"Quando o Dr Bezerra de Menezes pronunciou o discurso Atitude de Amor e hasteou a bandeira da humanização para a comunidade espírita, convocou-nos a uma árdua lição do progresso - acdeitarmos nossa humanidade. Humanizar é também aceitarmo-nos como humanos. Simplesmente seres humanos. É o que somos!'
Ser humano é ser gente que erra e acerta, cujas imperfeições não são maiores nem piores que os enganos da sociedade da qual fazemos parte. É aprendermos a ser quem somos fazendo o nosso melhor a cada dia, para sermos melhores a cada conquista.(Maria Modesto Cravo - livro Prazer de viver - introdução)
Ser humano é ser gente que erra e acerta, cujas imperfeições não são maiores nem piores que os enganos da sociedade da qual fazemos parte. É aprendermos a ser quem somos fazendo o nosso melhor a cada dia, para sermos melhores a cada conquista.(Maria Modesto Cravo - livro Prazer de viver - introdução)
“Pois, se amardes os que vos amam, que
galardão havereis? não fazem os publicanos
também o mesmo?
Mt. 5:46
A PALAVRA
DE BEZERRA: O PERÍODO DA MAIORIDADE
Irmãos,
Jesus seja nossa inspiração e Kardec a luz de nossos raciocínios.
O cinquentenário
do acordo de unificação, o Pacto Áureo, ainda agora enaltecido pela comunidade
espírita mundial, é vitória de incomensurável quilate espiritual para a glória
do Espiritismo. Os esforços não foram em vão.
Passado o
conclave nosso olhar se volta, mais que nunca, para o futuro.
Sem
demérito de qualquer espécie a corações que têm feito o melhor que podem, os
que aqui se encontram presentes conhecem de perto a extensão das necessidades
com as quais estamos lidando.
E ainda
agora, enquanto muitos se encontram inebriados com a nobre comemoração face às
conquistas logradas em meio século de serviço austero, atentemos para o quanto
nos falta caminhar, a fim de merecermos com justiça o título de Cristãos da
nova era.
Desde as
primeiras ideias para a formação das bases organizativas do movimento, são
passados quase cem anos. O progresso é evidente.
Entretanto,
não será demais e insano afirmar que, a despeito das conquistas, encontramo-nos
na infância de nosso movimento libertador ante a envergadura da missão a nós
confiada na humanidade.
A
progressão do ideário espírita está em boas mãos e a falange verdade continua o
programa com sucesso, não obstante os empecilhos que são variados.
Inteiremo-nos
com acerto sobre o que o momento espera de todos e façamos o que for preciso, a
fim de impedirmos o prolongamento da conveniência prejudicial ao prosseguimento
de planos maiores.
Os
primeiros setenta anos do Espiritismo constituíram o período da consagração das
origens e das bases em que se assentam a Doutrina, que lhe conferiram legitimidade.
Heróis da tenacidade e fibra moral, dispostos a imolar-se pela causa, venceram
o preconceito do tempo e a pressão da inferioridade humana no resguardo e
defesa da empreitada de Allan Kardec.
O último
lance que delimitou esse período foi o Congresso Internacional de Espiritismo
realizado em Paris, onde o arauto do bem, Léon Denis, suportou a lâmina sutil da
mentira e consolidou o perfil definitivo do Espiritismo como
Doutrina
dos Espíritos, eximindo-a de desfigurações que em muito prejudicariam sua
feição educativa e conscientizadora.
O segundo
período de mais setenta anos, que coincide com o fechamento do século e do
milênio, foi o tempo da proliferação. Uma
ideia universal jamais poderia ficar confinada a grupos de estudo ou experimentos
da fenomenologia mediúnica de materialização; fazia-se necessária a
intensificação dos conhecimentos, dentro de um crescimento ordenado e defensivo
na elaboração de um perfil filosófico. Eis o mérito das entidades promotoras da
unificação e da multiplicação de centros espíritas. Sob o regime de controle e
zelo foram predicados os seus objetivos primaciais. A literatura subsidiária provocou
o questionamento, a discussão, o estudo, e com isso o aprendizado dilatou-se.
