sexta-feira, 17 de março de 2017

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA - LIVRO 3 CAP 17


IGUALDADE – DIREITOS – OBRIGAÇÕES - JUSTIÇA
 
BIBLIOGRAFIA
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec – Edit FEB
O SERMÃO DA MONTANHA – Huberto Rohden – Edit. Alvorada

REFLEXÃO
UM PAI JUSTO TRATA OS FILHOS DE FORMA IGUAL?
É comum se ouvir a frase: “eu sou justo e trato meus filhos igualmente”
Seria esta frase oriunda do senso comum dita irrefletidamente ou ela foi pensada e falada com a devida reflexão? Para sermos justos devemos tratar nossos filhos igual ou desigualmente? E Deus, nosso Pai, como deve nos tratar?
Os nossos filhos têm as mais diferentes características físicas, biológicas e intelectuais. Não é raro um deles ter dons e outro ter defeitos e por vezes até deficiência mental.
Como um pai, querendo ser justo, deve agir com seus filhos? De forma igual?

1ª PARTE – OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por finalidade investigar os conceitos de igualdade e de justiça, bem como suas leis tanto humanas como divinas.
Os conceitos de igualdade e de justiça estão intimamente relacionados. Quando desejamos fazer um julgamento de um fato acontecido precisamos avaliar sob os mais diferentes ângulos. Necessitamos nos colocar em todos os pontos, inclusive no lugar daquele que é o centro do julgamento. A avaliação ou julgamento do acontecido pressupõe a existência de leis, regras e costumes.
É sobre esses aspectos que iremos efetuar nossas reflexões, ou seja, investigar as leis e sua aplicação para todos os elementos, bem como o contexto em que os elementos se encontram para a devida aplicação da lei.

2ª PARTE – INTRODUÇÃO:
O Universo é harmônico e a diversidade coexiste de forma harmônica.
O homem, no entanto, convive com a crise da fragmentação e sofre por estar dissociado e dicotomizado.
Enquanto a alma acreditar que é individual, separada, ela terá que transmigrar seja por apego, carências, vingança. Só quando formos capazes de conviver conosco mesmos é que estaremos aptos a nos relacionar harmoniosamente com o outro, tornando-nos, finalmente, conscientes do fato de que nunca existimos separados do Todo.

3ª PARTE – CONCEITO DE IGUALDADE E IGUALDADE NATURAL
O Livro dos Espíritos faz a seguinte abordagem sobre a questão igualdade:
Qt 803 - Todos os homens são iguais diante de Deus?
- Sim, todos tendem ao mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis freqüentemente: o sol brilha para todos. Com isso dizeis uma verdade maior e mais geral do que pensais.
Como entender o conceito de igualdade se não existem dois seres iguais, nem física nem espiritualmente em todo universo?
Quando se utiliza o termo igualdade estamos enfocando os elementos de um conjunto sujeito a leis e regras previamente estabelecidas. Entendemos que os seres são diferentes uns dos outros em suas características particulares, é a multiplicidade.
As leis, entretanto, são universais, pois, apesar da multiplicidade de seres, a lei é válida para todos. Tomemos como exemplo, a lei da gravidade. Independente se o ser é um mineral, um vegetal ou um homem, ela se aplica indistintamente.
As leis também se particularizam para grupamentos contidos naquele universo. Os vegetais têm leis próprias do seu reino, assim como os animais.
No mundo humano prevalecem as leis do todo, porem dentro deste grupamento devido à existência da Razão, outras leis se manifestam.
Dentro desses universos aonde a multiplicidade vai se particularizando é que os elementos se apresentam iguais perante a lei especifica desse grupamento menor.
Logo, o conceito de igualdade requer o estabelecimento de qual universo ele se encontra.
O Livro dos Espíritos prossegue explorando esse assunto com a seguinte questão:
Qt 804 – Porque então, Deus não deu as mesmas aptidões para todos os homens?
- Deus criou todos os espíritos iguais, mas, cada um deles, tem maior ou menor vivência e, por conseguinte, maior ou menor experiência. A diferença está no grau da sua experiência e da sua vontade, ou seja, seu livre arbítrio.
Nessa experiência o homem percorre o seguinte caminho: primeiramente ele cria a sua personalidade. Em seguida ele aprende o propósito da vida e finalmente ele começa a colaborar com o processo da vida. De forma mais detalhada, essa evolução seria:
1. A princípio o homem encontra-se no estágio primitivo, dirige a vida mecanicamente, levado pelos instintos, sem noção de espiritualidade; a mente é rústica no que se refere ao raciocínio e reflexão; é egocêntrico (centrado nele próprio);
2. Seguindo a senda evolutiva sobe um degrau e alcança o estágio de homem comum, onde o corpo emocional já começa a se definir; percebe a sua verdadeira natureza (consciência do eu); porém, ainda possui apegos, carências e os afetos são restritos; não tem noção das leis universais;
3. Atingindo o próximo degrau, passa a ser um homem de ideais e com uma visão mais ampla de sua existência sai do egocentrismo e percebe o outro; determinado e com capacidade de renúncia tem claro as Leis Universais;
4. Num estágio acima encontramos o aspirante espiritual, consegue então, compreender que a verdadeira realização está dentro dele e aspira algo além; questiona sua existência, busca a verdade que liberta; ao se deparar com a dualidade enfrenta momentos de grandes conflitos o que propicia o “adormecer do homem velho para o despertar do novo homem”; o aspirante é aquele que percorrendo um caminho de provas, quase sempre se perde por “atalhos”, mas, acaba retornando à direção correta (fase em que permanecemos por inúmeras existências); ele acelera o seu processo evolutivo desenvolvendo e exercitando a disciplina, dedicação, renuncia, ordem e determinação.
5. Finalmente atinge o grau de discípulo, onde a prioridade é tornar-se mestre de si mesmo; sua consciência espiritual comanda as “rédeas” e a tríade instinto, emoções e pensamentos, sintonizados, desenvolve a real personalidade, equilibrada, estruturada.
Assim, todos os seres, se tornam iguais nessa caminhada onde cada um constrói sua própria história como viajor cognoscente. Portanto, a igualdade se faz através das oportunidades que Deus nos coloca na viagem que todos igualmente empreendem.

