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ESPINOSA – O PANTEÍSMO
BIBLIOGRAFIA
A FILOSOFIA CONTEMPORANEA – Huberto Rodhen – Edit Alvorada
HISTÓRIA DA FILOSOFIA – H Padovani / L Castagnola – Edit. Melhoramentos
NOÇÕES DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA – Manoel P São Marcos – Ed. FEESP FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA – Gilberto Cotrim – Edit. Saraiva.
SITE www.mundodosfilosofos.com.br/espinosa.htm
REFLEXÃO
LIVRE ARBÍTRIO E DETERMINISMO
Afinal o homem tem um livre-arbítrio ou está sujeito a um determinismo? Podemos afirmar que as leis é que são determinísticas? O homem tem o livre arbítrio de fugir do determinismo das leis? Entendemos que o homem é livre para tudo ficando porém ao sabor dos acontecimentos após uma ação livre sua. Se sua ação for a favor das leis naturais tem como efeito seu prazer e sua felicidade. Se sua ação se contrapõe às leis, terá como consequência os desprazeres e o sofrimento.
TEMA
(Tempo) “Depois que o barco afunda, há sempre alguém que sabe como ele poderia ser salvo”.
1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por objetivo apresentar Espinosa um dos grandes pensadores e filósofos que incorporou o racionalismo como base do seu pensamento levando para o lado da metafísica, da ética, da política e da religião. Tem por fim também esclarecer o que é o Panteísmo, termo citado no Livro dos Espíritos.
2ª PARTE: INTRODUÇÃO
Descartes proporcionou um legado filosófico formando discípulos como Espinosa, Malebranche e Leibniz que utilizaram e expandiram os conceitos cartesianos dentro do racionalismo. Partindo do Res Cogito e da Res Extensa Espinosa se firma dizendo que se tratam de dois atributos conhecidos pelo homem de uma série deles contidos na substancia divina. Esta substancia é única e esta em todas as coisas. É o monismo espinosiano conhecido como panteísmo.
3ª PARTE: VIDA E OBRA
Baruch Spinosa, ou latinamente, Bento (ou Benedito) Espinosa, nasceu em Amsterdam (Holanda) em 1632, filho de Judeu-portugueses, de modesta condição social, emigrantes fugitivos da Inquisição na península Ibérica. Foi criado em ambiente judeu ortodoxo, estudando obras de muitos filósofos judeus, tais como Maimônides. Em 1656 (aos 24 anos) foi expulso de casa e formalmente excomungado da comunidade judaica por ter sido considerado herético. Depois disso, ganhou a vida modestamente polindo lentes. Fez amizade com um grupo de protestantes conhecidos como collegiants, uma seita sem sacerdotes. Suas principais obras foram:
1- Tratado da Correção do Intelecto um trabalho no qual evidencia a influencia de Descartes;
2- Ética a qual constitui precisamente seu sistema filosófico e
3- Tratado Teológico-Político que contem toda sua filosofia religiosa e política. Sua obra A Ética foi a que mais chocou os judeus ortodoxos sendo violentamente atacado pelo fato de Espinosa apresentar aí um deus imanente. A própria comunidade cristã-protestante também o consideravam um blasfemador das sagradas escrituras. Aos 25 anos este filósofo já se encontra sem família, fora da sua comunidade, sem riqueza, com saúde debilitada e isolado religiosamente. A amizade de um médico, livre-pensador, porem, o inicia no pensamento cartesiano, nas línguas clássicas e na cultura renascentista. Nos meios religiosos aprendera um cristianismo sem dogmas e de conteúdo essencialmente moralista. Espinosa além de defender uma separação entre estado e Igreja, entre política e religião e entre filosofia e teologia, submete a Bíblia a uma interpretação histórica-crítica baseada na análise gramatical da língua hebraica e da história do povo judeu, e conclui que seus textos estão intimamente ligados ao momento histórico em que eles foram escritos. Eles são basicamente regras de conduta humana, formuladas dentro de determinado contexto, sem constituir, verdades absolutas. Uma tuberculose enfraquecera seu corpo e após alguns meses de cama, Espinosa falece em Haia, precocemente aos 44 anos de idade (1677) deixando uma notável biblioteca filosófica. No século XVII a Europa vive um euforismo cultural soltando-se das amarras religiosas iniciando um período de juventude intelectual E nesse despertar intelectual e cultural da Europa que viveu Benedito Espinosa.