A
primeira etapa consagrou o Espiritismo como ideário do bem, atraindo a simpatia
e superando o preconceito; a segunda ensejou a difusão.
Penetramos
agora o terceiro portal de mais setenta anos, etapa na qual pretende-se a
maioridade das ideias espíritas.
É
necessário atestar a vitalidade dos postulados espiritistas como alavanca de
transformações sociais e humanas. Sua influência na cultura, nas artes, na
ciência, nas leis, na filosofia e na religião conduzirá as comunidades, que lhe
absorverem os princípios, a novos rumos para o bem do homem através da mudança
do próprio homem.
Esse novo
tempo deverá, igualmente, conduzir a efeitos salutares a nossa coletividade
espírita, criando entre nós, seus adeptos, o período da atitude.
O velho
discurso sem prática deverá ser substituído por efetiva renovação pela educação
moral. É a etapa da fraternidade na qual a ética do amor
será
eleita como meta essencial, e a educação como o passo seguro na direção de
nossas finalidades.
Jesus
definiu seus discípulos por muito se amarem, o Espírito Verdade assinalou o
“amai-vos e instrui-vos” como plataforma do verdadeiro espírita, e esses ensinos
deverão constituir a base do programa transformador para nossas metas ante a
era nova.
Assim
como nas demais fases foram programadas reencarnações missionárias, a exemplo
do que sucedeu no iniciar dos séculos XIX e XX, igualmente se apronta uma
geração nova para os novéis ofícios da causa, dentre os quais muitos de vós
aqui presentes estão esclarecidos sobre seu auspicioso retorno às fileiras do
Consolador, em missões de solidariedade e renovação, enquanto os que guardam
maiores compromissos na vida extrafísica estão conscientes dos desafios que a
todos nos esperam.
Descrevamos
algo de essencial acerca dessas batalhas que enfrentaremos, para não localizarmos
o “joio” onde está o “trigo” e definirmos melhor as estratégias de ação.
A PALAVRA
DE BEZERRA: O NOSSO MAIOR INIMIGO
Afirmamos
outrora que o serviço da unificação é urgente, porém, não apressado.
Verificamos no tempo que alguns corações sinceros e leais, entretanto, sem
larga vivência espiritual, inspirados em nossa fala, elegeram a lentidão em
nome da prudência e a acomodação passou a chamar-se zelo, cadenciando o ritmo
das realizações necessárias ao talante de propósitos personalistas na esfera
das responsabilidades comunitárias. O receio da delegação, a pretexto de ordem
e vigilância, escondeu propósitos hegemônicos em corações desavisados, conquanto
amantes do Espiritismo.
Em verdade,
a tarefa é urgente, não apressada, mas exige ousadia e dinamismo sacrificial
para encetar as mudanças imperiosas no atendimento dos reclames da hora presente,
e o hábito de esperar a hora ideal converteu-se, muita vez, em medida imperante.
Ninguém
pode vendar os olhos a título de caridade, porque deliberadamente o apego
institucional marcou esse segundo período de nossas lides, em muitas ocasiões,
com enfermiças atitudes de desamor como forte influência atávica de milenares
vivências. Isso era previsível e, por fim, repetimos velhos erros religiosos...
Honrar e
respeitar os antepassados e a história não significa aboná-la de todo, embora
os nossos sentimentos devam ser enobrecidos no perdão, no entendimento, na
oração e no trabalho.
Foi o
melhor que conseguimos em se considerando as imperfeições que nos são peculiares.
Na seara
espírita, que declara inspirar sua ação em Jesus, o Mestre operoso, e em
Kardec, o infatigável trabalhador, não deve haver o pacto insensato com os
privilégios e a representatividade improdutiva. Se o Senhor deixou definido que
o maior seria quem se fizesse servo de todos, de igual forma a função das
entidades doutrinárias, de qualquer âmbito, é servir e servir sempre, mais e mais,
no atendimento das extensas necessidades a vencer nas lavouras doutrinárias,
cumprindo o roteiro dos deveres de orientação e apoio, sem jamais avocar para
si direitos ilusórios no campo do poder.