4ª PARTE: O MAL DA FRAGMENTAÇÃO
Através do Projeto Genoma os cientistas descobriram que nosso DNA tem 99,9% de igualdade e, portanto, os desconfortos e as guerras são geradas no 0,1% que nos “difere”. As fronteiras são criações da mente humana e todos os corpos da natureza são constituídos do mesmo elemento (água, terra, fogo, ar e éter), sendo somente distribuídos de forma diferente. Fragmentamo-nos por termos a ilusão de não sermos iguais. Acreditamos que aquilo que ocorre conosco não interfere nos outros. Acreditamos que não existe nenhuma ligação entre a pessoa, a sociedade, a natureza, no entanto estamos todos interligados.
“Ninguém toca uma flor, sem perturbar uma estrela”.
Enquanto cultivarmos a fantasia da separatividade estaremos reforçando a autodestruição como os apegos, os ciúmes, os medos, a depressão, a irritabilidade e o sofrimento moral.
Todos os sistemas do Universo são sistemas energéticos interligados e essa energia assume formas inseparáveis.
Há, por conseguinte, na sua base uma teoria não fragmentária da energia. O ser humano, por sua vez é parte integrante desse sistema.
Ao criar a fantasia da separatividade, porem, a mente se separa do Universo e consequentemente da Sociedade e da Natureza fazendo com que o mesmo se esqueça de que Planeta, Sociedade e indivíduo são indissociáveis. O mais sério, todavia, é a consciência individual se achar separada da Consciência Universal. Dentro do ser, separado das emoções (vida) e do corpo (matéria) têm inicio o processo de destruição da Ecologia Pessoal.
Na sua mente a Fantasia da Separatividade gera um paradigma de fragmentação e reducionismo que por sua vez alimenta emoções destrutivas no plano da vida, mais particularmente o apego e a possessividade de coisas, pessoas e idéias. Disto resulta o estresse e as doenças psicossomáticas destruindo o equilíbrio bio-psiquico-emocional/ mental e espiritual.
O que leva o ser humano a sentir-se separado da sociedade? Aquilo que ele mesmo criou:
1. uma cultura fragmentada
2. uma vida social agitada e violenta
3. condições econômicas de exploração
Resultando assim no seguinte circulo vicioso:
1. a fragmentação da pessoa se projeta no conhecimento;
2. estas condições sociais reforçam por sua vez o sofrimento do individuo;
3. a sociedade possessiva provoca a exploração do homem pelo homem;
4. a separatividade leva a exploração desenfreada na natureza;
5. o desequilíbrio da natureza ameaça por sua vez o equilíbrio do homem;
E assim, está montado o esquema reforçador da auto destruição do homem e da vida planetária.
Essa visão fragmentaria incentiva o orgulho, sentimento de ser diferente e melhor que os outros gerado pela separatividade. Portanto o ser humano necessita urgentemente a consciência de que ele é parte constituinte de um todo. Somente através da visão holística que ele passará a ter o respeito ao próximo e a natureza.