4ª PARTE: ESSÊNCIA – EXISTÊNCIA - TRANSCENDÊNCIA E IMANÊNCIA
Essência, derivado do latim essere que significa ser. É aquilo que é. Aquilo que uma coisa é em sua intima e última natureza. Não é aquilo que ela parece ser em suas manifestações externas e perceptíveis. O que é uma pedra? O que é uma planta? O que é um animal? E finalmente o que é o homem? Eis a pluralidade das coisas. Todas as coisas percebidas apenas pelos sentidos aparecem invariavelmente como existindo dentro de um tempo e de um espaço tendo certa duração e certa dimensão. Tem um determinado quando e um determinado onde. Mas, são duas categorias: de tempo e espaço, duração e dimensão, não objetos reais.
Não existe nenhum objeto real chamado “tempo” nem existe nenhum objeto real chamado “espaço”, são apenas modos de percepção sensitiva, atributos inseparáveis do nosso ver, ouvir, sentir. Tempo e Espaço não pertencem a essência, mas tão somente a sua existência no plano dos fenômenos individuais, enquanto essa coisa é objeto do meu conhecimento sensitivo. Se eu não tivesse sentidos como veículos de percepção, tempo e espaço não existiriam para mim, uma vez que são atributos do meu perceber e conhecer sensório. A ausência da sucessão temporal chama-se eternidade e a ausência da extensão espacial chama-se infinito ou infinitude. Na eternidade e no infinito não há pluralidade, tudo é uno, tudo é simultâneo, tudo é presente, tudo é aqui e agora. Na eternidade ou no infinito termina qualquer categoria de quantidade ou intensidade (sem duração ou dimensão). Assim, por detrás dessa pluralidade das existências individuais esta a unidade da essência. As existências falam em pluralidade e a essência só conhece a unidade. Atingir a essência das coisas existentes é perceber a unidade através da pluralidade e isso é conhecer a verdade. Essa essência una, única, absoluta, universal, infinita não é uma substancia inerte e passiva, mas uma força viva e ativa. Ela é a vida, a inteligência, a consciência, a razão, o espírito em grau ilimitado. Esse conhecimento da essência infinita (Deus) e múltiplo em suas existências é a chave mestra para compreender a filosofia de Espinosa.
A imanência significa o divino presente em todas as coisas, em todos os seres enquanto a transcendência é o divino alem das coisas, fora da criação, que transcende a tudo. Assim, o panteísmo nega a transcendência e afirma apenas a imanência de Deus em todas as coisas não fazendo distinção entre Deus e o Mundo.
5ª PARTE: O PANTEÌSMO ESPINOSIANO – O DEUS IMANENTE
Espinosa pensava que se pudesse conhecer a verdade sobre as coisas que estão no mundo, seria capaz de aprender a agir corretamente e obter bem-aventurança. A base de sua busca pela verdade foi o conceito de substância. O filósofo define substancia como sendo aquilo que existe em si mesmo e é concebida por meio de si mesma. É aquilo que não depende de nada mais para sua existência. E isto é Deus ou Natureza. Insiste Espinosa que o Creador e toda sua creação devem ser uma única substancia. Deus e Natureza são um. Deus é imanente e não transcendente. Considerado como um todo, Deus e Natureza são auto-creados e, portanto completamente livres. É aí que aparece o panteísmo espinosiano. Espinosa quebra a rigidez panteísta desmembrando em dois momentos o conceito: a Natura Naturans (Natureza Criadora) e a Natura Naturata (Natureza Criada). Espinosa realiza a idéia embrionária existente no espírito de Descartes, qual seja um Deus imanente na criação, ou ainda, não uma individualidade dirigindo de fora o Universo, mas, aquela entidade suprema que, imanente em todas as coisas, nelas palpita e as mantém.