Há de se
ter em conta que nos referimos ao institucionalismo como grilhão pertinente a
todos nós, sem jamais vinculá-lo a essa ou nàquela entidade organizativa em
particular, porque semelhante marca de nosso psiquismo, por muito tempo ainda,
criará reflexos indesejáveis na obra do bem.
O
institucionalismo é fruto da ação dos homens; ele em si não é o nosso
adversário maior e sim os excessos que o tornam nocivo.
Nosso
maior inimigo, de fato, é o orgulho em suas expressões inferiores de
arrogância, inflexibilidade, perfeccionismo, autoritarismo, intolerância,
preconceito e vaidade, seus frutos infelizes que, sem dúvida, insuflam a
institucionalização perniciosa e incentivam o dogmatismo e a fé cega, adubando
a hierarquização e o sectarismo.
Seus
frutos geram sementes, e precisamos interromper essa semeadura do “joio” que
sustenta a ilusão de trabalhadores desprevenidos e invigilantes.
Quando os
homens forem bons farão boas instituições, asseverou o insigne apóstolo de
Lyon, Allan Kardec.
Nossa
luta deve ser íntima e não exterior, não contra organizações, mas contra nós
mesmos quando em atitudes praticadas sob o manto da mentira que acostumamos a
venerar em favor de vantagens pessoais.
Esses
desvios perpetrados lembram os primeiros momentos do Evangelho sobre a Terra,
quando teve circunscrito seu raio de ação ao Judaísmo dominante. Tal realidade
levou o Mais Alto a chamar o espírito corajoso e nobre de Paulo de Tarso na
ingente missão de servir para além dos muros institucionais da capital do
religiosismo, e tornar universal a mensagem do Sábio Pastor.
Conclamamos
novos apóstolos para a “gentilidade” nesse momento delicado de nossa seara, porque
o orgulho humano reeditou, em larga amplitude, os ambientes estéreis à
propagação dos ensinos do Senhor.
Temos um
novo centro de convergência estipulado pela egolatria humana, buscando fixar
estacas demarcatórias injustas e dispensáveis para o futuro glorioso da
religião cósmica da verdade e do amor.
Essa
velha bagagem da alma tem solução. Melhorando os homens, melhoramos as
instituições. Por isso, nossa meta prioritária jamais foi ou será incentivar
dissidências a fim de comprovar a eficácia de alguma ideologia, porque, em verdade,
todas cooperam para um destino comum no futuro.
Apenas
não podemos mais adiar medidas, esperando que os homens acordem naturalmente para
as realidades que os cercam, junto às perigosas investidas levadas a efeito
pelos inimigos confessos do Evangelho do Cristo na humanidade, em ambos os
planos da vida.
A hora é
de ação e campanha para chamar na Estrada de Damasco os que queiram suportar o
sacrifício, a renúncia e a obstinação em nome de uma nobre causa que é libertar
a mensagem de Jesus dos círculos impregnados de bazófia e fascinação, através
de exemplos de vida e do serviço construtivo de uma mentalidade em plena identificação
com a mensagem moral do Espiritismo Cristão.
A hora
pede clareza e determinação para a segurança dos ideais.
Há um
momento em que a atitude de amor pede a verdade a fim de escapar dos pântanos
da omissão. Estamos nesse momento. As diretrizes do Espírito Verdade não
pactuam com as conveniências, embora não incentive o desamor. Esse tempo é
daqueles que souberem ser coerentes, sem que a coerência custe o preço da
discórdia tempestuosa. O desagrado existirá, porque a verdade incomoda quem se
acostumou aos caminhos largos.
Estamos
no tempo dos “caminhos estreitos”, e os que aceitarem perlustrá-lo não terão as
coroas de glórias passageiras e nem a aclamação geral dos distraídos do caminho.
