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SANTO AGOSTINHO E A PATRÍSTICA
BIBLIOGRAFIA
O PENSAMENTO FILOSÓFICO DA ANTIGUIDADE – Huberto Rodhen – Edit Alvorada
OS PENSADORES – SANTO AGOSTINHO – Edit Nova Cultural
HISTÓRIA DA FILOSOFIA – H.Padovani/L.Castanhola – Ed. Melhoramentos
AGOSTINHO – Huberto Rohden – Edit. Alvorada SITE www.mundodosfilosofos.com.br/agostinho.htm
REFLEXÃO
A TRANSMISSÃO DOS PECADOS Uma das teses basilares de Santo Agostinho é a imputabilidade dos pecados à humanidade por ter seu antepassado Adão caído em tentação quando vivia no Éden e de lá ser expulso. Na Justiça Humana nenhum cidadão é culpado pelo crime cometido por um seu antepassado, pai, avô, bisavô ou outro. Estaria a Justiça Humana, neste aspecto, inconforme com a Justiça Divina onde o antepassado Adão legou uma pena criminal aos seus descendentes?
TEMA (Presente) “A inveja, a raiva e os insultos, quando não aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo”.
1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por objetivo nos mostrar a vida de Agostinho de Hipona que foi o principal filósofo e religioso da Patrística, os padres da Igreja. Esse período se inicia com os apologistas do cristianismo que foram os primeiros pensadores defensores do cristianismo nascente. Esse período abrange os cinco séculos da era cristã do séc. II ao séc. VIII dC. O neoplatonismo e as demais doutrinas surgidas neste período foram seus grandes adversários neste período de formação da doutrina da Igreja de Roma e neste aspecto Agostinho tem fundamental importância.
2ª PARTE: INTRODUÇÃO
O pensamento cristão dessa época se superpõe ao período religioso. Compreende três partes: 1- o cristianismo, isto é, o pensamento do Novo Testamento enquanto solução para o problema do mal; 2- a Patrística, a que se deve a construção da teologia católica e, 3- a escolástica, isto é, o pensamento cristão desde o séc. IX ao XV, criador da filosofia cristã verdadeira e própria. Os fatores históricos ligados ao cristianismo são: a religião israelita da qual toma o teísmo, o conceito de uma revelação divina na história, bem como o de um reparador do mal e do pecado; o pensamento grego que justifica os pressupostos metafísicos; e o direito romano sistematiza o novo organismo social, a igreja.
3ª PARTE: A PATRISTICA PRÉ-AGOSTINIANA
Com o nome de Patrística entende-se o período do pensamento cristão dos séculos II a VIII em alusão aos padres da Igreja. Esse período é dividido em três partes: pré-agostiniano, agostiniano e pós- agostiniano. Na Patrística pré-agostiniana do século II destacam-se os apologistas (aqueles que faziam apologia à doutrina do Cristo). Defendiam o cristianismo do paganismo, do hebraísmo e das doutrinas contrarias as da Igreja, chamadas heresias. Entre estes apologistas encontra-se Justino. No século III destacam-se os alexandrinos, Clemente e Orígenes e o africano Tertuliano. Enquanto os padres alexandrinos têm grande estima pelo pensamento helênico e procuram assimilá-lo
com o cristianismo, em harmonia com índole especulativa dos gregos, os padres africanos (África do Norte), se voltam mais a índole prática, própria do gênio latino. O século IV é o apogeu da Patrística e nesta época o cristianismo se encontra dividido através da igreja oriental grega e a ocidental latina. A Patrística neste período é mais dogmática e teológica que científica e filosófica. Os padres gregos dedicam-se as questões especulativas ao passo que os latinos se dedicam aos problemas práticos, morais, disciplinares e políticos.
