A origem dos povos antigos se confunde com a história de suas religiões. E como toda religião tenta explicar o princípio das coisas, dos seres, a formação do mundo, seus primeiros livros sagrados tratavam da religião e ao mesmo tempo da ciência, refletindo o conhecimento que se tinha na época.
Ciência e
Religião são as
duas alavancas
da inteligência
humana. A missão
da Ciência é
descobrir as
leis da
natureza. A
missão da
Religião é
desvendar as
leis do mundo
moral. Tanto uma
quanto a outra
têm o mesmo
princípio: Deus.
Portanto, não
podem
contradizer-se. ¹
Essas forças têm
impulsionado o
desenvolvimento
humano ao longo
do tempo,
acentuando
características
próprias do seu
campo de ação,
científico ou
religioso.
Contudo, a
história
registra também,
em certos
períodos,
estagnações
provisórias no
seu progresso.
A civilização
egípcia, cujo
legado
científico
impressiona até
os dias de hoje,
pode ser citada
como exemplo
clássico de
desenvolvimento
na antiguidade.
A concepção do
Deus único e os
Dez Mandamentos
de Moisés
registraram um
período
importante para
a humanidade, em
que leis de
essência divina
foram
apresentadas
concomitantemente
a regras e
preceitos de
caráter
transitório para
controle da
ordem e da
disciplina. A
ideia do sagrado
e a força das
tradições
oriundas de
erros de
interpretação
desse conjunto
arrastaram pelos
séculos afora
conceitos e
pensamentos hoje
inaceitáveis
pelo bom senso,
mas que ainda
vigoram no
espírito de
milhões de
pessoas como
verdades
absolutas.
O aparecimento
de Jesus de
Nazaré na Terra
desencadeou um
movimento
religioso cujos
princípios se
mantiveram fiéis
à sua pregação
original por
cerca de três
séculos. Mesmo
perdendo as
características
dos primeiros
tempos, se
alastrou e
influiu
fortemente na
formação
religiosa de boa
parte do mundo.
Do século V ao
XV (cerca de
1000 anos) a
humanidade
protagonizou
através do
domínio
religioso um dos
períodos mais
tristes da sua
evolução com as
chamadas guerras
santas, as
cruzadas, as
fogueiras da
inquisição, que
produziram
perseguição,
tortura e morte.
O mundo pouco
evoluiu nesse
período, estando
a ciência e a
cultura muito
atreladas ao
poder quase
absoluto das
ordens
religiosas
católicas.
Um pouco mais
tarde, no
entanto,
missionários
como Leonardo da
Vinci, Galileu
Galilei, Nicolau
Copérnico, Isaac
Newton e
inumeráveis
outros
reencarnam na
Terra,
contribuindo com
a sua ciência
para o progresso
humano, dando já
ao pensamento
científico ares
um pouco mais
independentes.
De certo modo,
Ciência e
Religião se
revezaram no
direcionamento
da caminhada
humana, com
predominância
acentuada desta
última, que
fazia ou não
concessões
àquela, segundo
as suas
conveniências.
Entre erros e
acertos de ambas
ao longo do
tempo, talvez
nada se compare
à afronta que
sofreu o ensino
moral de Jesus
na Idade Média,
promovido pela
incúria
religiosa,
descaracterizando,
falseando,
adulterando as
ideias originais
do Cristianismo.
A secular e
desarrazoada
incompatibilidade
entre Religião e
Ciência,
alimentada pelo
orgulho e
exclusivismo de
uma e outra,
fomentou a
incredulidade e
a intolerância.
A Religião,
desprezando as
leis orgânicas e
imutáveis da
matéria, se
prendeu aos
dogmas
artificiais,
posicionando a
fé em conceitos
incertos. A
Ciência,
decepcionada com
o misticismo e a
irracionalidade
do pensamento,
reforçou suas
trincheiras com
a negação de
Deus e o
acolhimento das
teorias da
materialidade,
muito ajudada
nisso pelas
filosofias
materialistas.
Fenômenos
culturais,
políticos,
econômicos e
sociais de
repercussão
mundial como o
Iluminismo, a
Revolução
Francesa, a
Revolução
Industrial, com
suas
peculiaridades e
exigências
intrínsecas,
dentre outras
causas,
contribuíram
para agravar o
antagonismo e
aumentar a
distância entre
elas.
Em meados do
século XIX surge
o Espiritismo,
como proposta
anunciada para
complementar os
ensinos de Jesus
e descerrar os
véus de mistério
deixados por ele
para quando
chegasse o tempo
certo, com a
humanidade mais
adiantada e
esclarecida
pelas
descobertas
científicas. O
principal foco a
combater: o
materialismo.
O volume de
informações de
interesse
universal
trazido por essa
doutrina é muito
grande, de modo
que os homens,
ajudados pelo
avanço das
ciências, já
estão aptos a
compreender as
leis do mundo
moral e
espiritual
reveladas pelo
Espiritismo.
Homens de
ciência começam
então a
considerar
informações
relacionadas ao
mundo do
Espírito,
respaldadas pela
pesquisa e
estudos
responsáveis com
objetivos
intrinsecamente
humanitários, e,
mais
recentemente,
vêm trabalhando
experiências que
“espiritualizam”
o pensamento
científico.
Homens de
religião, sendo
forçados pelas
evidências
científicas que
desconstroem
velhos e
desacreditados
dogmas, tendem a
voltar suas
vistas para o
homem integral,
considerando
como necessária
a revisão dos
seus discursos
doutrinários
místicos e
míticos.
Os Espíritos
afirmam que
chegaram os
tempos de
grandes
transformações
na Terra, e
Ciência e
Religião são
chamadas a
aproximar-se,
somando suas
experiências
conquistadas e a
conquistar para
impulsionar de
vez a humanidade
para a era do
Espírito, onde
finalmente o
homem
compreenderá de
onde veio, para
onde vai, e qual
é o objetivo da
vida na Terra.
CLÁUDIO BUENO DA SILVA
¹ Allan
Kardec, O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
“Aliança da
Ciência com a
Religião”, LAKE
Editora, 1975.
http://www.oconsolador.com.br/ano11/511/ca5.html
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