Serão taxados de egoístas simplesmente por decidirem buscar a “contramão” das opiniões
e a percorrer o caminho inverso das consagrações humanas. Entretanto, terão um
“contrato de assistência” permanente e irrevogável para angariarem as condições
justas ao desiderato. Contudo, justiça aqui não significa facilidades, mas ação
mediadora da Divina Providência para o bom andamento dos labores encetados.
Temos grupos dispostos a comprometer-se com os misteres da hora a custo de sacrifício;
eles serão os apóstolos da “gentilidade” dos tempos modernos.
Respeitaremos
em nome do amor a quantos ainda estagiam nas formalidades e convencionalismos.
Firmaremos bases seguras fora dos limites da conveniência, para assegurar, aos
mais novos que chegarão, a oportunidade de vislumbrarem horizontes que atendam
as suas exigentes expectativas, com as quais renascerão no soerguimento desse
período de moralização e atitude, nesse momento de Espiritismo por dentro e não
fora de nossos corações.
Carecemos
de um movimento espírita forte, marcado por uma cultura de raciocínios lógicos
e coerentes, e por atitudes afinadas com a ética do amor.
Temos sim
um problema, temos um inimigo. Atitude, eis a questão. Más atitudes, eis nosso
problema. Atitudes de orgulho, nosso maior inimigo.
A PALAVRA
DE BEZERRA: ATITUDE PRIMORDIAL
Para que
não nos chafurdemos em análises míopes, torna-se prioritário definir nossa
grande meta em auxílio aos que mourejam na coletividade doutrinária, para maximizarem
seus esforços nas direções mais nobres e úteis aos deveres dessa nova etapa de maioridade
espiritual.
A meta
primordial é aprendermos a amarmo-nos uns aos outros, para que tudo o que for
criado em nome da causa espírita reflita a essência do Espiritismo em nossas movimentações.
Nossa
meta essencial é o amor, a atitude que reflete Deus em nós.
Meditemos
na inolvidável pergunta do Mestre: Que galardão teremos em amar somente os que
nos amam?
A
diversidade é uma realidade irremovível da Seara e seria utopia e inexperiência
tratá-la como “joio”. Imprescindível propalar a ideia do ecumenismo afetivo
entre os seareiros, para que a cultura da alteridade seja disseminada e
praticada no respeito incondicional a todos os segmentos. A atitude de alteridade
será o termômetro do progresso das ideias espíritas no movimento, será o
“trigo” vicejante e plenificado na ética da fraternidade vivida. As
instituições embebidas desse espírito promoverão o diálogo franco e
transparente e construirão, através das relações, as transformações. O desafio
está lançado.
Temos
como certo que as barreiras de aproximação estão mais frágeis que se imagina em
alguns setores, embora muitos apostem na impossibilidade de rompê-las. Falta
habilidade para conduzir processos que desafiam a inteligência das direções
segmentares e, não propriamente, o desejo de efetivá-las. Precisaremos todos de
muita humildade para construir um terreno neutro, como frisou Kardec, e de
muito amor para garantir perpetuidade às novas relações de pluralismo e
convivência com as diferenças.
Voltemos
a atenção para a influência dos exemplos cristãos que constituem referências
decisivas para os que, legitimamente, anseiam empreender o discipulado com Jesus
e Kardec. Apesar das lutas humanas, necessárias e naturais, não faltaram e não
faltam as balizas na Seara para que os espíritas, dispostos ao desafio de superar
a si mesmos, encontrem inspiração para travarem o bom combate em direção ao
crescimento e à libertação. A jornada é árdua e o calvário é doloroso, por isso
muitos preferem as poltronas macias de valores temporais nos regimes
institucionais.
No
entanto, a despeito da certeza que guardamos sobre a atitude de amor, devemos
estar conscientes sobre as sendas a seguir, a fim de não permitirmos romantismo
e ingenuidade num momento de lutas ingentes.
Para
isso, divulguemos a diretriz a tomar para que não aprisionemos tal meta nos
sonhos fantasistas do menor esforço e das crenças improdutivas.
