura, não dependendo da evolução, nem das
idéias adquiridas pelo homem. Ele intui a existência de um ser superior ao olhar à grandeza do Universo e a perfeição da Natureza. O homem primitivo desconhecia as coisas abstratas mas jamais duvidou de um ser supremo.

Assim é que a primeira manifestação da lei da adoração foi a Litolatria, depois a Fitolatria, a
Zoolatria (o que lembra o Totemismo), finalmente o processo desemboca na Mitologia com deuses
antropomórficos eivados de imperfeições, paixões e vícios totalmente humanos.

Desconhecendo o ser supremo em si, é possível ao homem conhecer ao menos alguns dos
qualificativos de Deus, ou seja, seus atributos.

Deus não se manifesta aos sentidos humanos se fazendo incognoscível em sua essência. Se
em essência somos espíritos, Ele também o é. Assim Deus é e sempre foi perfeito, espírito puro..
Apesar de nossas limitações, podemos conhecer alguma coisa do criador, seus atributos.

O atributo é aquilo que é próprio de um ser; aquilo que se afirma ou que se nega.

No âmbito da Revelação ela nos fornece os seguintes atributos do Criador: Deus é Eterno. Deus
é Imutável. Deus é Imaterial. Deus é Único. Deus é Todo-Poderoso. Deus é Infinitamente Perfeito. Deus é Soberanamente Justo e Bom. Deus é Imóvel.

Finalmente, Deus é imanente na criação, ou seja, Ele está em tudo e em toda parte.

8ª PARTE: DEUS – AS LEIS E O ACASO
Deus, a causa primária tem um elemento extrínseco, que é a lei, relação constante e necessária entre o fenômeno e a causa. É através da lei que Deus manifesta a sua vontade soberana. A lei divina é perfeita e imutável garantindo por isso a estabilidade do próprio Universo

A Lei é relação, isto é, correspondência, encadeamento, relacionamento, entrosamento, vinculação entre os seres e as coisas. Essa relação é constante, necessária, fatal, imprescindível, inexorável. Deus atua através de suas Leis e de seus Mensageiros.

A idéia de Acaso, porém, anularia a da atuação permanente da lei divina no cenário existencial.

Atribuir qualquer coisa ao acaso seria considerar a possibilidade de um descuido, de uma distração da Inteligência Suprema.

O acaso equipara-se ao milagre, fruto da imprevisão e da imponderabilidade. De qualquer forma, o acaso estaria fora de qualquer cogitação pois ele representa a negação da causa. Acreditar na existência de Deus é afastar naturalmente o acaso de qualquer cogitação.

9ª PARTE: DEUS – O INFINITO E A VISÃO
Quando nos referimos a Deus, aflora-nos a idéia de Infinito. Quando teria surgido esse conceito no pensamento humano? Em vista de que ele surgiu? Os antigos tinham uma perspectiva de distancia muito limitada dadas suas naturais dificuldades de locomoção. Foram os gregos que construíram o conceito de infinito. Tudo era imensidão e mistério. Essa idéia não passou desapercebida por Anaxágoras.

Com o conhecimento atual do Universo, por mais que pudéssemos caminhar no espaço sem-fim a velocidade da luz, jamais conseguiríamos colocar-lhes limites. Viajaríamos uma existência inteira a velocidade da luz e caminharíamos muito pouco no Universo.

Nossos limites são espaços-temporais, contudo, vamos colocando-os cada vez mais longe.

O pensamento do homem se questiona: um dia poderemos ver Deus?

Podemos não vê-lo, mas isto não significa que Ele não exista. Os olhos da carne só enxergam, e muitas vezes com grandes deficiências, aquilo que é de sua própria natureza e dentro do seu acanhado ângulo de análise.

O desenvolvimento da Intuição, porém, confere ao homem a ampliação de suas possibilidades de conhecimento. A Intuição corresponde à visão do espírito e é pelo espírito que se chega ao espírito. O desenvolvimento dessa capacidade não se faz de imediato. Ele é um todo, um processo que implica na atualização constante das potencialidades da alma.

10ª PARTE: RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE
A Doutrina Espírita é religião em Espírito e Verdade. Ela é centrada nos ensinamentos de Jesus, descrito nos evangelhos, dos quais se retira apenas a essência, ou seja, os princípios de cunho universalista, aplicáveis à humanidade como um todo.

Despida de culto exterior, a fé espírita é racional, portanto, difere de todas as crenças. O dogma religioso, o dogma de fé não tem lugar nessa fé raciocinada que se sustenta em princípios de Razão.

A Fé Espírita funda-se em primeiro lugar, no conceito de Deus e nos atributos da divindade.

Com isso passamos da prática religiosa propriamente dita, ritualística, cerimonial, idólatra, que mantém o homem no cultivo das aparências, para o sentimento de religiosidade.

Se a religião lida com a formalidade exterior, a religiosidade visa a essência do homem; se a religião tem um sentido mais social, a religiosidade é um apelo ao espiritual, ao moral. Se a religião é estática, a religiosidade é dinâmica. Se na religião Deus é transcendente, no sentimento de religiosidade Ele é transcendente e imanente, despertando afetividade no indivíduo.

A religião espírita, assim, leva o ser humano a uma reflexão séria e permanente acerca do seu comportamento na vida de relação. Ela conscientiza o espírito em evolução de que ele necessita reformular seus conceitos de vida combatendo o egoísmo, o orgulho, os vícios, a ociosidade, os excessos e os impulsos instintivos.

11ª PARTE: CONCLUSÃO
Um grande pensador já dizia, que o homem não vai encontrar Deus através dos seus sentidos. Pode no máximo com auxílio deles descobrir, encontrar seus efeitos e suas leis. Sua compreensão, seu entendimento só será alcançado via intelecto. Seus auxílios e suas ajudas nos chegam através de nossos sentimentos e de nossa fé.

Muitos homens crêem que Ele não é o Creador, mas creação do próprio homem.

Enfim, Ele em sua grandeza, entende perfeitamente todos aqueles que estagiam ainda na fase da descrença e mesmo diante disso, não se perturba pois entende que até a infância espiritual é passageira.
Alan Krambeck

12ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 4 – Cap.2 - O MITO – O SAGRADO – A RELIGIÃO
Leitura:
CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí – Edit. Atica















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