700 A igualdade numérica aproximada entre os sexos é um indício da proporção em que eles se devem unir?
—Sim, pois tudo tem um fim na Natureza.(1)
701. Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme à lei natural?
— A poligamia é uma lei humana, cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, deve fundar-se na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há verdadeira afeição: não há mais do que sensualidade.
Comentário de Kardec: Se
a poligamia estivesse de acordo com a lei natural devia ser universal, o
que, entretanto, seria materialmente impossível em virtude da igualdade
numérica dos sexos.
A
poligamia deve ser considerada como um uso ou uma legislação particular
apropriada a certos costumes e que o aperfeiçoamento social fará
desaparecer pouco a pouco.(2)
(1) 0
Espiritismo é ideológico, tanto do ponto de vista físico quanto do
ético: as coisas materiais e os latos morais, o mundo e o homem, tudo
tem uma finalidade mas não de ordem antropológica. Muitas vezes ela
contraria ou escapa ao pensamento do homem. Isso deu motivo à reação
antiteleológica da Filosofia moderna. A Ciência, por sua vez, tratando
apenas do plano objetivo, não viu mais que “um ângulo do quadro da
Natureza” e restringiu-se às “condições determinantes”. Sua natureza
analítica não lhe permite abranger o sentido das coisas e dos fatos.
Henri Bergson, porém, em L’Évolution Créatice
desenvolveu a teoria do ela vital, segundo a qual todo o curso da
evolução, partindo da matéria mais densa, dirige-se à liberação da
consciência no homem, aparecendo este como o fim último da vida na
Terra. Essa é a tese espírita da evolução, até os limites da vida
terrena. Mas o Espiritismo vai além, admitindo a “escala dos mundos”,
através da qual a evolução se processa no infinito, sempre com a
finalidade da perfeição. (N. do T.)
(2) 0
impulso poligâmico do homem não é um instinto biológico, mas um simples
resquício das fases anteriores de sua evolução. Não sendo irracional,
nem controlado pelas leis naturais das espécies animais, ele tem o dever
moral de refrear esse impulso e sublimar a sua afetividade através do
amor conjugal e familiar. É pela razão e o livre-arbítrio que ele se controla, elevando-se conscientemente acima das exigências biológicas e das ilusões sensoriais. Se esse controle lhe parece difícil, maior é o seu dever de realizá-lo, porque maior
é a sua necessidade de evolução nesse campo e também porque “o mérito
do bem está na dificuldade”, como se vê no item 646 deste livro. (N. do
T.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por sua mensagem. Será publicada após aprovação.