A PALAVRA
DE BEZERRA: DIRETRIZ INSUPERÁVEL
A
renovação de atitudes na edificação de uma nova mentalidade solicita uma
inevitável mudança cultural em nossos ambientes doutrinários. O repúdio ao debate
e a aversão ao confronto de opiniões são expressões do institucionalismo que
ainda estão presentes no psiquismo humano, muita vez realimentado por organismos
e oradores respeitáveis.
Quando
Jesus convocou seus discípulos ao serviço do amor
“deu-lhes
poder”, conforme assevera o texto de Mateus. Reeditar esse fato é fundamental,
a fim de alcançarmos melhores condições morais ao movimento espírita. Conferir
poder é propiciar respostas, caminhos, horizontes, alternativas pedagógicas
para instrumentalizar e capacitar alguém para alguma coisa. O Mestre, como
educador, após os ingentes deveres públicos do dia, recolhia-se em colóquios
íntimos com os corações dos apóstolos, ampliava-lhes as perspectivas sobre os
ensinos, dimensionava as realizações extrafísicas em torno dos feitos de todo o
grupo, e respondia a questões símplices, porém, de rara profundidade moral. Era
ali, naqueles momentos íntimos, que se efetivava o poder de percepção e o
desenvolvimento das condições necessárias ao apostolado, porque havia debates
sinceros e resolução de conflitos em clima pacífico, sob a tutela do Senhor.
Hoje,
mais que nunca, precisamos repetir tal episódio e permitir o “espírito do
Senhor” na contenção de nossos impulsos de desagregação e isolamento. É urgente
trabalhar por uma cultura de trocas e crescimento grupal, habituando-se a ter
nossas certezas abaladas pelo conflito e pela permuta, para que ampliemos a capacidade
de enxergar com mais exatidão as questões que supomos terem sido esgotadas.
Essa diretriz conduzirá os homens a uma maior possibilidade de diálogo e
intercâmbio, fazendo-os perceber a inconveniência do isolamento em muros de
pseudo-sabedoria ou nas masmorras do autoritarismo institucional, ditando
normas e ideias em nome de uma verdade exclusivista. Daí a importância de incentivarmos
os dirigentes ao contato sadio com a dinâmica operacional dos centros espíritas
e dos diversos segmentos da Seara, estabelecendo contatos, atualizando
conceitos, tirando dúvidas, agendando encontros, criando ensejos ecumênicos
para servirem de exemplos aos menos afeiçoados ao hábito da complacência com a
diversidade do entendimento.
A melhor
instituição será a que mais expandir as condições para o amor.
O melhor
homem será o que mais apresentar tenacidade em amar.
A melhor
Casa será a que mais implementar o regime de amor em grupo, imprimindo a seus
deveres um caráter educacional .
Os heróis
da fibra moral estão despedindo-se da Terra, porque cumpriram seu ministério de
amor. Agora é o tempo dos atos solidários pela união das forças, relembrando o
calvário no qual Jesus despediu- se glorioso, conferindo a continuidade da obra
a quantos partilharam Seu percurso Divino.
Melhoremos
o homem, despreocupemos dos excessos de medidas quanto à renovação de modelos
institucionais que, inevitavelmente, surgirão sem pressa. Urgente é nossa
adesão consciente aos princípios éticos da mensagem de Jesus atualizados pelo
Espiritismo, sem os quais os modelos organizativos, por mais ajustados, vão
ruir improfícuos.
Carecemos
estabelecer programas centrados em valores éticos ao lado das bases
fundamentais já esquadrinhadas pelo estudo.
Favorecer
os trabalhadores e lideranças com melhores noções sobre “As Leis Morais”,
contidas na terceira parte de “O Livro dos Espíritos”, e aprofundar o
entendimento sobre o inesquecível e universal
sermão do monte de Jesus, assim
como o fez Allan Kardec em “O Evangelho Segundo Espiritismo”, construindo um
programa eficiente de renovação moral baseado na sábia filosofia de Jesus.