4ª PARTE: A VIDA DE AGOSTINHO E O MOMENTO HISTORICO
Santo Agostinho está para a Patrística como Sócrates está para a filosofia grega. Ele se inspira no neoplatonismo e através do seu gênio consegue fundir o caráter especulativo da Patrística grega com o caráter prático da Patrística latina. Agostinho está sempre envolto com os problemas práticos e morais: o mal, a liberdade, a graça e a predestinação. Aurelius Augustinus nasceu em Tagaste, norte da África, província romana da Numídia (hoje cidade de Souk Ahras na Argélia) em novembro de 354, num contexto em que o Império Romano estava sendo destruído pelos invasores bárbaros. Sua mãe, Mônica, cartaginesa, era cristã fervorosa, condição não compartilhada pelo pai, Patrício, romano, que era pagão. Ela exerceria notável influência religiosa sobre o filho. Os primeiros estudos (primário) foram feitos na cidade natal e em Madaura, cidadezinha próxima, continuou o estudo (ginásio). Em menino não deixava de perceber a lamentável discórdia que separava as almas de seus progenitores o que influenciaria a vida desregrada de sua adolescência. Aos 16 anos segue para Cartago fazer estudo de humanidades. Cartago era uma das cinco grandes metrópoles do império romano juntamente com Roma, Constantinopla, Antioquia e Alexandria. Morre, nesse período, seu pai Patrício. Um grande amigo da família, de nome Romanianus custeia os estudos do jovem em Cartago. Aos 19 anos Agostinho se une a Melânia e desta união oficiosa nasce Adeodato. Vive esse matrimonio oficioso por longo período de sua vida para posteriormente se unir a uma italiana escolhida por Mônica. Fato esse recebido passiva e heroicamente por Melânia e que marca sobremaneira a vida de Agostinho. Em Cartago leciona por iniciativa própria humanidades, filosofia e retórica. Torna-se um estudioso e tem admiração por Cícero que lhe influenciou através da obra Hortensius. Houve igualmente muitas leituras sobre o evangelho de Jesus. Torna-se grande amigo de Alípio, filho de Romanianus que o segue pela vida toda. Abraça o maniqueísmo e se torna o grande propagador desta doutrina enquanto vive em Cartago. Ao terminar seus estudos volta a Tagaste deixando Melânia e o filho em Cartago. Na cidade natal tem fortes desentendimentos com a mãe. Vai morar com Romanianus e seus filhos numa rica mansão. Tem tempo para seus estudos e divulgação do maniqueísmo. Volta a Cartago novamente por nove anos como professor de retórica nessa cidade. Em 383 abandona esta doutrina e segue para lecionar em Roma. Não tem muito sucesso e fica por um ano. Segue para Milão onde conseguiu por influência de amigos um emprego público, numa escola. Aí numa situação econômica estável, trás toda a família, companheira Melânia e amigos para morar nesta nova cidade. Não oficializa o casamento com ela. Resolve juntamente com a mãe procurar uma nova esposa, porém não se casa com ela. Melânia aceita o fato passivamente, voltando a Cartago. Em 388 empreende retorno para a África. Antes desse embarque, morre Mônica. Um ano depois, já em Tagaste, morre Adeodato, aos 25 anos. Agostinho é convidado para a igreja de Hipona por Valério e torna-se o presbítero de lá. Após a morte de Valério, torna-se bispo de Hipona aos 41 anos e lá se mantém até o final de sua vida. Em 410, Alarico conquista Roma e não tarda para Cartago cair em mãos dos bárbaros vândalos em 429. Em 430, aos 76 anos falece Agostinho.
5ª PARTE: AS OBRAS – AS CONFISSÕES – A CIDADE DE DEUS
Agostinho escreveu 103 obras sendo Confissões (397), Cidade de Deus (413) e Trindade (399 / 422) as mais importantes. Em Confissões, escreve sobre o inicio de sua vida, os desvarios de sua mocidade, seu arrependimento, sua conversão ao cristianismo, discute questões filosóficas sobre o conceito de tempo e a presença do mal no mundo. Em a Cidade de Deus seus principais temas são: a vontade humana, a relação entre teologia e razão e a divisão da história em duas “cidades” uma formada pelo amor próprio e a outra pelo amor de Deus. O problema da História resolve-o com os conceitos de Criação, Pecado Original e de Redenção.
Seu pensamento maduro foi bastante influenciado pela filosofia de Platão, o neoplatonismo assim como pelo Evangelho.
