Páginas
- Página inicial
- A Mediunidade sem Lágrimas - Eliseu Rigonatti
- Vídeos
- IPEAK - Instituto de Pesquisas Espírita Allan Kardec
- Séries Psicológicas de Joanna de Ângelis
- Diretrizes Seguras para Desenvolver o Auto amor
- Federação Espírita do Mato Grosso
- Material para o Auto Conhecimento
- Escolinha Espírita
- Material Didático à Evangelização
- Spiritualistic School for Children
domingo, 14 de fevereiro de 2016
CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 1 – CAP 20
(utilize o site: ifevale.org.br)
HEGEL - A DIALÉTICA - A FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO
BIBLIOGRAFIA
FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – M Lucia A Aranha – Edit. Moderna.
HEGEL - Os Pensadores – Edit. Nova Cultural.
NOÇÕES E HISTÓRIA DA FILOSOFIA - Manoel P São Marcos – Ed. FEESP. 50 GRANDES FILÓSOFOS – Diané Collinson – Edit. Contexto.
SITE www.mundodosfilosofos.com.br/hegel.htm
REFLEXÃO
O ESCRAVO DO ESCRAVO
O Senhor feudal na cadeira de balanço da varanda de sua casa goza os prazeres da vida. Ele não cultiva o jardim, não cozinha seus alimentos, não conserta a fiação e nem pinta o seu muro: ele tem o escravo para isso. O senhor não conhece mais os rigores do mundo material. Ele enxerga o seu poderio no olhar submisso de seu escravo. Aquele é livre enquanto este se submete ao poder daquele. Esta situação vai se transformar dialeticamente porque a posição do senhor abriga uma contradição interna: ele só é senhor em função da existência do escravo. O senhor só o é porque é reconhecido como tal pela consciência do escravo e também porque vive do trabalho desse escravo. Nesse sentido o senhor é uma espécie de escravo do seu escravo. De repente o escravo que passa não mais temer a morte e vai encontrar uma nova forma de liberdade. Torna-se livre e independente. O Senhor vai de uma hora para outra se encontrar numa situação de dependência e se tornará o escravo de seu afastamento do mundo?
TEMA (Vida) “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando- se para frente.” (Kierkegaard).
1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA
Esta aula tem por objetivo a familiarização com o filósofo Hegel, um dos expoentes do Idealismo alemão. Seu pensamento tem fundamentos racionalistas e serviu de base tanto para posteriores movimentos políticos de esquerda como de direita.
2ª PARTE: VIDA E OBRAS
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) nasceu em Stuttgart na Alemanha. Fez seus estudos básicos com ênfase em gramática até os 18 anos. Neste período fez uma vasta coleção de extratos de autores clássicos, artigos de jornal, trechos de manuais e tratados usados na época. Esse colossal fichário, ordenado alfabeticamente, lhe foi útil à vida toda. Filho de um funcionário público, Hegel foi para Tübingen (seminário protestante) em 1788 e saiu de lá em 1793, onde estudou teologia e filosofia. Deixando o seminário, ele não trabalhou como pastor, mas como tutor (preceptor) particular em Berna (Suíça), por três anos, período no qual escreveu alguns trabalhos só publicados após a morte.