O
conhecimento das verdades espíritas, por si, levará a velhas mazelas do saber
se não for acompanhado pela vivência.
O
fascínio resultante dos princípios espíritas não ocorre em função de estar o
homem diante de conhecimentos novos que o surpreendem, mas sim porque está
retomando o contato com ideias que já fizeram parte de seu patrimônio cultural,
as quais não teve ele a capacidade de utilizar para a transformação de si
mesmo, submetendo-se às injunções das ideias pagãs e do rompimento com a ética
do bem. Destarte, é preciso hoje conjugar esse conhecimento, que é milenar, com
a moralização, pela educação.
O tão
decantado processo educacional de si mesmo passa pela melhor compreensão do
mundo moral e suas implicações, que resultarão em melhor autoconhecimento, pois
o “conhecimento de si mesmo é a chave do progresso individual”.
Esse
investimento no homem é a nossa chance de subtrair a noção inferior, que tenta
subjugar o Espiritismo a mera religião de formalidades atualizadas, e
colocá-lo, onde deveria estar, no patamar de roteiro lúcido de educação
integral da humanidade.
A
diretriz insuperável de Jesus continua como roteiro de rara oportunidade.
Precisamos
“conferir poder”. Como amar o próximo?
Como
obter abnegação? Como treinar a alteridade?
Comprometimento
é difícil para quem? É possível desenvolver a indulgência? Como dialogar em
climas adversos? Como dialogar? O que é solidariedade e parceria? Como conceber
a unificação em tempos de pluralismo? Ela é viável? Como oferecer essas
condições de “poder” aos novos servidores da causa cristã? Qual o poder de transformação
estamos viabilizando a homens comuns que encontram esperanças e alento nos
celeiros de paz da casa espírita?
Que temos
feito para que as direções abram-se ao espírito de simplicidade?
Que
propostas temos a apresentar para facilitar um tempo de aproximação pacífica
entre as várias tendências da Seara?
Por que é
tão importante essa aproximação?
O
Espírito Verdade legou-nos o inspirado roteiro no “amai-vos e instruí-vos”.
Instrução
e amor, conhecimento e dinamização ética.
Levantemos
a bandeira da unificação ética em torno da qual ser-nos-á possível atrair pela
ação, mais que pelo discurso, ensejando a formação de pólos de congraçamento
ecumênico entre nós, os espíritas com diversidade de ideias, mas num único
sentimento, o do amor exalando a fraternidade.
Tomemos
como lema a tríade inspirada do Codificador “trabalho, solidariedade, tolerância”,
e cerremos esforços na campanha para que essa indicativa torne-se o programa da
Casa e do movimento espírita mundial.
O
trabalho opera as mudanças pela força das circunstâncias, a tolerância cria o
clima indispensável para torná-las possíveis e a solidariedade é a mola
propulsora capaz de fazê-las acreditáveis.
De que
nos valerá conhecer a imortalidade e viver intencionalmente o materialismo? Essa
foi uma indagação levantada pelo Codificador com fito de chamar-nos a atenção
para a essência ética do Espiritismo.
Se Kardec
assim indaga quanto ao Espiritismo, perguntamo-nos de que nos valerá o
Evangelho sem a vivência? Por que chamarJesus se não atentamos para Sua
presença no desenvolvimento de relações eticamente ajustadas com Seus ensinos?
Enveredemos
pela religião, pela filosofia ou pela ciência, estudemos o Espiritismo ou o
Evangelho, adotemos essa ou aquela prática com a qual melhor nos afeiçoemos,
criemos essa ou aquela entidade para servir a novas experiências, tudo isso
pouco importa se não tivermos amor.
Recordemos
o apóstolo Paulo em sua belíssima poesia: “Ainda que eu falasse as línguas dos
homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como
o sino que tine”.
A PALAVRA
DE BEZERRA: A SOLUÇÃO
Qual a
solução?
