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sábado, 15 de outubro de 2016
EVOLUÇÃO E FINALIDADE DA ALMA
A alma, como dissemos, vem de Deus; é em nós o princípio da inteligência e da vida. Essência misteriosa, escapa à análise, como tudo que se origina do Absoluto. Criada pelo amor, criada para amar, tão diminuta que pode ser aprisionada em uma forma limitada e frágil, tão grande que, com um impulso de seu pensa- mento, abrange o infinito, a alma é uma parcela da essência divina projetada no mundo material.
Desde a hora em que caiu na matéria, qual caminho seguiu para voltar até o ponto atual de sua carreira?
Precisou passar por vias escuras, revestir formas, animar organismos que deixava ao sair de cada existência, como se faz com uma roupa que não serve mais. Todos esses corpos de carne morreram. O sopro do destino dispersou-lhe as cinzas, mas a alma persiste e permanece em sua eternidade; ela perse- gue sua marcha evolutiva, percorre as inúmeras estações de dsua viagem e vai rumo a um objetivo grande e desejável, um objetivo divino, que é a perfeição.
A alma contém, no estado virtual*, o princípio de todos os seus desenvolvimentos futuros. Está destinada a tudo conhecer, a tudo conquistar e a tudo possuir. E como ela poderia conseguir tudo isso numa única existência? A vida é curta, e a perfeição está longe! Poderia a alma, em uma vida única, desenvolver seu entendimento, esclarecer sua razão, fortificar sua consciência, assimilar todos os elementos da sabedoria, da santidade, do gênio? Não! Para realizar esses objetivos, é preciso percorrer, no tempo e no espaço, um campo sem limites. É passando por inúmeras transformações, após milhares de séculos, que o
mineral grosseiro se transforma em um diamante puro, brilhando mil cintilações. O mesmo acontece com a alma humana.
O objetivo da evolução, a razão de ser da vida, não é a felicidade terrestre – como muitos acreditam erroneamente –, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, e esse aperfeiçoamento devemos realizá-lo por meio do trabalho, do esforço, de todas as alternativas da alegria e da dor, até que estejamos inteiramente desenvolvidos e elevados ao estado celeste. Se há na Terra menos alegria do que sofrimento, é que este é o instrumento, por excelência, da educação e do progresso, um estimulante para o ser, que sem ele permaneceria retardado nos caminhos da sensualidade. A dor física e moral forma nossa experiência. A sabedoria é o prêmio.
Pouco a pouco a alma se eleva e, à medida que vai evoluindo, nela fica acumulada uma soma sempre crescente de sabedoria e de virtude; ela se sente mais estreitamente ligada aos seus semelhantes; comunica-se mais intimamente com seu meio social e planetário. Elevando-se cada vez mais, logo se liga, por traços poderosos, às sociedades do espaço, e depois ao Ser Universal.
Leon Denis - O Problema do Ser do Destino e da Dor cap IX
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