Em um destes trabalhos investiga porque a ortodoxia cristã (intransigência em relação a tudo quanto é novo) impunha um sistema de normas arbitrário, sob a alegação de que eram normas reveladas, quando Cristo, ao contrário, havia ensinado uma moralidade racional, uma religião que, diferente do Judaísmo, estava adaptada à razão dos homens. Os problemas religiosos do Cristianismo é sua principal preocupação. Atacou sempre a ortodoxia, não a doutrina propriamente. Acreditava na doutrina do Espírito Santo e para ele o espírito do homem, sua razão, é a vela do Senhor. Essa fé de base religiosa na Razão é o fundamento de todo o trabalho de Hegel. Em 1798 reexaminou os ensaios escritos em Berna e escreveu O Espírito do Cristianismo e seu Destino que foi publicado postumamente em1907. Este é um dos trabalhos mais importantes de Hegel, onde mostra que os judeus eram escravos da Lei de Moisés, vivendo uma vida sem amor em comparação com a dos gregos antigos. Jesus ensinou que o Reino não pode realizar-se neste mundo: o homem não é somente espírito, mas também carne. Igreja e Estado, adoração e vida, piedade e virtude, ação espiritual e mudança nunca podem dissolver em uma coisa só. É a partir desse pensamento religioso que começa a aparecer sua ideia de uma síntese de polos opostos, tais como infinito e finito. Após a sua graduação, foi autodidata e em 1799 começou a trabalhar com Schelling na Universidade de Jena. Forçado pelas guerras napoleônicas se transferiu para Nuremberg onde se tornou diretor de ginásio. Casou-se com Marie Von Tucher, mais nova que ele 22 anos, com quem teve dois filhos, Karl que tornou-se eminente historiador e Immanuel, teólogo. Em Nuremberg 1812, Hegel trabalhou em sua obra Ciência da Lógica, publicada entre 1812 e 1816. O sucesso desse trabalho lhe rendeu três oportunidades de exercer a pedagogia. Lecionou em Erlangen, Berlim e Heidelberg. Ele aceitou esta última, em 1817 publicou a Enciclopédia das Ciências Filosóficas que eram a exposição de suas ideias utilizadas nas aulas em Heidelberg. Foi convidado a lecionar na Universidade de Berlim em 1818, tornando-se reitor em 1830 e vindo a falecer vitima de cólera no ano seguinte. Hegel concebeu um modelo de análise da realidade que influenciou Marx, Rousseau, Goethe e até Wagner. Ele se debruçou sobre domínios diversos como lógica, direito, religião, arte, moral, ciência e história da filosofia, e em todos eles viu a manifestação do Espírito Absoluto que se materializava através da História da Humanidade. Foi um dos mais influentes filósofos alemães do século 19. Na filosofia hegeliana, a dialética permitiu compreender e elucidar a racionalidade do real, celebrizada na frase: “O racional é real e o real é racional”.
3ª PARTE: O ESPÍRITO DO MUNDO - FILOSOFIA DA HISTÓRIA – A RAZÃO
Para Hegel o “Espírito do Mundo ou Razão do Mundo” é a soma de todas as manifestações humanas, dos conhecimentos, da cultura, dos pensamentos, das leis, dos comportamentos, porque a seu ver, só o homem possui um espírito. Nesse sentido, Hegel pode falar do espírito do mundo através da história. Sua filosofia é no fundo um método para se entender o curso da História. A filosofia de Hegel não nos ensina nada sobre “a natureza mais profunda da existência”. Todos os sistemas filosóficos anteriores a Hegel tinham tentado estabelecer critérios eternos para o que o homem pode saber sobre o mundo. Todos falaram sobre premissas atemporais para o conhecimento do homem sobre o mundo. Hegel achava impossível encontrar tais pressupostos atemporais. Ele acreditava que as bases do conhecimento humano mudavam de geração para geração. Por consequência não existiam “verdades eternas” para ele. Não existe uma razão desvinculada de um tempo, o único ponto fixo a que se pode ater é a própria história. Para Hegel, a história vive mudando tal como a corrente de um rio que flui constantemente. Isto não significa, porém, que não possamos falar sobre este rio. Só não podemos perguntar em que ponto do vale o rio é “mais verdadeiro”. O menor movimento na água num certo ponto é condizente com o que está rio acima. Só que também são importantes as pedras e as curvas que existem no rio, bem como o ponto em que você se encontra e o observa. A história do pensamento, ou da razão, também é como uma corrente do rio. Ela contém todos os pensamentos formulados por gerações de pessoas antes de você; e todos esses pensamentos determinam sua maneira de pensar do mesmo modo como também o fazem as condições de vida do seu próprio tempo. Assim, não podemos afirmar que determinado pensamento está certo para sempre. Este pensamento pode estar certo no ponto em que você se encontra. Uma coisa pode ser certa ou errada apenas em relação a um contexto histórico. Por exemplo: há cerca cem anos, não era tão insensato assim queimar extensas áreas de florestas para transformá-las em campos de cultivo. Hoje
isto é uma insensatez descabida. É que hoje possuímos outras, e melhores, premissas para este julgamento. Hegel diz que a razão também é algo dinâmico, um processo. E a “verdade” não é outra coisa senão este processo. É que fora do processo histórico não existe qualquer critério capaz de decidir sobre o que é mais verdadeiro e o que é mais racional. Para Hegel não podemos separar uma filosofia ou um pensamento de seu contexto histórico. A razão é progressiva, pois sempre se acrescenta algo de novo. O mundo sempre existiu, mas por meio da cultura e da evolução do homem o “Espírito do Mundo” se torna cada vez mais consciente de suas peculiaridades. Demonstra de forma inequívoca a evolução a uma racionalidade e liberdade maior.
