Agredido pela pedrada rude com que a impiedade zurze a sua
malquerença ante o bem em triunfo, não desfaleças na desincumbência do
ideal.
O petardo que te alcança, mesmo ferindo a sensibilidade da tua alma ou
rasgando a tecedura fisiológica do teu corpo, é bênção de que podes retirar
incalculáveis resultados opimos.
O agressor é sempre alguém em aturdimento, de que a Lei muitas vezes
se utiliza a fim de chamar-te a atenção e situar-te no devido lugar de
trabalhador da Causa das minorias do Evangelho.
Perigoso, entretanto, na tarefa a que doas o melhor dos teus
sentimentos, é a referência encomiástica, exaltada e perturbadora.
Semelhante a punhal disfarçado em veludo, penetra-te e aniquila as tuas
decisões superiores, fazendo-te desfalecer. E comparável a veneno perigoso
em taça de cristal transparente. Chega-se aos lábios da alma pruduzindo
imediata intoxicação.
Necessário colocar-te em atitude de defesa contra os que aplaudem, os
que enaltecem, os que, momentaneamente iludidos, podem transformar os
teus sentimentos que aspiram à paz, em perturbações que desejam a glória
efêmera.
Sabes pela experiência que o bom amigo traduz os seus sentimentos
invariavelmente pelo testemunho da solidariedade silenciosa, da ação
produtiva e do amparo fraternal, do que mediante as palavras explosivas,
carregadas de lisonja.
O júbilo que explode no momento de exaltação também se converte em
máscara de ira no momento de desgraça.
Poderás identificar o apoio ou a ressalva, o acerto ou o equívoco dos
teus cometimentos se te exercitares no hábito salutar da reflexão e do exame
das atividades encetadas.
*
“O bom trabalhador”, disse Jesus, “é digno do seu salário.” E o salário de
quem trabalha com o Cristo é a paz da consciência correta.
O lídimo cristão sabe que tudo quanto faça nada faz, em considerando a
soma volumosa de bênçãos que usufrui quando nas tarefas do Senhor.
Não te deixes, portanto, perturbar pela balbúrdia dos companheiros
aturdidos, de palavras fáceis, gestos comovidos que te trazem o encômio
vulgar, instru mentos, quiçá, de mentes levianas da Espiritualidade inferior
interessadas na tua soberba e na tua queda.
Vigia as nascentes donde procedem o elogio e não o apliques a
ninguém, nem te facultes recebê-lo de ninguém.
*
É verdade que todos necessitam do estímulo.
Entre o estímulo sadio e a palavra enganosa medeia uma grande
distância.
Poderás incutir no teu amigo o estímulo de queele precisa.
Um gesto de ternura numa expressão da face em júbilo edificante,
mediante a palavra bem dosada com expressões de equilíbrio, terçando armas ao lado, quando ele necessita de alguém e participando com ele da experiência da fé, no amanho do solo dos corações com o arado da caridade e a
perseverança do tempo, são atestados inequívocos de aplauso nobre.
Encômios, Jesus, o modelo excepcional de todos
nós, nunca recebeu dos que O cercavam. A dúvida, porém, a suspeição rude, a injunção negativa, a coroa de espinhos, o cetro do ridículo, o manto da
chocarrice e a cruz da ignomínia sim, Ele os aceitou em silêncio, e, não
obstante, representava a Verdade máxima que jamais a Terra recebera.
Não pretendas, a serviço d’Ele, superá-lo sem lograr sequer o que Ele
jamais almejou: o triunfo equivocado das criaturas humanas.
Preserva-te nos postulados e tarefas do bem e ocorra quanto ocorrer, sê-
Lhe fiel sem fantasias, sem enganos e sem aceitar as expressões
encomiásticas que a tantos tem iludido e derrubado no cumprimento do dever.
Joanna de Ângelis
Livro Leis Morais da Vida cap 36
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