6ª PARTE: PENSAMENTO E EXTENSÃO
Espinosa defendia que a substancia única, Deus, possuía uma infinidade de atributos, contudo, o limitado intelecto humano pode conceber apenas dois: o pensamento e a extensão (no dizer de Descartes: a res cogito e a res extensa). Em outras palavras, nós podemos pensar no Universo tanto como um sistema de mentes ou ideias quanto um sistema de entidades físicas. Entretanto, nunca devemos imaginar que o pensamento e extensão como sendo fundamentos separados de sistemas paralelos de existências. Eles são simplesmente aspectos diferentes da substancia única. Espinosa também se refere aos modos que são as modificações da substancia. Assim, um corpo humano, como qualquer outro corpo, é o modo do atributo extensão e a mente humana, é igualmente um modo do atributo pensamento.
7ª PARTE: A DOUTRINA ESPINOSIANA DO DETERMINISMO
O determinismo espinosiano afirma que a miséria humana sempre decorre da privação do conhecimento e por outro lado à felicidade e a tranquilidade de espírito são sempre proporcionadas pelo conhecimento genuíno. Espinosa distingue três níveis de conhecimento e o caminho para a liberdade é o melhor uso do poder intelectual. O nível mais baixo de conhecimento é o adquirido pelos sentidos. Já o segundo nível é o das “ideias adequadas”. Uma ideia adequada é aquela que é logicamente coerente com ela mesma e o teste para sua verdade é a coerência lógica. A mente pela aquisição de um repertório sempre crescente de ideias claras e de conhecimento adquire mais instrumentos para facilitar seu progresso. O terceiro e último nível é o do conhecimento intuitivo que utilizando as ideias adequadas do segundo nível se dirige ao conhecimento da essência das coisas. Finalizando, os seres humanos, que são modos finitos possuem somente entendimento parcial e fragmentário. Espinosa argumenta que quanto mais entendemos os objetos particulares tanto mais entendemos Deus.
8ª PARTE: PANTEISMO CITADO NO LIVRO DOS ESPÍRITOS
Nas questões 14 e 15 de O Livro dos Espíritos, Kardec se detém questionando os espíritos superiores sobre o Panteísmo.
QUESTÃO 14 – Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a opinião de alguns, o resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas? - Se o fora assim, não seria Deus porque seria o efeito e não a causa; Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra. QUESTÃO 15 – Que pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da divindade e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria divindade, ou seja, da doutrina Panteísta? - O homem não podendo se fazer Deus, quer ao menos ser parte Dele.
9ª PARTE: A ESSÊNCIA NO PENSAMENTO ESPÍRITA
A Doutrina Espírita concebe duas essências na Creação, a espiritual e a material que co-existem em complementação uma da outra. Uma não existindo sem a outra. Acima disto, o Creador trabalhando as essências. A essência espiritual denominada Princípio Inteligência contendo os atributos divinos em forma potencial a ser desenvolvida quando em sua fragmentação ou individualização fica sujeita as leis do mundo espiritual. A essência material denominada: Principio Matéria, também ao ser concebida passa a ficar sujeita às leis da natureza conhecidas ou não pela ciência positiva.
10ª PARTE: CONCLUSÃO
A filosofia espinosiana, panteísta como princípio apesar de ver somente o aspecto imanente da divindade se contrapõe ao aspecto dualista das religiões que vêem a divindade transcendente e fora do mundo quando não Lhe dando um aspecto antropomórfico. A doutrina Espírita vem alinhavar estas duas visões nos mostrando um Deus simultaneamente imanente e transcendente.
Alan Krambeck
11ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 1 Capítulo 17 – O EMPIRISMO – LOCKE – BERKELEY - HUME
Leitura:
NOÇÕES DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA – Manuel P São Marcos – Edit. FEESP OS PENSADORES – Locke – Berkeley e Hume – Edit. Nova Cultural HISTÓRIA DA FILOSOFIA – H Padovani / L Castagnola – Ed Melhoramentos
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