Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (João, XIV: 15 a 17 e 26)
Jesus promete outro consolador: é o Espírito da Verdade, que o mundo
ainda não conhece, pois que não está suficientemente maduro para
compreendê-lo, e que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para
fazer lembrar o que Cristo disse. Se, pois, o Espírito da Verdade deve
vir mais tarde, ensinar todas as coisas, é que o Cristo não pode dizer
tudo. Se ele vem fazer lembrar o que o Cristo disse, é que o seu ensino
foi esquecido ou mal compreendido.
O
Espiritismo vem, no tempo assinalado, cumprir a promessa do Cristo: o
Espírito da Verdade preside ao seu estabelecimento. Ele chama os homens à
observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que o
Cristo só disse em parábolas. O Cristo disse: “que ouçam os que têm
ouvidos para ouvir”. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos,
porque ele fala sem figuras e alegorias. Levanta o véu propositalmente
lançado sobre certos mistérios, e vem, por fim, trazer uma suprema
consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao dar uma
causa justa e um objetivo útil a todas as dores.
Disse
o Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados”.
Mas como se pode ser feliz por sofrer, se não se sabe por que se sofre?
O
Espiritismo revela que a causa está nas existências anteriores e na
própria destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Revela
também o objetivo, mostrando que os sofrimentos são como crises
salutares que levam à cura, são a purificação que assegura a felicidade
nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer, e acha
justo o sofrimento. Sabe que esse sofrimento auxilia o seu adiantamento,
e o aceita sem queixas, como o trabalhador aceita o serviço que lhe
assegura o salário. O Espiritismo lhe dá uma fé inabalável no futuro, e a
dúvida pungente não tem mais lugar na sua alma. Fazendo-o ver as coisas
do alto, a importância das vicissitudes terrenas se perde no vasto e
esplêndido horizonte que ele abarca, e a perspectiva da felicidade que o
espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem, para ir até o fim
do caminho.
Assim
realiza o Espiritismo o que Jesus disse do consolador prometido:
conhecimento das coisas, que faz o homem saber de onde vem, para onde
vai e porque está na Terra, lembrança dos verdadeiros princípios da lei
de Deus, e consolação pela fé e pela esperança.
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