Mencionamos
a meta prioritária, conhecemos a diretriz insuperável, mas todos sentimos um
vácuo no coração quando pensamos nesse ideário maior confrontado com a
realidade moral de nosso movimento bendito. O que fazer já sabemos. A indagação
que agora toma-nos a mente é: como fazer?
A melhor
campanha para a instauração de um novo tempo na Seara passa pela necessidade de
melhoria das condições do centro espírita, que é a célula operadora do objetivo
do Espiritismo. Lá sim se concretizam não só o conhecimento e o trabalho, mas a
absorção das verdades no campo individual, consentidas em colóquios íntimos e
permanentes que reproduzem os momentos de Jesus com seu colégio apostólico.
Por isso,
temos que promover as Casas, de posto de socorro e alívio a núcleo de renovação
social e humana, através do incentivo ao desenvolvimento de valores éticos e
nobres capazes de gerar a transformação.
Para isso
só há um caminho: a educação
.
O núcleo
espiritista deve sair do patamar de templo de crenças e assumir sua feição de
escola capacitadora de virtudes e formação do homem de bem, independentemente
de fazer ou não com que seus transeuntes se tornem espíritas e assumam
designação religiosa formal.
Elaboremos
um programa educacional centrado em valores humanos para dirigentes, trabalhadores,
médiuns, pais, mães, jovens, velhos, e o apliquemos consentaneamente com as
bases da Doutrina.
Saber
viver e conviver serão as metas primaciais desse programa no desenvolvimento de
habilidades e competências do espírito.
O que
faremos para aprender a arte de amar? Como aprender a aprender?
Como
desenvolver afeto em grupo? Como “devolver visão a cegos, curar coxos e estropiados,
limpar leprosos, expulsar demônios”?
Muitos
adeptos conhecem a profundidade dos mecanismos desencarnatórios à luz dos
princípios espíritas, entretanto, temos constatado quantos chegam por aqui em
deploráveis condições por não se imunizarem contra os padrões morais infelizes
e degeneradores.
A
melhoria das possibilidades do centro espírita indiscutivelmente facilitará
novos tempos para o pensamento espírita, haja vista que estaremos ali preparando
o novo contingente de servidores da causa dentro de uma visão harmonizada com
as implicações da hora presente. Dessa forma, estaremos retirando a Casa da
feição de uma “ilha paradisíaca de espiritualidade”, projetando-a ao meio
social e adestrando seus partícipes a superarem sua condição sem estabelecer
uma realidade fictícia e onerosa,
insufladora
de conflitos e de medidas impositivas, longe das reais possibilidades de
transformação que a criatura pode e precisa efetivar em si mesma.
Interagindo
com o meio, em permuta incessante de valores e experiências, o centro espírita
sai da condição de um reduto isolado no cumprimento de sua missão e passa a
delinear a formação de uma rede de intercâmbios, fenômeno esse que vem
abarcando a humanidade inteira sob a designação de globalização.
Contudo,
a interação da casa doutrinária com o meio deve ser ativa a ponto de
transformar-se em pólo irradiador de benesses a outras co-irmãs e, igualmente,
para o agrupamento social no qual encontra-se inserida.
Por isso,
mais uma vez torna-se imprescindível renovar conceitos e reciclar métodos, a fim
de atingirmos os patamares de instituições multiplicadoras da mentalidade
imortalista e fraternal.
Esse
processo de interação social reclama posturas novas, dentre elas a de abrir
canais de permanente relação inter-institucional, na qual o centro espírita
catalise fulcros de cultura e modelos experimentais, transformando se em
ambiente de diálogo e convivência para dirigentes e trabalhadores de outros
grupos afins, passando suas vivências e aperfeiçoando suas realizações, ao
tempo em que se converte em pólo espontâneo da união entre co-idealistas, no
regime do mais livre pluralismo de concepções
acerca dos postulados espíritas.
Mais uma
vez a visão futurista do Codificador, prenunciando esse tempo, levou-o a
declarar: “esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando
observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que
um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento:
o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã”.
A criação
desses pólos são medidas salutares contra o isolacionismo e, pela sua
característica essencial de fortalecimento de ideias, ensejam uma relação mais
participativa, descentralizadora, operando entre os grupos a prática da
solidariedade.