4ª PARTE: FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO – MANIFESTAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
A palavra “fenomenologia” quer dizer “ciência do fenômeno”, ou ciência de tudo o que se manifesta na consciência, e serve para indicar o saber que o espírito adquire de si mesmo ao longo de uma série de experiências na qual a consciência estuda sua própria formação. Nada existe pronto, nem na natureza nem no espírito; tudo é processo, movimento que surge para logo desaparecer, numa gênese perpétua que nunca termina. Podemos comparar o espírito humano a uma composição musical (às vezes bem dissonante), onde o som que vibra neste momento logo se esvai para o próximo som aparecer em seu lugar, e assim sucessivamente. O espírito não conhece limite, sempre quer tudo, mas é preciso aprender a escolher, dentre as contingências que se oferecem aquelas que conduzam a algo essencial e tragam a promessa de uma necessidade da qual ele não pode abrir mão. A necessidade principal do espírito é conhecer-se a si mesmo e tornar-se transparente para si. Ao iniciar esse processo de conhecimento, ele se dá conta, porém, do desejo de perdurar que o saber suscita, e, deste modo, acaba por descobrir a pulsão infinita que o impele para a eternidade. De qualquer forma, o mundo é muito pouco para o espírito. Ele quer sempre mais, quer encontrar o espírito infinito de Deus e com ele reconciliar-se, como se o homem expulso do paraíso pudesse recuperar um dia o que perdeu por causa de uma tentação momentânea. A tentação, recordemos, era trocar a inocência primitiva pelo conhecimento do bem e do mal, proporcionado pela árvore da ciência. As estações principais dessa viagem espiritual são: consciência, autoconsciência, razão observante e razão atuante; depois, o espírito mesmo como espírito ético, o espírito educado (ou formado) e a consciência moral; e, finalmente, o espírito religioso em suas diversas manifestações. O que parecia um caos no começo se organiza no fim, já sob a forma da ciência da consciência, deixando entrever que o espírito humano e o divino se encontram para celebrarem a perfeição final em que ambos se sabem unidos. Essa gênese espiritual, em seu completo desenvolvimento, é o que ele chama de “fenomenologia do espírito”, isto é, a descrição completa das figuras de consciência nas quais o espírito se manifesta como aquele que, pouco a pouco, aprende a se conhecer. O espírito do mundo se desenvolve através três estágios dos momentos dialéticos de subjetivo (individual), objetivo (social) e absoluto (Deus). Este último, por sua vez, se desenvolve em arte (expressão do absoluto na intuição estética), religião (expressão do absoluto na representação mítica), filosofia (expressão conceptual, lógica e plena do absoluto). Dentre elas, a filosofia é a forma mais elevada da razão, pois na filosofia o espírito do mundo reflete sobre o seu papel na história. Portanto, só na filosofia é que o espírito encontra a si mesmo. Desse ponto de vista, a filosofia pode ser considerada o espelho do espírito do mundo. A gênese do espírito é, ao mesmo tempo, lógica e histórica. Isto quer dizer que a necessidade lógica está presente em toda a parte, funcionando dentre alternativas precisas e bem definidas para produzir o saber necessário, mas esse saber, por mais lógico que seja nunca deixa de depender de circunstâncias contingentes, que o acaso histórico faz surgir aqui e ali. Mas, ao mesmo tempo, a história jamais deixa de ter um sentido, porque aquilo que parecia ser apenas fruto do acaso acaba por revestir a forma lógica. O acaso sempre se transforma em necessidade, aquilo que aconteceu acontecido ficou, não pode ser desfeito e recai sobre nós com a força de um fato consumado. É o que Hegel chama de “história pensada”. Tudo o que parecia separado conflui na direção dessa história, como os afluentes de um rio em direção à sua foz: o contingente (ou acaso), a liberdade (arbítrio organizado) e o necessário (curso do mundo).