6ª PARTE: AGOSTINHO E O MANIQUEISMO
O maniqueísmo foi uma doutrina concebida pelo sacerdote persa Mani que viveu no século III. É uma mistura imaginosa de elementos gnósticos, cristãos e orientais sobre as bases da religião de Zoroastro (Mazdeismo ou Zoroastrismo). Admite dois princípios: um do Bem ou Princípio da Luz e outro do Mal, ou Princípio das Trevas. No homem, esses dois princípios são representados por duas almas: a corpórea que é a do mal e a luminosa que é a do bem. Pode-se chegar ao predomínio da alma luminosa através de uma ascese particular. O maniqueísmo foi muito difundido no Oriente e no Ocidente sendo que aqui ela durou até o século VII. Nesta condição de filósofo e teólogo cristão passa a polemizar com os maniqueus até se confrontar com Manique Fortunato, líder maniqueísta. Agostinho dedicou grande numero de obras a sua refutação. A visão dualista dos maniqueus contraria a concepção agostiniana que Deus é bom e a maldade vem dos homens, ou seja, nega a realidade metafísica do mal. O Mal não é ser, mas privação de ser como a obscuridade é a ausência de luz.
7ª PARTE: AMBROSIO – A CONVERSÃO – O NEOPLATONISMO E O BISPADO
Foi em Milão que Agostinho conhece pessoalmente Ambrósio, bispo dessa cidade e considerado filósofo também, responsável maior pela conversão do africano de Tagaste. Converte-se oficialmente ao cristianismo e é batizado juntamente com seu filho Adeodato e seu amigo Alípio. Após esta ocorrência em 386 ele dedica-se inteiramente aos estudos das escrituras, da teologia revelada. Agostinho renuncia ao mundo, à carreira e ao matrimonio. Retira-se, durante alguns meses, para a solidão e o recolhimento em companhia da mãe, do filho e de alguns discípulos para Cassicíaco, próximo de Milão. Na Páscoa de 387, aos 33 anos de idade, juntamente com o filho Adeodato e o amigo Alípio recebem o batismo das mãos de Ambrósio. Apesar de ter tido contato com o neoplatonismo em Cartago foi após conhecer alguns discípulos de Plotino que se aproxima mais dessa doutrina. Ela viria ser a ponte que permitiria Agostinho dar o aspecto filosófico e racional às suas teses teológicas. Após a morte de Mônica em Aosta, Agostinho retorna a Tagaste com os amigos mais fiéis, vende os bens da família e resolve levar uma vida monástica construindo para tanto um retiro adequado para passar o restante de sua vida. Os planos mudam quando num dia do ano de 391 o bispo Valério de Hipona o convida para ser o presbítero desta igreja. Com o passar do tempo, Valério vem a falecer e o cargo passa a ser ocupado por Agostinho até seus últimos dias em 430.
8ª PARTE: AGOSTINHO X PELÁGIO
O pelagianismo é uma doutrina do monge inglês Pelágio que no início do século V ensinou em Roma e Cartago. Em polemica com Santo Agostinho, a doutrina pelagiana dizia que o pecado de Adão não enfraqueceu a capacidade humana de fazer o bem, mas é apenas um mau exemplo, que torna mais difícil e penosa a tarefa do homem. Agostinho combateu essa tese em muitas obras, a partir de 412, defendendo tese oposta: de que toda a humanidade pecava com Adão e em Adão e que, portanto, o gênero humano é uma única totalidade condenada. Nenhum de seus membros pode escapar a punição à não ser por misericórdia e pela graça de Deus. Em 409 se defronta com Pelágio quando este visita Cartago.
9ª PARTE: A GNOSIOLOGIA E A METAFISICA AGOSTINIANA
Agostinho admite que os sentidos, como o intelecto são fontes de conhecimento. Para que se realize o conhecimento intelectual humano são necessárias às forças naturais do espírito, mas é mister uma particular e direta iluminação de Deus. Quanto à natureza divina, Agostinho possui uma noção exata, ortodoxa, cristã: Deus é poder racional, infinito, eterno, imutável, simples, espírito, pessoa, consciência o que era excluído pelo platonismo. Deus é ainda Ser, Saber e Amor. Deus é concebido como livre criador. Agostinho tratou em especial as relações entre Deus e o tempo. Deus não está no tempo, pois antes da criação não havia o tempo. Quando tratava da inteligência, dizia que ela era de origem divina.