Incentivaremos
não só a renovação cultural nas casas espíritas, mas também a estruturação das
entidades específicas que, pela sua neutralidade institucional, obterão um
trânsito mais intenso junto à seara na dinamização de um arejamento cultural,
no atendimento das necessidades humanas que abarrotam em solicitações e demandas.
Há
serviço intenso a realizar, e devemos ver com bons olhos a multiplicidade de
funções e a diversificação de medidas em favor dos clamores da sociedade.
Os
dirigentes, ricos de boa-vontade e espírito cooperativo, anseiam por novos
horizontes, todavia, tem faltado quem se disponha a dividir vivências ou a
edificar um ambiente que se constitua verdadeira oficina de ideias e diálogo
para a criação de caminhos novos.
Serão
esses pólos as cooperativas de afeto cristão que
permitirão
aos servidores e condutores das responsabilidades doutrinárias renovarem
esperanças, quebrando os circuitos de rotina dentro do labirinto de obrigações
a que se renderam no ramerrão do centro espírita. Serão pólos de arejamento e
solidariedade mútua regidos por intenso e espontâneo desejo de somar que, em
última análise, é a unificação no que de mais sublime exprime o sentido dessa
palavra.
Estamos,
portanto, meus irmãos e amigos do coração, instaurando o período da unificação
ética, da maioridade das ideias espíritas através do melhor aproveitamento
individual dos seareiros dispostos a mais amplos vôos de renúncia, sacrifício e
amor à causa.
Assim,
todos nós aqui hoje reunidos estamos convocados a
cerrar
esforços continuados ao programa renovador
de nosso abençoado
movimento espírita, com vistas a ampliar na humanidade a mensagem de esperança
e libertação, trazida por Jesus e explicada com lucidez pelo trabalho de Allan
Kardec.
Estamos
em campanha.
Campanha
pela unificação com amor.
Campanha
pela renovação das atitudes.
Temos um
problema na Seara: as más atitudes
.
Temos uma
solução para a Seara: novas atitudes.
Seja essa a nossa campanha no bem pelos tempos novos a que todos somos chamados.
Todos
aqui, mormente os que se acostumaram à docilidade e ternura de meu coração, não
se surpreendam com a franqueza de minhas palavras.
Estejam
certos que o sentimento é o mesmo e sempre será.
A clareza
e a definição de minha fala são em obediência incondicional e servil a ordens
maiores que cumpro em nome do Espírito Verdade.
Sem
perder a fraternidade, vós outros que têm o acesso livre pela palavra mediúnica
levai essa mensagem ao conhecimento de todos. Aqueles que hoje aqui se encontram
temerosos ante as novas chances que logo envergarão na carne, levai convosco a
esperança de que em plena infância serão bafejados pelas claridades desse momento
de renovação, dentro e fora das movimentações espirituais a que se
matricularão. Aqueles que servem a outras fileiras de obrigações junto à humanidade,
cooperem com nosso ideal incentivando a superação dos preconceitos e abrindo
picadas para a penetração das ideias espíritas frente à sociedade.
Enaltecendo
a comemoração, da qual ainda agora quase todos aqui presentes tivemos a bênção
de acompanhar junto aos irmãos no Congresso Espírita Brasileiro, peçamos ao
Senhor da Vida que fortaleça sempre os ideais em nosso coração, para que as
medidas salvadoras representem mãos estendidas e guiadas pelo coração sempre
pulsante no bem, em favor das lutas e do aprendizado daqueles que receberam de
Deus a gloriosa oportunidade de regressarem à carne no torrão brasileiro,
fruindo das benesses do Consolador Prometido. Amparemos nossa bendita Seara em seus
novos dias, relembrando sempre a nossos tutelados a importância do amor.
Rememoremos
como fonte inspiradora de nossa campanha a sublime e inesquecível fala de nosso
Mestre: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns
aos outros”.
Bezerra
de Menezes
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