Uma característica importante da autonomia moral, base fundamental da teoria espírita, como pretendemos demonstrar na obra Revolução Espírita, está no fato de que, por sua própria definição, deve ser adquirida por um esforço racional a partir de uma iniciativa espontânea e desinteressada. Dessa forma, ninguém se torna moralmente livre se for catequizado ou doutrinado. Também não é possível identificar um indivíduo autônomo e responsável somente por seus atos (sem conhecer as intenções), por meio de um diploma ou insígnia, ou sua participação numa congregação ou confraria.
Mesmo a Sociedade Parisiense, presidida por Kardec, estando “alinhada oficialmente entre as sociedades científicas, não é nem uma confraria, nem uma congregação, mas uma simples reunião de pessoas ocupando-se do estudo de uma ciência nova que ela aprofunda” (Revista Espírita 1863, p.122). Quanto às relações entre a Sociedade de Paris e as outras sociedades com as quais se correspondia, havia a mais completa independência: “O laço que as une é, pois, um laço puramente moral, fundado sobre a simpatia e a semelhança das ideias; não há, entre elas, nenhuma filiação, nenhuma solidariedade material” (Revista Espírita 62, p.110).
O que faz um espírita, então?
Segundo Kardec, “quem partilha nossas convicções a respeito da existência e da manifestação dos espíritos, e das consequências morais que disso decorrem, é Espírita de fato” (Revista Espírita 64, p.130). Por isso, “as sociedades não são de nenhum modo uma condição necessária à existência do espiritismo”, afirma, e se “elas se formam hoje, que cessem amanhã, sem que a sua marcha seja entravada no que quer que seja”, pois “o espiritismo é uma questão de fé e de crença e não de associação”.
Basta estar de acordo com os princípios fundamentais da doutrina espírita para ser espírita.
http://revolucaoespirita.com.br/ser-espirita/Paulo Henrique de Figueiredo
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