Divide-se em intelecto intuitivo e razão discursiva e dá primazia à vontade. No homem a vontade é amor, no animal, é instinto e nos seres inferiores, cego apetite.
10ª PARTE: A MORAL AGOSTINIANA E O MAL
A teoria da graça e da predestinação constitui o cerne da filosofia agostiniana assim como a dualidade dos eleitos e dos condenados. É a estrutura explicativa da filosofia da História. Esta é vista pelo bispo de Hipona como resultado do pecado original de Adão e Eva que se transferiu a todos os homens. Aqueles que persistem são permanentemente castigados e os eleitos pela graça divina edificam a cidade de Deus e vivem em bem-aventurança eterna. Agostinho assim pensava porque estava contemplando a destruição final do Império Romano, depois do saque de Roma por Alarico em 410 e precisava dar uma resposta aos que acusavam o cristianismo de responsável pelo desastre. Para ele não era desastre, mas a mão de Deus castigando os homens da cidade terrena. Agostinho foi profundamente impressionado pelo problema do Mal. O Mal moral entrou no mundo humano pelo Pecado Original, por isso a Humanidade foi punida com o sofrimento físico e moral, além de ter sido penalizado também com a perda dos dons gratuitos de Deus. Remediou o Mal moral com a Redenção de Cristo, que restituiu a humanidade os dons sobrenaturais e a possibilidade do bem moral, mas deixou permanecer o sofrimento, consequência do pecado, como meio de purificação e expiação. A alma não pode se salvar por suas próprias forças. A queda do Homem é de inteira responsabilidade do livre arbítrio humano, mas este não é suficiente para fazê-lo retornar as origens divinas. A salvação não é uma questão de querer, mas de poder. E esse poder é privilégio de Deus. Chega-se assim, a doutrina da Predestinação e da Graça, uma das pedras de toque do agostinismo. Calvino se servindo das teses agostinianas leva a Predestinação às últimas consequências.
11ª PARTE: A PATRISTICA POS-AGOSTINIANA E SUA DECADÊNCIA
Com Agostinho a Patrística chega a seu apogeu e depois dele vai decaindo. A linha teológica dessa filosofia ou teologia foi cristalizada em torno do pensamento agostiniano. Existem também os motivos chamados exteriores que são: a decadência do Império Romano, a cisão do cristianismo em oriental e ocidental, a invasão do império pelos bárbaros do norte e posteriormente as investidas pelos árabes. Depois da queda política, a Igreja é a herdeira do Império Romano, sua cultura e sua espiritualidade. Ela é responsável pelo aculturamento dos bárbaros cuja intelectualidade é baixa em relação a eles. O único filósofo de destaque no período pós-agostiniano (séc V ao séc IX) foi Boécio. Pouca inovação filosófica houve no período pós-agostiniano a não ser a organização eclesiástica da Igreja de Roma. Novo período filosófico, denominado Escolástico, vem se estabelecer do séc. IX ao séc. XVI.
12ª PARTE: CONCLUSÃO
As doutrinas são efêmeras, ou de longa duração, e isto ao quanto de verdadeiro ela encerra. Quanto mais próxima da Verdade, maior sua duração. Muitas são como modismos, cuja ascendência e decadência têm período curto. Por outro lado, quando possuem bases firmes, dentro de uma racionalidade e de uma lógica, elas se perpetuam. Tomemos como exemplo a doutrina do Cristo. Ela se perpetua em nossa cultura há mais de dois mil anos e se mantém atualizada porque se trata de uma doutrina consistente e verdadeira.
Alan Krambeck
13ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima Aula: Livro 1 – Capítulo 13 – Abelardo – Averrois – Escolástica pré-tomística – Questão dos Universais Leitura: O PENSAMENTO FILOSÓFICO DA ANTIGUIDADE – Huberto Rodhen OS FILÓSOFOS – J Herculano Pires – Ed FEESP Filme: Em Nome de Deus
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