A riqueza, sob qualquer aspecto considerada, é bênção que Deus
concede ao homem para sua felicidade e que lhe compete bem utilizar,
multiplicando-a em dons de misericórdia e progresso a benefício do próximo
.
Torná-la oásis reduzido para o próprio prazer, em pleno deserto de
recursos onde medram a dor e a miséria de todo porte, é fraqueza moral que
se converte em algema de demorada escravidão.
Todas as concessões da Vida rendem juros conforme a direção e a
aplicação que se lhes dêem.
Os bens materiais ensejam o progresso e devem fomentá-lo, porquanto
a própria evolução humana impõe necessidades que os homens primitivos
desconheciam.
As exigências da higiene e do conforto, da preservação da saúde e das
experiências de evolução, facultam a aplicação de valores que,
simultaneamente, organizam o sistema de crescimento e desenvolvimento do indivíduo como do grupo onde vive.
Não cabe, porém, a ninguém o direito de usufruir, seja o que for, em
detrimento das possibilidades do próximo.
Criminosa a exploração que exaure as forças naturais e entenebrece o
caráter humano.
Desse modo, a direção que o homem dá aos recursos materiais,
mediante a aplicação egoísta ou a utilização benéfica, faz que tal se transforme em liberdade ou grilhão, dita ou desgraça.
Administradores, que todos somos, transitoriamente, dos haveres,
enquanto na vilegiatura carnal, seremos convocados a contas para relatórios,
apresentando o que fizemos das concessões divinas que passaram pelas
nossas mãos.
O dinheiro, a propriedade, a posição social relevante, a saúde, a
inteligência, a mobilidade, a lucidez são bens que o espírito recebe como
empréstimo divino para edificar-se e construir a ventura.
Qualquer emprego malsão engendra escassez e limitação que se
transformam em aflição e desespero.
O mordomo infiel dos bens retorna à Terra na sujeição escravizadora,
que lhe cobra o desperdício ou a usura de que se fez vítima inerme.
*
Multiplica pelo trabalho e pela ação benéfica todos os bens de que
disponhas: do corpo, da mente, do espírito.
Aquinhoado com os valores perecíveis que dormem ou se movimentam
nas tuas mãos, recorda os filhos da agonia ao teu lado, nas tábuas da miséria
e do abandono...
Um dia, sem que o queiras, deixarás todas as coisas e valores, ante o
impositivo da desencarnação, seguindo contigo, apenas, os valores morais
legítimos, decorrentes dos bens materiais que converteste em esperança,
alegria, progresso e paz, qual semeador de estrelas que, após transitar por um caminho de sombras, conseguiu transformá-lo numa via-láctea de brilhantes celestes.
Leis Morais da Vida - Joanna de Ângelis
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