Esses elementos se solicitam uns aos outros, e, apesar de opostos, tendem a formar uma “unidade de contrários”. Sua relação é chamada “dialética”, por causa de sua interdependência, já que nenhum deles pode existir sem estar em diálogo com os demais.
5ª PARTE: A DIALÉTICA (TESE, ANTÍTESE E SÍNTESE)
O termo “dialética” havia sido empregado por Platão e Aristóteles. Para o primeiro, ele significa o confronto ou a comparação de opiniões por meio do diálogo, para que dessa relação nasça a verdade. Para Aristóteles, significa a ascensão do sensível ao inteligível por meio da comparação das formas particulares sensíveis, para atingir a generalidade da verdade. O sentido que Hegel atribui à dialética assemelha-se mais ao de Platão, pois inclui a ideia de superação de opiniões opostas para encontrar a verdade. Mas a dialética para Hegel, não é apenas uma lógica ou um método. A dialética hegeliana é antes uma teoria do ser, uma ontologia. Não é apenas a maneira correta de pensar a realidade e sim a própria estrutura da realidade em todos os seus aspectos. O sistema de articulação dos fenômenos não é concebido separadamente da realidade. Ao contrário é esta abordada na sua totalidade, que impõe ao filósofo a única estrutura possível para a compreensão do real. A dialética é a estrutura contraditória do real, que no seu movimento constitutivo passa por três fases: a tese, a antítese e a síntese. Ou seja, o movimento da realidade se explica pelo antagonismo entre o momento da tese e a antítese, cuja contradição deve ser superada pela síntese. Para melhor entender o processo vejamos o que Hegel diz a respeito do verbo alemão Aufheben. Essa palavra quer dizer em primeiro lugar, “suprimir”, “negar”, mas também entendemos no sentido de “conservar”. Aos dois sentidos acrescenta-se um terceiro, o de “elevar-se a um nível superior”. Esclarecendo com exemplos: quando começo a esculpir uma estátua, estou diante de uma matéria prima, a madeira, que depois é negada, isto é, destruída na sua forma natural, mas ao mesmo tempo conservada, pois a madeira continua existindo como matéria, só que modificada, e elevada a um objeto qualitativamente diferente, uma forma criada. Portanto, o trabalho nega a natureza, mas não a destrói, antes a recria. Da mesma forma, se enterrarmos o grão de trigo, ele morre (dá a negação do trigo); desaparece como o grão para que a planta surja como espiga; produzido o grão a planta morre. Este processo não é sempre idêntico, pois ocorrem alterações nas plantas, resultantes do aparecimento de qualidades novas (evolução das espécies). Segundo a concepção dialética, a passagem do ser ao não-ser não é aniquilamento, destruição ou morte pura e simples, mas movimento para outra realidade. Os três grandes momentos do vir-a-ser (o devir) dialético da realidade são: a Ideia, a Natureza e o Espírito, que representam a passagem da Ideia, ou seja, a passagem da Razão ao Espírito. Como ponto de partida do devir, Hegel coloca não a natureza (matéria), mas a Ideia pura (tese). Esta para se desenvolver, cria um objeto oposto em si, a Natureza (antítese), que é a ideia alienada, o mundo privado de consciência. Da luta destes dois princípios nasce uma síntese, o espírito, há um tempo pensamento e matéria, isto é a Ideia que toma consciência de si através da natureza. O mundo é a manifestação da Ideia. A história universal é a manifestação da Razão, pois o “real é a racional e o racional é real”.
6ª PARTE: CONCLUSÃO Hegel propõe em sua filosofia que o estado está acima da família e esta por sua vez acima do indivíduo em se tratando de uma escala de valores e interesses. Ou seja, o coletivo é prioritário ao individual. Ele identifica o estado com o Absoluto. Este pensamento deu origem aos governos totalitários do século XX Alan Krambeck
7ª PARTE: MÁXIMA/LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA A PRÓXIMA AULA.
Próxima aula: Livro 1 Capítulo 21 – Bergson – A Intuição Leitura: A FILOSOFIA CONTEMPORÃNEA - Huberto Hoden BERGSON – Os Pensadores – Edit. Nova Cultural 50 GRANDES FILÓSOFOS – Diané Collinson – Ed. Contexto.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por sua mensagem. Será publicada após aprovação.