segunda-feira, 17 de abril de 2017

Conhecimento do Futuro - LEI DE LIBERDADE

L.E. 868. O futuro pode ser revelado ao homem?
      Em princípio o futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais  Deus lhe permite a sua revelação.

      869. Com que fim o futuro é oculto ao homem?
      Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade de agora, pois seria dominado pelo pensamento de que, se alguma coisa deve acontecer, não adianta ocupar-se dela, ou então procuraria impedi-la. Deus não quis que assim fosse, afim de que cada um pudesse concorrer para a realização das coisas, mesmo daquelas a que desejaria opor-se. Assim é que tu mesmo, sem o saber, quase sempre preparas os acontecimentos que sobrevirão no curso da tua vida.

      870. Mas se é útil que o futuro permaneça oculto, por que Deus permite, às vezes, a sua revelação?
     E quando esse acontecimento antecipado deve facilitar o cumprimento das coisas, em vez de embaraçá-lo, levando o homem a agir dessa maneira diferente do que o faria se não o tivesse. Além disso, muitas vezes é uma prova. A perspectiva de um acontecimento pode despertar pensamentos que sejam mais ou menos bons: se um homem souber, por exemplo, que obterá uma fortuna com a qual não contava, poderá ser tomado pelo sentimento de cupidez, pela alegria de aumentar os seus gozos terrenos, pelo desejo de a obter mais cedo, aspirando pela morte daquele que lha deve deixar, ou então essa perspectiva despertará nele bons sentimentos e pensamentos generosos. Se a previsão não se realizar, será outra prova: a da maneira por que suportará a decepção. Mas não deixará por isso de ter um mérito ou demérito dos pensamentos bons ou maus que a crença mi previsão lhe provocou.

        871. Desde que Deus tudo sabe, também sabe se um homem deve ou  não sucumbir numa prova. Nesse caso, qual a necessidade da prova, que nada pode revelar a Deus sobre aquele homem?
       Tanto valeria perguntar por que Deus não fez o homem perfeito e realizado (item 119*), por que o homem passa pela infância, antes de checar a idade madura (item 379**). A prova não tem por fim esclarecer a Deus sobre o mérito do homem, porque Deus sabe perfeitamente o que ele vale mas deixarão homem toda a responsabilidade da sua ação, uma vez que ele tem a liberdade de fazer ou não fazer. Podendo o homem escolher entre o bem e o mal, aprova tem por fim colocá-lo ante a tentação do mal, deixando-lhe todo o mérito da resistência. Ora, não obstante Deus saiba muito bem com antecedência, se ele vencerá ou fracassará, não pode puni-lo nem recompensá-lo, na sua Justiça, por um ato que ele não tenha praticado. (Ver item 258*** )

Comentário de Kardec: É assim entre os homens. Por mais capaz que seja um aspirante por mais certeza que se tenha de seu triunfo, não se lhe concede nenhum grau sem exame o que quer dizer sem prova. Da mesma maneira, um juiz não condena um acusado senão pela prova de um ato consumado, e não pela previsão de que ele pode ou deve praticar esse ato.                                          
       Quanto mais se reflete sobre as considerações que teria para o homem o conhecimento do futuro, mais se vê como a Providência foi sábia ao ocultá-lo A  certeza de um acontecimento feliz o atiraria na inação; a de um acontecimento desgraçado, no desânimo; e num caso como no outro suas forcas seriam paralisadas. Eis porque o futuro não é mostrado ao homem senão como um alvo que ele deve atingir pelos seus esforços, mas sem conhecer as vicissitudes por que deve passar para atingi-lo. O conhecimento de todos os incidentes da rota lhe tiraria a iniciativa e o uso do livre-arbítrio; ele se deixaria arrastar pelo declive fatal dos acontecimentos sem exercitar as suas faculdades. Quando o sucesso de uma coisa está assegurado ninguém mais se preocupa com ela.


item 119* Deus pode livrar os Espíritos das provas que deve sofrer para chegar à primeira ordem?
- Se eles tivessem sido criados perfeitos, não teriam merecimento para gozar os benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito, sem a luta? De outro lado, a desigualdade existente entre eles é necessária a luta? De outro lado, a desigualdade existente entre eles é necessária á sua personalidade, e a missão que lhes cabe nos diferentes graus está nos designios da Providência, com vistas à harmonia do Universo.
Como, na vida social, todos os homens podem chegar aos primeiros postos, também poderíamos perguntar porque motivo o soberano de um país não faz, de cada um dos seus soldados, um general; porque todos os alunos não são professores. Ora, entre a vida social e a espiritual existe ainda a diferença de que a primeira é limitada e nem sempre permite a escalada de todos os seus degraus, enquanto a segunda é indefinida e deixa a cada um a possibilidade de se elevar ao posto supremo.


item 379** O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto?
-Pode mesmo ser mais, se ele mais progrediu, pois são apenas os órgãos imperfeitos que o impedem de se manifestar. Age de acordo com o instrumento de que se serve.

item 258*** No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida?
- Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer, nisto consite o seu livre-arbítrio.

258-a. Não é Deus quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?
- Nada acontece sem a permissão de Deus porque foi ele quem estabeleceu todas a leis que regem o Universo. Perguntareis agora por que ele fez tal lei em vez de outra! Dando ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda a responsabilidae dos seus atos e das suas consequencias; nada 
lhe estorva o futuro; o caminho do bem está à sua frente, como o do mal. Mas se sucumbir, ainda lhe resta uma consolação, a de que tudo se acabou para ele, pois Deus, na sua bondade, permite-lhe recomeçar o que foi mal feito. É necessário distinguir o que é obra da vontade de Deus e o que é da vontade do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós que a criastes, mas Deus; tiveste, porém, a vontade de vos expordes a ele, porque o considerastes um meio de adiamento; e Deus o permitiu.
Livro dos Espíritos - Cap X - Lei de Liberdade - Allan Kardec

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