5ª PARTE: O DIREITO E A OBRIGAÇÃO DE CADA SER
Qt 888:- Qual é o primeiro direito de todos os direitos naturais do homem?
- O de viver. Por isso ninguém tem o direito de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer nada que possa comprometer a sua existência corporal.
DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM
DAS RESPONSABILIDADES HUMANAS
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos; são dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza;
Cada coisa que existe é parte de um universo interdependente;
Todas as criaturas vivas dependem umas das outras para suas existências e desenvolvimento;
Todos os seres humanos são partes inseparáveis da natureza, sob a qual a cultura e a civilização humanas têm sido construídas;
A responsabilidade é um aspecto inerente a qualquer relação na qual seres humanos estejam envolvidos; essa atitude de agir responsavelmente, numa consciente, independente, única e pessoal maneira, é uma qualidade criativa inalienável do ser humano;
De todas as criaturas vivas, os seres humanos são os únicos com a capacidade de decidir, conscientemente, proteger a qualidade e as condições de vida na terra, através do desenvolvimento de um senso de responsabilidade universal com base no amor, na compaixão e na confraternização.
Em contrapartida, as obrigações de todos os seres é a observância dos direitos de seus semelhantes. Veja como os Espíritos Superiores respondem a Kardec:
Qt 877:- A necessidade para o homem de viver em sociedade ocasiona-lhe obrigações particulares?
- Sim, e a primeira de todas é a de respeitar o direito dos seus semelhantes. Aquele que respeitar esse direito será sempre justo. No vosso mundo, onde tantos homens não praticam a lei da Justiça, cada um usa de represálias e é isso que faz a perturbação e a confusão de vossa sociedade. A vida social confere direitos e impõe deveres recíprocos.

6ª PARTE: A LEI DE JUSTIÇA
No Livro dos Espíritos, encontramos as seguintes questões e respectivas respostas sobre a Justiça:
Qt 875: - Como se pode definir a Justiça?
- A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um.
Qt 873: - O sentimento de justiça esta na natureza ou resulta de idéias adquiridas?
- Tanto está na natureza, que vos revoltais ao pensamento de uma injustiça. O progresso moral desenvolve, sem dúvida, esse sentimento, mas não o dá: Deus o colocou no coração do homem. Eis porque encontrareis, freqüentemente, entre os homens simples e primitivos, noções mais exatas da justiça que entre os que têm muito saber.
“BEM-AVENTURADOS OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA”
“BEM-AVENTURADOS OS QUE SOFREM PERSEGUIÇÃO POR CAUSA DA JUSTIÇA”
Conforme HUBERTO ROHDEN no Livro O SERMÃO DA MONTANHA:
“Justiça segundo a lei dos homens se refere à justiça no sentido jurídico, do plano horizontal, usada na vida social de cada dia como a faculdade de julgar segundo o Direito e a melhor consciência”.
“No entanto, quando a encontramos nos livros sacros esta se refere” a atitude justa e reta do homem crístico. Aquele que realizou em alto grau o seu Eu Divino pela experiência mística manifestada na Ética. O homem justo é aquele que se guia, invariavelmente, pelo maior dos mandamentos:” Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo “.

7ª PARTE: CONCLUSÃO:
“O Egoísmo e o Orgulho são as chagas da humanidade” assim está em o Evangelho Segundo o Espiritismo.
O orgulho é o sentimento nocivo ao Todo pelo fato do ser não estar consciente do senso de igualdade, não reconhecer o direito dos outros seres e por conseqüência desprezar a justiça.
O entendimento que nos trás a Cosmovisão e a Cosmoética é que nos proporcionará a capacidade de viver em igualdade e harmonia com os semelhantes sem exigir privilégios egocêntricos. Isto nos elevará a um Reino de Harmonia e Serenidade onde impera a segurança, a Paz, a Justiça e o Amor.
Alan Krambeck

8ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 3 Cap.18 - A Fé Como Geradora de Ações Fraternas
Leitura:
Livro dos Espíritos – Allan Kardec - Edit FEB



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